American Horror Story Coven - The Aftermath escrita por AHSfan


Capítulo 19
Inconsolável e Separada


Notas iniciais do capítulo

A batalha pela alma de Ana começa.
Que a sorte esteja sempre a nosso favor!



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Minha respiração é acelerada de uma forma agradável. Bem agradável. Separo-me de Alexei para observar seu rosto. Ele tem uma expressão doce e surpresa, seu rosto está corado, como se ele estivesse envergonhado. Sorrio lentamente pensando que talvez eu devesse ter feito isso antes.

– Jenni... – Ele tenta falar, mas então gritar de dor segurando o ombro.

– O que foi?! – Pergunto preocupada. Alexei tira a jaqueta preta revelando os ombros largos e o tórax de dar inveja. No ombro dele há um desenho formando-se rapidamente. Ao olhar parar meu próprio ombro vejo o mesmo desenho de padrão intrincado surgir.

– Eu deveria saber. – Ele fala entre os dentes. – Não se pode confiar em uma bruxa!

– Alexei, do que você está falando? – Pergunto e então me arrependo, pois no desenho que se forma posso ver claramente o símbolo do ritual vodoo de Marie Laveau. Um corvo e uma serpente unem-se criando a estranha tatuagem em nossos ombros. Agora, estamos rodeados por Catherine, Elena, as gêmeas de cabelo prateado e Misty.

– Parabéns, bruxa. Você acabou de me transformar em seu boneco vodoo. – Alexei tira um punhal do cinto que usa, puxa meu braço e faz um corte em minha mão. É tudo tão rápido que não tento sequer me defender. Encolho-me um pouco esperando a dor, mas nada acontece. Não tenho nem um arranhão sequer em mim, mas então Alexei estende a palma da mão dele e há um corte.

Penso em pedir-lhe desculpas e confessar que não sabia que isso aconteceria. Então me recordo que ainda no dia de hoje, há algumas horas atrás, Alexei estava me encharcando de gasolina. Ele me capturou e tentou matar-me. Eu que deveria estar brava com as atitudes dele e não o contrário.

– É pra garantir que você não irá voltar-se contra nós no meio do campo de batalha. – Sorrio o mais sarcástica que consigo. Minto com tanta segurança que estou quase acreditando em minhas inverdades.

Alexei balança a cabeça negativamente, veste-se com sua jaqueta de couro preta e saí. Mordo a parte interna da bochecha, questionando-me se essa foi a melhor decisão, entretanto, antes que tenha a chance de refletir na questão Catherine diz:

– Cara, bate aqui por que essa foi épica! – Catherine levanta mão fazendo um high Five e eu faço como ela me pede, mesmo que ainda me sinta encabulada por mentir assim descaradamente.

– Impressionante, novata. E ele bem que mereceu. – Elena fala divertida e em seguida seu tom muda. – Agora, escutem-me. Nós deveríamos praticar para a caçada ao demônio de hoje à noite. Dividiremos-nos em duplas e nos comunicaremos pelos nossos celulares. Hoje, todos os movimentos da aula de defesa pessoal podem ser o que nos separa da morte. Especialmente pra vocês com poderes abstratos, assim como o meu. – As gêmeas fazem uma careta e Misty me olha confusa.

– Sim, estou falando de vocês Nádia, Nathalia e Misty. Precisamos aprender como chutar a bunda de um demônio. – Ela fala entregando uma arma para cada uma de nós, sempre com o cuidado de não tocar em nossas peles. Catherine recebe uma lança, as gêmeas ganham um par de arcos e flecha. Já para Misty, Elena entrega um pequeno punhal, justificando-se pelo fato dela não ter experiência nenhuma com armas brancas. Quando chega minha vez, Elena parece indecisa entre um arco e flecha ou uma espada. Ela olha uma vez para mim e entrega-me a espada. Um nó se forma em minha garganta ao lembrar-me da profecia de Dione, mas tento consolar-me com o fato de que esta espada e a que utilizei na visão são inteiramente distintas.

– Vamos lá. – Elena fala levando-nos ao ginásio.

