O Irmão de Annabeth escrita por João Bohrer


Capítulo 21
O Tribunal e a volta do Herói...


Notas iniciais do capítulo

Bem, sei que tinha dito que esse seria o último capítulo... Mas para não terminar com um número impar e não termos um capítulo final com quase 6.000 palavras, eu decidi dividi-lo em dois. Então aqui está meu presente de páscoa para vocês!

Espero que gostem!



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Se por um lado o frio agora fazia parte de minha vida para sempre, os sonhos também estavam se tornando uma grande parte de minha vida. Então os dois misturados tomavam todo o meu tempo, de fato a última coisa que me lembrava era estar caído ao pé da estátua de minha mãe e a visão de Atena indo embora, antes de desmaiar, tudo o que lembrava era aquilo.

E como todo semideus que se preze, nunca podemos desmaiar em paz, sempre vem o destino do mundo nos atrapalhar, ou qualquer coisa que possa ameaçar nossa vida. Uma coisa para um semideus iniciante aprender: “Nunca desmaie em campo de batalha, seus sonhos podem ser pior do que a realidade.”. No meu caso foi como sair do forno e ir direto para a frigideira.

Imagine, meus problemas com os deuses gregos já eram grandes, agora adicione mais uma desavença com os deuses egípcios para ver o estrago que dá. Meu espírito foi levado pela corrente de vento mágico do Duat para um local muito conhecido de Sadie e seu irmão. Eu deixava de ir para o Salão do palácio dos deuses no Egito para ir realmente para o submundo, ou seja, os domínios de Osíris, ou o pai de Carter e Sadie.

O Vento me arrastou duat a dentro e me deixou na frente de uma grande porta de ouro.

Entrei pela porta da frente sem se importar com o que achariam. Era realmente um tribunal, se bem que era muito egípcio, no fundo, havia uma mesa com uma balança de pratos, em um dos seus pratos estava a temida pena da verdade, o espírito que a segurasse teria que falar a verdade o tempo todo, se não, seria consumido em chamas, até sua essência desaparecer totalmente.

Sentado em um trono estava o Deus que com o passar do tempo aprendi a temer, Osíris, o deus azul olhava sério para mim. Ao seu lado, estava a mãe fantasmagórica dos Kane, Ruby Kane, ela não me olhava como seu marido, me olhava mais como se fosse uma tia preocupada. A esquerda do Deus Smurf gigante estava Walt/Anúbis, este sim, estava com raiva de mim como se eu fosse o pior espírito daquele mundo.

Parei em frente a Osíris.

– Connor Chase... Respondeu ao meu chamado. – Falou o deus azul

Me curvei diante da santidade do Deus dos Mortos.

– Porque me chamou Osíris? –

Osíris me olhou com desprezo.

– Para te julgar, seus atos já causaram estragos demais no equilíbrio do mundo terreno! –

O Olhei com raiva.

Como assim?! Não pode fazer isso, eu não estou morto! –

– Logo vai estar! Connor Chase, eu o acuso de causar uma guerra entre Egípcios e Gregos, levando a morte mais de 120 Semideuses Gregos e 50 Magos da Casa da Vida, além da execração de Términus, Deus Romano das Fronteiras e Dionísio, Deus Grego dos Vinhos. – Falou Anúbis/Walt

Dei um passo para trás.

E novamente a culpa voltava, sabia que eu tinha sido um dos grandes responsáveis por revelar a magia para os gregos, mas mesmo assim quem tinha começado a guerra eram os deuses, quem instruiu os magos para atacarem foram os líderes da casa da vida, ou seja Amós e Carter, eu a todo momento tentei evitar o confronto, o que se mostrou impossível dado ao clima de tensão que havia entre as duas partes.

– Eu sei que fui eu quem revelou a magia para os gregos, mas a guerra e a execração dos dois deuses foram feitas por outras pessoas, eu tentei evitar mas não consegui! –

– Mentira... Por sua causa perdemos muitos bons magos no ataque ao acampamento Grego e agora eles estão aqui... – Disse Anúbis

– Acha que eu não me sinto culpado?! Perdi as duas vidas que conhecia, minha irmã está me evitando e sinto que cada vez que abro a boca para falar sobre os malditos egípcios e gregos eles tendem a se afastar ainda mais de mim! –

Anúbis ficou na minha frente.

– Além disso, eu o acuso de roubar as armas do faraó, destinadas a Carter Kane... – Disse Walt/Anúbis

Osíris me olhou.

