Shards of Love escrita por StardustWink


Capítulo 1
Ódio à primeira vista.


Notas iniciais do capítulo

E aqui estou eu, eba! Quem diria que eu levaria tão pouco tempo para postar a continuação! owo Bom, estou suuuuuuuuuuuuuuper animada com esse projeto, então acho que esse é o porquê, hehe~

A história a partir de agora terá como "protagonista" a Sapphire, como vocês podem ter visto pela sinopse. Mesmo assim, a narrativa ainda vai se alternar por todos os personagens, como de costume - e a Yellow ainda terá uma parte importante na história. Acho que todo mundo vai ter, eventualmente. uvu

Animados com os novos personagens da capa? Quem sabe quando eles vão aparecer? Talvez no próximo episódio, ou depois~ Por enquanto, aproveitem o capítulo de introdução da fic~ ;-)



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Algumas pessoas dizem que as coisas não acontecem ao acaso.

Existe um motivo por trás de cada ação, cada toque, cada palavra e cada olhar do mundo. Um motivo pode levar a diversas coisas - amor, ódio, tristeza, amizade -, só depende de como alguém decide cooperar com essa força harmônica que move a Terra.

O nome dado a ela é destino.

Será mesmo que o destino existe? E, além de existir - será que ter algo maior rodando as engrenagens da sua vida é mesmo bom?

Por algum motivo, May Maple não gostava muito dessa ideia. Ela sempre fora de agir primeiro e pensar depois, de tomar suas decisões por si mesma e mais ninguém - a ideia de ser controlada não era algo aceitável.

Nem que esse alguém que a controlava fosse o relógio da sua cabeceira.

– Ugh! - A jovem sentou na cama com um impulso, o pobre aparelho eletrônico parando na parede oposta à dela. Ao ver o estrago através de seus olhos ainda nebulosos de sono, ela grunhiu. - Ai não, minha mãe vai me matar...

Ela tropeçou para fora da cama, seus passos sonolentos a levando ao lado oposto com lentidão. Examinou o estrago, agradecendo aos céus que o relógio fora forte o suficiente para aguentar a pancada.

– Ufa... - May suspirou aliviada, olhando pela fresta da cortina em seguida. - Hmm, melhor levantar logo de uma vez. - Decidiu, fazendo um muxoxo.

Não que ela gostasse de acordar cedo, mas hoje era um dia importante. Afinal, sua prima finalmente chegaria à cidade, depois de tanto tempo sem vê-la!

– Ok, vamos lá! - Ela levantou os braços se espreguiçando, e partiu para fora do quarto em direção ao banheiro. Para sua sorte, estava livre - normalmente sempre havia uma briga incrível entre ela e seu irmão para usá-lo de manhã.

Não é minha culpa se eu sou uma garota e passo mais tempo me arrumando. Ela bufou, entrando e fechando a porta. Girou a torneira do chuveiro, deixando a água cair enquanto voltava-se para o espelho da parede.

Seu cabelo estava um desastre, e a maratona de filmes de romance do dia anterior tinha deixado olheiras debaixo de seus olhos azuis. May suspirou, tentando arrumar-se um pouco, mas sem sucesso.

Ele provavelmente riria da minha cara se me visse assim, ela pensou com uma gota. E em ele, claro, referia-se ao seu namorado Drew, o idiota que tivera a ideia fantástica de se declarar para ela no meio das Olimpíadas de meio de ano.

Ela se lembrou dos eventos com um sorriso; tivera de controlar-se para não dar mais de um tapa em Hayden pelo constrangimento que sentira. Mesmo assim, por mais que ela tivesse morrido de vergonha, foi meio que bonitinho.

Claro, ela nunca falaria dessa última parte para ele. Aquele idiota já tivera motivos o suficiente para se vangloriar esses dias, e ela não queria fornecê-lo outro ainda maior.

Decidindo parar de enrolar, a garota despiu-se e entrou na banheira, a água gelada que descia do chuveiro acordando-a de vez de seu estado “semi-sonânbulo”.

Se é que essa palavra existe, ela pensou, enquanto procurava pelo sabonete. Deviam ser umas dez da manhã no máximo, então ela não viu motivos para terminar seu banho rápido.

