Bufando segui para o corredor. A cena anterior era tudo o que eu não precisava ver. Idiota, eu caí tantas vezes na mesma conversa que eu já deveria ter aprendido. Frustrado entrei na biblioteca.

– Cadê eles? – perguntou meu pai.

– Devem estar vindo não sei, não fiquei pra conferir como você pode perceber. – murmurei

– O que aconteceu, Danizinho, esta de TPM? – perguntou Samantha.

– Vai se ferrar. – falei justamente quando a porta abriu e apareceram Theo e Lee rindo, possivelmente de alguma brincadeira.

– Vocês chegaram. – minha mãe sussurrou – Lee nós precisamos conversar.

– Fala. – falou dando de ombros sentando no divã perto da lareira do lado de Maggie.

– O que você pensa que quer fazer em Idris?

– Recuperar o diário da minha mãe. – falou naturalmente

– Pra que o que ele tem de especial? E porque você só lembrou dele agora.

– Porque minha mãe quis que eu só soubesse agora. – respondeu friamente – Nele contem a resposta que todos vocês, inclusive eu, querem. O que eu sou! O que esta acontecendo comigo? O que vai acontecer!

– Nós não podemos fazer nada Lee. – respondeu minha mãe apreensiva – Para termos autorização teríamos que te expor, e isso a levaria ao Cônsul, que consequentemente te prenderia, ou pior, a mataria. Lamento não podemos fazer nada, apesar de valer a pena.

– Você só pode estar brincando! – falou ao mesmo momento em que a lareira estalou e apagou. Todos a olharam apreensivos. – Eu preciso desse diário. Melhor, eu quero esse diário, independente do que vocês acham. Eu vou tê-lo. E me poupe, vocês não estão curiosos? – falou sarcasticamente e automaticamente uma chama pequena voutou a lamber a madeira na lareira. – Só estão fazendo doce.

– Doce? – acusou minha mãe pálida – Você não esta entendendo, teríamos...

– Que quebrar a Lei? – completou Lee – Faz-me rir Clary. Você é patética! Quantas vezes vocês fizeram isso, minha querida? Cinco, quinze, ou quem sabe vinte vezes? Vocês são ridículos. Acham que eu não sei? Me poupe, meu diário apenas lhe trará benefícios, vale o risco. Não é egoísta e mesquinho como os seus motivos pra quebrar a lei Clarissa. Salvar a mamãe... ou quem...

– Cala a boca Lee!! – gritei ao perceber que Clary estava a ponto de chorar – Agora você é que está sendo...

– Egoísta? – perguntou. Direcionando-se em minha direção. Ela se levantou lentamente como um felino avaliando sua presa. E foi quando eu vi. Seus lhos... Seus olhos deixaram de ser verde... Eles estavam amarelos com pontos vermelho sangue. Ela sorriu ferozmente em quanto eu desfrutava do choque. Andando lentamente ela começou a se aproximar enquanto eu recuava, sem tirar os olhos dos dela. – Eu não sou egoísta. Eu só quero parar de ser a garota estranha. Que todos tem medo. A garota da qual não se pode confiar. A garota que tem duas personalidades que a qualquer hora pode explodir. A garota que ninguém consegue controlar. Eu que parar de ser anormal!

– Nós damos um jeito de você ir pra lá. – falou meu pai autoritário. Desviando a atenção de Lee pra ele. Com um sorriso convencido ela respondeu virando o rosto em direção a ele.

– Ainda bem que aqui alguém tem juízo. – então voltou a me olhar, mas dessa vez não eram os olhos amarelos. Eram os seus olhos. Os olhos verdes petrificados que mais pareciam jóias. – Você esta com medo de que Dani? Eu não mordo.

Falando isso ela riu secamente, me olhando superiormente ela deu de ombros.

– Bom já que todos estão de acordo... eu e Theo temos um assunto pra resolver. – falou sorrindo de um jeito cúmplice em direção a poltrona em que Theodoro estava largado.