– Querem elas de volta?! Pegue! –

Fiz um gesto com as mãos e o Gancho e o Mangual apareceram.

– Então você roubou do herdeiro do trono! –

– Não as roubei Anúbis, elas apareceram para mim. –

– Ele fala a verdade! – Disse Ruby Kane

Ruby foi até mim e pediu as armas, eu lhe entreguei.

– Estas não são as do faraó, são mais novas e contém uma inscrição diferente, uma está escrito destino e na outra luz. –

– Muito bem... Está absolvido disso! – Disse Osíris pouco a vontade.

– Mas é culpado dos outros crimes! – Julgou Anúbis

– Sinto muito em discordar! – Gritou uma pessoa ao fundo.

Olhei para trás.

Vestindo calças Jeans novas, uma blusa azul lisa e usando um casaco preto como se estivesse frio, a lenda do Acampamento meio sangue veio andando até mim.

Percy Jackson, ele estava vivo, bem estava no mundo dos mortos egípcios, mas parecia muito vivo.

– Percy?! – Espantei-me

– E aí Irmão da Annabeth! – Disse ele sorrindo

Eu o cumprimentei e ele ficou ao meu lado.

– Senhor Osíris, eu estive com Connor durante a estada dele no Acampamento Meio Sangue e afirmo que ele fez de tudo para que a magia não fosse descoberta, mas as circunstâncias mudaram! Quando Rachel execrou Dionísio, pouco sabíamos o que fazer, além disso, se eu não me engano, Setne é o espírito que possuiu Rachel... – Falou Percy

Logo, ele é um espírito Egípcio, que por negligência de vocês fugiu e possuiu nossa amiga, ou seja, se sou culpado por revelar a magia... Sou sim, mas vocês são culpados da possessão e das ações realizadas por Setne! – Falei com um sorriso no rosto

Anúbis parou a poucos metros de mim e Osíris me olhou com dúvida.

– Porque sorri semideus? – Perguntou Ele

– Pois me lembrei de como é bom ser filho de Atena as vezes e raciocinar direito. Se formos pensar vocês são tão culpados quanto eu! – Dei risada

Osíris se ajeitou no trono.

De fato... Foi uma negligência de nossa parte não termos ido atrás de Setne logo, e somos responsáveis por suas ações... Mas por outro lado, o senhor é culpado de revelar a Casa da Vida e a existência dos Deuses egípcios para os semideuses, assim abrindo a possibilidade de uma guerra. Assim, eu, Osíris, Deus dos Mortos e Senhor da Além Vida, decreto que Connor Chase deverá ter sua existência negada perante a execração! –

Engoli em seco.

Eu era uma alma, eu não conseguiria fugir de Osíris e ou de qualquer outro Deus sem meu corpo mortal, minha magia naquela forma era muito limitada, ou seja, neste exato momento eu estava morto.

– Senhor Osíris, peço que reconsidere! – Disse Percy

– Calado Perceu Jackson, sua estada no Submudo egípcio já é um grande favor! – Falou Anúbis

Percy se irritou, ele não gostava de ser repreendido, sendo filho de Poseidon, ele tinha um lado que se descontrolava facilmente e eu não me admiraria se ele pulasse e atacasse Anúbis.

– Não têm o que se reconsiderar, assim acabamos com a união entre os dois povos... – Falou Anúbis

Eu estava condenado, não havia o que fazer, se o tribunal dos egípcios havia me condenado, não havia pessoa que poderia mudar a opinião do Deus Azul.

Foi quando ao meu lado aparece uma mulher morena com asas multicoloridas em suas costas.

– Osíris! – Disse Ísis com autoridade

Osíris a olhou com cara de poucos amigos.

O que faz aqui?! – Perguntou o Deus

Vim lhe impedir de cometer um erro! Connor Chase têm seu destino, não podemos abreviar a vida dele como você e Anúbis querem. Ele têm sua missão, deter Setne e impedir que mais deuses gregos sejam execrados... –

– Já está decidido! Ele vai morrer! – Disse Anúbis

Ísis o encarou com raiva e o Deus dos rituais funerários deu alguns passos para trás.

– Eu faço questão de lembrar que Connor é meu hospedeiro, logo, ele pertence a mim e sua morte deverá ser decisão exclusivamente minha! –

– Sinto muito Ísis, mas você desistiu de seu hospedeiro há algum tempo... – Disse Osíris

Ísis olhou para mim, eu tinha que aceitá-la de novo como minha deusa patrona, assim uniríamos nossos espíritos por uma última vez, claro para tentar acabar com Setne possuindo Rachel.

