Muse escrita por AloeGreen


Capítulo 20
Capítulo XX - Eventualidades Miseráveis do Futuro e O Toque


Notas iniciais do capítulo

Êêê, não demorei muito em? c:
Acabou que eu não revelei o segredo da Sakky hoje, mas foi para um bem maior, galerinha, por que eu revelei o segredo do Sasuke e tem mais uma surpresinha que vocês vão gostar no fim,aposto!!



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Muse

Na vida há tempo para se arriscar e tempo para se ser cauteloso, e um homem sensato sabe qual é a altura certa para cada uma destas coisas

Sociedade dos Poetas Mortos

Capítulo XX:

Eventualidades Miseráveis do Futuro e O Toque

Turno: Sakura Haruno

O teto daquele museu já era uma arte. Não havia o que negar. Os seres angelicais de pureza admirável se destacavam na pintura do teto. Até parecia a Capela Sistina, se eu estivesse em Roma e não nos Estados Unidos.

Eu só queria passar o tempo neste final de semana. Naruto fora se encontrar com Karin em uma lanchonete lá perto da casa de Tsunade e eu peguei o carro vindo parar aqui. Acabei nem indo ao treino com Ino e Matsuri.

Deitada no banco daquele museu, o sono vinha batendo na porta. Pousei as costas da mão na minha testa e fechei brevemente os olhos, relembrando de como a semana fora conturbada. Sasuke ficara pensativo durante todos os dias, provavelmente tentando imaginar quem o salvara naquele momento lá no banheiro perto do salão de artes. Fiquei pensando se deveria contar á ele que fora eu... Mas me neguei a isto pois, ele certamente me acharia muito petulante de tê-lo ajudado. Sabe, com o tempo descobri que as pessoas nem te agradecem depois que as salva. Com ele não poderia ser diferente.

– Senhorita, queira levantar-se do banco, por favor.- Me ajeitei num sobressalto, após ouvir a ordem do guarda do museu e lhe mandei um sorriso amarelo, coçando a cabeleira com certa vergonha.

Fui andando atenta pelo resto da exposição, mas ainda com a cabeça nos acontecimentos desta semana. Acabo me lembrando de Gaara, o ruivo que acabei atropelando outro dia. Eu deveria ir visitá-lo hoje para ver como estava. Entretanto, não deveria me preocupar com isso pois ele tem os seus segredinhos de cura. De qualquer jeito, estou sendo presunçosa em só querer ir lá no hospital para conseguir tirar alguma informação dele. Mas eu não ligo. Se trata de mim, é meu dever saber.

[...]

Fast Food Wendy’s, 14h 30min

Turno: Naruto Uzumaki

– É, no primeiro mercado que eu fui aqui já recebi uma cantada!- Karin ficou vermelha da cabeça aos pés com o próprio comentário. Riu-se e tomou mais um gole de seu milk-shake de morango.- Eu realmente estou amando esta cidade...- Ela sorriu, distraída com os olhos para o lado. Tive a ligeira impressão de que não sorria á um tempo. Pensei em comentar sobre o tio Jiraya, mas logo me neguei, pois isso deixaria a conversa mais desanimada.

– Devo dizer que nos primeiros dias eu não gostei muito. Afinal, eu nunca havia saído de Summerside. Mas então eu fui me acostumando.- Joguei as palavras no ar, para animar um pouco mais Karin, já que havia ficado quieta e presa em seus pensamentos.

– Por que você decidiu vir para cá, Naruto? Por que por ela?- Deixei meus lábios entre abertos, surpreso com a sua pergunta. Até parecia que ela estava esperando o momento adequado para questionar-me sobre isso.