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É claro que deveria estar chovendo bastante. É claro que deveria se tratar de uma noite tenebrosa e intimidante por si só. Os raios não param de iluminar o lado de fora da mansão e o som retumbante de trovões podem ser ouvidos vez por outra. Estou suando frio de nervosismo e limpo minhas mãos na calça jeans que uso, pela décima vez. Os times de caça ao demônio estão divididos como Elena planejou. Catherine, Misty e eu estamos no time 01, que ficará responsável por investigar a área leste da mansão e reforçar a proteção de sal do lado de fora, Alexei e Elena são o time 02, eles ficarão com a parte oeste e tem a mesma função de proteger o perímetro. Já as gêmeas protegerão a parte interna da mansão e permanecendo disponíveis caso precisemos de ajuda.

Agora nós do time 01 estamos do lado de fora, em posição de ataque de “V” com Catherine à frente e Misty e eu um pouco atrás, cuidando da retaguarda. Minhas mãos tremem e escorregam ao redor da espada que seguro, sem tanta força assim. Minha vontade é topar logo Ana e acabar com isso o mais rápido que puder. Encontramos um local onde o sal está desaparecendo por conta da água da chuva. Catherine pega um pouco de sal grosso do bolso da calça e espalha-o no local. Assim que ela termina de por o sal escuto um farfalhar nas árvores a minha direita, mas quando olho nessa direção não há nada visível.

– Vocês ouviram isso? – Pergunto para Catherine e Misty que negam terem escutado algo. Sinto meus pés se moverem na direção do som e antes que me dê conta, estou indo investigar do que se trata. Quando afasto os arbustos, não tem nada pra ser visto, a não ser um pequeno e molhado esquilo. Sorrio ao ver o quanto me assustei por nada. O esquilo olha-me com seus pequeninos olhinhos inocentes e eu me afasto dos arbustos.

– Era só um esquilo. – Digo transbordando alívio em minha voz. E quando me viro na direção das meninas, estou completamente só. Olho ao meu redor diversas vezes para me certificar de que estou vendo corretamente e não delirando, como desejo acreditar. Entretanto, minha visão não me engana e nem Catherine ou Misty estão por perto.

– Catherine? Misty? – Sinto meus dedos apertarem-se ao redor da espada até que ela fique bem firme em minhas mãos. Meus lábios tremem de frio e de repente a ideia de ficar só em uma caçada a um demônio é extremamente assustadora. Dou alguns passos, insegura, e não observo uma enorme poça de lama até que seja tarde demais. Escorrego e caio deixando a espada escapar de minhas mãos. Meu rosto e corpo estão sujos e tenho dificuldades em erguer-me pare então limpar-me. Espirro um pouco e aterrorizo-me com o som vibrante e poderoso de um trovão que parece trazer consigo o dia do juízo final. Penso em ligar para Catherine, mas não encontro meu celular em nenhum dos meus bolsos da calça.

– Jennifer? – A voz incerta de Dimitry me surpreende.

– Dimitry? O que você está fazendo aqui? – Pergunto virando-me na direção dele. Ele deveria estar dormindo e repousando após ter sido atacado pelo demônio. Minha alegria de vê-lo é então substituída por suspeita de que este não seja o verdadeiro Dimitry. Ele está todo molhado da chuva, com a cabeça baixa e o peito arfando.

– Então é verdade não é? Você está mesmo saindo com meu irmão. – Ele acusa-me tão simplesmente. As palavras de Dimitry são tão chocantes que não esboço nenhuma emoção de imediato. Não sei nem por onde começar a negar o que ele está dizendo.

– Ana me ligou e disse que eu deveria ver com meus próprios olhos que tipo de safadeza doentia vocês estavam fazendo em minhas costas. Tenho que admitir que fetiches por espadas é algo novo no repertório de maluquices. – Ele diz apontando minha espada caída na lama. – Eu deveria saber que ele faria algo do tipo, porque Alexei sempre quis ter a vida que eu levo. Você não tem ideia do quanto meu irmão me inveja, mas acho que irá descobrir em breve.

– Di... Dimitry, agora não é o melhor momento pra você estar aqui. – Tento soar confiante como fiz mais cedo, porém um espirro meu arruína essa imagem. Meu rosto queima de vergonha quando me recordo da forma como beijei Alexei hoje, transformando-o em uma mera arma de guerra.

