Imutável escrita por Segunda Estrela


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, Aqui está o outro capítulo, estou meio ocupada com a escola, mas eu vou escrever o próximo capítulo o mais rápido que puder.
Espero que gostem.



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Terminei as visões com um suspiro exasperado. Tudo aquilo me enchera de uma compreensão carregada de melancolia que eu pensara que nunca mais sentiria.

Ela existia!

Tive a sensação de que podia gritar em meus próprios pensamentos, eu nunca me sentira tão próximo de alguém como naquele momento. Eu poderia nunca ter me relacionado com ela e podia nunca tê-la tocado, mas eu sentia no meu interior que eu a conhecia melhor do que todos que a rodearam por toda a sua vida. E Breu, ele se aproveitou do sofrimento daquela garota da forma mais cruel que era possível. Eu sempre soube que ele não passava de um tratante imundo, mas vê-lo agir de forma tão inclemente encheu-me de ódio.

Eu preciso fazer alguma coisa.

Mas mal pensara isso e me dei conta do absurdo da situação, não havia nada o que fazer, isto já acontecera há muitos anos. E os guardiões, não poderiam mais me fazer duvidar de sua existência, agora só precisava exigir que eles me dissessem o porquê de terem deixado-a sofrer pelas mãos de Breu. Passei a mão pelo rosto, eu acabara de voltar do Polo Norte, e a figura amigável do Papai Noel me jogara na rua a pontapés. Ir para lá novamente seria pedir que repetissem o ato. A menos que eu fosse mais energético, eu faria com que minhas palavras e ações fossem maçantes. E o ameaçaria se ele tentasse me expulsar de novo, eu os abandonaria caso não me contassem a verdade, e eu queria a sem sequer uma lacuna.

...

O Papai Noel continuava a andar alvoroçado pelo seu escritório. A fada do dente o encarava, aflita. Ele não sabia o que dizer para os outros, nem ao menos conseguia pensar em uma solução cabível para aquele problema.

– Mas como ele ficou sabendo sobre esta história? – Perguntou o Coelho com um indício claro de irritação na voz.

A fada voou pela sala abraçando o próprio corpo, indo na sua direção com um olhar atormentado.

– Este é exatamente o problema, Breu contou para ele.

O Coelho da páscoa olhou para a mulher de grandes olhos brilhantes, surpreso, e sua expressão mostrou uma indignação evidente.

– Aquele maldito! Devíamos ter imaginado que ele faria algo assim.

O pequeno Sandman colocou-se entre todos os guardiões, tentando se expressar por meio de seus símbolos.

– O quê? – Disse Norte com sua voz grave e vibrante.

A fada do dente aproximou-se dele com olhos atentos.

– Ele está dizendo para contarmos a verdade para o Jack.

Norte olhou para Sandman abismado, como se achasse aquela hipótese a mais absurda que qualquer um deles poderia ter dito.

– Ficou louco, homem? Jack jamais entenderia. Ele é teimoso como um bode, e se foi Breu que contou isso para ele, tem algo de muito errado por trás.

Sandman olhou para ele sem estar convencido.

Ele está dizendo que o Jack merece saber a verdade – Disse a Fada traduzindo novamente os símbolos que voaram por cima da cabeça de Sandman.

– Claro que não! – Disse o Coelho da Páscoa em uma voz exasperada.

– Você conhece o Jack, ele não aceitaria nossa versão e faria qualquer coisa para mudar isso.

Norte bateu as mãos nas têmporas, tentando pensar em alguma coisa.

– Vamos continuar negando, diga que ela foi apenas uma lenda e Breu queria que ele pensasse o contrário.

A fada negou veemente.

– Não posso, se ele insistir mais um pouco vou acabar contando.

– Você precisa se controlar! Não é para ficar toda encantada só por causa de um rostinho bonito. – Disse o Coelho australiano com sarcasmo e irritação na voz.

– Como é?

– Você acha que o Jack tem um rosto bonito Coelhão? – Perguntou Norte maliciosamente, sem parecer se importar sobre a importância do assunto que discutiam.

Coelhão olhou para ele com raiva.

– Esta pergunta é séria? Não precisa ser um gênio para saber que a Fada pensa assim.

A Fada do Dente aproximou-se dele com o rosto corado e apontando-lhe o dedo.

– Ora, não diga saia dizendo coisas assim, mantenha algum respeito.

O Coelhão bufou em sarcasmo.

