Eu quase voei para o gabinete do diretor quando adentramos a tão cobiçada Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, afinal, eu queria mais do que tudo saber qual era essa cura. Não sei como, mas corri mais rápido do que James.

Ao falar a senha, Ariana, a gárgula se mexeu revelando a escadaria. Ao subi-la o diretor da Escola estava de costa, batucando a varinha na mesa de um jeito musical. Eu pensei que era a única que fazia isso...

–Ahn... Professor Dumbledore...? –Sirius se materializou atrás de nós, chamando a atenção do diretor de olhos azuis- Na sua carta...

–Sim, sim. Sobre isso eu gostaria de falar em particular com a srta. Evans, sr. Black e Potter, se vocês não se importam. –disse ele, ainda de costas.

–É claro! –James disse rapidamente e saiu da sala sem hesitar, seguido por Sirius. Se aquele fosse um comensal, eu teria morrido facilmente.

–Srta. Evans, se você permitir, eu gostaria de falar e gostaria que você ouvisse sem fazer comentários.

–É claro. –disse como James tinha dito.

–O livro que você encontrou, aquele de Tom Riddle, contém a resposta para seu problema. Ele, hum... Quando as Horcruxes são citadas, um lago também é mencionado, esse lago pode curar uma alma corrompida, até mesmo por Horcruxes. Sim, eu sei, eu tenho uma copia deste livro, confisquei-a de Tom no seu sétimo ano aqui em Hogwarts. A água desse lago contém poderes curativos, como citei antes. Lacus Pouvoirs Curatifs é o nome. Ele é pouco conhecido e se localiza na França, bem próximo de Beauxbeatons. Se nós formos lá eu acredito que você pode ser curada... Acredito que esse lago é tão poderoso que pode até trazer pessoas de volta... Mas isso não é um assunto para agora. Eu acho que podemos ir lá, podemos te curar, eu posso... –ele disse, intrigado por cada uma de suas palavras. O homem freio nas últimas palavras e me olhou triste, mas animado com a ideia de um lago com poderes curativos.

–Senhor... Quanto tempo essa viagem levaria? –eu perguntei.

–Um dia, um dia lá e um dia de volta. –ele disse, rabiscando o ar com faíscas azuis que saiam de sua varinha.

–Três dias. James pode ir conosco?

–Srta. Evans, eu creio que a melhor pessoa para ir conosco é Elena Capella. –ele disse, provocando uma onda de raiva flamejante dentro de mim- Ela tem família na França, bem próxima do lugar que eu creio que o lago é.

–Tudo bem. –eu disse rispidamente- Contanto que eu não tenha que olhar na cara de cachorra dela. –e, dizendo isso, me levantei e fui embora, sem deixar brechas para nenhuma outra fala do diretor.

***

Nem desarrumei a mala. Só tirei dela uma troca de roupa, sapatos limpos, papel e pena, afinal, não seria uma viagem longa nem nada. Levaria três dias no máximo. O que me preocupou foi a reação de James e Sirius ao saberem que eu ficaria longe, eles gritaram, bateram o pé no chão, quebraram um copo, ameaçaram me trancar em um armário, entre tantas outras reclamações inúteis. Eu queria uma família mais do que tudo e o argumento de James, sua vida vale mais do que a de qualquer outra criança hipotética, não me convencia nem um pouco. A argumentação de Remus, por meio de carta, já que ele não estava lá, não dá para conter todas essas crianças sem a melhor monitora chefe de todos os tempos, quase me convenceu, mas ele era um monitor muito bom, ele daria conta. Os argumentos de Sirius, vá por sua conta e risco, só colocaram lenha na fogueira.

Partiremos na manhã de amanhã, passaremos na casa da srta. Capella para busca-la bem cedo, ela já foi comunicada. Dissera Dumbledore por meio de um bilhete entregado por um aviãozinho de papel - nem me pergunte. Ou seja, eu tinha mais essa noite para ficar com meu melhor amigo e meu namorado. Eu queria ficar sozinha em um quarto escuro com Pontas, mas eu sei que isso é um privilegio que Sirius não nos daria.

A minha mochila cor-de-rosa descansava em uma poltrona vazia, já que os únicos estudantes de Hogwarts presentes até a noite de amanhã eram eu, James e Sirius. Bom, amanhã à noite eu estaria na França, em território desconhecido, mas tudo bem... Eu espero.

Meia hora depois de muito bate-papo, Sirius foi dormir. Na hora que ele o fez, levantei minha cabeça e fiquei encarando a parede, dizendo sem fazer som, “obrigada Merlin” repetidamente. Quando o artilheiro grifinório finalmente saiu de vista, meu namorado se virou para mim, as sobrancelhas arqueadas e um sorriso travesso de orelha a orelha.

–Você esta pensando no mesmo que eu? –ele disse

–Se você estiver pensando em unicórnios coloridos e saltitantes, então sim, estamos pensando na mesma coisa. –eu disse em tom de brincadeira. Pensei que ele fosse responder de forma afiada, mas ele disse apenas:

–Eu gosto de unicórnios.

Nós rimos alto e de um jeito infantil, sem ligar muito para o nosso melhor amigo, que estava roncando a três metros quadrados. Quando a “crise” passou, ele me olhou carinhosamente, passou a mão no meu rosto e disse:

–Você e Snape... Já se beijaram?

–Que diabos de pergunta é essa, James Potter? –eu disse, levantando uma sobrancelha e cruzando os braços que se encontravam antes ao redor do pescoço dele.

–Eu só quero saber... -ele disse em um tom casual que misturava desafio- Então... ?

–Sim, duas vezes. –eu respondi, deixando o tom de desafio explicito.

–Por que isso me deixa excitado?

–Por você é doente. –eu respondi jogando uma almofada nele. –Eu vou dormir.

–Eu também.

–Quer dormir aqui? –eu perguntei e ele assentiu. Me deitei no peito dele e ele se deitou desajeitado no sofá.

–Hey, Lily. –ele disse alguns minutos depois de encontramos uma posição confortável suficiente no sofá pequeno demais.

–Ahhn... –eu falei no melhor tom que pude, afinal, não se acorda uma mulher de seu sono da beleza.

–Eu te amo. –ele disse. Para isso, eu não medi esforços ao sorrir.