Colorfull escrita por Yui


Capítulo 1
Bi-color


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente. Esta é uma nova história inspirada nas coisas que eu coloquei no "disclaimer". Espero que gostem porque ao menos eu me identifico com a maioria dessas coisas toda vez que pinto o cabelo ha ha.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/472816/chapter/1

O chuveiro estava aberto e a água fria. Alguma coisa escorria e eu podia ver sua cor. Vermelho. Por todas as partes do boxe. O líquido com cor de sangue pelo chão e eu apenas olhei horrorizada. O tapete de borracha do boxe do banheiro, o qual mamãe quis comprar transparente, já havia mudado de cor.

O banheiro parecia o cenário de um terrível assassinato... se não fosse pela coloração azul que se espalhava junto à vermelha, ambas adquiridas pela água.

Mas essa foi só a primeira lavagem do meu cabelo totalmente colorido com cores fansatia e bicolor.

Apenas prendi os longos cabelos recém-pintados e lavados com uma presilha enorme que era a única que os seguravam. Dei-me um rápido banho para tirar a tinta do meu corpo e depois quase corri para me secar e poder olhar quanta tinta havia saído de mim, só não corri porque cairia de cara no chão, estava escorregadio por conta do shampoo.

Tomei minhas toalhas cor-de-rosa do “pendurador” como o chamo, enrolei uma no cabelo já preso para que ela não tirasse mais tinta dele do que a água já havia tirado e em seguida comecei a me secar. Será que ainda tem cor aqui na minha cabeça?

Oh, meu Deus! Era só o que me faltava. Ter feito merda. Aí, com certeza, minha mãe, vó e tias virão me dizer “eu avisei que não ia dar certo” e coisas do tipo.

Enxuguei meu corpo rapidamente colocando as roupas íntimas e um short velho de um antigo conjunto de pijama, do qual eu havia perdido a parte superior, então, com ele, coloquei uma camiseta cinza. Quero dizer, deveria ser cinza, mas não está mais devido a várias cores nas costas e ombros. Por quê? Só porque eu pedia pra minha tia pintar minhas mechas e a usava porque já estava velha e manchada, isso pra não estragar camisetas novas.

Parei em frente ao espelho tentando me preparar psicologicamente pro que veria em seguida e pras piadinhas da família.

Desenrolei a toalha devagar e assim que terminei, vi os fios azuis e vermelhos molhados. Não pareciam ter desbotado tanto quando fui tirar o excesso de tinta. Bem, só vou saber quando secar, então, mãos a obra.

Soltei o cabelo e ele bateu nas minhas costas. Estava pesado. Ele cresceu de uns tempos pra cá. Eu só tenho um metro e sessenta e quatro de altura e meu cabelo chega na minha cintura... e com certeza, isso deixará marca na camiseta.

Tomei o secador e o liguei. Estava bem concentrada.

Comecei a passar as mãos entre os fios tomando extremo cuidado e rezando pra não haver danos, pelo menos agora. Esqueci de mencionar que meu cabelo tem alisamento. Legal né? Todo cuidado ainda é pouco.

Agora os fios estavam apenas úmidos, mas ainda tinha que passar um pouco mais o secador, quando alguém me chama. Pelo barulho que fazia o aparelho em minhas mãos, não ouvi o que e nem quem era. Por que me chamar agora se sabe que estou tentando dar um jeito na juba?

Desliguei o secador.

- Oi! – Gritei do banheiro – que foi? Quem tá chamando aí?

- Filha – ah, era minha mãe falando bem alto da cozinha, no andar de baixo –, tá tudo bem aí?

- Tá sim, mãe.

- Seu cabelo ainda está na cabeça? – Essa foi uma colega da minha mãe, não gosto dela e ela está sempre ridicularizando as cores que eu escolho, desde que comecei a pintar.

Eu tinha catorze, quase quinze anos e os pintei pela primeira vez de rosa. Na verdade, foram as pontas e algumas mechas. Eu ainda usava meu cabelo cacheado e gostei do resultado, porém ela dizia que isso era bobo e uma mocinha como eu não deveria fazer isso porque estava crescendo. Dizia que mamãe não deveria deixar, mas eu digo que se deixou é porque também gosta e sabe que eu fico feliz em aumentar minha autoestima assim.

Agora já tenho dezenove anos. Nem ligo, to bem assim e adoro colorir e cuidar de mim.

Não respondi. Minha mãe já estava acostumada com isso, então nem brigava mais quando era descortês com essa mulher. Falava do meu cabelo, mas não cuidava nem da própria vida, do filho dela que vive tirando sarro de mim e da filha que quer ter o cabelo igual ao meu.

Essa menina é Nathália, minha melhor amiga e a mãe dela só deixa fazer luzes porque diz que tinta estraga. Falo nada, só observo.

