Light, O Amor Nunca Morre escrita por Nynna Days


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Flores, finalmente chegou Light. Espero que todos acompanhem e curtam. Primeiro capítulo curto apenas para relembrar tudo o que aconteceu e conhecer os personagens principais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/474431/chapter/1

Minhas asas batiam com urgência céu acima. Mantinha meus olhos estreitos, por conta da grande quantidade de ar que batia em meu rosto. Meus cabelos loiros ricocheteavam com força em minha face, mas eu estava focada.

Há poucos minutos atrás, eu estava sentada em um telhado qualquer de Nova Jersey, quando fui chamada. Por uns minutos, estranhei. Então, fiquei tensa. Será que era por Aliel e seu humano? Mas, aquela história estava resolvida a mais de um mês. Mordi meu lábio inferior.

Os anjos poderiam mudar de ideia, se pensassem que Aliel iria cair na tentação da carne. Eu pensava isso. Mas ela amava muito as suas asas e Jeremy sabia disso. Ele a amava demais para querer que fosse prejudicada. Talvez fosse um julgamento para mim. Por... ele.

Fechei os meus olhos com força, evitando que as lágrimas se derramassem por eles. Será que já não havia sofrido demais em tão pouco tempo? Será que eu já não tinha me redimido do meu quase pecado, ajudando Aliel? Mas, todos os anjos sabiam que um acerto não justifica um erro. Nem um quase erro.

Em pouco tempo, eu pisei na nuvem mais firme que formava o nosso “chão celestial”. A minha frente um portão dourado como se feito de ouro maciço. Os humanos, se a vissem, poderia cobiçá-la, mas aos meus olhos, ele era algo sagrado demais e obsoleto. Conforme eu me aproximei, os portões se abriram e eu fechei minhas asas em minhas costas.

Olhei ao meu redor, vendo a grande quantidade de anjos, voando em torno do espaço celestial. Alguns simplesmente andavam, conversavam, outros riam. Esses eram facilmente reconhecidos como cupidos. Eles agiam como humanos, mesmo que fossem obrigados a fazerem isso. Alguns, como eu, Aliel e Adriel pegávamos esses hábitos por gostar. Em meio a tantos anjos novatos, meus olhos captaram o rosto sério de Gabriel, um dos Arcanjos.

Ele pegou o meu olhar e virou, seguindo para dentro de uma sala. Fiquei tensa. Eu estava sendo chamada por um Arcanjo e o meu supervisor? Então tinha alguma coisa errada. Muito errada. O segui, arrastando os meus pés e com os olhos fixos na sala em que ele tinha entrado. Minha verdadeira vontade era de sair correndo dali. Mas tinha que enfrentar tudo de cabeça erguida.

Ao entrar na sala, a primeira coisa que me atingiu foi a aura de Gabriel. Tão forte que eu quase me encolhi. Fechei os olhos, como se fosse uma luz muito forte. Meu corpo todo tremia mesmo tenso. Minhas asas se abriram como proteção. Parecia que quanto mais velho era o anjo, mais forte ficava a presença de um Arcanjo perto de você.

“Abra os olhos, Sub Arcanjo”.

A voz forte e autoritária de Gabriel entrou por meus ouvidos e atingiu-me como um tiro. Meus olhos se abriram, mesmo sem eu querer. Encarei o Arcanjo com uma blusa tão branca quanto as nuvens e de mangas longas. E uma calça também branca. Tanto branco quase não destacavam a sua pele pálida e os olhos verdes demais. Mas, o que ficava em destaque eram os cabelos tão pretos quanto a escuridão.

Com esforço, fechei as minhas asas, em sinal de respeito e engoli em seco. Gabriel me esperou com toda a calma, então andou até uma mesa e pegou uma pasta marrom e me estendeu. Não entendi por alguns segundos, minha mente entorpecida demais. Então, voltou a funcionar, me lembrando de que eu era um quase arcanjo. Sub Arcanjo, como Gabriel me chamou.

Estiquei minha mão na sua direção, evitando tocar em seus dedos e abri a pasta e vi que era uma nova missão para mim. Mellany Brown. 16 anos. Segundo ano da escola St. Loise. Levantei uma sobrancelha. Era a escola de Aliel e Jeremy. Rebelde e Roqueira. Torci a minha boca. Seria encrenca.

Havia uma foto. A analisei. Aparecia uma garota de cabelos escuros – cacheados e com mechas azuis – e olhos azuis acinzentado. A pele clara e pálida com poucas sardas nas bochechas. Era bem bonita, para falar a verdade. Se não fosse o excesso de lápis de olhos e rímel, ninguém diria que ela precisasse de supervisão. Estranhei a última informação:

Guardiã Temporária.

