Derek Donnis: Entre Mistérios escrita por Wolfkytoki


Capítulo 16
Segredo Revelado


Notas iniciais do capítulo

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Hilly

Certamente, aquele foi o dia em que a minha vida mudou por completo. Descobri uma coisa muito bizarra. Muito, mas muito bizarra. Tudo começou num dia normal de semana, com um cara estranho esbarrando em Derek. Até aí estava tudo normal, até que Dear parecia concentrado demais no cara.

Ele não disse nada nem sequer conversou nas aulas. Isso me deixou um pouco preocupada. No intervalo, sentei-me numa mesa do refeitório com minhas amigas. Enquanto conversávamos, percebi que Derek não estava lá. Fui procurá-lo, até que ouvi uns barulhos estranhos vindos fora do colégio.

Tomei uma decisão que mudou tudo. Não tinha a menor ideia da gravidade de pular aquela maldita cerca.

Aquele cara... Zack. Estava com olhos dourados. E... Tinha garras. Então, do nada, ele se agachou e tremeu. Um cachorro ENORME apareceu na minha frente. Zack tinha sumido!

Ele... virou aquele bicho. Era preto por completo, com uma mancha branca na cauda. O cão, ou seja lá o que diabos era aquilo, abriu aquela bocarra e rosnou para mim.

Meu cérebro deu pane. Não acreditava no que meus olhos viam. Um garoto que antes tinha olhos castanhos agora tinha olhos dourados e estava na forma de um cachorro. Na verdade... um lobo.

A primeira coisa que senti foi pânico. Medo também. Minha visão foi escurecendo, até que caí num sono profundo, onde meus pesadelos tinham cães demoníacos e olhos dourados.

Derek

Não podia acreditar. Aquele maldito tinha realmente se transformado. E parecia nem ligar com isso. Era claro que não estava nem aí para as regras, ou sequer para a sanidade.

Zack concluiu a transformação, deixando meus nervos à flor da pele. Logo seria eu que me transformaria. Mas não podia deixar que isso acontecesse. Hilly tinha desmaiado ao ver Zack. Ela deve ter tomado um susto enorme.

Ele era um lobo de tamanho médio- na visão de um lobisomem-, com pelagem negra. Sua cauda tinha pelos brancos na ponta. Seus olhos estavam completamente dourados, e ele rosnava para Hilly, caída no chão.

Fiquei na defensiva, e tentei salvar Hilly das garras daquele estranho. Pulei na frente de Zack e dei um rugido, para afastá-lo. Ele deu um passo para trás.

Lobos sempre obedecem ao seu alfa. É instintivo. Então, meu plano era mostrar minha força e fazê-lo se submeter diante de mim. Meu pai era o líder da minha alcateia, e ele me ensinou um pouco sobre isso. Juntando isso com meus anos de trabalho no Conselho, eu tinha um poder considerável.

Zack tinha uma mente fraca; portanto, facilmente manipulada. Pensando nisso, me aproximei de Zack e exibi meus caninos com certa ferocidade. Ele abaixou um pouco a cabeça. Então, fui me aproximando, fazendo recuar um pouco. Até que consegui fazê-lo por o rabo entre as pernas.

Após impor minha autoridade sobre ele, consegui acertá-lo com alguns socos. Ele não revidava tanto, mas quando percebeu que perderia a luta, saiu correndo. Fugiu.

Isso era covardia, mas decidi não ir atrás dele. As pessoas na rua talvez pensassem que ele era um cachorro grande. Mas não poderia evitar que ele se expusesse; já tinha feito isso com Hilly. Então, deixei o covarde fugir. Se ele violasse as regras, se expondo para todos, ele arcaria com as consequências. Não eu.

Notei que o sinal já tinha batido. Preocupado com Hilly, peguei-a no colo e pulei na cerca, entrando novamente na escola. Fiquei aliviado que ninguém tivesse ido atrás da gente ainda. Mas era só uma questão de tempo.

Levei Hilly até a enfermaria. Coloquei-a com delicadeza na cama, cobrindo-a com um leve cobertor. Esperava que ela ficasse bem.

Uma enfermeira apareceu na sala, preocupada com o estado de Hilly.

–O que houve com ela?

–Ela... Exagerou nos exercícios de Educação Física. Estava exausta, mas decidiu continuar e acabou desmaiando.

Rapidamente, ela fui buscar uns remédios. Enquanto isso, eu observava Hilly. Ela estava pálida, o que era normal para alguém que tinha acabado de desmaiar. Mas estava muito aflito; ela poderia acordar maluca, sem entender nada. Eu precisava ver sua reação quando despertasse. Tanto por motivos de segurança quanto por motivos de preocupação mesmo.

Depois de um tempo, a enfermeira retornou com vários remédios. Após atender Hilly, ela me olhou e franziu o cenho.

–Hã... Derek, não é? Está tudo bem? sua perna está sangrando um pouco.

Olhei para minha própria perna. Estava tão preocupado com Hilly que nem tinha prestado atenção nisso. Tinha um corte relativamente grande na perna esquerda. Mas estava tudo OK.

–Ah, não. Está tudo bem. Eu me cortei enquanto jogava bola com uns colegas. Caí no chão e raspei a perna.

Ela suavizou a expressão.

–Quer uma pomada? Se não passar, pode acabar inchando.

Peguei a pomada e agradeci. Saí da enfermaria, mas fiquei sentando num banco próximo à porta. Eu tinha que ficar alerta, e mais que isso, queria apoia-la. Estava morrendo de medo que ela surtasse. O que era 100% provável.