– Foi você que nem ao menos conseguiu contar uma mentirinha para ele.

– Se a culpa for de alguém aqui então é do Papai Noel! Ele que não soube ser convincente, então o Jack acabou indo procurar por mim.

– Como é? – Disse Norte surpreso.

Sandman acabou colocando-se entre todos, mesmo que não lhe dessem muita atenção. Mas então, os Guardiões da sala foram abruptamente interrompidos pela janela que se espatifou em milhões de pedaços. Todos se viraram assustados para ver o que havia acontecido e encararam mais surpresos ainda o jovem de cabelos brancos que surgia pelo buraco no vidro.

– O que você está fazendo?

Jack entrou na sala com um olhar determinado.

– Eu já te disse que eu não consigo passar pelos yetis, então arranjei outro jeito.

Todos o encararam surpresos, sem saber como reagir a aquelas palavras. Sem contar o fato de que ele havia acabado de interrompê-los no meio de uma reunião sobre, bem, ele.

– Vamos, contem-me, o que todos vocês estão fazendo aqui reunidos?

Ninguém respondeu. Apenas se encararam por um momento enquanto aquela tensão insistente crescia sobre todos. Jack os olhava acusadoramente enquanto os outros guardiões apenas tentavam sustentar seu olhar sem levantar mais suspeitas, o que era uma tentativa falha.

– Escute Jack... – Começou Norte andando em sua direção.

– Não! Escute você! Não adianta tentarem me dizer que a Elsa não existe, eu tenho a prova.

O Coelhão aproximou-se dele desconfiado.

– O que quer dizer com isso? Não tem como você provar uma coisa destas. – Disse ele com certo desdém.

– O palácio das fadas guarda as memórias de qualquer um não é?

A Fada do Dente olhou para ele perplexa.

– Jack, você...

– O quê? Se eu vi as memórias dela? Sim. E não me arrependo disso nem por um segundo. Afinal vocês não iam me contar nada.

– Mas Jack... – Norte começou, no entanto não teve a chance de terminar.

– Não me venha com seu moralismo barato. Vocês me enganaram descaradamente e nem ao menos pareceram se importar com isso. Tudo que eu queria era que fossem verdadeiros comigo, que mostrassem que tudo o que passamos juntos não foi tão trivial e que confiavam em mim.

Todos parecerem pegos de surpresa pelas palavras de Jack. Não conseguiram responder, pois por dentro começavam a se sentir tomados pela vergonha. O menos afetado entre todos era o Coelhão, pois não importava o que Jack dissesse ele ainda sentia no seu âmago que estavam fazendo a coisa certa. Ele deu um passo à frente e falou com certa arrogância:

– Escuta garoto, você não sabe do que está falando.

– É claro que não sei. Vocês escondem a verdade! – Gritou Jack.

O Coelho da Páscoa não soube como retrucar. Então Sandman andou na direção de Jack Frost, lançando um olhar significativo para todos os Guardiões. Não foi necessário palavras e todos entenderam o que ele estava querendo dizer.

– Eu sinto muito Jack... – Estas palavras foram proferidas com certa tristeza através dos lábios da Fada do Dente.

Norte deu um suspiro pesado e sentou-se em sua cadeira. Ele parecia relutante em continuar.

– Você quer a verdade, tudo bem...

Novamente ele fez uma pausa, como se proferir aquelas palavras em voz alta o trouxesse de volta a um sofrimento do passado.

– No início, quando os Guardiões foram criados nós éramos fracos. Afinal as pessoas não passam a acreditar em mágica de um dia para o outro. E era exatamente nesta época em que Breu estava mais forte. Conforme ele enfraquecia nossos poderes aumentavam, mas digamos que esta não foi uma mudança rápida. Nós protegíamos as crianças, claro. Mas havia uma em que Breu tinha um interesse especial... Escute, no início nós tentamos protegê-la, mas Breu era muito forte e não podíamos nos arriscar. Se nós fossemos destruídos por causa de uma criança, como ficariam as outras?

Jack encarou a todos estupefato. Embora sua mente o impedisse de acreditar no que ouvia, seus ouvidos eram insistentemente perseverantes. Ele deu um passo para trás, olhando com certo desgosto para cada um dos Guardiões.

– Como puderam?! – Disse Jack, e sua voz estava carregada de acusação e mágoa.

A Fada tentou aproximar-se dele, procurando uma justificativa.