“Quanto tempo?”, eu perguntei ainda lendo mais algumas informações. Irmã mais nova. Pressionei os lábios juntos. Deveria ter alguém nesse caso antes, certo?

“Pouco”, Gabriel respondeu e eu levantei os olhos azuis para ele. “Tivemos um pequeno problema com o antigo guardião dela e estamos pesquisando quem seriam os melhores para substituí-lo. Enquanto isso, você ficará no lugar dele. Esteja neste endereço as sete.”, ele me estendeu um papel e eu reconheci logo o nome da igreja. “Boa sorte, Caliel Crista.”

****************

“Mellany Brown”

Olhei para o casal parado a minha frente e esperei. Jeremy Read franzia os lábios, pensativo com o nome que eu solicitei. Aliel apenas o observava, esperando alguma resposta. Passei a mão por meu vestido branco, um pouco incomodada por estar ali, mas eles seriam de uma grande ajuda.

Observei-os em silêncio, me encostando-se à janela. Aliel tinha as asas quase tão brancas quanto as minhas, anunciando a sua promoção angelical. Mas, ainda via as penas caindo aos poucos e Aliel fazendo caretas de dor. Os cabelos longos e cacheados estavam trançados e a pele cor de chocolate brilhava contra a luz trêmula do quarto. Seus olhos negros não desviavam de Jeremy nenhum momento.

Jeremy era totalmente diferente de Aliel. Ele passava a língua pelos lábios, pensativo, deixando o piercing exposto. A pele tão clara quanto à de Aliel era escura. Os olhos azuis estavam perdidos na parede a sua frente e hora ou outra passava a mão por seus cabelos negros. Estava ficando frustrada quando ele estalou a língua e se levantou da cama em um salto. Aliel sorriu.

“Claro! A garota que vive de fones de ouvido, irmã do meu professor de história.”, ele disse e fixou os olhos em mim. Continuei séria. Queria que ele dissesse alguma coisa que me surpreendesse de verdade. “Aquela garota é louca. O irmão sempre tem que ir a diretoria justificar as matações de aula dela, ou quando alguém a pega fumando e bebendo no pátio.”

Meus olhos se arregalaram.

“Bebendo e fumando?”, eu repeti.

Jeremy assentiu.

“Essa é a sua missão?”, Aliel perguntou estreitando os olhos negros lentamente.

“Temporariamente”, levantei uma sobrancelha.

Aliel me olhou com a mesma confusão que eu olhei para Gabriel quando o perguntei. Também não havia entendido porque era temporário, já que, de fato, eu era um Sub Arcanjo. Aliel olhou para o seu pupilo e o viu confuso também, mas pelos motivos errados. Tinha coisas do assunto celestial que ele ainda não entendia. E pelo olhar de Aliel, assim que eu saísse, ela iria contar.

“O problema é: como irei chegar até essa garota?”, perguntei passando meu dedo por meu queixo, pensativa.

O silêncio dominou o ambiente novamente. Continuei observando os dois enquanto ideias se passavam em minha mente. Eu poderia me matricular na escola de Aliel, mas muitas pessoas ali dentro já me conheciam e segunda a anja, já sabiam que eu tinha terminado a escola. Como eu queria que Adriel estivesse ali. Mas ele tinha sido chamado para uma missão no Arizona. Talvez fosse a sua última missão como cupido. Mas eu não queria apressá-lo.

Jeremy sentou-se ao lado de Aliel e pegou a sua mão por entre as suas, massageando-a. Vi os ombros de Aliel ficando tensos e alguns dos pelos de seus braços se arrepiando. Sabia o efeito que ela estava sentindo. Eu já o havia sentido há muito tempo atrás. Meus olhos se fecharam e eu suspirei, chamando a atenção da guardiã para mim. Ela deu um pequeno sorriso sem graça, mas Jeremy continuou com a carícia.

“Tudo o que eu sei sobre essa tal de Mellany é que ela é encrenca com E maiúsculo.”, ele disse voltando a me olhar, mas sem largar a mão de Aliel. “Acho que ela estava saindo com Austin ou alguma coisa do tipo.”, deu de ombros. “É o máximo de informação que tenho. Mas se quiser, posso perguntar para ele amanhã.”

Sorri.

“Seria de uma grande ajuda, Jeremy.”, assenti, mas franzi o cenho. “Mas, mesmo assim, eu tenho que ficar próxima dela. Pelo o que você diz, ela não é a pessoa mais cuidadosa do mundo. Tenho que arrumar um jeito de me aproximar.”

