Derek Donnis: Entre Mistérios escrita por Wolfkytoki


Capítulo 12
Por Pouco


Notas iniciais do capítulo

Este é um capítulo mais longo, mas ficou bacana.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/472984/chapter/12

Derek

Passei a semana inteira estudando as pistas que eu havia encontrado. Depois do dia em que mataram o zelador, a escola decidiu ficar uma semana sem aulas, para que a polícia pudesse investigar. Já estavam preocupados, pois aquela não era a única vez que alguém da escola tinha morrido. Então, agora tinham a morte de Jeffrey e do zelador vampiro. Os pais de alunos estavam desconfiando da segurança da escola, mas o novo diretor assegurava que a polícia resolveria tudo. Infelizmente, eu sabia que ele estava errado. A mera polícia humana não ajudaria em nada; por isso eu estava atuando neste caso.

E não só os pais estavam preocupados: alunos e professores também. Aproveitei essa deixa para analisar os dados recolhidos. Tentei relacionar os papéis de encomendas do ex-diretor com a morte do zelador. Não obtive nenhum progresso quanto a isso, mas cheguei em algumas conclusões.

Muito provavelmente Jeffrey estava envolvido com vampiros. Essa raça de criatura mágica nunca se metia no mundo humano sem uma boa razão. Eles são preconceituosos quanto aos humanos, então eles não iriam expor a morte de um funcionário para os humanos, mesmo este sendo um vampiro. Uma coisa que me incomodava era o fato de a bala de prata encontrada no lugar do assassinato não ter sido utilizada. O corpo não tinha qualquer marca de tiro. Ele fora morto por agressões físicas. Então, o que diabos ela fazia lá?

Talvez a vítima ou o agressor tinha uma arma munida com a bala, mas não deu certo. Vampiros são muito ágeis, como os lobos. Talvez um dos dois tivessem se desviado e pego a arma do oponente. Era uma boa hipótese.

Eu só queria saber quem o havia matado e porquê. Também seria útil saber o motivo de um vampiro estar entre os humanos. Isso era bem raro. Até que me lembrei do cheiro que senti no ginásio, no momento do assassinato. Era o cheiro do assassino. Então, eu sabia o cheiro dele. Isso seria útil para encontrá-lo. Eu poderia voltar à sala do zelador e farejar a localização do matador. Saberia por onde ele tinha saído depois de matar o funcionário.

Mas havia dois problemas em fazer isso. Um: a escola estava fechada e provavelmente cercada de policiais. Dois: Meu faro funcionava melhor na forma de lobo. Então, não seria bom invadir a escola e ser pego pela polícia na minha forma de lobisomem. Deveria pensar em algo.

Pensei por um longo tempo, até chegar em uma solução relativa: Eu poderia chegar na escola sem os policiais perceberem, em forma lupina. Iria me esconder nos arbustos perto do refeitório ou nos banheiros. Assim, conseguiria captar o cheiro do assassino. Mas era uma solução bem arriscada: eles poderiam me ver mesmo assim. E além disso, meu faro poderia não funcionar se estivesse em um lugar muito longe da morte do zelador.

Argh. Nunca tive um caso tão difícil. Os humanos só serviam para me atrapalhar. Eu já estava rachando minha cabeça, quando Hilly me ligou. Ela disse que estava com medo com todo esse negócio do zelador, mas tinha esquecido sua bolsa no ginásio, com aquela correria. Ela também falou que não poderia esperar uma semana para pegá-la, pois lá tinham seu celular, as lições de casa- Sim, os malditos professores nos deram lição de casa para depois de uma semana, mesmo com tudo isso acontecendo- e seus poemas. Hilly adorava escrever poemas nas aulas chatas, mas isso era de menos.

Minha mente ficou clara. Sim, ela me dera uma boa oportunidade para ir na escola. Disse que iria com ela na quinta-feira. Estava com medo de ir sozinha, por isso me chamou junto. Hilly salvara meu dia! Ela me dera uma boa solução. Abençoada seja a bolsa dela. Então, um plano começou a se formar na minha cabeça.

Eu iria com ela pegar a bolsa na ginásio. Então, diria que tinha me esquecido de pegar meu celular também, mas não o quisera pegar antes porque também estava com medo de ir sozinho. Assim, iria até o local de assassinato fazer meu trabalho. Se topasse com a polícia- o que era 98% de chance de acontecer- diria que tinha esquecido mesmo meu celular. Então, eles me deixariam ficar no lugar, e eu fingiria procurar pelo aparelho. Daria voltas pelo lugar, farejando. Por fim, eu afirmaria não ter encontrado e pediria desculpas. Claro que esse plano poderia dar errado, mas não tinha outra opção para considerar.

****

Quinta-feira. Estava pronto para pôr meu plano em prática. Liguei para Hilly e marcamos de nos encontrar no portão do colégio depois do almoço. Estava feliz, pois ela tinha me ajudado bastante, mesmo sem saber disso. Almocei, troquei de roupa e fui para meu destino.