– Foi apenas uma criança Jack...

Novamente ele virou seus olhos recriminadores para ela. E acabou gritando antes que ela pudesse terminar sua frase.

– Apenas uma criança?! Como podem dizer isso?! Foi apenas uma criança que nos salvou da última vez! Se não fosse por apenas uma criança, todos os Guardiões teriam sido destruídos!

O conjunto de olhos humilhados não pôde sustentar o afrontar de Jack. Eles se mantiveram em silêncio mais uma vez, apenas esperando pela sua próxima delação. Não lhe sobravam pressupostos que servissem como fundamento para suas ações. Eles haviam mentido para Jack, o que não seria necessário caso a verdade não fosse condenável. Jack suspirou fundo.

– Por favor, escutem... Eu consigo perdoar. Só precisam me ajudar, um de vocês deve saber uma forma de eu voltar e consertar as coisas.

Norte pigarreou alto.

– Você quer dizer... Como viajar no tempo?

Jack hesitou por um momento, mas acabou assentindo.

– Sim, veja... Vocês têm poderes incríveis, fazem coisas inimagináveis, devem saber alguma mágica ou tramoia que possa me mandar para o passado.

Eles oscilaram, não pareciam confortáveis em falar sobre o assunto, mas sentiam que Jack seria insistente. Qualquer um poderia mentir de novo, mas não queriam se afundar ainda mais nos seus próprios ludíbrios.

– Sim, há uma forma. - Disse Norte.

Pela primeira vez desde que entrara, o rosto de Jack pareceu tomado de uma expectativa cheia de esperança.

– Mas eu não vou lhe dizer qual é ela.

O espírito do inverno foi levado amargamente pela decepção, ele esperava que uma vez que tudo fora esclarecido, os Guardiões perceberiam o seu erro e fariam de tudo para repará-lo. Mas ao ver aquela reação, era óbvio que estava errado.

– O quê?

– Se nem mesmo nós pudemos ir contra o Breu naquela época, o que você faria? Pode não ter sido a melhor escolha, mas também não nos arrependemos do passado. Eu sei que foi errado termos sacrificado-a pela sobrevivência, mas não foi um ato de egoísmo. Prezávamos por um bem maior. Tudo bem que enxergamos tudo de uma forma meio deturpada, mas mandá-lo de volta não mudaria nada. Você seria morto por Breu!

Jack não conseguiu mais encará-los nos olhos, ele andou para trás desejando se afastar dos outros Guardiões.

– Vocês são uns covardes, agora eu vejo. Mas não é porque vocês se esconderam que eu vou ter de fazer igual. Eu vou descobrir como consertar tudo com ou sem a sua ajuda.

O Coelho da Páscoa pronunciou-se com a voz alterada:

– Seu palhaço arrogante! Se você acha que é tão mais poderoso que todos nós, vá! E morra tentando!

– Eu não acho que seja mais forte que vocês! Mas eu não vou permitir que a minha fraqueza me impeça de fazer o que é certo!

Norte colocou-se entre eles.

– Não é uma questão de coragem!

– Mas é uma questão de princípios!

E então tudo se entregou ao silêncio, nenhuma sequer palavra foi trocada. Ele encarou a todos gélido, e com uma frieza jamais vista nos olhos de Jack Frost. Quieto, ele se manteve passivo. Apenas olhando para todos com crítica e tristeza. E mantendo o silêncio ele se deixou levar pelo vento.

Os Guardiões esperaram e esperaram, sem serem capazes de interromper a inquietação que se instalava entre todos. A primeira que demonstrou reação foi a airosa fada. Ela olhou suplicante para Norte e seu rosto era um misto de angústia e arrependimento.

–Nicholas... O que nós fizemos?

Ele hesitou em responder, mas sua expressão era firme.

– Não se preocupe com isso. Agora ele profere palavras bonitas, mas ele não sabe o que é o verdadeiro medo. E mesmo que ele acabe me odiando por isso, eu vou fazer de tudo para que ele nunca saiba.


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Notas finais do capítulo

Agora as coisas ficam claras.
Eu estava aqui pensando, vocês condenam totalmente o que o Norte fez? Por exemplo, vocês acham mesmo que absolutamente tudo que fizeram estava errado ou que foi injusto eles não terem ajudado a Elsa? Se estivessem no lugar dos Guardiões, o que fariam?
Ah, eu agora fiquei curiosa para saber, me contem por favooor.



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