Liguei o secador novamente e peguei uma escovona, prendedores e um pente de cabo fino na gaveta. Separei minhas mechas e comecei a fazer escova para depois fazer o mesmo e passar chapinha. Assim eu iria ver se as cores estavam certinhas ou se estavam manchadas entre si e também pra fixar a tinta. Se eu largar úmido, vai acontecer o mesmo que da última vez, era eu colocar a mão, ela ficava da mesma cor e o melhor: não precisava mais pintar as unhas... mas isso não é tão legal, quando acontece parece que estou me transformando tipo aquela menina da Fantástica Fábrica de Chocolate que vira uma amora gigante.

Nossa! Que dor no braço, ter tanto cabelo é difícil...

Prontinho, terminei, agora... cadê o espelho pra eu olhar atrás? Achei, tava do lado da pia.

Virei de costas para o espelho do banheiro e coloquei o outro na minha frente. Fiquei me virando pra dar uma olhada. É, tinha partes ali que dava pra mudar um pouco. A raiz ficou roxa! Como se ali é azul e da metade pra baixo do comprimento tá vermelho? Ah, esquece... eu, por costume, acabei esfregando as pontas na raiz... faço isso pra esfregar os produtos. Ai!

Pera aí. De uma cor pra outra também ficou roxo, o azul escorreu. Bem, não tá exatamente como eu pensei que ficaria, mas... gostei!

Abri a porta do banheiro e coloco a cabeça pra fora. Saio pelo corredor até meu quarto carregando desajeitadamente todos os meus produtos de cabelo, a camiseta preta que tinha usado na hora de pintar o cabelo, o short que usei também (estava tudo manchado, como ainda consigo fazer tanta bagunça? ) e levei também a toalha e a minha escova. Tinha que lavar e colocar pra secar, aproveitando o calor do caramba que tá hoje.

Cheguei no meu quarto, a janela estava aberta. O sol das onze da manhã de domingo entrando por ela e só de entrar ali, senti o quão quente estava.

Deixei tudo sobre a minha cama e fui arrumando cada coisa em seu lugar.

Dei uma olhada no meu espelho de corpo completo e prestei atenção apenas no cabelo. Tá manchado, mas depois do trabalhão, até que não ficou tão ruim e eu gostei, pras primeiras vezes que o faço sozinha...

Depois de tudo arrumado, desci e fui pegar um lanche na cozinha. Eis que passo pela amada mãe de minha amiga e ela diz.

- Nossa! Que é isso, menina?

- Bom dia pra você também – passei sem nem dignar-me a olhar para ela e fui direto na geladeira. Estar acordada desde as 7 e meia da manhã só pra arrumar o cabelo, não é mole.

E sim, acordo a essa hora. Por tão inexperiente que sou em arrumar meu cabelo, preciso de mais tempo pra não fazer bosta com ele e não deixá-lo cair.

- Diana, cadê sua irmã? – Perguntou minha mãe ignorando essas brigas bobas.

- A Marina deve tá dormindo ainda.

Abri a geladeira e peguei margarina e um suco de uva, coloquei na mesa e fui pegar uma faca.

- É, ela fica jogando videogames até tarde... ela não poderá mais fazer isso.

- Ah, era nossa última semana de férias, ainda bem que ela aproveitou.

- Lurdes... você... não sei porque você deixa essa menina pintar o cabelo assim... a Nathália queria, mas não deixo, estraga tudo!

- Jane deixa ela, ela gosta e ficou legal esse degrade.

- Obrigada, mãe – sorri sinceramente a ela enquanto passava margarina no meu pão.

- Não acredito nisso. E amanhã é primeiro dia de faculdade, não quero nem ver o que vão falar pra você.

- Jane! Da minha filha cuido eu – adoro quando minha mãe discute com ela, o filhinho dela fica na cola das meninas e bebendo e ela nem sabe e fica falando de mim! Não fiz nada, gente – agora, vamos ficar em paz aqui nessa cozinha.

Tomei o café e corri pro quarto. Tinha que sair, encontrar minha amiga e aproveitar meu último dia de férias.

Coloquei uma camiseta branca regata e um pouco larga cuja bainha estava por dentro da saia longa e colorida, era quase um arco-íris, mas na minha roupa. Coloquei uma sandália azul claro e peguei minha bolsa de pano da mesma cor.

Peguei a chave de casa e meu óculos escuro, os coloquei, o resto já estava na bolsa.

Foi só eu colocar o pé pra fora do portão que um senhor de idade que passava na rua já me encarou com espanto e sussurrou alguma coisa para a senhora ao lado dele, que fez o mesmo. Ambos negaram com a cabeça e continuaram andando quando eu abaixei a armação do óculos para olhar para eles. Os dois ficaram vermelhos, eu notei!

E na hora de atravessar a rua, na faixa, o cara do carro parado pra eu passar ficou encarando com a boca aberta e me seguiu com os olhos.

Reviro os olhos e saio andando em direção ao ponto de ônibus antes de receber mais olhares como estes. A única coisa que dá pra fazer é rir, achar graça.

Ai, ai. Eu mereço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Alguma sugestão de acontecimento? Alguma dúvida? Deixem no review, ou se preferirem, me mandem mensagem privada.

Até mais. o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Colorfull" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.