Muse escrita por AloeGreen


Capítulo 19
Capítulo XIX - Um Passo do Abismo Imensurável


Notas iniciais do capítulo

Demorei bastante gente, desculpa mesmo.
Mas agora com a volta das aulas as coisas estão mais difíceis e não tá sendo nada fácil escrever essa fic. Eu comecei ela sem saber como seria o final, sem criar um verdadeiro mistério e suas respostas e isso foi um grande erro meu. Mas agora eu já tenho algo planejado na minha cabeça e espero mesmo que dê certo! Porém, não precisam se preocupar, nunca abandono fics, não vai ser essa que irei abandonar c;
Próximo capítulo, é quase certeza que revelarei o segredo do Sasuke e o da Sakura, sim meus amigos, o da Sakura, hehe. E então, a fic só terá mais uns cinco capítulos, eu acho. Sabe, não quero enrolar muito, já que só fiz isso no começo :s desculpem.
Bom, é isso, terá muito mais explicações no próximo, portanto, prestem bem atenção nos detalhes deste para poderem entender o desenrolar dos mistérios...muhahaha.
Beijos e boa leitura!



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Muse

“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre”

Oscar Wilde

Capítulo XIX:

Um Passo do Abismo Imensurável

Turno: Sakura Haruno

– O que você é?- Foi tudo o que eu pude perguntar. Logo achei meio ofensivo, mas decidi não mudar de idéia.

– Que tal você voltar amanhã?- Desviou facilmente do assunto, subindo os olhos para o relógio de parede acima da porta do quarto. Os ponteiros denunciavam que já era hora de ir para casa.- Que eu saiba, temos um toque de recolher bem rígido por aqui. Mas você não costuma segui-lo muito, não é, Sakura?- Passei a língua pelos lábios. Estava me sentindo plenamente intimidada. Como ele pode saber tantas coisas á meu respeito?, exclamava para mim mesma, toda acanhada.

– Eu preciso ir.- Digo, levantando-me de súbito e apressando-me até a porta. Ele não me para, mas então recordo-me de que esquecera de lhe perguntar algo de extrema importância. Com a mão na maçaneta, retorno a dar atenção a ele.- Qual é...o seu nome?

– Gaara. Só Gaara.

[...]

Cheguei em casa bem no horário. Adentrei pela estrada de barro, sendo atendida pelo holofote que jazia ligado eternamente, frente a casa de Tsunade. E como imaginado, lá estava ela, sentada em sua poltrona, massageando as têmporas sem piedade. Ela, percebendo minha presença pela entrada, virou-se e logo questionou-me:

– Você viu o Itachi, Sakura? Eu entrei no quarto dele agora pouco e estava todo organizado. Sem roupas no armário, nem nada.

– Ele foi embora.- Eu não queria e nem poderia esconder isso dela, afinal, ela que ofereceu a casa para ele, então deveria saber.- Ele pediu para mim, para lhe agradecer por ceder a casa á ele.- Disse, rodando a tampa da caixa de leite e tomando um gole só. Logo após, permaneci um tempo de cabeça baixa. Eu não queria que ela soubesse que eu o expulsei. Ela não precisava saber deste detalhe, afinal.

– Bem, espero que ele esteja seguro.- Enunciou, suspirando pesadamente.

Subi as escadas, carregando a mochila nas mãos mesmo. Quando cheguei ao quarto, encontro as porta janelas abertas e um loiro descansando pela sacada, com os pés acima da mesa de mármore. Seus olhos me encontraram apenas por uma vez, voltando logo para a paisagem noturna. Ele estava me esperando?, indago.

Jogo a mala na cama e caminho até a sacada, onde sento na cadeira reclinável, bem ao seu lado. Desistindo de encara-lo, alcanço meus olhos nas estrelas espalhadas pelo céu.

– Uau, nunca percebi como era a vista daqui de noite.- Exclamo, na tentativa de criar assunto. E os instantes passaram, com enfim, ele abrindo a boca.

– Sakura...

– Sim?- Me inclino para dar toda a atenção á ele.

– Você acredita em monstros? Tipo aqueles de filmes mesmo.- De cara, estranho o assunto que ele começara a debater.

– Não, Naruto. É claro que não.- Nego abertamente, mas detive-me por completa, lembrando de cada criatura que derrotei agora. Por que era tão estranho compara-los com os monstros do cinema? Por que os do Maine são reais, concluo com uma risada abafada e frouxa.

– Aconteceu uma coisa comigo hoje, Sakura.

– O que, Naruto?