Demorou exatamente duas batidas impacientes na porta para fazê-la mudar de ideia.

– Tá, já vou! - Ela tirou o resto de creme que se prendia ao seu cabelo e lavou o rosto uma última vez, colocando um braço para fora do box atrás de uma toalha.

Já estava enrolada no tecido e perfumada quando abriu a porta, quase derrubando seu irmão durante o processo.

– Você podia demorar menos no banheiro, sabia. - Ele ajeitou os óculos, mandando-a um olhar mortal.

– Que seja, Max. - Ela deu a língua para ele e saiu, chegando a seu quarto e fechando a porta. Estava tentando escolher que roupa usar quando ouviu o toque do seu celular da escrivaninha.

Tomando cuidado para não pisar nas roupas que estavam no chão - escolher um figurino era mais difícil que ela pensava - May pegou o aparelho com uma das mãos e sorriu com o nome que estava escrito na tela.

– Nossa, você respondendo tão rápido a essa hora da manhã? Achei que levaria cinco ligações para conseguir te acordar.

– Bom dia para você também, Drew. – Ela bufou, em um tom sarcástico. Ele tinha de ser chato até a essa hora? Não que ela não estivesse acostumada, de qualquer forma. – Ao que devo a honra de sua ligação? – Perguntou num tom sarcástico.

Vai fazer alguma coisa antes do almoço? – A voz grave dele perguntou do outro lado da linha.

– Não, o voo da minha prima só chega de tarde. – A garota encarou o relógio que quase quebrara, vendo que já eram quase dez e meia. – Por quê?

– Não posso querer passar um tempo com a minha namorada? – Ele perguntou. May corou com isso, levantando uma das mãos para rodopiar um fio de cabelo entre os dedos.

– Bom, sim... Se você quiser. – Ela murmurou.

– Te vejo na macieira perto da sua casa daqui a dez minutos. – A voz de Drew falou pelo aparelho. – Até mais, selvagem.

– Quando você vai parar de me chamar disso, hein? – Ela perguntou, só para ser respondida com o clique e o som de “tu...tu...” do celular. Sentindo uma veia brotar na sua testa, ela encarou mortalmente a tela do aparelho como se pudesse ver seu namorado lá, rindo debochadamente logo depois de ter desligado na cara dela.

– Idiota. – A garota resmungou, colocando o celular na escrivaninha. Puxou um short jeans azul do chão e colocou a regata laranja que estava em cima da cama, parando para calçar uma sandália antes de sair do quarto.

– Bom dia, filha! – Sua mãe sorriu para ela da mesa quando ela desceu, onde comia uma torrada com o que parecia ser geleia de uva. – Vai sair?

– É, dar uma volta por aí. – May respondeu, corando levemente. Não é que sua mãe não soubesse que ela estava namorando... Só que era estressante ter que lidar com as perguntas incessantes que ela fazia sempre que eles voltavam de um encontro, então era melhor que ela não soubesse.

– Sei... – Caroline não pareceu acreditar muito nisso, mas resolveu deixar para lá. – Volte na hora do almoço, ok? Vamos sair de casa logo depois.

– Ok! – A jovem sorriu, pegando uma maçã do cesto de frutas e indo até a porta. – Até mais!

A mulher suspirou assim que a filha bateu a porta. Há alguns meses atrás, vivia reclamando sobre um garoto irritante em sua sala. Agora estavam até namorando! Ela ponderou se sua filha tinha herdado o temperamento difícil de seu pai... O que provavelmente era verdade.

– Cadê a May? – Max desceu das escadas não muito depois, parecendo emburrado. – Ela deixou o chão do banheiro molhado de novo!

– Ela saiu, filho. Pode deixar que eu brigo com ela sobre isso depois. – Ela sorriu, empurrando o prato de torradas em sua direção. – Vamos, coma alguma coisa.

O garoto arqueou uma sobrancelha, sentando-se numa das cadeiras e pegando uma torrada. Foi só depois de passar a geleia e dar uma mordida que ele perguntou:

– Ela tá com o cabeça de alface, não é?