E pelo o que eu tinha lido na ficha e o que Jeremy tinha me dito, ela não era do tipo que se deixaria aproximar facilmente. A missão de Aliel parecia um passeio nas nuvens, comparada com a minha. Mordi os lábios, me aproximando da janela do quarto de Jeremy e olhando para a rua pouco movimentada. Escutei um arfar e me virei, vendo os olhos de Aliel se iluminando.

“Já sei.”, ela deu um leve tapa na testa e revirou os olhos. Sorri. Ela parecia tão mais humana. Ela olhou para Jeremy, que a encarava maravilhado. “Lembra-se da Senhora Clifford? A antiga professora de religião?”

Jeremy franziu o cenho. Inclinei-me no batente da janela, esperando que Aliel chegasse ao ponto crucial da conversa. Ela se aproximou de seu protegido e tocou-lhe o ombro. Seus olhos tiveram um tom de mel e Jeremy arregalou os olhos azuis, sendo atingido pela lembrança. Aliel piscou, fazendo com que seus olhos voltassem a ser negros.

“Desculpe-me, anjo.”, ele deu um meio sorriso. “Tenho péssima memória. E nunca prestei a atenção naquela aula. Mas, agora eu me lembrei. Aquela que sempre me chamou de Sr. Mead.”, ele riu e balançou a cabeça. “Droga, é tão difícil dizer Read?”

“Foca, Read”, eu pedi.

“Desculpe, loira.”, ele sorriu. Então olhou para Aliel e seu sorriso aumentou. “Continue, anjo.”

Aliel riu, desviando os olhos de dele, envergonhada. Pressionei os lábios juntos. Era fofo ver como eles interagiam, mas estavam me atrasando. Olhei para o relógio que estava acima da televisão de Jeremy e vi que eram quase seis e meia. Tinha que estar na casa do padre Joseph em meia hora.

Achei um pouco gratificante que Gabriel tivesse me deixado ficar naquele lugar. Depois da última missão de Aliel, ela tinha se mudado daquele quarto para a casa do padre. Já que não comíamos e nem dormíamos, então não causávamos nenhum tipo de despesa. E na verdade, do jeito que Aliel e eu estamos concentradas, nem ocuparíamos espaço.

“Enfim.”, Aliel me encarou, ainda sorrindo. “A antiga professora de religião quebrou a perna á dois dias. E estão procurando um substituto. Incrivelmente, é difícil encontrar alguém que saiba tanto de religião para dar aula.”, ela levantou uma sobrancelha. “Acho que é a profissão perfeita, certo?”

Antes que eu pudesse responder, Jeremy gargalhou. Segurei o riso, sabendo que tinha sim, um fundo irônico nessa história. Afinal, dentre mim e Aliel, eu era bem mais velha. Os olhos escuros da guardiã pousaram em seu protegido e foram até mim, confusa. Então franziu o cenho e balançou a cabeça.

“Ah, como o destino é engraçado, ás vezes”, Jeremy disse se levantando e passando as mãos pela calça jeans. “Um anjo dando aula sobre religião. Agora sim, eu vou prestar atenção nas aulas.”, ele parou a minha frente, deixando em destaque a sua altura. “Quantos anos de experiência angelical você tem, loira?”

Caminhei até a porta, enquanto Aliel segurava a porta aberta para mim. Nós duas sabíamos que eu tinha um horário para cumprir. Balancei a cabeça para Jeremy, como um sinal de agradecimento e pus uma mecha loira e curta do meu cabelo atrás da orelha. Ele retribuiu o cumprimento e caminhei em direção a porta. Parei, com meio sorriso e voltei a encará-lo.

“Uma mulher nunca diz a idade.”, ele levantou uma sobrancelha. “E um anjo, muito menos”, ele sorriu. Voltei meus olhos para Aliel. “Te vejo amanhã. E não se atrasem para a minha aula.”

**************************

“Eu já volto com os documentos.”, a diretora Miller sorriu ao olhar o meu falso diploma de pedagoga. “Vai ser uma honra tê-la como substituta. Você realmente caiu do céu, Senhorita Crista.”

“Vamos apenas dizer que os anjos me enviaram.”, eu sorri.

A diretora saiu da sala e eu me recostei na cadeira de couro, relaxando. Tinha sido mais fácil do que eu imaginava. Olhei para a sala bem arrumava, vendo como as plantas ao meu redor pareciam estar mais vivas. Toquei uma pequena orquídea e a vi desabrochando. Dei um meio sorriso. Ser um Sub Arcanjo tinha suas vantagens.