– Eu fui atacada por uma ave gigante.- Estreitei os olhos, com uma gota enorme se formando na minha cabeça. Tão desastrado, penso.

– Ta, Naruto, nós já sabemos que você não é lá muito centrado...

– Não, Sakura, é sério. Era um pássaro gigante, que me levou pro ninho dela e que, se não fosse pela Hinata, eu teria sido comido vivo por ela.- Não pude deixar de me assustar com suas mãos me apertando os braços. Permaneci calada, não sabendo mais para onde olhar e me esconder.- Eu sei que você sabe de alguma coisa. Senão estaria dizendo que sou maluco, e não estaria calada como agora.- A caça por respostas era incansável. De seus olhos, reluzia-se a impetuosidade causada conseqüentemente pelo pânico.- Para falar a verdade, eu tenho certeza absoluta que você sabe de algo. Hinata me disse.- Enviesei as sobrancelhas, voltando a dar atenção para ele. Por que ela fez isso?

– Naruto...- Fiquei sem respostas.

– Vamos Sakura, não me esconda mais.- Interrompi meus lábios, os mordiscando.

– Certo.- Num movimento repentino, me desgrudo de seu toque, apressando-me para trancar a porta do quarto. Me agacho para retirar a katana de madeira, junto do cinto de utensílios brancos. O rodei pela cintura, prensando a cintura contra as minhas costas e a bainha do cinto. Volto a sacada, entregando a Naruto uma adagada para que, caso algo acontecesse, ele pudesse defender-se. Pude perceber pelo canto dos olhos, ele me encarando interrogativamente, enquanto eu calculava se ele conseguiria pular a sacada.- Acha que consegue pular pro andar de baixo?- Ainda confuso, segurou-se no parapeito de ferro, entortando a boca. Certamente que não, bufei.- Ainda bem que mamãe sempre guardava isso no porta malas. Achei que poderia ser necessário alguma hora .- Novamente, saí de debaixo da cama, chacoalhando uma corda nas mãos. Naruto admirou-se pela minha facilidade de desfazer os nós da corda e amarra-la no parapeito para que ele pudesse descer com segurança.- Vá primeiro, ok?

– Certo.- Concordou, mesmo que aparentemente hesitante. O loiro deslizou com facilidade corda abaixo. Subi a corda, guardando pela sacada e então pulei para o segundo andar, sem fazer qualquer barulho. Naruto admirado, tinha um enorme ponto de interrogação acima da cabeça.- Certo... Você era péssima na Educação Física. E quando digo péssima, eu quero dizer que você parecia do time das crianças com deficiência Sakura.- Revirei os olhos, seguindo pelo largo campo, indo em direção á floresta.

– Bem, para explicar isso, preciso lhe contar algumas outras coisas antes.- Bufei pelas narinas.

– Então me conte.

– Certo... Lembra-se que eu cheguei aquele dia em casa, toda carinhosa e carente?- Não pude deixar de notar o rubor clássico em suas bochechas. Ele, percebendo que o encarava, virou-se para que não notasse a vermelhidão. Acabei rindo baixinho com o ato.

– Lembro, é, lembro...

– Era o meu primeiro dia no trabalho. Eu cheguei lá, após pegar o ônibus no ponto da escola. Estranhei por estar tudo vazio, como se não houvesse sequer uma alma lá. Esperei alguns instantes na porta da loja, acreditando que alguém viria me atender. E quando me dei conta, havia uma criatura enorme no fim do corredor do outlet. Ela quase chegava a bater no teto, que era bem alto... Eu fiquei aterrorizada, obviamente. Tentei fugir de lá, mas as portas se fecharam e eu fiquei encurralada facilmente...

– E o que aconteceu depois?- Perguntou Naruto, interessado.

– Uma mulher. Sim, uma loira apareceu e salvou a minha vida. Bem irônico ela ser a minha chefe...- Sorri em divertimento.

– Mas o que era essa tal criatura?

– Poucos instantes depois, a mulher desapareceu junto com a criatura e deixou um recado para mim, “Volte amanhã no mesmo horário”.- Neste momento, desacelero a minha caminhada, com um pensamento persistente na cabeça: Por que eu voltara no dia seguinte? Eu poderia ter me livrado de toda a confusão que viria pela frente...

– Sakura, você está bem?- Sinto a mão de Naruto em meu ombro, o que de certa forma parece ter me acalmado. Balanço a cabeça positivamente, voltando a seguir. Estávamos próximos da floresta já.

