Estrada da Morte escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 5
Cam


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores u_u
Me desculpem pelo atraso do capitulo. Aulas, quase tomando bomba numa matéria do curso, ai chega feriado e a família me arrastando pra tudo quanto é lugar...
Bem, espero que gostem do capitulo, feito com muito carinho, e me digam se encontrarem erros, porque esse foi meio corrido pra escrever... E nem ta tão bom, maaas...



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Cam

O maior problema da vida de Cam é a insônia.

Tinha dias em que não conseguia dormir, nem cochilar, nem mesmo fechar os olhos por muito tempo. Mas nesse dia tinha um motivo. E se chamava “festa a fantasia”.

O principal passatempo dos estudantes da universidade da Flórida eram as festas que aconteciam quase dia sim dia não na casa de um dos estudantes. A escolhida da vez era a de Cameron, que, jogado no sofá, ainda usava sua fantasia de mágico, a cartola apoiada sobre as pernas. E eram cinco da tarde. O que significava que festa terminara havia treze horas.

Olhando para o tempo, ficou pensando em coisas aleatórias, como carros, faculdade, o professor estranho que piscava com um olho só, a sujeira que a casa estava, o notebook que tinha que levar para o concerto, a ligação dos pais que tinha que retornar, as três garotas dormindo em seu quarto…

Com esse último pensamento, se levantou e foi para o cômodo ao lado a passos arrastados. Podia não ter sono, mas a preguiça compensava a falta dele.

– Jenn, Luce, Trisha. - chamou - Por favor, acordem e não me façam jogar um balde de água em vocês. Já deviam ter ido embora há horas.

As três mulheres que dividiam a cama de casal gigantesca se mexeram e resmungaram, até a ruiva, Luce, falar algo que pudesse ser entendido.

– Ai, cala a boca, seu imbecil. Eu quero dormir.

– A casa está um nojo. Se não se levantarem vão ter que me ajudar a limpar. - ameaçou abrindo as cortinas pesadas, deixando o sol forte de fim do dia entrar no quarto.

– Por mim tudo bem. - Trisha provocou, colocando a franja grossa de cabelos negros sobre os olhos para tampar o sol - E Cam, você podia pedir um lanche…

– Vou tirar vocês daí a força. - ameaçou novamente, a voz mais grave pela seriedade.

– E quando fizer isso, faça o favor de fechar as cortinas. - Luce resmungou.

Na mesma hora ele a pegou no colo e saiu correndo com ela pela casa, e Cam ouvia as risadas e perguntas de Trisha e Jenn atrás deles, por trás dos protestos de Luce. Quando chegaram no quintal da casa, ele apertou o passo e se jogou na piscina, com a garota nos braços nos braços.

– Eu não acredito, Cameron Acker! - a ruiva gritou indignada assim que voltaram para a superfície - Não acredito que me jogou na piscina, eu vou te matar! Você sabe que eu não sei nadar!

Gargalhando, Cam mergulhou, deu algumas braçadas até a escada e saiu da piscina, enquanto Luce lutava para andar até o final e sair também.

– Não devia ter feito isso. - Jenn falou, enquanto amarrava os cabelos coloridos num coque - Ela vai fazer escândalo quando conseguir sair.

– Essa é a graça! - ele respondeu, ainda gargalhando.

Jenn sorriu e balançou a cabeça. Os dois não tinham jeito mesmo.

Cam pegou uma vassoura no canto da cozinha, deixou na sala e foi trocar a roupa. Quando voltou, Jenn e Trisha já começavam a limpar a bagunça de papel, copos e restos de comida espalhados por ali, e foi ajudar.

Quando terminaram já era oito horas da noite e a casa finalmente estava brilhante e sem o cheiro de animal morto.

– E ai, onde vamos jantar? Estou quase morrendo de fome. - Trisha se jogou no sofá - Preciso de carne. E muito bem passada.

– Eca. - Jenn fez careta - Que tal um lugar onde tenha comida vegetariana, por favor?

– Que tal ir numa pizzaria e comer na praia? - Cam deu a ideia - O que acha, Luce? Você não deu nenhuma ideia.

A ruiva fechou a cara e resmungou alguma coisa que ninguém entendeu, e Cam não pode deixar de rir. Desde que tinha jogado-a na piscina, Luce se recusava a falar com ele e o ignorava sempre que lhe dirigia a palavra.

– Vamos na pizzaria então. - ele concluiu e foi pegar um casaco. A Flórida era muito quente, mas em compensação, á noite, fazia um frio desgraçado.

Pegou a chave na tigela perto da porta e foi pegar o carro - o orgulho de sua vida, um Maserati azul - enquanto as garotas terminavam de se arrumar. E “arrumar” implicava apenas pegar as blusas de frio e arrumar o cabelo, porque não tinham roupas ali para trocarem, então, pensou Cam, porque diabos estavam demorando tanto? Menos Luce, que teria que vestir alguma coisa não-tão-masculina que ele tivesse no armário, já que as roupas dela ainda não estavam secas.

– Finalmente! - levantou as mãos pro alto quando as três apareceram- Aleluia!

