Estrada da Morte escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 3
Leo


Notas iniciais do capítulo

Volteeei e com mais um capitulo para vocês! :33
Capitulo dedicado ao meu friendo lindo Leo ♥
Personagem: Leonardo "Leo" Tessari



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Leo

As últimas palavras de sua nonna não foram agradáveis, como é de se esperar de quem o criou desde os oito anos.

Não.

Suas últimas palavras foram “Não me envergonhe, garoto”.

Isso era humilhante. E o “garoto” já tinha vinte e nove anos. Tudo bem, não precisava ser aquelas coisas clichês e melosas de filme que o faziam querer furar os próprios tímpanos para não ter que escutar. Não precisava ser um “você é o neto mais maravilhoso do mundo e eu tenho muito orgulho de ter te criado”. Na verdade queria que fosse isso, mas podia ser algo mais simples. Talvez só a parte do “você é o neto mais maravilhoso do mundo”.

A questão é: depois de se mudar de Rosana, na Itália - onde viveu toda a sua vida -, para Los Angeles só para cuidar da avó com câncer, que também havia se mudado fazia cinco anos. Como ele podia envergonhá-la?

Leo se sentou no sofá ao lado da cama do hospital onde o corpo de sua avó estava e ficou observando como ela parecia estar apenas dormindo. Olhando para o relógio, se espantou com o horário. Nove da noite. Nem parecia que eles tinham chegado ao hospital há três horas. Já tinham se passado trinta minutos desde que seu coração parara, e ainda não tinham ido buscar o corpo. Ainda não conseguia sentir que ela estava morta. E nem que tinha perdido a última pessoa viva da família.

Estava apenas dormindo. Não tinha morrido. Estava dormindo e não tinha morrido, seu coração não havia parado. Ela apenas fechou os olhos para descansar.

Isso o fez lembrar de quando a mãe morreu. Assassinada. Tinha apenas oito anos. Ela era uma mulher jovem e bonita e todos a amavam. Mas isso não impedia que ela fosse roubada e morta por um homem bêbado que queria dinheiro para beber mais. E, por não ter um pai - que os abandonou antes mesmo de Leo nascer -, não tinha outra opção além de sua nonna.

Riposare in pace, nonna.* - falou segurando as mãos geladas dela nas suas uma última vez.

Quando estava saindo do quarto, ouviu as sirenes. Mas não das ambulâncias, o que ali seria mais que normal. As sirenes dos alarmes espalhados pela cidade. Aquilo não era nada bom. O que estaria por vir? Um furacão? Pior? Não importava muito. Não no momento. Leo se sentia anestesiado, vendo e ouvindo, sem conseguir sentir nada.Continuou andando devagar, pensativo, até o saguão.

– Senhor Terassi? Senhor Terassi? - alguém o chamou, e ele se virou lentamente para a mulher parada ao seu lado.

– Sim?

– O senhor deve ficar no quarto. - a enfermeira falou com um sorriso gentil, mas também preocupado e afetado, de quem está prestes a entrar em um colapso nervoso.

– Porque? - Leo perguntou sem emoção.

– É o melhor a se fazer, senhor.

Ela saiu de perto, indo falar com um grupo de pessoas que falavam alto perto da porta. Foi então que percebeu que o saguão do hospital estava lotado. Muitas pessoas doentes esperando atendimento e muitas outras reclamando e brigando e gritando. Vários médicos e enfermeiras tentavam acalmar os ânimos daquelas pessoas.

Algo puxou a barra de sua camisa social, e Leo olhou para a pequena menina morena com no máximo sete anos e lágrimas nos olhos.

– Você sabe onde minha mãe está? - ela perguntou.

– Você se perdeu dela?

A menina assentiu e Leo suspirou. Não era a melhor hora para isso e queria saber o que estava acontecendo, mas sempre gostara de ajudar as pessoas, e era só uma criança.

– Qual é o seu nome?

– Paggie. - respondeu baixinho.

– Vamos achar sua mãe, Paggie. - sorriu e segurou a mão da menina.