– Aham. – Caroline sorriu, tomando mais um gole de seu chá.

xxx

May andava rapidamente pela rua, terminando a fruta vermelha que levava em sua mão esquerda e parando para jogar o resto fora. Ao retomar o passo até a praça, percebeu que o céu estava completamente límpido – sem a menor chance de haver chuva.

Logo vou ter que voltar para a escola... A garota fez bico, encarando o céu como se ele fosse a maldita instituição, por que as férias tiveram que passar tão rápido?

Tudo bem que ela saíra quase todo o dia, então não tinha muito que reclamar. Sem falar que as últimas semanas pareciam até um sonho... Voltar para a escola definitivamente não soava como uma boa ideia, ainda mais com as fãs do seu namorado que não a deixariam em paz.

– Malditas garotas. – Ela bufou. No dia do baile da escola, só bastou que ela fosse dançar uma vez com Brendan para todas caírem em cima dele no segundo seguinte. Foi necessária muita paciência por parte da mesma para não comprar briga quando elas não queriam deixá-la chegar até ele depois.

(E em paciência, queria dizer seu melhor amigo a segurando para que ela não fizesse algo estúpido. Drew até rira depois porque ela “estava com ciúmes”, aquele idiota.)

Mas falando em garotas loucas, ela se perguntou brevemente como estaria Yellow quanto a isso. Quer dizer, Blue provavelmente já estava acostumada com as fangirls do seu namorado e melhor amigo, mas e ela?

Eu não a vejo desde semana passada... A garota de olhos azuis ponderou, Mas hoje tem a social na casa da Misty, então vamos nos ver em breve...

Ela parou de andar, de repente, e estreitou os olhos. Estava pensando em fangirls loucas que a perseguiriam por causa do seu namorado, tinha uma social para ir hoje e, coincidentemente, quase todos os seus amigos começaram a namorar ao mesmo tempo que ela...

– Desde quando a minha vida passou a ser que nem um programa de TV? – Ela perguntou a si mesma, franzindo a testa.

– Desde que você conseguiu um namorado como eu, claro.

A voz familiar a fez olhar para o lado, e May encarou Drew e seu sorriso convencido com irritação.

– Me diz, como você consegue ser tão metido? – Ela cruzou os braços enquanto ele se colocava à sua frente.

– Acho que você sabe o motivo, May. – Ele rebateu, jogando o cabelo para o lado e fazendo-a corar. A garota bufou, desviando os olhos dele para encarar a arvore grande próxima aos dois. Em seus devaneios, nem tinha percebido que já andara até lá.

– Às vezes eu me arrependo de ter aceitado ser sua namorada, sabia. – Ela murmurou. O garoto riu, aproveitando a distração da mesma para puxá-la pela mão e enlaçar seus dedos.

– Diga o que quiser, selvagem, eu sei que você me ama. – Ele sorriu para ela.

Como May estava se sentindo uma pessoa boazinha no momento, resolveu não respondê-lo. Sim, isso definitivamente não tinha a ver com uma possível perda de voz que ela teve por ele ter puxado sua mão tão de repente, e muito menos porque ele tinha sorrido para ela daquele jeito que sempre a deixava com as pernas bambas.

Absolutamente não.

Pelo menos, foi isso que ela disse a si mesma para tentar se acalmar.

–... Ok, mas mudando de assunto. – Ela tossiu, ignorando a pequena risada dele pela mesma ter ignorado o que ele acabara de falar. – Eu estava pensando em levar a Saph para a reunião hoje.

– Hm. – O garoto de olhos verdes murmurou, enquanto eles andavam lentamente pela rua. – Você acha que ela vai gostar de conhecer todo mundo assim tão de repente?

– Bom, não sei... A Saph nunca foi muito boa de fazer amizades, sabe? – May deu de ombros, - Mas é por isso mesmo que quero que ela vá. Acho que ela vai gostar do pessoal.

– Não acha que é muita pressão para o primeiro dia dela na cidade? – Drew arqueou uma sobrancelha.

– Não é o primeiro dia dela aqui. – A outra revirou os olhos. – Eu não tinha dito que a casa em que eu moro era originalmente do pai dela?