– No dia seguinte, eu voltei lá. Uma morena me atendeu, toda contente por eu ter ido até lá. Seu nome era Matsuri, e ela era irmã da loira que me salvara no dia anterior, a Ino. Elas me explicaram sobre a criatura que eu havia visto. Denominava-se Ziz, uma ave gigantesca e carnívora. Suas asas quase esqueléticas eram, muito provavelmente, maiores que o corpo. Imagine-a como uma águia demoníaca quase do tamanho de um prédio de dois andares.

– Uau. Com certeza era maior que a ave que me carregou.- Acompanhei pelo canto dos olhos, Naruto engolir em seco e tremelicar por uns instantes.- Mas o que aconteceu depois?

– Bom, eu comecei a trabalhar lá. Depois de um tempo, passei a ir aos fins de semana, junto delas, para a floresta. Elas me disseram que quando chegaram á Sanford pela primeira vez, o irmão desapareceu repentinamente e desde então nós partimos em busca do mesmo.

– Ah, sim, mas Sakura... O que elas são?- Eu vi sua hesitação em completar a pergunta.

– Feiticeiras.- Naruto surpreendeu-se num sobressalto e eu logo parei para lhe falar mais atentamente.- Mas você não pode contar isso para ninguém ok?

– C-Certo.

Já íamos adentrando a floresta de coníferas quando, defendo Naruto com a espada. Parei um instante, pensativa.

– Por que você parou?- Perguntou o loiro, deslizando os dedos pela katana de madeira, perante o mesmo.

– Naruto, seria mentira se eu soubesse o que iremos enfrentar aqui.- Declarei mas ele não pareceu tão surpreso quanto eu supunha. Abaixou seus olhos a adaga que eu havia lhe presenteado e tornou sua alma, numa aura determinada.Eu lhe trouxe aqui, para te treinar. Já está na hora de você aprender a sobreviver em Sanford.- Não posso dizer que não vinha pensando nisso. Afinal, Naruto é um dos meus bens mais preciosos e eu me culparia eternamente se algo acontecesse com ele.

– Eu estou pronto.- O olhei ansiosa e ele demonstrou o mesmo ar que eu aparentava.

Naruto possui uma fortaleza envolta de si. Definitivamente, seu orgulho era muito maior que o meu.

~X~

Spring Head, 13h20min

Ouvi o sino do refeitório soando, informando a todos que já era hora de retornarem para suas devidas salas em suas devidas aulas.

Eu estava no lugar errado e na hora errada, sem ninguém, quando me apressei para chegar á sala de artes, cuja aula teríamos agora. Entretanto, ao girar a maçaneta, me encontro em uma sala vazia. As cadeiras jaziam solitárias, a lousa sem sequer um rabisco. A turma deveria estar aqui, não, pergunto-me convicta de que agora era a aula de artes, com a professora Kurenai. Foi aí que minha mente navegou em seu cartão de memória e fez-me lembrar do salão de artes reserva, lá no último andar, senão me engano.

Eu já estava atrasada, isso era um fato. Mas Kurenai é uma mulher adorável e certamente não irá ficar brava comigo. Afinal, eu não me recordava da mesma avisar a turma de que teríamos aula no salão reserva.

Suspirei pensando no tanto de escada que eu iria ter de subir. Fechei a porta do salão de artes do subsolo e aproveitei para passar no banheiro que ficava ao lado do mesmo. Estava um tremendo calor e as gotículas de suor do meu pescoço teimavam em se expor. Caminhei cambaleante até o banheiro unissex e abro a porta com cautela. E assim, o que eu vi foi deveras aterrorizante e perturbador. Sua camisa estava amarrotada no chão, próximo á si. Os cabelos negros grudavam pelo pescoço por conta do suor que se manifestava. Estava de costas, com as costas arqueadas para baixo, formando-se uma corcunda. Eu podia ouvir os seus grunhidos, mas ainda não conseguia identificar a pessoa, mas me contive pela fresta da porta certamente surpresa.

Ele direcionou sua mão para trás das próprias costas, arranhando-a sem dó nem piedade. A pele parecia mole e apodrecia, e fora deformada com extrema facilidade. Levei minhas mãos a boca, contendo um arfo. Que horrível...pensei abismada com aquela monstruosidade a minha frente.

Sangrava. Os restos da pele caiam pelo azulejo branco do banheiro encardido. Continuara a se arranhar por mais alguns instantes e logo depois parou de súbito; e caiu de joelhos no chão, desabando o corpo todo no piso daquele banheiro. Apagou.