– Eu não pensei na hora. Na verdade, já estava certo de que era o meu dever fazer isso.- Suspirei profundamente e juntei minhas mãos.- Ela é minha melhor amiga, Karin. A Sakura me ajudou tanto durante toda a minha vida, que eu fiquei sem ter o que retribuir. Afinal, ela era tão feliz. Nunca lhe acontecia nada para magoá-la, todos a amavam e a acolhiam. E o fato de o pai dela ter ido embora quando nascera, nunca a perturbara.- Novamente, respirei profundamente, contente em estar liberando tudo isso para uma pessoa que sabe ouvir.- Então, quando Sasori morreu e ela foi culpada por isso, me disseram que ela teria que ir estudar em outro estado. Aparentemente não existiam provas o suficiente de que ela o matara e nessa brecha, o advogado dela conseguiu fazer com que ela fosse para essa escola do Maine, ao invés de ir para a prisão. E eu simplesmente fui com ela.

– Entendo...- Karin passou os braços por volta de si e juntou as sobrancelhas, meio acanhada.- Mas Naruto, não lhe passou na cabeça que ela possa ter realmente feito o carro capotar? Sabe, disseram que ela havia mexido no carro na manhã daquele dia...- A censurei de imediato, com uma expressão de horror.

– O que você está insinuando, Karin? De que Sakura é uma assassina?!- Não havia percebido o quão alto estava o meu tom de voz, e neste instante, todos daquele estabelecimento olharam para a nossa mesa, inclusive os garçons e a moça da caixa registradora. Procurei me acalmar, vendo que a ruiva estava assustada com o meu comportamento também.- Sakuraamava Sasori.- Dei forte ênfase no “amava”.- Ela nunca seria capaz de fazer isso.

– Bom, eu não vou mais lhe contradizer. Se você acha isso, eu respeito.- Concordei com a cabeça com o comentário de Karin, soltando um pigarro para limpar a garganta.- E o que irá acontecer quando Sakura e você terminarem o ano e se formarem?- Pisquei os olhos algumas vezes e arqueei as sobrancelhas.

– Eu na verdade não sei exatamente, mas pelo que fiquei sabendo, irá ter um novo debate para ver o que será feito.- Observei á Karin. A mesma ficou maneando a cabeça por um tempo e eu percebi que ela iria falar algo que iria me deixar seriamente preocupado, então a rejeitei.- Nada irá acontecer á ela, eu tenho certeza. Certamente irá fazer alguns anos de trabalho voluntário e só.

– Espero que sim, Naruto.- Novamente, abriu um sorriso simples. Mas eu infelizmente via a sua falsidade, de que só estava concordando comigo para não me deixar aflito.

Saímos daquele estabelecimento uns minutos depois. Adentramos o seu Chevrolet Omega, onde Karin dirigia-se á casa de Tsunade. E pelo caminho, obviamente que minha cabeça estava na conversa de poucos instantes atrás. Afinal, eu não havia pensado muito neste assunto. No final do ano, eu e Sakura iremos nos formar. É certo que voltaremos para Summerside, mas e depois? O que irá acontecer com a Haruno?

[...]

Hospital Goodall, 18h 20min

Turno: Sakura Haruno

– Não sou eu quem irá contar á você, Sakura. Entenda isso. Tudo segue o seu destino, e nele, não está escrito que eu tenho o dever de lhe contar.- Ele negava. Negava mais que tudo na sua vida, como se houvesse uma punição muito severa caso ele deixasse escapulir algo “proibido”. E já estávamos nisso á uma hora, arg.

– Então quem irá?- Virou o rosto á mim e estreitou os olhos.

– Brevemente saberás.- Então desabei na poltrona, sem animo para mais perguntas. O silêncio reinou naquele quarto de hospital e Gaara continuou sentado na cama, recostado sobre o travesseiro e com as mãos cruzadas acima do cobertor de malha verde claro. Deitei com a cabeça no braço da poltrona e encaixei minhas pernas no outro braço, tendo apenas como visão o teto esbranquiçado do hospital.

– Eu sinto como se... algo horrível estivesse para acontecer futuramente e eu pudesse mudar isso, de alguma maneira.- Continuei a olhar apenas para o teto, como no museu, pousando o dorso da mão na testa.

– Entendo.- Eu senti uma certa hesitação da parte de Gaara e o olhei pelo canto dos olhos. O mesmo fitava as mãos cruzadas e tinha as sobrancelhas ligeiramente enviesadas. Estranhei, mas procurei não insistir mais nisso por hoje.