– Oh, por favor. Poupe-me de mais mentiras, basta um olhar pra seu rosto e posso dizer que vocês já se beijaram. Onde está aquele bastardo pra que eu dê-lhe uns socos bem merecidos?!

– E... Estou falando sério Dimitry, dê o fora daqui! – Digo pondo-me na frente de dele. Estamos próximos fisicamente, mas em algum lugar de mim sei que nossa sintonia está perdida e não poderíamos estar mais distantes.

– Sabe qual é a pior parte? – Ele diz segurando meus ombros e inclinando a cabeça em minha direção, como se estivesse prestes a me beijar. – É que eu realmente gostava de você. – Então sou subitamente jogada de lado e ele sai gritando o nome do irmão. Tento segui-lo, mas escorrego e caio novamente, praguejando por ser tão frágil e fraca.

– Dimitry! Espere! – Consigo pôr-me de pé e vou atrás dele. Encontro-o parado sendo molhado por infinitas gotas de chuva. Quando estico o braço para toca-lo, porém, seu corpo inteiro é arrastado por uma força invisível.

– Você deveria ter acreditado em sua namoradinha. – Ana diz erguendo e jogando o corpo de Dimitry no chão a cada palavra dita. Um raio ilumina o rosto de Ana, e vejo detalhes da alegria sadoquista em seu olhar enquanto Dimitry grita e urra de dor nas diversas vezes que seu corpo é estraçalhado no contato com a terra. O sangue que abandona seu corpo é espirrado em mim quando ele cai.

– Por favor! Pare com isso Ana! Eu imploro! – Corro em direção ao corpo de Dimitry. Quando consigo aproximar-me o suficiente vejo as dilacerações em seu rosto e a deformidade de seus membros. É como um tapa na cara e estou chorando inconsolavelmente.

– Ah, não se preocupe, tolinha. Ele não está morto ainda. – Ana sorri e traz o corpo tremulo de Dimitry até ela com telequinese. – Se quiser salvar sua donzela em perigo é melhor você me entregar todas as armas consagradas que seus amigos têm. Estarei esperando no celeiro de Andreia. – Ana faz uma saudação ao estilo medieval, abaixando-se diante de minha presença para então, transmutar-se diante de meus olhos levando Dimitry.

Ao longe escuto as vozes de Catherine e Misty chamando meu nome. Elas correm e me alcançam. Catherine trás nos braços o corpo inerte de Lili e Misty explica-me o que aconteceu enquanto elas desapareceram.

– Fomos separadas pelo poder de telequinese dessa garota. – Ela aponta para Lili. – Ela tentou nos obrigar a falar onde estava Ana, mas dissemos que estávamos justamente procurando pela possuída. Daí Catherina atacou-lhe com o punho da espada e Lilia desmaiou... – A voz de Misty vai morrendo quando ela vê minha expressão.

– O que aconteceu? – Catherine pergunta com a voz cheia de preocupação.

– Você está ferida? – Misty indaga olhando para o sangue em minhas vestes.

– Não é meu sangue... É de Dimitry. Ana o sequestrou e disse que deveríamos levar todas as nossas armas consagradas até o celeiro para salva-lo... – Minha boca fala, mas meu espírito angustiado está distanciando-se de tudo. Só consigo pensar que preciso salvar Dimitry e preciso salvar Ana.

– Tenha calma, Jennifer. Nós vamos dar um jeito. – Catherine fala tentando transmitir uma confiança faltosa até nela mesma. De repente, meu celular toca no bolso do hoodie que estou vestindo. Atendo receosa de ouvir a voz de serpentes do demônio.

– Alô? – Elena pergunta do outro lado da linha.

– Elena! É terrível... – Antes que possa prosseguir com meus lamentos, Elena me interrompe e diz:

O demônio matou a garota que se transmutava. Rachel alguma coisa, era o nome dela... Acabamos de encontrar o corpo da menina. Alexei está dizendo que o demônio está alimentando-se do sangue mágico das bruxas que mata e absorvendo seus poderes. Acho que ele tem razão. Outra garota desapareceu, essa tinha a habilidade de se multiplicar em vários clones. Tomem cuida...

Então a linha fica muda, antes que eu possa entender o quão ferrados estamos.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é uma prévia do que está por vir, então se vc gostou ou tem alguma critica pra fazer, por favor, sinta-se livre pra comentar.