Hilly

Cães. Enormes. Negros. Argh. Minha cabeça doía. Abri lentamente os olhos, me incomodando com a forte luz no meu rosto. Levei um tempo para descobrir onde estava. Pisquei.

Estava na enfermaria, deitada numa das macas. Minha cabeça latejava um pouco, mas me esforcei para me lembrar de como vim parar aqui. Até que, com um estalo, me lembrei.

Zack. O... cão negro. Imediatamente, levantei-me da cama. Meu corpo doía por inteiro, mas isso era o de menos. Minha mente estava confusa. Achei que fosse surtar. Mas quando me aproximei da porta, uma enfermeira veio atrás de mim.

–Espere! Acho melhor você ficar mais um pouco para vermos como você está.

Eu não podia dizer que estava bem. Afinal, eu não estava. Olhei para os lados, meio zonza.

–Ahm... A-a senhora viu um cachorro negro por aí?

A mulher piscou.

–Cachorro negro?

Assenti com a cabeça. Ela fez uma expressão confusa e me conduziu de volta à maca.

–Você se lembra por quê desmaiou?

Olhei com uma expressão aflita para a mulher.

–E-eu... Vi Zack.

A mulher me olhava com uma cara estranha. Talvez pensasse que eu era louca.

–Derek, o garoto que te trouxe até aqui, disse que exagerou nos exercícios. Acho melhor te dar um sedativo...

Derek. Eu o vi... Tinha certeza. Ele estava com o Zack. Os dois pareciam brigar. Mas... O que diabos estava acontecendo? Eu estava ficando maluca.

Foi nesse momento que o próprio Derek apareceu. Ele me olhou com uma expressão séria.

–Enfermeira, está tudo bem. Ela está dizendo que viu o Zack antes de desmaiar. Isso foi no ginásio, quando os dois estavam se exercitando.

A mulher sorriu.

–Ah, tudo bem. Pode levá-la. Mas é melhor ficar de olho nela.

Derek assentiu e me levou com ele. Ele estava mentindo. Eu tinha certeza do que tinha visto.

Ele me conduziu rapidamente até uma salinha de mantimentos. Fechou a porta atrás dele. Então, Derek se virou para mim e me encarou com uma expressão que nunca tinha visto antes. Ele estava aflito, talvez com medo.

–Hilly... Ai, onde posso começar?

Ainda meio zonza, consegui falar.

–Que tal começar com o... c-cão?

Ele hesitou. Vivia fazendo isso.

–Hilly. Você está bem? Quer dizer... Você bateu a cabeça com força quando desmaiou. E sobre o cão... Espero que você acredite no vou dizer.

Eu estava com medo. Então ele não estava estranhando o fato de um garoto virar um cachorro e...

Espere. Meu cérebro começou a funcionar. Tudo se encaixou. Lembrei de vários filmes de ficção. Zack era um...

–Lobisomem.

Derek se retesou. Estava claramente nervoso. Dei um passo para trás, com olhos arregalados.

–Hilly, calma. Prometo de explicar tudo se você concordar em ouvir a história toda.

Lobisomens existem. Minha dor de cabeça estava piorando. Quando Derek notou que eu estava piorando, ele se aproximou e segurou meus ombros.

–Está tudo bem. Aquele cão foi embora.

Eu o abracei. Não tinha medo dele; só do que ele sabia. Dos segredos que ele guardava.

Ele me olhou com olhos suaves, mas pesarosos. Começou a me contar um negócio maluco. Sobre lobos e humanos. Escutei tudo sem questionar.

–...Então, Hilly, é isso. Lobisomens existem. Sempre existiram. Nós só guardamos esse segredo há milênios.

–Espera... Você disse... Nós?

Ele olhou para baixo.

–...Sim. Eu, inclusive, sou um lobisomem.

Um pânico começou a crescer dentro de mim. Então ele também era um monstro. Ele notou meu medo e decidiu explicar melhor essa história.

–Não, não sou como Zack. Ele sim era um monstro. Muitos lobos se escondem entre os humanos. E eu posso lhe assegurar que sou inofensivo.

Cara, aquilo era estranho. Meu pânico diminuiu, mas continuei um pouco afastada de Derek. Meus sentimentos por ele estavam confusos. Mas decidi me acalmar e entender o que estava acontecendo.

–Então... Se lobisomens existem, outras criaturas de ficção existem também? Tipo, a Fada do Dente ou vampiros?

–A Fada do Dente não.

No meio do desespero, o clima ficou menos tenso. Fiquei um longo tempo encarando os olhos azuis de Dear. Ele não parecia uma ameaça.

–Certo...

–Ei, este é um segredo de mais de mil anos. Poderia ficar só entre a gente?

Assenti lentamente.

Ele suspirou, mas ainda não aliviado.

–Só mais uma coisinha: de onde surgiu... Zack, ou seja lá o que era aquilo?

–Não sei. Caras como ele são misteriosos. Mas vou descobrir isso.

Minha cabeça rodava a mil.

–Precisamos ir embora. Vou dar uma desculpa de que você passou mal, e vou levá-la para casa. Lá, prometo responder a todas as suas perguntas. Sei que tem muitas.

Sem condições de dizer uma palavra, só assenti com a cabeça. Ele me conduziu para a direção e deu a desculpa. Assim que fomos liberados, Derek me levou para a casa dele.


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