Então não deu tempo de mais nada. O Difusor surgiu berrando ameaçadoramente para todos que estavam por perto. Taz deu um grito com a proximidade repentina da criatura que é muito maior que ela e correu para longe com Fineu a seguindo. Cadius deu seus últimos tiros com a pistola e a jogou fora se afastando alguns metros. Então parou e preparou-se com sua espada encarando a criatura á sua frente.

Kate recuou lentamente para encostar-se às estantes vendo a criatura prestar atenção nos dois que fugiam e naquele que a enfrentava. Só então se lembrou do menino de cabelos escuros com leves cachos. Flecher estava no mesmo lugar, sentado no banco, praticamente do lado do Difusor pegando sua arma maior das costas lentamente e atirando em algum vão da armadura.

O Difusor empinou se assustando com a presença do garoto e também com o ferimento. Depois se afastou andando de lado e reclamando. Moveu a cabeça para abocanhá-lo e Flecher se levantou e atirou na boca aberta da criatura. O liquido azul-esverdeado espirrou em suas roupas antes do Difusor cair sem vida.

–Está vindo outro!- Gritou Kate para todos e apontando para a escada.

Então Flecher chamou todos e eles correram na direção dela.

O segundo Difusor era um pouco maior que o ultimo e parecia mais pacientemente rosnando baixo ao pisar no andar e os olhar.

–Cadius fique com essa. - disse Flecher entregando a pistola de munição elétrica que tinha. E para todos disse:

–Temos que estar próximos o suficiente para atingi-lo fatalmente.

–Podemos cortá-lo no pescoço. - sugeriu Taz levantando a mão de Cadius com a espada desembainhada.

–É uma boa idéia. Só que tem que cortá-lo mais de duas vezes sobre o mesmo lugar. Tem uma malha fina de ferro sob a armadura, talvez seja mais resistente do que parece.

–Eu também posso. -disse Kate puxando as duas espadas das costas e ficando com uma em cada mão.

–Certo. -concordou Flecher. Ele suspirou e encarou pensativo o Difusor á bons metros na frente deles. -Nós três vamos tentar distraí-lo. Vocês dois se separem e o ataquem quando acharem melhor.

Flecher apontou sua arma maior e atirou na couraça protegida da cabeça. Fineu também atirou com sua arma, que parecia uma espingarda de um único cano, entendo que Flecher queria atiçar a criatura contra eles. Taz ia atirar suas ultimas seis flechas quando o moreno a impediu:

–Não Taz! Você tem pouca munição de sua única arma! Economize.

–Eu não quero!- Ela levantou o arco novamente e ele teve que parar de atirar novamente para impedir.

–É serio Taz! Uma flecha pode te salvar! E se tiver mais de uma melhor ainda.

A criatura finalmente começou a avançar na direção deles. Flecher tentou ignorar seu ferimento e correu para a área cheia de equipamentos de exercício, junto com Fineu e Taz. A criatura os seguiu tentando desviar dos aparelhos que lhe atingiam os ombros.

Kate e Cadius já estavam separados dos três e esperavam a distração completa do Difusor. Depois que a criatura se embrenhou no meio dos aparelhos eles começaram a andar escondidos para se aproximar.

Fineu, quando já não conseguia achar Flecher ou Taz que estavam na sua frente e nem onde estavam os dois com espadas, foi tomado pelo cansaço, e em parte pelo medo da perseguição, e se escondeu sentando-se no chão e encostando-se a um dos equipamentos. O Difusor também parou confuso com o sumiço de todos e observava ao redor atrás deles.

Um silêncio preencheu todo o lugar e a criatura era a única que fazia um ruído com sua respiração. Kate começou a avançar sem fazer som para se posicionar para seu ataque.

Taz olhou para trás de onde estava escondida, querendo saber sua distancia do Difusor. Ela havia ultrapassado Flecher na corrida e se separado. Encontrou Cadius e Kate bem posicionados próximo do animal, que parecia imóvel ouvindo atentamente e pacientemente tudo.