– E?

– E isso quer dizer que ela já morou aqui– Ah, espera! – A garota parou de repente, e encarou o garoto. – Você acha que o pessoal vai se importar se eu chamar o Brendan?

– Por que ele? – Drew estreitou os olhos, lembrando-se do vizinho idiota de sua namorada que tinha a raptado durante o baile.

Tudo bem que ele tinha dito que não iria tentar nada com a May, mas ainda assim ter um garoto que gostasse de sua namorada tão perto dela assim o deixava com raiva. E se ele tentasse alguma coisa?

– Porque ele é meu melhor amigo, talvez? – A garota rebateu em um tom irritado. – Francamente, Drew, eu não sei por que você não gosta dele. Bren é uma ótima pessoa!

Talvez porque ele seja apaixonado por você, foi o que ele quis responder. Mas, se aquela garota era densa o suficiente para não ter percebido isso até agora, não seria ele quem iria contar isso para ela.

– Ele me dá nos nervos, só isso. – Ele resmungou, com o rosto irritado. – Por quê você quer chamar ele, de qualquer forma?

– Bom, eu conto da minha prima para ele desde sempre, e eu queria que eles se conhecessem, oras! – Ela respondeu. – E também, o Bren não tem muitos amigos. Você me mantém muito ocupada recentemente, e eu quase não saio mais com ele. Quero que ele se enturme mais com o pessoal!

– Hunf, não sei por que isso é tãaao necessário, mas tudo bem. – Drew revirou os olhos.

– Vamos mudar de assunto então, tá legal? – Ela suspirou, abrindo um sorriso em seguida. – Quando você vai me convidar para sua casa outra vez? Eu quero conversar mais com sua irmã-

– Nem pensar. – Ele corou quase que imediatamente, mandando-a um olhar mortal. – Eu não vou passar por aquilo outra vez.

– Aquilo o quê, Dreweca? As histórias de quando você era criança? – A garota fitou-o divertida. – Ou as suas fotos de bebê?

– Você podia ser menos irritante às vezes. – Drew, ainda corado, desviou o olhar dela para encarar o outro lado da rua. May riu do rosto dele, e, ainda com o sorriso torto nos lábios, o imitou:

– Diga o que quiser, cabeça de alga, eu sei que você me ama.

Ele, assim como ela, preferiu ignorar esse comentário.

xxx

Sapphire odiava muitas coisas. Se fizesse uma lista, ela teria no mínimo umas três páginas cheias de nomes – talvez mais, dependendo de seu humor. Porém, definitivamente, umas das primeiras coisas escritas seria “lugares cheios de gente”.

Para ser mais específica, aeroportos.

Primeiro, você quase não conseguia andar nesses lugares. Tinha gente demais, confusão demais, filas demais, absolutamente tudo demais. Segundo, não havia nenhum sinal de natureza ali – não dava para ver nenhuma arvorezinha sequer, e só de vez em quando umas plantas mixurucas que colocavam para enfeitar.

Mas o motivo que levava a cereja do bolo, a coisa mais irritante que existia em aeroportos...

Era o fato de ser incrivelmente fácil se perder neles.

– Que droga! – Ela resmungou, encarnado seu celular sem baterias. Sempre se esquecia de carregá-lo, por não achar necessário levá-lo por aí. Mas, no único momento em que ele provaria ser de algum uso, estava descarregado.

Boa, Sapphire. Ela pensou para si mesma, olhando em volta. Agora você definitivamente nunca vai encontrá-los. Por que tinha que ter tanta gente nesse vôo?!

A garota estava quase subindo em cima de um balcão para tentar ver se achava alguém quando uma voz a chamou de longe. Ela se virou, e, estreitando os olhos, conseguiu ver sua prima há alguns metros de distância, correndo em sua direção.

Sapphire sorriu. Sentira falta de sua prima – o que poderia até ser considerado estranho, visto as diferenças marcantes que elas tinham. May podia assustar qualquer um quando estava com raiva, mas era também bem feminina e delicada. Ela, por outro lado...