– Sabe, eu tenho um amigo...- Me cortei rapidamente, pensando e repensando. Não sei se vejo Sasuke como um amigo.- tudo bem, um colega. Ele é íntimo do meu melhor amigo, o Naruto, e do seu grupinho. Mas ele é meio arisco com os outros e as pessoas também não confiam muito nele. Eu acolhi o irmão mais velho dele numa época em que ele estava bem mau, mau mesmo. E fiquei informando esse colega sobre ele, como estava e etc. A gente até se beijou uma vez, mas firmei em acreditar que aquilo não era nada de especial. Ele é carinhoso comigo, mas ás vezes tão frio e indiferente...- Achei estranho o caminho que segui nesta conversa. Eu não era deste tipo de pessoa que ficava desabafando com qualquer pessoa e agora isso?

– Me dê as mãos.- Fiquei um tempo raciocinando o ato do ruivo, mas não hesitei. Lhe ergui as mãos e ele as segurou, fechando os olhos e parecendo se concentrar. E então depois de poucos instantes ele mostra sua voz, ainda de olhos cerrados.- Seu amigo teve um passadodiferente... se é que possa chamar de passado... é tudo muito confuso. Ele...- Franziu o cenho, parecendo concentrar-se mais ainda e então espantou-se, levando as sobrancelhas ás alturas. Acabou abrindo os olhos e olhou para nossas mãos.- Esse seu amigo... qual o nome dele?

– Sasuke Uchiha.- Gaara concordou com a cabeça.

– Esse garoto, Sasuke Uchiha... ele morreu.- O olhei com o cenho franzido igualmente, logo meneando a cabeça, mas então ele continuou.

– Ele morreu, sim, ele morreu. Mas, podemos dizer que ele nasceu de novo.- Soltou um pigarro após gesticular as aspas com os dedos.

– Mas como- Cortou-me parando o indicador frente aos meus lábios.

– Não, não. Procure saber pela boca do garoto. Odeio fofocas.- E cruzou os braços, empinando o nariz.

– Está certo.- Inspirei o ar profundamente e o soltei aos poucos, passando a língua pelos lábios e a mordendo.

Me despedi de Gaara logo depois e o agradeci. Saí de lá com a cabeça no Uchiha e olhei para o visor do celular, em busca do horário. 20h 30min... acho que dá para eu dar uma passada lá na casa dele e conseguir chegar á tempo em casa, calculei sempre com o toque de recolher em mente. Neguei á mim mesma que contaria á Sasuke que o vi no banheiro no outro dia, mas agora vejo que ele deve saber. E com isso, poderei finalmente descobrir o que ele tanto esconde.

Curiosa, atrevida e insistente. Prazer, Sakura Haruno.

Estava para atravessar as portas automáticas do hospital, quando um policial que eu bem me lembro o rosto, me para com um sorriso e me segura os braços.

– Senhorita Haruno?

– Policial Sai... sim?- Estava relembrando do dia em que ele e mais um guarda vieram para minha casa, depois daquele acidente que deixou a Tsunade um pouco biruta. Ela ainda, mesmo que de vez em quando, fala umas coisas sem nexo, mas comparado com que já foi, até que melhorou bastante.

– Sim, sou eu mesmo. Eu estava te procurando, sabe? Por que eu fiquei sabendo que você atropelou um homem.- Seu sorriso permaneceu mas com os olhos estreitos, pude perceber que estava sendo cuidadosamente analisada.

– É, foi semana passada e- Ele me cortou, alisando os pulsos.

– Eu sempre te achei muito estranha, desde aquele acidente com a sua tia e após ler a sua ficha criminal.- E então levantou a mão que segurava uma pasta e pude identificar meu nome em letras maiúsculas bem na capa.

– Como você conseguiu isso?- Estava nervosa, ele bem que poderia me prender apenas por suspeitar.

