Imutável escrita por Segunda Estrela


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá. recentemente eu tenho ficado tão feliz com os comentários, obrigada a todos. Bom, eu ia esperar um pouco para postar este capítulo, mas por motivos de força maior vou colocá-lo aqui hoje mesmo. Espero que gostem.



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Quando finalmente cheguei ao gigantesco castelo das fadas fui recebido por pequenas fadinhas animadas que voaram ao meu redor rapidamente, cheias de entusiasmo. Elas puxavam-me, cada uma para um lado para me mostrar coisas que haviam feito ou descoberto recentemente.

– Esperem garotas, eu não posso ver nada agora. Podem me levar até a fada do dente?

As fadinhas bufaram frustradas com minha falta de interesse, não era minha intenção irritá-las, mas precisava admitir que ficavam fofas com seus rostinho vermelhos e as bochechas inchadas. Elas voaram apressadas na minha frente me mostrando o caminho certo até a fada do dente. Não demorei e avistei a apressada fada que voava de cá para lá, ela repetia nomes e ordens apressadamente para cada criatura que passasse na sua frente. Demorou um segundo até ela finalmente me ver, quando virou as costas e seus olhos encontraram os meus seu sorriso se alargou de orelha a orelha.

– Jack!

Ela voou rapidamente até a minha direção e colocou seus braços ao redor do meu pescoço, retribui seu abraço por um segundo antes dela se afastar novamente com o rosto vermelho.

– Olá, o que o trouxe aqui?

Remexi as mãos, nervoso. Eu sabia que a fada não sabia mentir, muito menos para mim, no entanto ainda me sentia apreensivo de falar sobre esse assunto com ela. Abri a boca para começar o meu interrogatório, mas me interrompi antes de começar a dizer qualquer coisa, precisava formular bem minhas perguntas.

– Fada, você confia em mim?

Ela olhou para mim sem entender e como se a resposta fosse óbvia.

– É claro Jack. Eu não tenho motivos para não confiar.

Eu fui andando pelos andares adornados do castelo das fadas, ela me acompanhava com olhos atentos e confusos. Apertei meu cajado, eu sabia o quanto ela era sensível e que se eu insistisse por um tempo, não conseguiria esconder nada de mim.

– Se você fizesse algo errado, mesmo que tivesse vergonha, contaria para mim, não é?

Ela pareceu ainda mais confusa, mas eu podia ver nos seus modos que começava a desconfiar de algo.

– Claro que eu contaria Jack.

Assenti algumas vezes com a cabeça, claro que contaria. Voei na sua direção e deixei meu rosto a centímetros do seu.

– Me diga, existiu uma Elsa de Arendelle?

Os seus olhos se arregalaram e se encheram de espanto, por um momento não fizemos um simples movimento, apenas sentindo a tensão aumentar entre nós dois.

– E-eu...

As palavras entalaram e ela não pareceu capaz de dizer mais nada. Encarei-a bem no fundo dos olhos esperando pela sua resposta, que parecia não vir tão cedo.

– Jack...

– Você disse que confiava em mim.

Ela se afastou com o rosto cheio de apreensão e com suas mãos juntas sobre o peito.

– Não cabe a mim lhe...

Eu novamente me aproximei dela, meu rosto deixara de transparecer raiva e ansiedade, eu somente queria saber a verdade e sabia que nesta hora eu deveria estar com uma aparência lamentável.

– Escute, por favor, Breu me disse que...

– Breu? Mas...

Levantei minha mão a interrompendo.

– Não importa como fiquei sabendo, eu só preciso que me diga se existiu mesmo uma garotinha triste e sozinha como ele me disse. Se existiu uma garotinha tomada pelo medo de si mesma de tal forma que isso acabou destruindo-a. Eu só quero saber a verdade.

Eu podia ver dentro dos seus olhos que ela travava uma batalha interna, se por acaso não me contasse nada, teria certeza que lutara muito com seus próprios princípios para isso.

– Fada, por favor.

Eu encarei-a da forma mais miserável que pude. Seus olhos se encheram de desespero, sabia o quanto ela desejava contar a verdade para mim, e se até agora não o fizera, então era tudo muito pior do que eu pensava. Ela se afastou receosa.

– Eu sinto muito Jack.

Ela então fez movimentos rápidos demais para eu poder acompanhar com as mãos e desapareceu em uma explosão de chamas coloridas.

– Não! – Gritei o mais alto que pude.

