Jack sorriu, feliz por Elsa querer sua companhia. Quando os outros se afastaram, Elsa começou a demonstrar sua felicidade.

– Eu consegui. Eu não acredito que consegui! Derrotei Hans. E sem medo – ela dizia animadamente.

Ele também não conseguiu conter mais um sorriso.

– Sim. Você conseguiu. Estou orgulhoso de você.

Ela o olhou nos olhos.

– Não teria conseguido sem você.

Por um momento, os dois ficaram ali se encarando, olhando nos olhos um do outro. Os olhos de Elsa eram realmente hipnotizantes. Antes que percebesse, Jack já estava se inclinando para beijá-la.

– Elsa...

E então seus lábios se encostaram. Jack nunca havia beijado ninguém antes – assim como nunca havia mantido contato com ninguém -, e fazia realmente muito tempo que não amava. Por frações de segundos, os olhos de Elsa se arregalaram e ele achou que ela fosse hesitar. Mas ela não o fez. Pelo contrário. Retribuiu.

Acho que posso me acostumar com essa coisa de estar apaixonado...

Eles se afastaram. Elsa continuou olhando em seus olhos por um tempo, sorrindo.

– Temos que ir. Antes que sintam minha falta.

– Sim, sim, claro. Quer ir voando?

– Mas é claro que eu quero ir voando! Senão teria ido com Sven!

– Achei que não gostasse de voar comigo – brincou Jack, e Elsa fez uma bola de neve e jogou nele, também de brincadeira – ah, então você quer guerra, não é?

Ele fez o mesmo que havia feito horas atrás daquele mesmo dia: uma bola de neve ainda maior. E assim continuou a guerra. Elsa tentou jogar uma, e Jack desviou voando. Em outro momento, ele acertou suas costas. Naquele momento parecia bem melhor do que antes. Não existia mais aquela angústia. Preocupações. Antes, tudo o que Jack queria era se divertir sozinho. Não ligava para regras. Não estava nem aí pra nada, não podia ser visto. Ainda que solitário, se sentia livre. Agora parecia que ninguém mais existia. Apenas Elsa.

Em um momento em que Elsa o derrubou, antes mesmo de levantar, Jack sentiu seus lábios nos dela novamente. Quando se afastaram, ela o olhou de um jeito diferente. Estava feliz. Apaixonada.

Depois disso os dois voltaram ao palácio. Ao abrirem os portões para Elsa, foi questão de segundos para que Anna descesse escorregando pelos corrimões da escada e Kristoff pelos próprios degraus, cansado. A garota abraçou sua irmã.

– Elsa! Por que você demorou? Achei que alguma coisa pudesse ter acontecido.

Elsa olhou de relance para Jack e sorriu.

– Não. Nada aconteceu.

– Você parece tão feliz. É como se realmente tivesse acontecido alguma coisa, mas dessa vez algo bom. O que foi? Conheceu alguém? Oh, céus, não me diga que você conheceu alguém! Quem? Você vai casar? Ah, quer dizer, claro que não se pode casar com alguém que acaba de conhecer, mas...

Jack estava rindo. A irmã de Elsa estava realmente empolgada, e acertou em cheio. Menos na parte de casar. Olhou para a rainha. Ela também estava rindo, mas seu rosto estava vermelho. Ele imaginou que a própria Elsa gostaria de também estar invisível naquele momento.

– Não conheci ninguém, Anna. Só estou feliz – disse ela, por fim.

– Mas espere – intrometeu-se Kristoff – como eu tenho amigos especialistas em amor...

– Vai começar – resmungou Anna

– Sei reconhecer quando alguém está amando. Vamos lá, Elsa, conte para sua irmã.

Elsa lançou um olhar de “socorro” para Jack, que respondeu:

– Se você quiser falar...

Ela olhou para Anna e Kristoff novamente e riu.

– Anna, eu sei que você sonha que um dia vai comparecer ao meu casamento, mas eu devo dizer que é realmente bem difícil que eu me apaixone por alguém. Pelo menos no momento. Meu foco agora é apenas o reino. Com licença.

Dizendo isso, Elsa subiu as escadas em direção ao seu quarto. Quando estava abrindo a porta, Jack surgiu ali na sua frente, assustando-a.

– Por que não contou a eles?

– Você pode parar de me assustar desse jeito?

– Eu perguntei primeiro – brincou

– Não iriam acreditar... É melhor entrarmos.

Ela abriu a porta e ambos entraram no imenso quarto. Não havia mudado nada desde quando ele a havia encontrado. Elsa se sentou na cama e Jack no chão, para demonstrar respeito.

– Escute, Jack. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Nem parece que só se passaram dois dias desde que nos conhecemos. Mas algo em você mexe comigo. Desde que você apareceu, eu simplesmente não fui a mesma. E quando nos beijamos... eu não sei. É como se eu estivesse apaixonada por alguém que não existisse.

Aquilo doeu. Mas ele continuou escutando.

– Não me entenda mal, eu sempre acreditei na sua existência. Mas acho melhor mantermos isso em segredo. Pelo menos por enquanto.

Ele decidiu se aproximar. Quando seus rostos já estavam próximos um do outro, ele disse:

– Eu te amo, Elsa – aquelas palavras saíram naturalmente. Sem pensar. – desde a primeira vez que te vi.

Logo seus narizes se encostavam, e antes que os lábios também se encostassem, Elsa disse:

– Então... Tudo bem se eu deixar quieto por enquanto?

– Será nosso segredinho.

Finalmente. Era como se estivesse se livrando de um peso que guardava há vários anos. O que realmente havia acontecido.