A garota de olhos safiras encarou o short meio rasgado e casaco cinza que usava. Já a disseram várias vezes que tinha de “agir mais como uma garota”, mas ela achava tudo aquilo ridículo. E daí se ela preferia roupas mais confortáveis?

– Saph! – A mesma olhou novamente para cima, vendo que May acabara de chegar à sua frente. Ela observou enquanto a outra parava para respirar fundo, e em seguida sorria para ela. – Há quanto tempo!

– É. – A jovem retribuiu o sorriso, rindo quando sua prima abraçou-a de repente. May, afastando-se um pouco para olhá-la de frente, soltou uma risada.

– Acho que estamos cada vez mais parecidas. – Ela comentou. Uma das diversões das duas quando pequenas era de fingir que eram gêmeas, pois todos sempre acreditavam – era quase imperceptível que Sapphire era, além de uns meses mais velha, sua prima.

E agora, se olhassem de frente, elas pareciam quase clones. A única diferença era a bandana que Sapphire tinha no cabelo, suas roupas, e o fato dos olhos da mais velha serem um pouquinho mais escuros – fora isso, eram idênticas.

Genética é mesmo uma coisa estranha. A garota pensou para si mesma, parando para ver o quanto exatamente May tinha mudado.

– É, você parece exatamente comigo. – Ela comentou. Menos pela parte em que você usa roupas completamente diferentes, adicionou ao notar o figurino cheio de acessórios que a outra usava.

– Vamos lá, meus pais estão doidos para te ver!- May a puxou pela mão, levando-a na direção em que viera. – E o Max, ele cresceu tanto! Acho que nem vai reconhecer você.

– Espero que aquele pirralho me reconheça, depois de tanto tempo que eu passei brincando com ele. – Ela bufou em resposta.

Ao ouvir o riso que sua prima deu com isso, sorriu - tinha realmente sentido falta dela.

xxx

Ok, está tudo pronto! – May levantou as mãos para o alto, se espreguiçando. Ela e sua prima tinham passado a última hora inteirinha arrumando o quarto de hóspedes com as coisas que ela trouxera.

– É por isso que eu odeio arrumar meu quarto. – Sapphire resmungou, caindo de costas em sua cama. Ela passou uma das mãos na frente dos olhos, bocejando. Um cochilo agora não seria ruim...

– Saph?

...Ou não. A garota de olhos safiras sentou-se no colchão macio, olhando para sua prima.

– Hm?

– Bom, é o seguinte. – May sentou-se ao lado dela, sorrindo. – Eu vou sair com meus amigos hoje, uma reunião caseira e tal... E eu queria saber se você gostaria de ir junto.

– Eu? – Ela piscou, estreitando os olhos. – Mas eu nem conheço eles, May.

– Por isso mesmo! Você vai entrar na minha escola, e todos eles são de lá. É melhor que você já esteja enturmada quando entrar! – A outra explicou, e lançou-a um olhar esperançoso. – E então?

– Não sei... – Sapphire direcionou os olhos para o chão. Ela estava doida para dar uma volta por aí, esticar os pés depois de tantas horas tendo que ficar sentada... Mas, mesmo assim, encontrar pessoas novas não parecia ser uma boa ideia.

– Ah, vamos! – Vendo que não tinha outra escolha, May pôs em prática sua arma secreta: o famoso olhar de cachorrinho abandonado. – Eles são legais, juro! E qualquer coisa nós podemos ir embora cedo!

Sapphire encarou sua prima, pensativa. Ela realmente estava a fim de sair um pouco, e, mesmo tendo que falar com pessoas... Bom, por que não?

– Tudo bem, eu vou.

May comemorou alto, abraçando sua prima logo em seguida. Depois, levantou num pulo e encarou-a sorrindo.

– Bom, temos mais ou menos umas duas horas até lá. O que quer fazer?

– Não faço ideia. – Sapphire respondeu, soltando um bocejo alto em seguida. – Mas acho que um cochilo não seria ruim...

– Ok, te deixarei descansar então! – A outra deu uma risadinha de sua prima, que se acomodara na cama sem nem tirar seus tênis. Ela realmente não tinha mudado. – Quando faltar uma hora para ir eu te acordo, ok?