– Eu sou da policia, garota, faça-me favor e vamos até a delegacia.- Me puxou pelo pulso, passando pela porta automática, mas então, minha outra mão foi segurada por trás e deparei-me com cara, de muleta e a camisola do hospital. Ofegava, parecia cansado.

– Gaara...

– Ela não fez nada, seu policial. Eu que atravessei a rua distraído.- Sai ficou um tempo com aquelas palavras em mente, certeza. Sua expressão mudou e então as sobrancelhas cruzadas lhe deram um ar raivoso.- Eu juro.- Complementou. Sai olhou para o lado, parecendo repudiar-se e deu passagem para mim. Agradeci a Gaara apenas com um olhar e ele concordou com a cabeça. Atravessei a porta automática e adentrei o carro correndo.

– Na próxima eu te pego!- Pude ver o policial na porta automática, berrando.

É certo, agora. Estou sempre sendo vigiada.

[...]

Voltei para as ruas de Sanford, que neste horário já começavam a se esvaziar. Ia dirigindo com o rádio ligado, escutando qualquer Folk que passava. Era apenas um jeito de eu deixar os mil e um pensamentos quietos por um tempo. E em pouco tempo chego na rua da casa da família Uchiha. Sabia que Sasuke ficava em casa nos fins de semana, então certamente estaria lá.

Os portões da casa se abriram para mim, após eu enunciar o meu nome em um aparelho ao lado de um dos pilares. Estacionei o carro em frente ao enorme chafariz e desci do carro, detendo os olhos nos sete carros que existiam mais ao longe. Sim, e dois identifiquei serem do Sasuke. Meu Deus, dois carros. Eu nem tenho um direito, por que a minha BMW I 1990 já ta tão velhinha e caindo as pedaços e ele tem dois?! Valha me Deus!

– Ei.- Volto á realidade, encontrando o Uchiha na porta de seu enorme casarão. Suspirei de certo ansiosa.- O que você faz aqui?- Fui atacada por suas afiadas palavras direto no peito. Grosso.

– Eu preciso conversar com você. É sério.- Segurei minhas mãos por trás e fui adentrando sua residência, que não deixando de notar, estava deveras fria.

– Meu pai viajou á trabalho e mamãe foi junto.- Logo entendi, por a casa estar com certa desordem e estar tocando uma música, gostosa e calma, mas que os pais de Sasuke não gostariam. E ri com tudo isso, então ele percebeu.

– O que há?

– Nada, é só a música e toda a bagunça. O que é isso? Iron & Wine?- Novamente não segurei o riso.

– Eu gosto ué. Me acalma.- Concordei com a cabeça, sentando-me no sofá bege de sua sala. Ele fez o mesmo, sentando-se em uma poltrona castanha perante mim.- Tudo bem Sakura, não mude de assunto, vai falando.

– Primeiro: Não fique estressado comigo por não ter lhe contado antes.

– Está certo, vá logo, Sakura.- Curvou as costas, apoiando os cotovelos nos joelhos e me ouvindo atentamente. Assim procurei me acalmar e contar logo tudo de uma vez.

– Eu vi você no banheiro aquele e dia e fui eu que passei a chave por baixo da porta.- Apertei os olhos firmemente, esperando algum sermão ou algo do tipo por não ter contado para ele antes, mas eu recebi uma resposta muito mais agradável do que eu esperava...

– Obrigado, Sakura.- E quando abri meus olhos, vi um sorriso brotar dos lábios do Uchiha. Aquele mesmo semblante... os olhos caídos e meio cansados, sobrancelhas baixas e um sorriso nem muito largo nem muito fino.

– Eu o vi pela fresta da porta. E então você caiu e eu tive que lhe ajudar.- Suguei meus lábios para dentro da boca, apertando-os.- Sasuke, a sua pele estava...

– Podre. Sim.- Ele olhou para o lado, acariciando seus próprios braços desnudos. Por um momento pensei em parar toda a conversa e sair por aquela porta pois, apenas naquele ato eu pude perceber todo o constrangimento dele por parte deste assunto, mas tratei de prosseguir.

– Me conte, Sasuke.- Apertei meus punhos receosa.