Eles olharam por todo o saguão, mas era um pouco dificil para Leo procurar alguém que não sabia como era. Mas a menina, Paggie, jurou de dedos cruzados que todos diziam que ela era muito parecida com a mãe. Subiram para o segundo andar e perguntaram a todos que passavam se tinham visto a mulher. O terceiro andar já estava mais vazio.

– Onde você viu sua mãe na última vez? - Leo perguntou.

– No quarto.

A mãe dela ou estava acompanhando alguém ou estava doente.

– Ela estava em pé ou deitada? - tornou a perguntar, tentando facilitar as cosias.

Antes que Paggie respondesse, uma equipe médica veio correndo desde o início do corredor e entrou no quarto bem ao lado deles. Bem em frente á porta, na cama, estava uma mulher com muitos tubos ligados por todo o seu corpo. Era morena e Leo podia ver seus cabelos negros caindo pelo lado da cama. O monitor cardíaco ao seu lado estava fazendo um barulho estridente e constante. O coração dela tinha parado.

– Mamãe! - a menina falou correndo para dentro do quarto. Um dos médicos a parou e colocou no sofá.

Ele falava com ela, preocupado e triste, e então uma das médicas faou algo e Paggie começou a chorar. Leo sabia o que era. A mulher estava morta.

A menina caminhou até a cama e segurou a mão da mãe.

E foi então que aconteceu.

Os olhos da mulher se abriram eela se movei se moveu. Seus dedos agarraram o pulso de Paggie e a puxou para perto. E os aparelhos continuavam apitando. não havia batimentos cardíacos. Leo só conseguia pensar que o aparelho devia estar com defeito.

Mas também sabia que tinha alguma coisa errada.

E confirmou isso quando encontrou os olhos da mulher, que eram de uma cor leitosa, um tom quase branco.

Os médicos agarraram a mulher pelos ombros a empurrando de volta para a cama enquanto esta se debatia, arquejando. Leo correu para tentar ajudar e segurou um dos pulsos dela, mas já os outros já estavam dando conta dela. O problema, no momento, era a menina.

Paggie chorava num canto do quarto, encolhida e tampando os olhos com as mãos. O homem foi até ela e pegou no colo, e a menina passou os braços por seu pescoço.

Saiu do quarto com ela na intensão de levar Paggie o mais longe possível daquele quarto, tentando colocar os pensamentos no lugar e descobrir o que tinha acontecido. O que estava acontecendo desde o momento em que saíra do quarto de sua avó - coisa que parecia ter acontecido fazia muito tempo. Mas, quando saiu do quarto, se deparou somente com o caos. Médicos e enfermeiros correndo de um lado para o outro, tentando atender o máximo de pessoas possível, alguns com as luvas cheias de sangue ainda nas mãos. O lugar parecia o inferno.

Desceu novamente até o saguão, onde o número de pessoas havia dobrado, muitas machucadas e muitas sirenes ticando do lado de fora e, além disso tudo, muitos policiais muito bem armados. Devia ter acontecido um acidente muito grave. Muitas das pessoas choravam e pareciam desesperadas, e as machucadas pareciam estar passando muito mal.

Apertando Paggie contra o peito, Leo se virou para o canto mais vazio e foi andando, até ser parado por um grito. Se virou a tempo de ver uma mulher entrar alli gritando, correndo com um dos braços sangrando muito. Parecia uma hemorragia.

E outros gritos foram ouvidos.

Pareciam estar acontecendo fazia muito tempo, mas agora parecia que todos estavam gritando juntos, e não era apenas no saguão.

– Feche os olhos, Paggie. - Leo instruiu a menina, que, com a mão livro, tampou os dois olhos - Não abra até eu falar que pode, tudo bem?

– Tudo bem. - ela respondeu baixinho.

Os policiais ali começaram a se mover e dar ordens e subir pelo hospital.

– Mas que porra está acontecendo? - um homem ao seu lado perguntou.

– Eu também queria saber. - Leo respondeu distraído, observando a ação á sua volta tentando encaixar uma peça na outra.

Um estalo alto ecoou todo o lugar conseguindo uns segundos de silêncio, e então outro estalo. Muito alto. Muito perto. E todos se abaixaram ao mesmo tempo reconhecendo muito bem o barulho.