– Hn. – A mais velha resmungou, nem se importando de abrir os olhos. Ela pôde ouvir os passos da outra, delicados, para fora do quarto, e a batida da porta. Do lado de fora, alguns pássaros cantavam – e parecia que alguém estava ouvindo música na casa ao lado.

– Ugh. – Ela puxou o travesseiro em que deitava, colocando-o em cima do rosto. Por passar tempo demais ajudando seu pai com seu trabalho na reserva natural, tinha ficado com alguns sentidos aguçados para algumas coisas... E, às vezes, eles não vinham muito a calhar.

Ela respirou fundo, comprimindo os olhos. Logo, o sono que sentia foi a puxando cada vez mais para o mundo dos sonhos. Devagarinho, até que ela finalmente adormecera.

xxx

Aparentemente, dormir tinha sido uma péssima ideia. May se esquecera de acordá-la até que faltassem apenas meia hora para ir para a reunião, e como a mais velha não se importava que provavelmente estava horrível depois de um vôo e uma soneca, fora com as roupas que usava, mesmo.

Elas ainda enrolaram enquanto estavam vindo – entretidas demais conversando, correndo e subindo em uma árvore (se bem que isso tinha sido só Sapphire, mesmo) , então provavelmente todos já haviam chegado na hora em que, finalmente, tocaram a campainha.

– Até o Drew já chegou. – May suspirou, lembrando-se da mensagem que recebera dele. – E o Bren, também, pelo que ele me disse.

– Bren? – A mais velha arqueou uma sobrancelha. –... Seu melhor amigo, certo?

– Esse mesmo. – A outra sorriu, animada. – Ele é super legal, Saph! E também não conhece quase ninguém daqui.

Então eu não sou a única excluída daqui, huh... A garota de olhos safiras pensou para si mesma.

– Ah! Deve ser a Misty. – May comentou quando o barulho de chaves foi ouvido, e a porta se abriu – para revelar uma garota de cabelos ruivos e curtinhos.

– May! – Ela sorriu para sua prima, antes de se virar para ela. Depois, piscou umas cinco vezes, olhando para as duas repetidamente. – E-espera aí, eu não sabia que você tinha um clone!

– Essa é a minha prima, Misty. – A mais nova falou, rindo. – Ela é meio parecida comigo, mesmo.

Meio? – A ruiva arqueou uma sobrancelha, mas resolveu deixar para lá. – Quero só ver a cara de todo mundo quando virem vocês duas. Vamos, entrem.

As duas passaram pela porta, atravessaram o corredor até a sala e, quando Sapphire espiou para ver o que tinha lá dentro, deparou-se com muitas pessoas.

Sério, quantos amigos a minha prima tem? Ela piscou, olhando para cada um.

Quatro pessoas sentavam num dos sofás – uma garota loira sorria para uma de cabelos castanhos e olhos azuis, enquanto o casal ao lado deles (um garoto de olhos dourados e uma garota de cabelo azul escuro, para ser mais específica) parecia estar discutindo sobre algo bobo (afinal, ele estava sorrindo enquanto ela falava). No outro sofá, uma garota também de cabelos azuis sentava ao lado de um garoto de cabelos roxos, e ambos pareciam conversar sobre alguma coisa qualquer. Um garoto de olhos vermelhos falava animadamente de esportes com um de olhos verdes, e, por último, um garoto moreno de olhos escuros comia o que parecia ser o resto de um brigadeiro.

Ah, e tinha um garoto de cabelo verde também. Sua prima realmente não estava exagerando quando dissera que seu grupo era grande.

– Olha quem chegou! – Gold falou, chamando a atenção de todos, antes que ele arregalasse os olhos e se erguesse do sofá num pulo. – Pera aí, May, quem é essa aí? Você nunca tinha me dito que tinha uma irmã gêmea maligna!

– Ela não é minha irmã gêmea maligna, Gold. – May sentiu uma gota escorrer pela testa, e deu um sorriso sem graça. – Essa é a minha prima, gente. Sabe, a que chegava hoje?

–... Tem certeza que vocês são primas? – A garota de cabelos castanhos perguntou com uma sobrancelha arqueada. – Vocês são quase iguais para mim.