– Sem exagero, por favor. - uma delas falou enquanto entravam no carro.

– Seu pedido é uma ordem, madame. - respondeu ironicamente.

Cam ligou o carro e pisou no acelerador, pegando a avenida principal. Muitos grupos de amigos se dividiam pelos muitos bares e restaurantes á beira do mar, provavelmente se recuperando dos dia de aula - que por acaso eles tinham matado. Todos riam e conversavam numa altura suficiente para que escutassem de onde estavam; pegavam frases pela metade e em um segundo passavam para os risos do lugar seguinte. Uma das mágicas da Flórida: é um lugar onde parece que ninguém está disposto a ir para casa antes das dez. No outro dia tem aula? Grande coisa.

Pararam em frente á pizzaria praticamente lotava de frente para o mar e entraram. Foram direto para o balcão e pediram duas para viagem - uma de calabresa e outra vegetariana com todo tipo de legume que Cam não suportava.

– Espero que não demore que nem da última vez. - Luce falou, se sentando numa mesa.

– Se demorarem eu vou dormir aqui… - Trisha balançou a cabeça.

Dessa vez não demorou. Em dez minutos a pizza estava pronta e Cam a segurava nas mãos enquanto as garotas levavam os enormes copos com refrigerante, indo em direção á praia. Comeram em silêncio, observando as ondas quebrando no mar, e, quando terminaram, continuaram na mesma posição.

– Quem quer ir ao shopping? - Cam perguntou quebrando o silêncio.

– Caramba, você sabe como quebrar um clima. - Jenn disse, balançando a cabeça negativamente - Eu podia estar tendo uma epifania, sabe?

– Jenn, você nem sabe o que é uma epifania. - Trisha ergueu uma sobrancelha zombeteira.

Por um momento todos ficaram em silêncio, se encarando, até Luce se levantar.

– Ok, eu quero ir.

– Então vamos.

Cam se levantou e foi de volta para o carro, com as três em seu encalço. Ligou o carro novamente, entrou no meio do trânsito completamente caótico da Flórida mais uma vez, e finalmente chegaram ao shopping.

– Aumentaram o preço do estacionamento de novo. Mas que merda. - Cam reclamou olhando a tabela de preços.

– Você quer dizer que roubo. - completou Jenn.

Os quatro entraram foram para a porta de entrada, e ,segundos antes de entrarem, o barulho alto e retumbante dos alarmes espalhados por toda a cidade dispararam.

– O que é isso? - Luce indagou tentando falar mais alto que o som, tampando os ouvidos com as mãos e fazendo careta.

Nenhum deles respondeu, apenas entraram rápido no shopping, onde muitas pessoas começavam a se aglomerar por perto das portas para ver o que acontecia do lado de fora, enquanto várias viaturas e ambulâncias e alguns carros do exército passava, pela avenida á frente.

Os seguranças do lugar apareceram e tentaram acalmar as pessoas, enquanto os quatro pediam licença e tentavam sair daquela confusão. Era melhor ficar longe dali, e uma hora ou outra aquilo iria acabar. Com certeza era uma coisa muito ruim que acontecia á fora, mas nada acontecia dentro de um shopping.

– Vamos só ficar andando? - Cam perguntou colocando as mãos nos bolsos da calça jeans.

– Podíamos ir naquela loja nova, que vende tudo de tudo. - Trisha deu a ideia.

Eles subiram até o terceiro andar pelo elevador panorâmico, olhando as pessoas andando nos andares inferiores e comentando sobre elas. Tinham muitas pessoas da faculdade, o que era normal em qualquer dia da semana.

E no fim, a loja que “vende tudo de tudo” do terceiro piso não foi exatamente uma boa ideia.

Depois de andar por ela toda, olhando cada peça de roupa, de óculos, sapatos ou qualquer outro e experimentando as mais estranhas, a pessoa que eles menos queriam encontrar apareceu.

– Que bom encontrar as Três Mosqueteiras aqui. - Dany, um cara forte que era da faculdade, zombou - Ou quatro. Acho que não deveria excluir você do time, não é, Acker?

Os quatro olharam para ele com um tédio ensaiado.

– Se você não fosse tão estúpido, saberia que os Três Mosqueteiros na verdade já são quatro, gênio. - Jenn respondeu séria.

– Ah, claro. - Dany continuou - Agora vou ser corrigido pela esquisita do cabelo colorido. Volta pro seu planeta, alienígena. Vai lá continuar com seus excluídos.

– Aqui não é mais o ensino médio pra você se sentir o popular, Dany. Cresça, você já está na faculdade. - Cam se virou para ir embora junto com as três garotas.

– Já vai fugir? - o outro continuou falando - Assim vai dar bandeira, hein. Seus pais vão descobrir que o único filho é gay.

Cam revirou os olhos e continuou a andar sem vacilar, e ele pode ouvir uma voz feminina chamando a atenção do idiota, mas ele não se virou para ver quem era.

– Não ligue pra ele. Dany é um imbecil. - Luce lhe deu alguns tapinhas nas costas - E ele tem nome de mulher.

– Porque meu nome é muito másculo. - ele revirou os olhos mais uma vez.

