Depois de vê-la lá na praia, eu não sabia o que fazer mais. A dois anos que eu não batia o olho nela. Lembrava de Catherine magra, cabelos bem mais longos e mais claros, um sorriso bobo no rosto, sempre acompanhado do aparelho branco. O velho uniforme do internato, lá pelos seus 14 ou 15 anos.
Vê-la como uma adulta, responsável e tão mais linda que eu não sabia o que pensar. JT quase surtou quando à viu também. Nós saímos de lá acompanhados e fomos para a cabana na praia. Me sentei na velha cadeira de madeira em frente a pequena mesa redonda.
– O que ela faz aqui? Por que trouxe ela pra cá? - JT falou irritado, andava de lado par ao outro como se fosse abrir um buraco no chão.
– Como eu chamei ela para cá? A mais de dois anos que eu não a vejo. - Expliquei mantendo a calma, ele se sentou na minha frente e bateu na mesa.
– Ela não pode ficar aqui, ok? Se alguém a seguiu você... - Ele se pausou voltando a ficar de pé. - Não quero nem pensar.
De repente eu já não ouvia mais nada a não ser os saltos de um coração assustado e com medo. Fiz um sinal para que JT se calasse, ele me obedeceu e me olhou confuso.
– Eu ainda à ouço. - Ele me olhou aind amais confuso agora. - Lembra quando disse que conseguia identificar o coração dela no meio do colégio cheio de pessoas? - Ele assentiu. - Eu ainda consigo, ela está em apuros, posso sentir.
Me levantei e corri até a pequena varanda JT me seguiu, o local do luau era a esquerda da cabana encarei aquele lugar por alguns minutos me concentrando em apenas um coração que batia rápido e nervoso, ela estava com medo e assustada demais para conseguir raciocinar. No meio da escuridão e do nervosismo, duas palavras surgiram no meu ouvido como um pedido de socorro: " Saí, para!" Eu consegui ouvi-la,
– Vincent você precisa pensar direito, não vale a pena. - Eu não o escutei, a raiva já estava tomando conta de mim. Corri na direção de onde ouvia os sons, sentia meu corpo mudar, minha adrenalina estava a mil.
Me aproximei de onde ela estava, o som o coração dela agora estava mais calmo, quase parando pra falar a verdade. Auando pude vê-la finalmente senti meu sangue ferver, agora sabia o porque ela pedia para alguem parar. Ela estava deitada na areia da praia, mal conseguia falar e manter os olhos abertos.
Corri para cima dele tacando-o longe dela. Ele ainda tentou lutar, mais o pescoço dele já havia sido quebrado quando tentou me chutar. Me aproximei dela, os olhos reviravam como se estivesse tendo uma convulção, o corpo tremia a procurar de ar, a cabeça virava de um lado para o outro como se tentasse, de alguma forma respirar. Eu ainda estava transformado, mataria qualquer um que estivesse na minha frente, mais com ela era diferente, ela era diferente.
Peguei ela no colo, apoiando sua cabeça no vão do meu pescoço. Ia correndo com ela na direção da cabana quando uma mulher me parou no caminho, conhecia ela também, quando vigiava Cath no colégio, lembro de vê-la conversando com essa mulher.
– O que fez com ela? Me dê minha amiga! - Ela gritou, eu estava no escuro então não pode ver meu rosto.
– Ei, se acalmem ok? Não se preocupe, ele é médico. - JT apareceu atrás dela, neste momento ela pareceu relaxar um pouco.
– O que aconteceu com ela? - Olhei para Cath no meu colo, precisava voltar ao normal para poder falar. Naquele momento, olhando para ela, bem quando voltei ao normal senti algo de diferente em mim.
– Um cara a dopou, ela está tendo convulções, preciso que você venha com agente. - Ela derramou algumas lágrimas de nervosismo mais assentiu. Nós fomos correndo até a cabana, subi a pequena escada de madeira e a deixei na minha cama, ela ainda tremia e os olhos ainda reviravam. Peguei o caderno que estava na cabiceira e escrevi uma lista de coisas. - Preciso que arrumem isso, JT vê se tem em casa, você compra essa parte.
– Tudo bem, ela vai ficar bem? - Ela perguntou nervosa encarando à amiga.