Ao chegar lá, já fiquei nervoso. O portão estava bloqueado, e várias viaturas de polícia cercavam o local. Não imaginava que teriam tantas assim. Como eu fora idiota...

Tentando parecer calmo, atravessei a rua e me deparei com Hilly discutindo com um policial. Me aproximei, rezando para que o policial não nos banisse dali. Hilly me olhou, mas voltou a falar.

–Sim, senhor. Seremos breves- Ouvi Hilly dizer, insatisfeita.

Depois disso, o policial durão fungou. Eles nos olhou com seus óculos escuros brevemente e saiu andando pela rua, para se encontrar com seus colegas. Olhei para Hilly, com uma cara confusa.

–Ah, oi, Dear. Só estava explicando para aquele adorável senhor que eu só estava aqui para recuperar minha bolsa. Ele não queria me deixar entrar, mas depois de um tempo eu o convenci de que não iria embora muito cedo. Ele disse para sermos rápidos e blá blá blá...

Dei risada. Quando Hilly se empenhava em fazer alguma coisa, não desistia facilmente. Dei um abraço apertado nela, fazendo-a assustar um pouco. Ela riu.

–Ei, mal posso ver seus movimentos. - Ela falou dando risada.

Eu estava tão feliz por estar com ela e por ela ter me dado uma chance de continuar a investigação que agarrei-a pela cintura e dei-lhe um longo beijo. Surpresa, ela retribuiu. Quando terminamos, sorri para Hilly, que estava corada.

–O policial só estava fazendo seu trabalho- Eu disse, por fim.

–Uau. Eu... Concordo plenamente.

Rimos. Ela era adorável. Gostava de sua companhia.

–Ah, melhor irmos andando. Os tiras já estão nos encarando impacientes.

Entramos no colégio. Um dos tiras tinha destrancado o portão, de cara fechada. Claramente, não estavam gostando de interferências no trabalho deles, principalmente por dois adolescentes.

Ele estava vazio. Rapidamente, nos dirigimos até o ginásio. Procuramos por sua bolsa, que não estava em lugar algum. Depois de meia hora rodando o ginásio, ela afirmou, preocupada:

–Ué... Juro que tinha deixado minha bolsa por aqui.

–Ela não está em lugar algum, Hilly.

Desesperada, ela foi procurar no banheiro feminino do ginásio. Enquanto isso, voltei minha procura perto dos bancos. Por fim, consegui encontrar. Chamei Hilly de volta. Ao ver a bolsa na minha mão, ela saiu correndo pela quadra até chegar em mim, arfando.

–Derek! Obrigada, obrigada!

E me deu um beijo na bochecha. Foi bom.

–Vamos embora. Já achei o que precisava.

Quando ela estava saindo, a chamei. Lembrei mentalmente de todos os passos do meu plano. Era agora ou nunca.

–Ah, espera! Acabei de me lembrar... Perdi meu celular na escola também. Na correria, depois da morte do zelador, acabei esquecendo. Não me lembro bem onde, mas sei que foi perto do refeitório.

Ela me olhou, seus olhos mostravam medo.

–Ok... Posso esperar aqui? Desculpe, estou com medo de andar pela escola...

–Tudo bem. Se algum tira tentar te expulsar, diga que estou com você e que fui procurar meu celular.

Hilly suspirou.

–Está bem.

Saí andando rapidamente pelo colégio. Pensei que teria de inventar alguma desculpa para ela não vir comigo, mas nem fora preciso. Tudo estava indo bem. Ao chegar perto da sala do zelador, avistei quatro policiais. Meu faro dizia que tinham mais dois dentro da sala. Os quatro estavam fazendo vigília, aparentemente. Quando me viram, olharam para o policial que estava perto da porta da sala. Ele parecia ser o chefe deles. Tinha uma postura autoritária. Nas alcateias, era sempre bom saber quem era o alfa. Ele se aproximou.

–O que está fazendo aqui, jovem? Quem te deixou entrar?

Ativei o modo Mentir do meu cérebro.

–Senhor, eu vim procurar meu celular. Eu o esqueci no dia do assassinato do zelador, mas não podia esperar uma semana para vir buscá-lo. Serei breve.

Quando me voltei para os arbustos perto da sala, o tira me bloqueou. Ele pôs a mão no ombro. Depois, disse firmemente:

–Você não pode ficar por aqui. Estamos no meio de uma investigação. Peço, por favor, para voltar.

Eu o encarei. Ah, queria bancar o difícil. Muito bem, decidi entrar no joguinho.

–Me desculpe, senhor, não posso esperar. Meu celular é o único meio de falar com minha mãe. Ela... está no hospital, mas não posso visitá-la. Só me deixam conversar com ela por meio do aparelho. Além disso, um dos seus policiais disse que estava tudo bem, se eu fosse breve.

O chefe dos tiras abaixou um pouco seus óculos escuros, mostrando olhos castanhos. Lia-se "Décimo Primeiro Departamento de Polícia" em seu uniforme. Ele ainda segurava meu ombro. Depois de um tempo, ele estreitou os olhos.