Realmente hesitei em adentrar, no entanto, não pude esperar mais. Empurrei a porta, fazendo-a ranger. Dei um, dois, três passos e pude ver seu rosto virado no piso. Não pude impedir o meu sobressalto quase instantâneo; a reação fora indescritível. Só podia ser ele. Era ele, era o Sasuke.

Percorri com as unhas pelos meus cabelos, andando para um lado e para o outro naquele minúsculo banheiro. Então ajoelhei perante o corpo do mesmo e aproximei o dorso de minha mão para próximo de seu nariz. Está respirando ainda, conclui aliviada. Mas minha calma não estava perto de começar. Tudo aquilo que ele fizera a si mesmo, irá ficar guardado para sempre no calabouço de minhas memórias.

– Afinal, o que você é, Sasuke?- Murmurei. Meus olhos seguiram automaticamente pela extensão de suas costas. As marcas das unhas eras profundas e por volta das mesmas, a pele era amarelada e arroxeada. Parecia... podre. Sim, podre.

Olhei para a porta e rapidamente fui até a mesma, onde assegurei-me de que mais ninguém vira o estado de Sasuke. A fechei, e quando o fiz, dei-me conta da chave da mesma. Foi assim que uma idéia me passou pela cabeça, já que não poderia deixar que vissem o Uchiha desse jeito. Certo.

Passei a língua pelos lábios, os umedecendo.

Dei um jeito em toda a bagunça do banheiro, limpando o piso com algumas folhas de papel e água. Toda a sujeira fora para o fundo do lixo, embrulhada com mais papeis para não deixar rastros estranhos. Com dificuldade, consegui mover o corpo de Sasuke para próximo da parede, o recostando. Sabia que não poderia coloca-lo dentro de uma das cabines do banheiro, pois não teria força o suficiente para isso, então apenas o deixei sentado e encostado na parede. Já estava tudo arrumado quando retiro a chave da fechadura do banheiro, vou para fora e tranco o toalete por fora. Agachei e passei a chave para debaixo da porta, para que quando Sasuke acordasse pudesse sair facilmente. Assim, ninguém iria entrar naquele banheiro e veria a verdadeira forma do Uchiha.

Ponto de ônibus, 15h20min

Saí uma hora mais cedo do horário de saída do colégio.

Afinal, mesmo minha cabeça estando em Sasuke, havia um resquício de memória de ontem. Sim, o estranho que eu atropelei. O estranho que depois eu descobri ser o enfaixado de muitas das minhas diversas visões horripilantes. Certamente, aquilo estava moldando a minha mente.

A brisa me pegou no melhor momento, bem sentada naquele ponto de ônibus, esperando o transporte público. Ela acariciou minha face, a gelando moderadamente. Meus lábios se enrijeceram e a lágrima que pousava em ambos os olhos, caíram com o meu piscar.

Eu sabia que desde o momento que eu pisasse aqui, toda a minha rotina mudaria rapidamente. Sabia mais do que tudo que as coisas seriam diferentes, e eu teria que me esforçar arduamente para conseguir o meu ano.

– Não, está errado.- Acariciei meu próprio queixo e tampei os lábios com a palma da mão, mantendo meus olhos baixos.

Na verdade, eu tinha noção de que as coisas iriam mudar drasticamente, naquele momento cruciante e inesquecível...

Flashback On

O outono chegou com sua típica presença alaranjada. Folhas caíam de seus respectivos galhos, de suas respectivas árvores e planavam para direto do chão, ou acabavam sendo levados pelo forte vento, também comum naquela admirável estação do ano.

Nas estradas, as folhas e partículas de sujeiras se acumulavam pelos acostamentos. O céu estava terrivelmente nublado naquele dia. Estava frio e eu apenas queria ficar recostada com a cabeça em seu peito, ouvindo as batidas calorosas de seu coração bombeando sangue. No entanto, Sasori insistiu em irmos ver as abelhas produzindo mel em uma cidade próxima a Summerside, chamada Kensington.

Saímos da casa de mamãe e Sasori e eu adentramos o carro, do qual eu, com o pouco de minha habilidade, concertei na manhã daquele dia. O caminho até lá era razoavelmente curto; demoraríamos pelo menos duas horas. E estava indo tudo bem. O seu sorriso irradiava cada vez mais, ele parecia tão feliz... Mas nem deu tempo de eu entender o que acontecera e já havíamos capotado o carro.

Eu estava toda encolhida em meu lugar, com meus próprios braços envoltos de meu corpo. Parecia um minúsculo casulo de lagarta.