– É sim. - a ruiva tornou a dizer.

– Diga isso pra Cameron Diaz. - devolveu Trisha, e as três começaram a rir, enquanto ele as encarava sério. No fim, acabou rindo também.

Eles caminharam para a praça de alimentação. Compraram milk shake e se sentaram o mais distante possível do aglomerado de pessoas ali, que pareciam irritadas por ainda estarem presas ao shopping.

– Com licença? - uma garota loira e bronzeada chamou, parecendo desconcertada. A namorada do Dany. Com certeza quem tinha o repreendido na loja.

– Fala, Sally.- Cam sorriu para ela.

– Vim aqui pedir desculpas pelo Dany. Ás vezes ele passa dos limites.

– Ah, tudo bem, não me incomodei.

– Ah, que bom. - ela mostrou os dentes brancos num sorriso aliviado - Normalmente os garotos guardam rancor quando são chamados de gay, então…

– Mas eu sou mesmo. - ele revidou, já incomodado com o assunto.

O sorriso aliviado de Sally desapareceu por um momento e voltou segundos depois, dessa vez forçado, e logo se despediu.

– Ui, jogou na cara. - Trisha gargalhou.

– Como se ninguém tivesse percebido. - Cam fez careta pra ela.

– Pois é… Você dá muita bandeira, colega. Pelo menos agora vai poder falar livremente com seu namorado. - Jenn lhe deu um beijo estalado e molhado de milk shake - Vai contar pros seus pais quando?

– Não sei. Quem sabe quando o mundo acabar. - revidou com certa incredulidade - Acha mesmo que eles aceitariam? Claro que não.

Antes que alguma delas pudesse responder, as luzes de todo o shopping se apagaram. Por alguns segundos, todos ficaram numa escuridão total, até que elas voltaram. Uma voz calma, feminina e completamente robótica encheu os auto-falantes.

– Em nome do shopping Summer Lake, da Flórida, pedimos a todos você, clientes, que permaneçam dentro dos limites do estabelecimento enquanto providências são tomadas para sua segurança. Por favor, mantenham a calma e fiquem á vontade para visitar nosso novo espaço gourmet japonês. Muito obrigada.

O silêncio reinou pelo lugar por alguns segundos, enquanto um olhava para o rosto do outro como se tentassem ler suas mentes e então começou o burburinho. Que aumentou até se tornar uma confusão de vozes falando alto, gritando e crianças chorando, tentando chegar á porta principal ou pedir informações aos seguranças que se espalhavam por todos os lugares, parecendo tensos.

– Vamos pra algum lugar mais tranquilo. - sugeriu Luce.

Saindo dali, foram para um corredor perto dos banheiros do segundo andar. Um segurança andava por ali, atento e parecendo nervoso. E Jenn o reconheceu.

– Jonathan! - ela sorriu e correu para abraçá-lo - Porque não apareceu no jantar depois da formatura da minha irmã? Ela ficou muito triste.

– Era meu dia de trabalho. - foi lacônico, ainda parecendo nervoso.

Os dois conversaram por mais um tempinho, sempre com respostar curtas do homem, até que Jenn pareceu se lembrar dos amigos ali.

– Pessoal, esse é meu primo Jonathan. - ela o apresentou - O que está acontecendo lá fora?

Ele parecia em conflito entre falar ou não. Seu rosto se alternou entre várias caretas, mas no fim acabou cedendo.

– Venham comigo.

Os quatro o acompanharam até o estacionamento subterrânio, onde muitos carros estavam estacionados. O lugar por onde os carros entravam estava interrompido por portões de grade, e do outro lado não tinha nada além de escuridão. E de luzes bruxuleantes que serpenteavam por uma esquina mais á frente e das luzes dos helicópteros que voavam baixo.

– O que está acontecendo? - Cam perguntou chegando mais perto das grades.

O homem voltou a andar, fazendo sinal para que o seguissem, até no final do estacionamento onde tinha uma guarita, com várias televisões com imagens de câmeras. O guarda que estava lá dentro olhou desconfiado para os quatro amigos.

– Tudo bem, eles estão comigo. - Jonathan falou.

Eles chegaram mais perto e finalmente puderam entender as imagens meio desfocadas. Eram carros passando na avenida em frente, na maior velocidade que podiam, em direção aos bairros, e do outro lado, o que dava acesso ás rodovias, completamente congestionado e sem nenhum movimento, e algumas pessoas corriam pela rua.

– O que é isso? - Luce perguntou paracendo um pouco impressionada.

– Isso, colega, é o fim do mundo. - o guarda falou em alto som, que pareceu ecooar dentro da alma de Cam.

Mas sua atenção estava muito focada em uma das telas, onde uma mulher estava debruçada sobre outra na calçada em frente o shopping. Comendo sua carne.

– Cam. - Trisha o chamou, parecendo meio que em estado de choque, e ele percebeu que ela via o mesmo que ele - Acho que devia contar aos seus pais agora.


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Notas finais do capítulo

Aproveitem, porque esse foi o último capitulo de introdução. Agora vem minha parte preferida: matar os personagens! MUAHAHAHAHAHAHA

Beijos e até a próxima ♥



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