– No meu aniversário de nove anos, eu, meu pai, minha mãe e Itachi viajamos para Belfast. Tínhamos uma casa lá. Fizemos uma pequena festa no jardim de casa, papai chamou os amigos que ele tinha naquela cidade, mamãe também e eu os meus amigos daquela vizinhança. Havia um píer lá perto onde eu ia sempre brincar e eu acabei...- Uma pausa. Senti sua dor naquele momento e já ia imaginando o que vinha a seguir.- caindo acidentalmente na água. E então eu fui afundando e engolindo cada vez mais água salgada, até que eu não pude mais.- Seus olhos subiram a mim. Levei minhas mãos a boca, tentando conter todo aquele espanto e a confusão devastadora que ocorria na minha cabeça.

– Você está morto?

– Depois que os meus amigos foram correndo chamar meus pais, papai me tirou da água mas já era tarde demais. Me enterraram no jardim de casa e absolutamente ninguém compareceu no enterro. Mamãe chorou nos ombros de Itachi e papai olhava para a minha lápide, prostrado. E eu ora os fitava e ora olhava para a minha lápide.

– Que horrível, Sasuke...

– Fiquei por um bom tempo na presença deles, como um espírito. Eles decidiram ficar lá na casa de Belfast por mais um tempo e neste tempo, papai se dedicou aos estudos da natureza humana. Além de ser formado em administração, meu pai tinha o diploma de psicologia e medicina. Ele ficou um tempo sem mexer com essas coisas, focando apenas na área de administração. Mas depois que eu morri, ele começou a estudar as ciências novamente. E o quê ele descobriu mudaria para sempre a vida de todos...- Sasuke pousou os olhos no chão, deixando algumas mechas de seu cabelo caírem para frente. Passou a mão pela cabeleira e continuou num suspiro.- Meu pai desenterrou meu corpo e o levou para o porão de casa. Ficou fazendo diversos experimentos no meu corpo, tirando, colocando partes...- E então levantou-se da poltrona, afastando a blusa e permitindo que eu notasse as gigantescas cicatrizes que ele possuía por toda aquela extensão.- Ele substitui o meu coração e meus pulmões que haviam se enchido de água. E depois, afundou meu corpo em uma banheira, onde me eletrocutou.- Senti uma onda de frieza vir em minha direção. Engoli em seco.- Então, toda aquela energia percorreu cada centímetro do meu corpo. Meu dedos, braços, pernas...- Olhou para a própria mão, a abrindo e fechando.- Minha alma fora sugada para o corpo naquele exato momento. E então eu estava vivo de novo.

– Minha nossa, Sasuke... eu nunca poderia imaginar isso.- Sasuke tinha os olhos sobressaltados e os lábios entre abertos.- Devo me desculpar por ter sido tão curiosa, a ponto de você ter de contar toda esta história...- Assim me levantei, andando com os braços cruzados para perto da vidraça. Recostei-me a mesma, admirando por um curto tempo o quintal do casarão.

– Meu corpo não agüenta muito o calor. Se eu fico demasiado tempo sob o sol, minha pele começa a apodrecer e a descascar. Por isso que fico distante do calor na maioria das vezes...- Ia esclarecendo, andando para próximo de mim e recostando-se igualmente á vidraça.

– Mas a sua pele nasce de novo se descascar?

– Graças as células especiais que papai implantou no meu corpo, depois que passei a ter esse problema. Mas aqui em casa eu estou seguro com o ar-condicionado ligado no último.- Riu-se pomposo e eu apenas encolhi meu corpo, abraçando a mim mesma por conta do frio.

– E o que você faz quando dorme, de dia de semana, lá nos dormitórios da escola?

– Não é diferente. Lá tem ar-condicionado também.- Logo caí na gargalhada, imaginado Shikamaru e os outros dormindo com mais de dois cobertores. Sasuke entrou na risada e quando o gás da piada já estava se acabando, penso se já está na minha hora de ir.

– Sabe, acho que já é melhor eu ir. Eu só queria te dizer que fui eu...