– Se vocês pegarem isso rápido ficará. - Eles concordaram e saíram. Eu me levantie, andei até o banheiro e peguei uma bacia de água gelada e alguns panos brancos. Voltei para perto da cama e usei tudo para fazer uma compressa, só reçava para que os dois não demorassem demais, sabe lá a droga que ele colocou no corpo dela, e quanto tempo isso demoraria par explodir o corpo dela de dentro pra fora.
– Aqui, Vincent. - Ele chegou carregando algumas coisas em um balde grande, eu o peguei.
– Continua com as compresas, tenta manter o corpo dela firme. - Ele assentiu e se sentou no meu lugar na cama, eu me abaixei e, em uma garrafa plastica, misturei os componentes para fazer soro. Prendi a garrafa com a tampa para baixo em um cabide de roupa, dobrei ele em dois e o prendi na cabiceira da cama.
– Toma, foi tudo o que consegui. - Ela apareceu no quarto carregando algumas coisas em uma sacola. Eu peguei uma borraja elastica e prendi no lugar da tampa, no outro lado da borracha coloquei uma agulha e enfiei no braço dela.
– O soro vai limpar o sangue dela, preciso que faça um suco de limão sem açúcar e sem água, puro. - Ela assentiu. - Vamos afinar o sangue dela, talvez pare as convulções. - Tess, a amiga dela, concordou e desceu as escadas.
– Ela vai ficar bem? - Ele pergunto preocupado, eu voltei a preparar outras cinco garrafas com soro, quando aquela acabsse teria outras.
– Espero que sim. - Deixei as garrafas em uma caixa de isopo com gele ao lado da cama. - Me arrume mais garrafas e coloque o suco de limão dentro. - Ele assentiu e desceu atrás da amiga dela. - Ei, você precisa melhorar, você é forte vai?!
Eu sussurei, me sentei ao lado dela e segurei sua mão, estava gelada e agora tremendo menos. Eles voltaram alguns minutos depois com duas garrafas de suco de limão puro,
– Ela vai demorar muito para dar resultados? - A amiga perguntou se sentando ao outro lado de Cath, eu neguei.
– Talvez não, o soro vai repor alguns componetes que ela provavelmente perdeu no sangue, o que faz ele ficar mais grosso causando coágulos que interrompem a passagem sanguínea, causando as convulções. - Ela concordou, parecia estar entendo. - E é aí que o limão entra, ele vai afinar o sangue controlando as convulções.
Me levantei da cama, andei até o meu ármario e peguei uma camisa e um short, o menor que encontrei, entreguei tudo para a menina.
– Eu vou tirar o soro dela, deixa-la no banheiro, dá um banho nela e depois vista isso. - Ela assentiu nervosa. Tirei à agulha do braço dela e a levei para o banheiro sentando-a em uma cadeira. Tess entrou e fechou a porta, eu voltei para o quarto e comecei a juntar as coisas deixando no lado da cama apenas as garrafas com soro e limão.
– Você não está pretendendo matê-la aqui né? - JT entrou no quarto e sussurou para que ninguem o ouvisse.
– JT, ela está mal, não vou abandona-la na rua, só até amanhã pelo menos. - Ele deu de ombros e voltou a andar de um lado para o outro. - Não se preocupa, JT, amanhã ela vai embora.
– Ok, você lembra do que aconteceu quando você se envolveu né? Você sabe o que faz, Vincent. - Ele se sentou na poltrona perto da janela e ficou me olhando, eu sabia sobre o que ele dizia e pensava mais não à deixaria morrer, à mãe dela não me deixou.
– Acabei. - Tess falou abrindo a porta do banheiro, Cath estava com uma camisa branca de botão e um short que bateu abaixo no joelho dela. Eu a peguei no colo e a deitei na cama. - As convulções passaram?
– Ela precisa de um tempo, vou misturar o soro com o limão de dar para ela, até amanhã ela estará bem. - Mais uma vez ela concordou, Misturei os dois componetes e coloquei tudo na mesma garrafa. engetei nela e à vi se acalmar, o corpo pareou de tremer e os olhos e fecharam, ouvi o coração dela voltar a bater ao normal, estava dando certo. - Ela está melhorando, pode dividir este quarto com ela essa noite.
– Obrigado pelo que fez por ela. - Eu assenti. - Eu vi no que você se transformou, me diga o que aconteceu? Como faz aquilo?
Eu encarei JT, ele não retornou meu olhar ficou olhando pela janela o luau. Eu e levantei e a encarei. Sem ter para onde correr simplesmente tive que contar a verdade para ela, caso contrário acabaria sendo enjetado por perguntas.