– Claro que sim dondoca. – respondeu rindo idiotamente – Como você quiser.

Ninguém protestou.

– Venha já estou começando a ter dores de cabeça essa tensão no ar esta me matando. – reclamou enquanto Theodoro se levantava preguiçosamente.

Sem demorar ele cruzou a sala dando as mãos pra ela. Os dois cruzaram a porta rindo de algo que Theodoro cochichou no ouvido de Lee e sumiram.

– Alguém mais percebeu? – perguntei rouco quando o clima ficou um pouco mais leve.

– Sim. – falou minha mãe quase sem voz. – Temos que comunicar o Magnus urgente.

– Eu nunca a vi agir assim. – sussurrou Maggie – O que esta acontecendo?

– A segunda personalidade dela esta se manifestando mais rápido do que pensávamos isso é incomum de mais. – meu pai falou – E dessa vez ela se voltou contra o Daniel eu nunca tinha visto isso acontecer, eles sempre se deram tão bem...

– Eu a contrariei, ela não pode se expor a forte sentimentos de raiva... Isso só fará com que ela piore. – falei – Alguém viu os olhos dela?

– Amarelos, com pontinhos vermelhos. – falou Maggie tremendo – Assustadoramente amarelados.

– Ela precisa imediatamente tomar a poção. – falei desesperado.

– Nós sabemos, mas se contarmos pra ela, com certeza ela irá perceber... e isso pode sair pela culatra. – falou minha mãe concordando

– Isso não pode ser possível, você ainda vão mantê-la aqui? – gritou Sam desesperada tremendo na poltrona com os olhos esbugalhados. – Ela quase me mata e agora Daniel. Ela é uma bomba. Tem que ir pra Cidade dos Ossos. Vocês vão se arriscar assim depois de todas essas provas? O que vocês querem? Ela irá nos matar! E vocês estão fazendo pouco caso! E ainda vão se submeter aos seus caprichos? Vocês vão quebrar a Lei por causa de uma Fulana que por acaso pode nos por em extinção a qualquer momento? Eu não acredito!

– Não podemos expor ela! – gritei exasperado – Ela não tem nada a ver com isso! Não podemos culpa-la Samantha e ela seria perigosa de qualquer forma mesmo! Para de ser medrosa, nós precisamos ajuda-la! Não mata-la!

– Mas ela pode nos matar! – gritou mais alto e começou a chorar – Ela é inútil! Isso tudo por sua causa! Sempre por sua causa! Só porque você tem uma paixonite obsessiva por ela é que não quer que nós a entreguemos a Clave! Só por causa disso! Sempre que algo de ruim acontece tem seu dedo Daniel! Você esta nos pondo em perigo seu babaca!

– Aquela não é ela – gritei – E não é só por minha causa Samantha! Eu sim quero protegê-la, mas não é só por isso, ela também não tem culpa de isso esta acontecendo!

– Não interessa ela é perigosa seu idiota! – gritou - Você não percebe que de um jeito ou de outra ela vai acabar sendo um perigo! Pra nós todos!- gritou, mas não estava chorando mais - Ela nem ao menos liga pra você seu ilidido! Ela te despreza te faz de gato e sapato e você ainda a protege? Deixa de ser ridículo! Tenha amor próprio!

– Falou quem vive correndo atrais das migalhas que... – antes que eu completasse ela se levantou e me deu um tapa.

– Parem os dois, deixem de ser infantis! Temos que fazer alguma coisa para distraí-la. Isso é importante! – falou minha mãe – Pra que não perceba o que estamos fazendo. Precisamos de ideias! Alguma?

– Lee ama festas. – falei ao mesmo tempo em que Maggie. Me acalmando fui sentar na poltrona e Sam no sofá.

– Magnus também. – falou meu pai pensativamente. – Alguém me empresta um celular?