Voei na direção de onde ela estava alguns segundos atrás, desejando inutilmente ainda alcançá-la. Novamente eu fora enganado e passado para trás. Ao ver que não conseguiria mentir para mim ela fugiu. Bati com a maior força que pude com meu cajado no chão, congelando o chão ao meu redor e criando garras de gelo que se estenderam na direção do céu. As fadinhas que voavam ali por perto me olharam assustadas. Fechei meus olhos e passei a mão pelo rosto. Não restavam dúvidas, era tudo verdade, mas ainda tinha muito mistério nesta história e eu queria saber o que acontecera. Quando abri meus olhos de novo vi uma das pequenas fadas na frente de meus olhos, reconheci aquela pequenina que eu salvara e ficara comigo durante a luta com Breu. Mal tinha humor para cumprimentá-la, mas ela me encarava tão preocupada que não pude ficar sem falar nada.

– O-oi fadinha.

Ela voou ao meu redor como se indagasse o que acontecera. Sentei-me no chão com os pés soltos no ar.

– Ah fadinha, eu nem sei direito o que está acontecendo. Eu sinto como se eu fosse um idiota sendo enganado por todos.

Afundei meu rosto nas mãos. O que eu vou fazer? Fiquei muito tempo lá, sem me mexer. Sendo tomado por um desânimo que nem ao menos conseguia explicar. Não pensei em nada, não pensei nos mistérios ou tramóias, pois sabia que se o fizesse acabaria entrando em um beco sem saída e isso apenas me traria ainda mais tristeza. Suspirei fundo, nenhum deles me contaria nada e pelo visto, não haveria outra forma de descobrir. Eu continuaria com aquela dúvida, e ninguém se daria o trabalho de me aliviar deste sofrimento. A pequena fada olhava para mim com certa pena, mesmo sem entender por completo o que estava acontecendo. Foi então, que ao vê-la circundar-me, uma luz acendeu-se em minha mente. Se Elsa realmente existiu, haveria um modo de saber o que acontecera com ela. Passei a mão pelos cabelos, rapidamente animado pela idéia. Senti-me um idiota por não ter pensado nisto antes. Olhei para a fadinha com um grande sorriso se formando em meus lábios.

– Fadinha, você precisa me levar até os dentes.

Ela voou ao meu redor, confusa, mas acabou puxando-me pelo casaco na direção do castelo das fadas onde guardavam os dentes. Havia paredes e mais paredes repletas de desenhos de rostos de crianças, onde você encostava a mão e um pequeno compartimento repleto de dentes se abria e você poderia ver a memória de qualquer criança. Mas havia bilhões de dentes ali, eu não conseguiria achar as lembranças que queria tão facilmente. A fadinha me apontou para outra pequeninha que parecia andar atarefada por ali. Entendi o recado e me aproximei da outra fada.

– Olá.

Mal eu dissera estas palavras e a fadinha já estava animada por me ver.

– Será que você podia me ajudar em algo?

Ela assentiu a cabeça rapidamente, lancei-lhe um sorriso.

– Eu estou procurando uns dentes especiais, só para ver, de alguém muito importante para mim.

Ela me olhou desconfiada, mas não pareceu que negaria meu pedido.

– O nome dela era Elsa de Arendelle.

A expressão da fadinha rapidamente mudou, ela voou para trás, se afastando de mim, negando veemente com a cabeça. Não me desanimei, lançando-lhe o sorriso mais bonito e o olhar mais pidão que eu poderia.

– Por favor, é só um segundo.

Minha fadinha olhou para mim nervosa, com ciúmes. No entanto a fada que cuidava dos dentes fraquejou por um minuto e acabou me guiando pelos corredores. Parabenizei-me mentalmente por ter conseguido. Já que ninguém me contaria a verdade, eu descobriria por mim mesmo. A minha fada agarrou-se em meu pescoço em uma posição defensora enquanto a outra subia até o topo das paredes apinhadas de dentes e voltava com uma caixinha dourada. Peguei apressadamente o pequeno compartimento com minhas mãos tremendo. Na frente da caixa havia o desenho de uma garota de longos cabelos loiros, quase brancos, presos em uma trança. Havia diferenças entre este desenho e o de Pim, mas ambos possuíam um olhar digno de pena.

Parecia que a teoria dele estava certa.

Remexi na caixa de dentes, meio apreensivo. O segredo que eu tanto queria desvendar estava ali dentro apenas a um toque de distância. Olhei para a fadinha e ela assentiu em incentivo. Eu então toquei a parte de cima da caixa e me deixei ser levado pelas memórias.

...

–Mamãe! Papai! – Elsa gritou a plenos pulmões.

A princesa segurava uma jovenzinha ruiva em seus braços, com um rosto desesperado levado pelo medo. Ela a machucara com seus poderes, não fora por querer, mas ela poderia ter matado a sua própria irmã.

O rei e a rainha não demoraram a chegar, mas quando o fizeram, olharam horrorizados para o salão e depois para as duas crianças no chão.

– O que você fez Elsa?

Ela segurava sua irmã junto ao peito protetoramente, mas rapidamente teve Anna retirada de seus braços.