Peguei meu diploma e balancei a cabeça, lembrando-me da missão de anjo da guarda de uma estudante de medicina a quase 120 anos atrás, na Inglaterra. Sabia que isso iria ser útil algum dia. Só tive que adulterar as datas, caso contrário, acho que ela não contrataria uma jovem que deveria estar morta.

Na verdade, a diretora Miller pareceu um pouco insegura ao me contratar. Eu também não reclamaria, já que fisicamente, eu parecia uma jovem de 18 anos, recém-feitos. Meus cabelos estavam curtos e ondulados e mal tocavam meus ombros. Meus olhos azuis eram grandes e claros, além de chamativos. Minha pele era pálida. E eu não chegava a um 1,65 de altura. Claro que tive que mentir e dizer que tinha 22 anos.

Outro lado bom de ser Sub Arcanjo, a mentira não era que machucava tanto quanto antes. Parecia antiético, mas já que eu estava á poucos anos de ser um Arcanjo, eu não deveria mais ser capaz de mentir. Na verdade, a dor deveria ser dobrada. Mas, tudo o que eu senti foi uma irritante coceira no couro cabeludo. No máximo, ela deveria achar que eu tenho piolho.

Passei as mãos pela longa saia rosa florida que eu usava, junto com uma blusa branca. Batia meus saltos baixos contra o chão de madeira, ansiosa. Já tinha conseguido entrar, agora teria que me aproximar. Sabia que uma garota tão nova não poderia ser tão barra pesada. Antes que pudesse, pensar em mais alguma coisa, a diretora entrou, trazendo o restante dos papeis, incluindo os meus horários.

“Você vai dar aulas as segundas e terças, na 6-B.”, ela me passou o papel e eu conferi os horários. “Logo depois das aulas de história de Brown.”, ela sorriu e estreitou os pequenos olhos castanhos. “Na verdade, acho que vocês vão se dar muito bem.”

**************************

Bati na sala que me foi indicada pela diretora e vi os últimos alunos saindo. Escutei alguém me mandando entrar, e esperei até ter certeza que todos saíram, ignorando alguns olhares maliciosos na minha direção. Balancei a cabeça e me adiantei. Surpreendi-me ao ver que ainda tinha alguém na sala.

“Hum, boa tarde.”

Ele estava sentado na mesa do professor, mexendo em alguns papéis. Seus cabelos eram negros e lisos, caindo por seus ombros, que pareciam tensos. Ele passou as mãos – que eu reparei que eram enormes – por seu cabelo, tenso. Sua pele era bronzeada, quase dourada e parecia brilhar na luz precária da sala.

Bati novamente na porta, tentando chamar a sua atenção mais uma vez. Ele tremeu, como se acordasse de um sonho distante e levantou os olhos para mim. Por um segundo, quem tremeu fui eu, debaixo daqueles orbes azuis acinzentadas. Ele piscou e franziu o cenho, como se estivesse confuso.

“Precisa de ajuda?”, ele perguntou se levantando. Tive que erguer minha cabeça, por ele ser muito alto. “Você é alguma aluna nova? Sinto muito, mas perdeu a minha aula e...”

“Não sou uma aluna.”, me aproximei, saindo do choque que sua beleza óbvia. Sorri, estendendo minha mão. “Sou Caliel Crista, professora substitua de religião.”, estreitei os meus olhos para ele. “Acho que você deve ser Nicolas Brown, certo?”

“Em pessoa.”, ele apertou minha mão.

Tive que ignorar os choques que passaram por meu corpo. Ele olhou desde minhas mãos, até o meu rosto, sério. Mordi o lábio e o vi seguindo cada movimento meu com atenção. Algo dentro de mim se agitou, trazendo cor á minhas bochechas. Desviei os meus olhos. Respirar parecia algo que requeria bastante atenção. Soltei minha mão da dele e dei um passo para trás.

“Já nos vimos antes?”, ele estreitou os olhos.

Eu também estava com aquela sensação, mas não sabia de onde vinham. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, a porta se abriu novamente, nos fazendo virar. Minha boca pendeu aberta para a garota que tinha acabado de entrar.

Talvez tivesse a mesma altura que eu, ou dois centímetros mais baixa. Usava uma camisa escrita Nirvana, rasgada abaixo dos seios, deixando sua barrigada aparente. Seus jeans eram escuros e também eram rasgados, mas na altura do joelhos. Os cabelos cacheados ultrapassavam os ombros, escuros e cacheados, mas com mechas azuis. Os olhos acinzentados estavam estreitos na nossa direção.

Mellany Brown.

“Interrompo?”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, flores



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Light, O Amor Nunca Morre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.