– Ísis, eu queria voltar a ser seu hospedeiro... – Disse para a deusa

Ela me olhou com um sorriso.

– Jovem semideus, eu nunca deixei de ser sua Deusa, embora por causa de algumas desavenças separamos nossos espíritos,mas você sempre manteve o meu símbolo como seu amuleto de proteção, de certa forma sempre estávamos conectados. Por isso, Connor Chase, estamos ligados. –

Eu sorri.

Osíris encarou a mim e a Ísis, a deusa da magia sorria vitoriosa.

– Muito bem Ísis, ele agora é sua responsabilidade, qualquer coisa que ele fizer você será responsabilizada... – Disse Osíris pouco a vontade

Sorri olhando para Ísis.

A partir de agora eu era responsabilidade de Ísis, para isso teria que... Vamos dizer seguir a risca as ordens de Ísis. Osíris se retirou, na sala apenas Percy, Ísis e Ruby me olhavam com certa expectativa.

– Então hospedeiro... Que tal irmos salvar o Olimpo? – Perguntou Ísis

Eu sorri e dei um passo a frente.

– Antes... Percy, o que aconteceu com você? – Perguntei

– Após aquela explosão eu acordei aqui... Osíris e os outros me receberam muito bem, eu estava fraco e não conseguiria retornar ainda para o mundo real, não estou morto! – Falou ele

Apertei a mão dele.

– Ísis você sabe que essa sua ligação com ela terá de ser desfeita... O destino dele é outro, a Luz e a Ordem irão precisar deste garoto! – Falou Ruby

Prestei atenção nela.

– Vejo que seus talentos com previsão ainda funcionam... – Disse Ísis

As duas se olharam.

– Muito bem, vamos Connor, vou te levar de volta para seu corpo. – Disse Ísis

– Ahn... Ísis, você me dá uma carona? – Perguntou Percy

– Claro... Levar os dois para o Olimpo, então herdeiros de Poseidon e Atena lutando juntos depois de tudo... –

Percy Sorriu.

Essa não seria a primeira vez, já me dei muito bem lutando ao lado de Annabeth e tenho certeza que com Connor não será diferente. –

Sorri.

Pela primeira vez talvez eu estava sendo definido como um filho de Atena, um semideus que lutaria ao lado de outro para conseguir salvar o Olimpo de Rachel.

– Os dois estão prontos? –

Eu e Percy respondemos que sim. Ísis fez um sinal com as mãos e tudo ficou escuro.

Eu acordei aos pés da estátua de Atena com o templo tomado de gelo e uma nevasca caindo do teto, eu realmente não tinha o controle sobre aqueles poderes. Ao meu lado, Percy Jackson havia aparecido com a tradicional blusa do acampamento e a espada na mão. Me levantei de pressa e percebi que minhas roupas também haviam mudado.

Linho preto me vestia na forma de um kimono para a prática de artes marciais, meus movimentos pareciam bem melhores e eu não me sentia cansado. No meu peito brilhava o Tyet, Ísis estava realmente comigo. Foi só então que eu percebi que pendurado no pescoço de Percy estava um amuleto egípcio.

Feito em ouro, ele representava a cabeça de um leão, e julgando por Percy controlar a água e ser filho do deus dos mares... Diria que aquele amuleto representava Tefnut, a deusa da egípcia da umidade,da água e das nuvens.

– Ahn... Percy, porque está usando um amuleto egípcio? –

– Bem... Vamos dizer que acabei conhecendo Tefnut e ela me ensinou algumas coisas e rolou uma certa química entre nós e ela me deu esse amuleto... – Disse ele pouco a vontade

Poderia o Percy ter traído minha irmã com uma deusa de mais de 7.000 anos?! E ainda mais coma avó de Ísis?! Santa Atena, que ideia!

Ártemis ainda estava presa no gelo e me olhou com raiva.

– Você que fez isso com Ártemis? – Perguntou Percy

– Sim... – Falei olhando com raiva para ela

Percy a olhou.

– Connnor... Acho que vamos precisar dela! –

– Sem chance de soltá-l, ela quase me matou! –

– Mas Connor, precisaremos de toda a ajuda possível, e Ártemis é uma das deusas mais fortes que há no olimpo! –

– Tudo bem... Escute aqui deusa da lua! Se tentar me atacar ou atacar ele, eu juro que eu... –

Percy me olhou e deu risada.

– Você está igual a sua irmã agora! –

Fiquei vermelho.

