Raivas Insubstituíveis escrita por Beatriz


Capítulo 14
Capítulo 14 - Vamos Começar A Viver


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! Estou muito feliz com o progresso que vocês estão ajudando a dar no meu trabalho! Obrigada mesmo!



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Roupas pretas.

Cemitério.

Cruzes.

Velas.

Lágrimas.

George Alencar Abreu até que estava bem no caixão marrom escuro. Seu terno ainda estava lá, até no dia de seu enterro. Poucas coisas eu tenho a lhes contar sobre o acontecimento deste dia. Esse senhor, que fora o diretor na FCJ morrera tragicamente. Alguma doença cardiovascular que possuía foi responsável pelo infarto que teve na cozinha da casa de sua ex-mulher Ivana – mãe de Felipe.

Dizem que eles ainda tinham encontros às escuras, mas eu não acredito nisso.

Felipe não havia chegado no cemitério ainda, já estavam fechando o caixão. Preocupada, fui andar, pensando em encontrá-lo em algum lugar escondido, talvez parado em algum lugar pensando no que acabara de acontecer. Porém, as únicas coisas que consegui enxergar nesses dez minutos andando sozinha, foram famílias sendo torturadas com a imagem de seus respectivos entes queridos no caixão, ou sendo colocados abaixo da terra.

– Catarina, temos que voltar, o Sr. George vai ser enterrado agora. – Duda apareceu dando-me um susto enorme. Não era tão legal assim andar pelo cemitério sozinha...

– Mas... e o Felipe?

– Se ele não chegou até agora significa que ele não vai vir. Era o pai dele e...

– Ele está péssimo. Mas não é o certo vir no enterro do próprio pai? – Indaguei.

– Cada um tem seu jeito Catarina, temos que respeitar suas vontades...

Soltei um “certo” e fomos para o local onde se encontrava toda a família de Felipe, os amigos e praticamente a FCJ inteira.

Vinte e cinco minutos contados no relógio por mim mesma, foi o tempo que o enterro de George durou. Vilma chorava o tempo todo, o que parecia incomodar meu amigo Pedro. Acho que não por ela ter um caso escondido com George, mas por ela não ter contado a ele antes.

Do nada, comecei a enxergar a grama do cemitério com todos os seus túmulos a mostra no chão. Flores brancas caiam do céu como chuva, e ao mesmo tempo, vi Felipe andando em minha direção – quer dizer, em direção ao túmulo de seu pai. Ele só não estava mais lindo do que o normal porque estava com aquele ar de tristeza que sempre possuía, porém, dez mil vezes mais intensificado. O vento soprava seu cabelo, suas roupas, seu rosto... e fazia ele chegar cada vez mais perto.

– Melhor irmos embora. – Gustavo rapidamente apareceu em minha frente.

– Por que?

– Ele precisa ficar sozinho, não percebeu? Você quer estar todo o tempo ajudando o inimigo, mas ele não quer a sua ajuda, Catarina. Ele quer sempre estar sozinho, sabe? – Ele disse, num tom grosseiro.

– O que houve? Por que está falando assim comigo?

– Não estou falando de nenhum jeito, só estou abrindo seus olhos. – Gustavo virou-se e foi embora sozinho.

Eu fiquei a pensar sobre tudo isso por um tempo, ali mesmo. Talvez ele não quisesse mesmo a minha ajuda, talvez ele quisesse apenas ficar sozinho e pensar na vida dele que de alguma forma teria acabado de começar ou acabado de acabar, ele quem decide isso. Fui embora e passando pela padaria comprei um sonho. No resto do caminho avistei um deficiente visual perambulando por ai sozinho, pensei e pensei. Então cheguei à conclusão de que eles só querem dar conta de seus próprios problemas sozinhos, sem ninguém estando lá pra sentir dó ou oferecer ajuda, pensando que eles são incapazes de fazer tais coisas. Eu incluía Felipe nessa. Gustavo tinha razão.

Beep, beep!

Peguei o celular e haviam três mensagens não lidas.

“O portão está aberto, então pode entrar direto.” – Gustavo

“Me encontre às 19h na loja da Dona Rosa.” – Desconhecido

“Não se esqueça de levar guarda-chuva, parece que vai chover.” – Desconhecido

Como assim, desconhecido? Como eu iria encontrar alguém, cujo nome eu não fazia idéia? Entrei na sala da casa de Gustavo e o chamei, e nada ele respondeu. Depois de alguns gritos, decidi dramatizar:

– Guga, eu sei que você está bravo comigo, e eu entendi o por quê. Me desculpa, eu fui uma besta, mas por favor, me responde!

– Estou no quarto! – Ele respondeu com a voz afastada, parecendo estar feliz.

Subi e quando contei sobre as mensagens, ele pareceu estar incomodado com elas, mas eu também estava. Por isso, as respondi.

“Se pelo menos me contar quem é, até posso pensar em ir.”

Logo, o anônimo respondeu de volta.

“Você me conhece, mas eu não posso dizer agora quem sou. Se não, você não virá.”

Decidida e irritada, me arrumei.

– Você vai? – Guga perguntou.

– Sim.

– Não vou brigar com você por essa burrada que você está prestes a fazer, mas pelo menos mantenha contato por mensagem comigo, por favor. Vai que acontece alguma coisa, não é?!

– Quanta negatividade... Pode deixar, mãe! – Sorri de lado.

Enquanto descia as escadas e tentava imaginar quem poderia ser o tal anônimo, percebi estar sendo seguida.

– Que foi? – Perguntei.

– Não posso mais te levar até o portão? – Gustavo respondeu dando aquele seu lindo e famoso sorriso de lado.

– Claro, Sr. Gentleman. – Coloquei apenas um lado do meu fone e quando chegamos até o portão ele se despediu dando-me um beijo na testa, acompanhado com suas mãos nas minhas bochechas rosadas de vergonha.

Sentia-me diferente antes e principalmente depois deste beijo, ele tornou as coisas bem mais difíceis agora. Sentia o calor do seu rosto quando se aproximava do meu, de quando aquele beijo aconteceu... Sentia sua respiração próxima da minha, e podia ouvir os batimentos de seu coração acelerado.

Coloquei o outro lado do fone, andando dei play pra começar logo a ouvir Rascal Flatts e acabei recebendo uma mensagem de Aline, que dizia:

“Palavras são nossa fonte inesgotável de magia, capaz de criar dores, mas também de amenizá-las.”

Ah, minha querida amiga tinha o dom de acertar nos conselhos...

Aquelas palavras caiam do céu como neve me fazendo decidir algumas coisas. Na verdade, começar a decidir a minha vida por completo.

E eu então começaria pelo anônimo, que poderia ser qualquer pessoa presente no meu dia-a-dia. Ou, poderia ser algum tarado que só quer se aproveitar de garotas da minha idade.

Minha vida estava começando...

Agora!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Críticas, elogios, se eu errei alguma palavra... é só me dizer! Obrigada por ler!



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