Os estilhaços de vidro faziam eco por aquela rua amedrontadoramente vazia. Mas, após, o silencio tornou-se ainda mais tétrico. E então eu não queria acreditar no que estava acontecendo e tudo o que eu pude fazer era apertar meus olhos fortemente, tentando conter as lágrimas e imaginar que estávamos nos divertindo imensamente vendo as abelhas produzirem o mel no flavo. Eu queria poder ver o seu sorriso novamente, mas seu maxilar estava fechado e ligeiramente caído para o lado. Os olhos cerrados não davam sinal de que se abririam novamente. E seus lábios não iriam mais realizar o meu dia em um sorriso iluminado e cheio de esperança. E junto dele, eu não poderia sorrir mais. Nunca mais.

Flashback Off

Caminhei pelos corredores do hospital, esquentando meus braços por trás de minha jaqueta jeans escura. Andava acanhada, olhando apenas para o meu caminho.

Ao chegar no quarto, o estranho já tinha parte das faixas retiradas de sua face. Surpreendi-me pelo grande desenvolvimento de sua melhora. Seus cabelos ruivos eram bem chamativos e os olhos esverdeados se destacavam com sua íris de grande contraste.

– Está triste.- Soltou o estranho, Gaara, de forma tão de repente.

– Não, não estou.

– Foi uma afirmação. Eu sei que está.- Rodei meus olhos e suspirei disfarçadamente, depositando minha mochila em um canto e aproximando com a poltrona para próximo de sua cama

Fiquei um tempo me acomodando na poltrona e depois imaginei que ele esperasse uma resposta de mim, então apenas disse:

– Só estava lembrando de algumas coisas.- Os beiços de Gaara pareciam suculentos, de tanto que os mordiscava. Parecia pensar em algo, procurando bem lá no fundo de sua mente. Era engraçado, mas eu me sentia confiante perto do mesmo. Entretanto, não queria continuar naquela conversa e preferi ir logo no que interessava.- Você precisa me esclarecer algumas coisas.

– Preciso.- Um tique instantâneo e nervoso dominou uma de minhas sobrancelhas. Ele parecia não dar importância para isso.

– Então me diga: como você sabe tanto sobre mim?- Eu precisava de respostas e precisava o mais rápido possível.

– Eu simplesmente sei.

– O que você quer dizer com isso?- Questionei, tão hesitante.

– Eu sou um gato que possui sete vidas...- Diversas linhas se formavam em meu cenho e após ele retirar a última parte da faixa de sua cabeça, pude ver estranhas orelhas nascendo e dando espaço por entre seus cabelos. Me espantei.- e eu uso 100% de meu cérebro. Ou seja, eu posso ler a sua mente e a de quase todas as pessoas deste hospital. Entre outras coisas, como cura rápida.- E apontou para seu próprio rosto. Concordei agora entendendo tudo.

– Ah, então foi por isso que você já está tão bem assim.

– É, eu me machuquei um pouco, mas está tudo bem. De qualquer jeito, ainda teria mais algumas vidas...- E gargalhou novamente, mostrando seu aparente bom-humor.

– Dentre todos os seres que eu já lutei, eu nunca conheci uma espécie tão interessante como a sua.- Minha cabeça girava com toda aquela maluquice esquisita.

– Não existe outro que nem eu.- Riu-se.

– Que arrogante...- Xinguei baixinho, mas ele pareceu ter ouvido nitidamente.- Mas me diga, por que você aparece nas minhas visões? Desde criança, eu sempre lhe via, todo enfaixado e dizendo meu nome com dificuldade... E quando eu te vi foi tão surpreendente... eu nem soube como reagir direito.- Sua expressão mudou drasticamente. Olhava para as próprias mãos, as alisando. E então abriu um sorriso simples e delicado.

– Sabe, você ter me atropelado... aquilo tudo fora planejado a muito tempo. Você acredita em destino, Sakura?- Ele parece sincero no que dizia e me dou conta da imensa vontade que eu estava de sair dali.

– Acho que sim... Mas, por favor, me explique, eu não estou entendendo...

– Sakura.- Suas mãos apertavam meus braços, me concentrando. Eu apertei meus olhos por um tempo sem saber por que, mas eu sentia que algo de ruim aconteceria.- Me desculpa, mas eu não posso te contar mais, se não...

– Se não o quê?!- Minha paciência chegou ao limite em um estalar de dedos. Seus semblante fora de puro medo e novamente seus olhos voltaram-se a mim, tão profundos e saltados.

– Se não você poderá acabar mudando o futuro, causando uma catástrofe.

* * *

I know you can never be alone
'Cause it's just the bones you're made of
And you laugh like you've never been lonely

Ben Howard – Trecho de Bones


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