Me concentrei e movimentei os braços para o lado, como se o gelo que prendia os pulsos de Ártemis fosse quebrado. Logo a deusa estava livre e me encarava com mais raiva ainda.

– E então... Vamos? – Perguntei

Percy sinalizou com a cabeça e Ártemis fez que sim.

E lá se foi talvez o esquadrão mais esquisito já formado para salvar o Olimpo, o Cabeça de Alga, O Boneco de Neve e a Deusa da Lua?! Realmente aquilo era estranho, mas mesmo assim, lá fomos nos, atravessando o Olimpo e indo em direção a sala dos tronos.

A medida em que nos aproximávamos, cada vez mais sentia a energia do caos, Rachel deveria estar muito concentrada no feitiço que queria fazer. Mesmo Zeus estando fraco por causa do veneno da Uraeus ele ainda era o equivalente grego de Rá, ou seja, o Deus dos Deuses, o mais poderoso e mesmo doente, devia ser muito difícil e custoso execrá-lo.

De certo, sabíamos que um corpo humano jamais resistiria a um feitiço como aquele, ou seja, quando Rachel conseguisse realizar a execração, ela seria consumida viva pela própria magia e seria destruída.

Setne escaparia do corpo de Rachel no último momento e deixaria a pobre garota pagar pelos seus crimes sendo destruída para sempre.

Ele tinha a vantagem de estar em posse do livro de Tot, ele tinha um Arsenal de magia muito grande e coisas que não eram feitas há séculos, mas tinha a limitação de estar preso no corpo de uma garota mortal, sem habilidades mágicas.

Por isso, seja o que Setne fizesse ele consumia a própria magia, assim ficando na mesma situação que nós, sem fôlego para continuar, e ainda o próprio corpo de Rachel não era preparado para o tipo de magia que ele queria fazer.

Chegamos na sala do trono.

Não é normal ver todos os deuses presos aos seus tronos enquanto uma garota ruiva estava em frente a Zeus recitando palavras em Egípcio antigo.

Atena, Ares... Todos os deuses estavam acorrentados aos seus assentos e assistiam de camarote a execração do deus mais poderoso dos gregos. Zeus nem se mexia, só olhava fixamente para Rachel esperando a hora de partir.

Percy foi por um lado e Ártemis pelo outro.

Eu fiquei no centro, encarando Rachel por trás. Ela seria pega de surpresa pelos dois, cada um vindo de um lado, mas eis que algo da errado.

Dois demônios cabeça de canivete se materializam na frente de Percy e Ártemis. Rachel se vira sorrindo para mim.

– Sabia que você apareceria uma hora ou outra... Veio aqui para testemunhar a derrota dos gregos e a ascensão de Isfeet! – Disse Rachel

Agora tudo fazia sentido, a ascensão de Isfeet, o próprio caos, a deusa do Caos na verdade! A liberação de energia era para permitir que ela saísse do Duat mais rápido, Apófis representava a destruição pelo Caos, mas Isfeet era o caos puro, logo se ela fosse libertada com todo seu poder, a Terra estaria condenada.

Voltar ao início quer dizer que Setne quer que o mundo volte para o mar de Caos, que não exista nenhuma coisa viva fora da confusão, que a ordem desapareça como se nunca tivesse existido!

Percy e Ártemis lutavam contra os dois demônios e mais uma vez eu e Rachel iríamos medir forças.

– Rachel pare, o equilíbrio do mundo j;a foi afetado demais, se execrar Zeus você só estará aumentando a força do caos que quer se libertar! – Gritei

Ela riu.

E simplesmente levantando as mãos Rachel me jogou para longe.

Ela estava mais poderosa do que nunca, Setne não estava sozinho neste seu plano de libertar a deusa do Caos.

– Feitiço do campo de força... O livro de Tot tem excelentes ensinamentos! – Se gabou Setne

Em meu pescoço o Tyet brilhava mais e mais, eu tinha a ajuda de Ísis, agora eu tinha que saber usá-la. A estratégia para lutar com Rachel seria a mesma da luta contra Ártemis, se aproximar o máximo possível e lutar no “Mano a Mano”, a impedindo de me atacar de longe e utilizar feitiços incapacitantes...

Agora era isso... Para salvar Zeus, o Olimpo, minha irmã, meus amigos e o mundo, a última luta, um último esforço. Vou provar para Setne que Ísis e o Maat é mais forte que o caos.


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Notas finais do capítulo

E ai... O que acharam da primeira parte do fim de temporada?

Comentários, críticas e recomendações serão sempre bem vindos!

Até a próxima!



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