– Mas você sabia que de um jeito ou de outro...- Aproximou-se serenamente de mim, resvalando sua mão pela minha cintura, fazendo meu corpo recostar á vidraça.- iria ficar sabendo o meu segredo, não?

– Está certo, eu já imaginava que a conversa chegaria até aqui...- Virei meu rosto, pois nossa aproximação já estava bem perigosa.

– Você é irritantemente curiosa.- Riu de deboche, finalizando com seu sorriso de canto um tanto aberto. Tinha os olhos estreitos e eu quase pensei em lhe mandar o dedo do meio, mas, afinal, ele estava corretíssimo.- Obrigada por ser assim.- E de repente passou seu braço por volta do meu pescoço e usou o direito para segurar minha cintura. Senti seus lábios gélidos de encontro aos meus e seu corpo me possuiu em um só toque.

O desejo era recíproco. Tanto eu quanto Sasuke percebemos isso. Era preciso de todo aquele calor e de toda aquela excitação. Cada toque era mais um sinal frívolo para todos os numerosos problemas que aconteciam em nossa volta.

Foi depositando inúmeros beijos pelo meu pescoço e deixando um rastro ardente por toda aquela extensão. Estávamos próximos ás escadas, quando dou um impulso para agarrar minhas pernas em sua cintura. Fiquei presa ao seu corpo, passando meus braços pelo seu pescoço e lhe invadindo a boca novamente. Os suspiros ficavam cada vez mais intensos á cada gesto e quando percebi, já estava enrolada em seus lençóis.

Fiquei de bruços, segurando instintivamente na cabeceira de sua cama, completamente apaixonada por suas mãos que me acariciavam as costas nuas e pela sua boca tão proibida deixando um sinal de Sasuke por lá. Quando me virou para si, acariciei seu rosto. Mas acabei vendo Sasori... o seu sorriso... e as lágrimas vieram automaticamente. Assim, Sasuke ficou sem expressão, assustado com o meu gesto e sem saber o que fazer, apenas me abraçou e proferiu as seguintes palavras:

– Deixe-o ir.- Abri os olhos, sentindo lentamente o bolo da garganta ir se desfazendo. Aos poucos, as lágrimas paravam e toda aquele peso pareceu ir embora. Deixe-o ir, enunciou novamente e novamente, seguido pelo meu nome, Sakura Haruno, e mais íntimo, Sah. Sasuke me segurou em sua cintura, me prendendo com seus braços em volta de minhas costas. Deixei a cabeça cair ligeiramente para trás, voltando a sentir seu toque de amor pelo meu pescoço e ombros. E tudo foi seguindo o seu caminho, com toda aquela brandura explícita. Ele me tocava com o maior cuidado, parecendo terrivelmente amedrontado com a chance de acabar me machucando. Ambos estávamos sensíveis após as revelações e os momentos de choro. Um passou a ser o suporte de dor do outro e a noite terminou sem qualquer resquício de preocupação ou desassossego.

Acabei acordando no meio da noite, sem vontade de abrir os olhos. Os deixei entreabertos, apenas me certificando do que acontecera. Sasuke dormia ao meu lado, com um ar de proteção emergindo do mesmo, por conta de seus braços envoltos em mim. Minha mão estava pairada sobre seu peito. Subi meus olhos para o mesmo, procurando fazer nenhum movimento brusco. Logo o apreciei. O amei naquele momento como nunca. E fora a primeira vez que minha consciência não estava submersa nas memórias com Sasori.

* * *

Have I found you?

Flightless bird, jealous, weeping

Or lost you?

American mouth

Big pill looming

Iron & Wine – Trecho de Flightless Bird, American Mouth


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Notas finais do capítulo

vou fazer o próximo cáp durante toda essa semana e tentarei postar no fim dela ok? é que ele será um capítulo mais detalhado e eu quero ter a certeza de que não confundirei vocês c;
Beijos e comentssss pelamor
PS: Link da música do cap: https://www.youtube.com/watch?v=3Kh09MuIfIU (eu amo pácas essa música e não,não é por causa de crepúsculo t-t)



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