– Nossas mães são gêmeas. – Sapphire decidiu intervir. – E, bom, convenientemente nenhuma de nós puxou muito nossos pais.

– Huuuuuh. Isso é estranho. – O garoto com a panela murmurou, para depois sorrir. – Bom, é um prazer, prima-clone da May.

– O nome dela é Sapphire, Ash. – Misty bufou ao lado delas. – Ignora ele, ok? – Ela sorriu para Saph, que assentiu com uma expressão confusa. – Ok, eu vou apresentar todo mundo. Aqueles quatro ali são a Yellow, Blue, Crystal e Gold. – Ela apontou para os que estavam no primeiro sofá, - Dawn, Paul, Red e Green estão ali, - Moveu os dedos para o outro, - Aquele idiota ali é o meu namorado, Ash... – Direcionou o dedo para o garoto sentado no chão...

– E esse aqui é o meu namorado. – May terminou, apontando para o garoto que tinha levantado e encarava as duas um pouco surpreso. – Ele ainda está percebendo o quão séria eu estava quando disse que éramos idênticas.

– É meio difícil de acreditar no que você diz, selvagem. – Drew comentou, aparentemente se recuperando. – Você exagera muito na maior parte do tempo.

– Para de ser chato. – May deu a língua para ele, e virou-se para sua prima. – Ignore tudo o que ele disser de mim, ok? Não é verdade.

Sapphire sorriu com isso; a única pessoa de quem ela ouvira falar até agora era Drew, desde seu jeito “completamente idiota de ser” até “o fato de que ele é lindo – mas não conta isso para ele!”. Ele parecia estar permanecendo fiel ao que ela teria dito, até o momento.

Ah, mas não faltava alguém? Ela lembrou de repente, olhando em volta. May falara do amigo de infância dela, certo? Então aonde...?

– Ah, Bren!

Bom, isso responde a minha pergunta. Ela direcionou os olhos para a porta do outro lado da sala, de onde um garoto saía segurando uma panela. E, assim que fez isso, ela congelou.

Não, aquele garoto não era tão especial assim – quer dizer, ele podia ser um pouco bonito, mas ela nunca prestava muita atenção nesse tipo de coisa. Mas assim que ela olhara para os olhos vermelhos dele, alguma coisa fizera um ‘click’ bem dentro de sua cabeça.

Ele... Não sabia como definir isso, só que aquela pessoa não era normal. De alguma forma, aquele desconhecido parecia diferente – não que ela soubesse o porquê. Mas, do jeito que estava encarando-a com os olhos arregalados, o garoto misterioso tinha achado isso também.

Isso ou, bom, por que ele notara que ela e May eram idênticas.

– Você... – Ele começou a falar, se aproximando dela com um brilho estranho nos olhos. – Você é a Sapphire?

– Sim? – Ela arqueou uma sobrancelha, sentindo-se nervosa de repente.

Sem falar uma palavra, ele entregou a panela nas mãos da dona da casa, colocou uma mão no queixo e encarou bem no fundo de seus olhos.

Ok, ele estava ficando perto demais dela. Sapphire conseguia sentir o cheiro de alguma colônia que ele deveria estar usando, e também algo doce – provavelmente o que estava na tal panela. Sentindo seu rosto esquentar, engoliu em seco.

– O que você está fazendo? – E falou, dando um passo para trás e para longe daquele garoto estranho. E, foi aí que ele finalmente começou a falar.

–... Tem uma folha no seu cabelo. – O garoto murmurou. – Por que tem uma folha no seu cabelo?

Ela piscou. Oi?

–... Eu subi numa árvore no caminho daqui? – E respondeu, ficando realmente confusa. De todas as coisas que ele podia perguntar, era logo isso?

Por quê?– Ele estreitou os olhos, - Para ficar com as mangas do seu casaco sujas desse jeito? Você por acaso penteou esse seu cabelo? A sua bandana está quase soltando! – Continuou, aparentemente irritado (por que ele ficara irritado com isso??) . – Sem falar nesses seus shorts – Honestamente, eles já passaram do estilo de ‘rebelde casual’ para ‘eu não tenho dinheiro para comprar roupas’! Você sequer viu o que estava vestindo antes de vir para cá?