– Foi um acidente.

...

Uma linda garotinha de cabelos loiros chorava desesperadamente ao pé de sua cama, tentando tirar todo o sofrimento de dentro de si. Ansiando pela felicidade plena mesmo sabendo que ela jamais chegaria.

– Porque eu tenho de ser assim?

Ela dizia isso e acabava chorando ainda mais. Parecia guardar a dor de todo um mundo dentro de seu coração frágil. O quarto da garota parecia estar na mesma posição deplorável que seus sentimentos. Estava tomado pela neve esbranquiçada e o gelo insensível que saía de suas mãos. E algo que nem mesmo a princesa parecia ver, uma fumaça negra como a noite mais escura tomava conta de todo o lugar, enchia o chão e as paredes transformando os aposentos reais em uma sala sombria. Então, uma névoa escura e densa mais fria do que qualquer lugar do quarto cresceu a partir do chão e deu forma a um homem. A garota demorou um tempo para perceber o que surgira a alguns metros na sua frente. Somente quando a figura estendeu sua mão para acariciar sua cabeça, Elsa levantou o rosto assustada e suprimiu um grito. Ela afastou-se da sombra.

– Quem é você?

Ele abaixou-se e ficou com o olhar na altura do rosto de Elsa.

– Não se preocupe, eu estou aqui por você.

A jovem princesa foi para ainda mais longe daquela figura macabra que surgia na sua frente.

– Não precisa temer princesa. Eu estou aqui por você e não sou deste mundo, não pode me machucar.

Ela não pareceu acreditar nas suas palavras, mas quando se vive em um isolamento cruel e alguém estende a mão para você, é difícil recusar.

...

–Estou com medo. Cada vez fica mais forte e sem controle.

O rei e a rainha entreolharam-se, suas respostas podiam ter sido diferentes e suas ações poderiam ser mais cuidadosas, mas uma fumaça negra circundava seus pensamentos e as suas próprias mentes. Uma fumaça que enchia todas as suas ações de medo, não só a dos regentes daquela terra, mas também de sua filha. Enchendo-a de medo de si mesma e de seus poderes. E escondido entre as sombras Breu olhava para aquela cena com um sorriso sarcástico. Ele amava aquela garotinha, amava ver o sofrimento em que ela se colocava a cada vez que procurava por amor. O seu maior desejo era afundá-la nos seus maiores medos e levá-la junto às trevas com ele. Demoraria, mas ele conseguiria encher sua alma de breu.

...

– Agora só temos uma à outra, Elsa. Não pode mais se trancar e se manter longe de mim. Eu preciso de você.

A futura rainha sentava encostada na porta, o quarto se encontrava em uma situação jamais vista antes. O tempo lhe ensinara a encobrir seus sentimentos, mas naquele momento, a única coisa que ela podia fazer era sofrer. E ela sofreu como jamais havia feito. E não havia ninguém que pudesse aliviar a sua dor.

...

Elsa não conseguiu dar uma só palavra ao ver a imagem congelada de Anna na sua frente. Ela colocou as mãos no rosto e não teve força para manter-se sobre suas pernas, caiu no chão, o clima seguiu-a e tudo pareceu congelar no ato. Elsa não suportou, sua vida toda lutara contra isso e agora, tudo o que mais temeu se concretizara. No seu peito, nunca houve tamanho sofrimento, as lágrimas que ela guardara por tantos anos finalmente saíram e ela não pôde mais encobrir ou não sentir.

Breu aproximou-se dela com um sorriso, mas que desapareceu assim que a rainha levantou os olhos para ele. Breu ajoelhou-se no chão, mantendo o rosto a centímetros do dela.

– O que eu lhe disse? Não resta mais nada aqui para você. Vamos, se entregue ao medo, se entregue a mim.

Realmente, não sobrava mais nada para Elsa, ela havia destruído tudo. Qual era o sentido de evitá-lo agora? Ele esticou seus dedos na direção da rainha de gelo, e relutantemente eles juntaram suas mãos e almas frias.


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Notas finais do capítulo

Ta-da! Finalmente o Jack vê a Elsa!
Estou começando a ficar preocupada com o final disso, sei que ainda falta bastante, mas é que normalmente eu tenho uma cronologia completa antes de escrever, mas eu ainda não sei como vou fazer a Elsa ficar com o Jack no final, ou não fazer ela ficar com o Jack.
Afinal um dia ela vai morrer, será que eu deixo ela morrer ou dou um jeito? Mas não faz sentido, ela vive no passado! Vocês se importariam se o Jack deixasse de ser imortal?! Mas o que eu tô dizendo? Isso também não faria sentido! Ai jesus, eu sinto como se a minha cabeça fosse explodir!
É errado eu pedir alguma opinião?



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