–Essa é uma investigação séria, rapaz. Não posso deixar qualquer um tomar conhecimento de nossas análises. E, francamente, garoto, se sua mãe está no hospital, sem poder te ver, como ela pode falar com você? Ela está internada?

Rangi meus dentes. Ele não estava facilitando as coisas para mim.

–Minha mãe está numa sala de observação do hospital. Não posso vê-la porque ela têm uma doença contagiosa. Eles estão tratando e dando remédios a ela. Então, minha única forma de falar com ela é pelo celular. Os médicos lhe deram um telefone para falar com a família.

Quando pensei que ele me soltaria, o tira simplesmente continuou o maldito interrogatório.

–Garoto, você não tem um telefone em casa? E que doença contagiosa ela tem?

Estava ficando impaciente com o policial. Senti meus caninos formigarem. Me controlei. Após um minuto, decidi ser mais radical. Me afastei do policial, fingindo estar perplexo com ele.

–O quê?! Eu não preciso te dar nenhuma satisfação da minha vida pessoal. Só vim buscar meu celular. Não quero atrapalhar a investigação dos senhores. Me dê cinco minutos. Só peço isso.

O tira parecia vencido. Ainda me encarou por tempo. Depois, virou-se para seus policiais, que assentiram positivamente. Ele, por fim, decidiu me deixar em paz.

–Tudo bem. Apenas pegue seu celular e saia do colégio. Você não deveria estar aqui.

OK, então se minha mãe realmente estivesse no hospital, eu ainda não poderia estar aqui. Cara, que policial sensível. Ignorando o tira, andei em círculos pelo local, fingindo procurar o celular. Fui cheirando o ar, até que consegui captar um rastro do vampiro. De vez em quando, eu olhava para os tiras, que também me olhavam. Depois de exatos cinco minutos, consegui achar a rota de fuga do assassino. Meus instintos estavam fortes. Meu lobo queria sair, mas consegui contê-lo. Voltei até o policial, com uma cara fingida de tristeza.

–Senhor... Não achei meu celular. Ele não está em lugar algum. Desculpe atrapalha-lo. Vou procurar em outro lugar.

Quando já me virei para voltar ao ginásio, o policial segurou meu braço, impedindo-me novamente de sair.

–Espere... Você estava desesperado para achar seu celular, mas está desistindo tão facilmente...

O policial estava me testando. Meu lobo estava desesperado para sair. Estava ficando cada vez mais difícil contê-lo. Meus caninos cresciam. Tentei me segurar, e entredentes, disse:

–O que você... está insinuando?

O "senhor" me olhou mais de perto. Droga, ele estava desconfiado. Tentei parecer calmo, mas era impossível com meus instintos me dominando.

–Eu... Não achei nada aqui. Não tenho culpa. Devo ter colocado o celular em outro lugar do colégio.

Mais satisfeito, o chefe dos policiais me soltou.

–Muito bem. Pegue o aparelho e vá embora.

Saí correndo. Nunca senti meus instintos tão à flor da pele. A tensão com o policial, preocupação com o caso, o Conselho, estar longe de casa... Tudo isso contribuía. Estava muito nervoso. Não podia me transformar na frente dos policiais. Ou de Hilly. Concluindo que logo eu não teria mais controle, cheguei no ginásio e passei por Hilly.

–Ei! Achou o celular?- Ela berrou atrás de mim.

Droga. Parei perto do portão e a encarei. As palavras saíam com dificuldade.

–Não... Não consegui achá-lo. Os policiais também não me deixaram ficar muito tempo, então vou esperar acabar a semana para buscá-lo.

Me virei, mas Hilly me alcançou. Ela tocou meu rosto, fazendo-me recuar. O lobo estava quase saindo. Senti garras tomarem o lugar de dedos. Coloquei minhas mãos nos bolsos da jaqueta.

–Ei. Está tudo bem com você?

Eu tremia.

–S-sim. Só... Preciso sair logo daqui.

Sem pensar em mais nada, saí correndo. Ao chegar na rua, os policiais me olharam, mas nem dei bola para eles. Cheguei em casa a tempo. A transformação ficou mais rápida, mas agora que estava em casa, sem ninguém para me preocupar, consegui parar. Me concentrei com todas as minhas forças. Por fim, a transformação parou e fui voltando ao normal aos poucos.

Quando fiquei humano de novo, pensei em Hilly. Ela devia estar muito confusa. Bom, depois eu inventaria alguma desculpa. Isso era o de menos. Rezava para os policiais não terem visto minhas garras, uma cauda ou qualquer outra coisa assim. Como não disseram nada, acho que não viram nada.

Foi um dia comprido. Escapei por pouco. Agora, só faltava ir atrás do rastro. Faria isso no dia seguinte. E que os lobos me guiem a partir de agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estão gostando?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Derek Donnis: Entre Mistérios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.