Tiros.

As pessoas começaram a entrar em pânico e tentar correr para fora do hospital, enquanto Leo só tentava se desviar delas e não deixar acertarem a garota no seu colo.

– Paggie! Paggie! - ouviu uma voz muito perto, e um homem bem mais velho que ele e loiro veio correndo em sua direção - O que você está fazendo com a minha filha, solte ela!

A menina tirou a mão dos olhos e se estico para o pai, enquanto Leo, sem dizer nada, a estendia para o homem que ainda o encarava furioso. E então os dois desapareceram na multidão que tentava sair dali. Mas ele continuou parado olhando a confusão que não terminava e se perguntava o que estava acontecendo e porque os policiais não tentavam ajudar ali.

Os tiros ainda soavam nos andares acima e, num surto de auto-preservação, Leo correu. Sabia muito bem que tinha algo errado, e já tinha visto filmes de terror o bastante para saber que quando tem uma confusão do tipo pessoas estão atirando no andar de cima e tem algo muito errado que você não sabe o que é, não deve tentar descobrir. Deve desaparecer.

Foi na direção oposta á confusão que estava sendo armada na porta e entrou num corredor vazio procurando uma porta que dissesse “saída de emergência”. Virou em mais dois corredores, um exatamente igual ao outro, até a achar uma porta com a luz vermelha e as palavras que tanto queria ler.

E se arrependeu assim que passou por ela. Também estava aliviado por sair de lá, mas a cena ali estava bem mais tensa. Podia ver muitos helicópteros voando por todo lado, viaturas de polícia passavam o tempo todo com as sirenes ligadas, assim como ambulâncias e podia ouvir pessoas gritando por toda parte.

– Ataque terroristas? - perguntou para si mesmo, chocado.

Indo pelas sombras, Leo caminhou calmamente e sem fazer barulho até o estacionamento, que estava lotado. Continuou andando até o carro, um vermelho entre tantos pretos e cinzas, e apertou o botão na chave para destrancar. Entrou no carro e o ligou o mais rápido possível, acelerando para fora do estacionamento. Assim que o fez, todas as luzes se apagaram, deixando a cidade toda mergulhada na escuridão.

Com os faróis iluminando o caminho, chegou até a avenida principal. Vários faróis iluminavam os dois lado da avenida num engarrafamento enorme. Finalmente alguma coisa normal de Los Angeles, pensou consigo mesmo suspirando e dando a ré e passando pelas ruas secundárias até sua casa. Ainda escutava alguns gritos, mas não tinha nada para ver.

Acelerou um pouco mais, tentando chegar mais rápido, e respirou fundo, tentando acalmar o coração que ainda batia rápido. E por um momento se perdeu pensando no que tinha acontecido com Paggie. Ela era tão pequena e indefesa…

Um sinal vermelho o tirou dos pensamentos e Leo parou o carro, se encostando no banco e olhando para frente. Uma batida rápida e abafada foi dada na janela ao seu lado, e ao se virar deu de cara com uma pessoa ensanguentada. Seus olhos iguais os da mulher, a mãe de Paggie. As mãos começaram a bater mais forte e mais forte, sem medo ou hesitação, os olhos fixos nos seus.

Não tinha ideia do que era aquilo, mas era a coisa mais horrivel, estranha e triste que á tinha visto. E a mais aterrorizante.

– Mas que merda… - xingou assustado antes de acelerar com tudo, atravessando o sinal vermelho e virando na primeira rua á esquerda.

Acelerou ainda mais indo em linha reta, sem se importar em parar em esquinas. Mais á frente, um sinal verde passou para vermelho, mas a adrenalina que não deixava seu corpo o fez apertar o pé e o carro quase voou pela rua, até um farol iluminar ao seu lado. Soltou o pé do acelerador e apertou o outro no freio, mas não foi a tempo.

A última coisa que Leo sentiu foi o impacto do carro, o mesmo sedo arrastado e sua cabeça batendo no volante, antes de perder a consciência.


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Notas finais do capítulo

*Descanse em paz, vovó.
Quem gostou do personagem? Será o que vai acontecer com ele? hehe'
Beijos e até a próxima ♥



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