De repente as luzes ficaram intensas e começaram a se apagar com um estalo sobre eles e a cada dez metros do amplo salão até seu fim. Aos poucos a visão de Taz se adaptou á escuridão banhada com a claridade fraca da lua e da rua. Enxergando as sombras do Difusor ela definiu que ele ainda estava parado. Um toque de musica começou a tocar ecoando no salão e Taz se divertiu um pouco com o som, achando que era sua imaginação no meio daquele silencio denso, mas logo percebeu que estava escutando aquilo e olhou novamente para trás procurando de onde vinha. O Difusor começou a se mover na direção do barulho que havia parado subitamente.

Fineu tinha seu coração disparado, quase lhe saindo pela garganta, tanto pela escuridão repentina como pelo susto que levou com a musica tocando em algum lugar na sua frente e chamando a atenção da criatura logo atrás. O menino de cabelos castanhos avermelhados pode sentir o Difusor se aproximando e atravessando a escuridão naturalmente, já que para a criatura estar escuro ou no claro não fazia diferença. Com a leve luz vinda de fora do prédio Fineu olhou para cima, sentindo o arrepio na nuca aumentar e o calafrio o subir, e notou apavorado o queixo do Difusor sobre o aparelho em que ele estava escondido. A criatura parou e gorgolejou baixo. Fineu pegou a arma que tinha e atirou. O impacto fez a criatura jogar a cabeça pra cima, mas não demorou em abaixar para abocanhá-lo certeiramente. Porém o animal não o mastigou ou picotou, o manteve na boca gritando na sua garganta enquanto procurava o emissor de um grito de pavor.

Flecher também se surpreendeu com o que viu e havia se levantado. Não tinha sido uma boa hora para alguém ligar para ele e isso resultou em um menino na boca de um Difusor. Ele se preparou para atirar, mas logo abaixou a arma sendo encarado pela criatura que notou seu movimento. O menino de jaqueta não podia atirar, mesmo que isso de alguma forma resultasse na sobrevivência de Fineu, era arriscado que com o golpe o Difusor pressionasse o maxilar e matasse de uma vez o menino com os dentes.

–O que você esta esperando?! – Taz sussurrou impaciente atrás de Flecher e ele explicou. -O quê?! Tá com medo de esse bicho engolir ele ao levar o tiro?! Esqueça isso! Ele foi pego, fim pra ele! Eu posso fazer isso!-Ela arrancou a arma do moreno mais alto que ela e, mesmo sem saber atirar, disparou atingindo de raspão a lateral direita da cabeça do Difusor. -Viu! Ele não cortou o menino no meio. -Flecher tomou a arma de volta a repreendendo com um olhar.

Kate avançou na direção do Difusor em um ataque surpresa, aproveitando a distração criada por Taz e Flecher, e fez o primeiro corte ao passando por baixo do pescoço da criatura e correndo para longe. Com esse golpe a criatura abriu a boca soltando Fineu desacordado e ferido sobre o piso. Então foi a vez de Cadius atacar, cortando o mesmo lugar e arrebentando a malha protetora. O Difusor, surpreendido novamente, berrou com o ferimento e moveu sua pata dianteira no mesmo instante atingindo Cadius, que mal tinha começado a se afastar, o jogando sobre Fineu.

A criatura olhou rapidamente para o menino no chão tentando atrapalhadamente se levantar e preferiu Kate, que havia parado a alguns metros para ver a segunda parte do plano em ação. O Difusor sabia quem já tinha tido um contato com um de sua raça, e apesar de ter seu sangue esvaziado pelos ferimentos foi atrás dela. A menina de cabelos lisos e negros correu, mas logo o Difusor a alcançou e quando ia mordê-la, ela se jogou no chão, se virou rapidamente para cima e fincou uma de suas espadas na abertura da malha e no interior do ferimento, deixando que a corrida desenfreada do Difusor sobre ela fizesse o trabalho de abrir o corte até parar no começo da armadura da parte baixa das costelas.

Cadius, que pouco antes já estava de pé e correndo para ajudá-la, chegou pouco antes de a criatura desabar sobre a menina e a puxou de baixo de uma forma que os dois caíram juntos no chão. Kate não havia pensado nessa parte, mas agradeceu mentalmente olhando o menino de olhos azuis piscina ao seu lado.