– Uh? - Ela levou um tempo para processar que tinha sido insultada – e, quando percebeu, sentiu uma veia brotar em sua testa. – E quem você pensa que é para dizer isso?!

– Alguém que certamente tem mais cuidado consigo mesmo que você. – Ele rebateu.

– E quem disse que eu quero ter “cuidado comigo mesma”, hein? – Ela estava realmente com raiva agora. Tinha vindo aqui com boas intenções, e aí esse garoto chega e começa a ser rude com ela? – Não é da sua conta o que eu gosto de vestir ou não, seu fresco!

Fresco? – Ele arregalou os olhos, e chegou mais perto dela em um tom irritado. – Eu só sou uma pessoa normal que tem o mínimo de vaidade, ao contrário de uma garota do mato como você!

– Do que você me chamou, seu-!

Ela teria pulado em cima dele e o feito se arrepender de tudo o que tinha dito, se não tivesse sido segurada por sua prima – que tinha ficado bem forte, por sinal.

– Ei, vocês dois! – Ela exclamou, se metendo no meio de sua prima e de seu melhor amigo. – Parem com isso agora!

Sapphire bufou, cruzando os braços. – Ele começou. – Murmurou num tom irritado.

– Sua prima não é nem um pouco igual a você, May. – O estranho comentou, num tom desapontado, antes de suspirar. – Bom, eu vou ter que ir agora. Só estava esperando você chegar para falar, mesmo.

– Eh? Mas já? – A garota piscou ao lado de Saph. – O que houve?

– Minha mãe quer que eu cuide de algumas coisas lá em casa, nada de mais. – Ele deu de ombros, sorrindo para ela. – Te vejo depois. E até mais para vocês também. – Brendan acenou em seguida para o grupo sentado, que assistia a tudo até agora com os olhos arregalados.

– Uh... Eu te levo até a porta? – Misty, ainda não entendendo muito a partida de MMA que acabara de acontecer em sua sala, saiu atrás do garoto. O resto ficou olhando para Sapphire, não sabendo o que dizer.

– Caramba, ela é mais irritada que a comilona... – Gold foi o primeiro a quebrar o silêncio. Se Crys não estivesse surpresa demais para fazer alguma coisa, teria batido nele por isso.

– Eu não sei o que houve, mas... – Drew comentou, abrindo um sorriso. – Gostei de você, Sapphire.

Drew. – May dirigiu um olhar mortal ao namorado, antes de virar-se para sua prima. – E Saph, o que foi aquilo? Vocês começaram a discutir do nada, e nem se conhecem direito!

– Pergunta para aquele garoto, May. Foi ele que chegou me criticando. – A mais velha bufou, ainda irritada com o que havia acontecido.

–... Bom, mas agora que isso passou... – A loira do grupo começou em seguida, sorrindo sem graça. – Que tal você contar mais sobre si mesma, Sapphire?

– Bom, pode ser, eu acho. – A garota piscou, virando-se para os outros integrantes da festa.

Ainda não sabia ao certo o que tinha acontecido. Tivera aquela sensação estranha e, depois, aquele fresco idiota começara a falar mal dela de repente. Sério, o que tinha acontecido? Se May não tivesse a parado à tempo, Saph teria mesmo ensinado para ele a não se meter com uma Birch daquele jeito.

Sapphire estreitou os olhos na direção da porta. Ela só tinha certeza de uma coisa naquele momento:

Aquilo definitivamente poderia ter sido classificado como ódio à primeira vista.


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Notas finais do capítulo

E aí está! Teve muuuuuito contestshipping nesse capítulo, meu deus. Não que eu esteja arrependida de ter feito isso, pelo contrário. uvu Parece que a Saph e o melhor amigo da May não tiveram um começo muito bom... Será que isso vai mudar? Ou eles continuarão nessa briga de cão e gato para sempre? Bom, acho que isso vocês só vão descobrir lendo. Declaro oficialmente começada a continuação de The Bet! O que diabos vai acontecer a partir de agora, hein?! Vejo vocês no próximo capítulo! Até maaais~ ♥



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