It started with a rabbit escrita por Ailyn


Capítulo 1
And ended with a rendezvous.


Notas iniciais do capítulo

O céu era azul, ele seria o herdeiro da companhia Hotsuin e Kuze Hibiki tinha a estranha habilidade de deixá-lo sem palavras. Esses, aparentemente, eram os fatos da vida de Yamato.



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Chapter 1 - And ended with a rendezvous.

Hotsuin Yamato acordou com um grito preso em sua garganta e com uma das mãos segurando seu celular tão firmemente que era uma surpresa o aparelho não ter quebrado.

Infelizmente, isso era algo que acontecia bastante.

Um gemido abafado escapou de sua garganta e pouco a pouco, Yamato sentiu seu coração parar de bater como se quisesse escapar de seu peito.

Encarou os números do relógio repousando ao lado de sua cama. Cinco e meia da manhã. Acordara uma hora mais cedo que seu despertador... De novo.

Levantou-se da cama e caminhou vagarosamente até o banheiro de seu apartamento, determinado a jogar um pouco de água no rosto para acordar de vez e seguir com seu dia.

Ao encarar sua reflexão no espelho acima da pia de seu banheiro, Yamato ignorou as olheiras que pareciam ficar maiores a cada dia, ele ignorou como sua face estava pálida e magra de um jeito que definitivamente não era saudável e ignorou como seus olhos pareciam cansados, sem vida.

Hotsuin Yamato era o herdeiro da corporação JP’s, umas das maiores, se não a maior companhia de eletrônicos em todo mundo. Ele era um Hotsuin, por isso não podia ser fraco. Ele era um Hotsuin, por isso não podia se deixar consumir pelo cansaço. Era ele, e não sua irmã gêmea, que iria herdar a companhia de sua família, ele que havia estudado tanto todos os dias para ser uma pessoa a altura, uma pessoa digna do nome Hotsuin.

Jogou água em seu rosto, escovou os dentes e tomou um rápido banho antes de ir para a cozinha e fazer seu café da manhã.

Hotsuin Yamato não era uma pessoa fraca.

XxXxXxX

Havia uma mancha de café na camisa de Yamato.

Ele provavelmente se importaria mais com isso se não tivesse um adolescente desconhecido deitado no chão de sua sala com vários cacos de vidro a sua volta.

Havia fragmentos de vidro perto de onde Yamato estava de pé também, mas esse vidro era da caneca que deixara cair. A caneca que, há alguns segundos atrás, ele estava calmamente bebendo café.

Hotsuin Yamato podia sinceramente dizer que essa era a primeira vez em anos que estava completamente sem palavras.

O adolescente parecia ter a mesma idade ou pelo menos, quase a mesma idade que Yamato. Ele tinha cabelos negros encaracolados, e seus grandes olhos azuis olhavam do buraco aonde a janela de seu apartamento costumava estar até Yamato com uma expressão sem jeito.

Yamato ainda não sabia o que dizer, então ele continuou encarando o estranho em seu apartamento com uma expressão neutra.

O adolescente soltou uma risadinha nervosa, e se sentou no chão de sua cozinha tomando cuidado para não se machucar nos cacos de vidro. Ele levou uma das mãos para trás de cabeça em algo que Yamato presumiu ser um gesto nervoso e disse:

– Aha, me desculpe pela sua janela. Foi meio que um acidente...

Yamato continuou encarando o adolescente sem dizer nada, e o outro pareceu ficar mais e mais nervoso com a falta de expressão em seu rosto. Percebeu os olhos azuis do jovem vagarem pela sua cozinha até que pararam no bacon com ovos que havia preparado mais cedo, ainda intocados, no topo de sua mesa.

Yamato podia admitir que nunca tinha visto a expressão no rosto de alguém mudar tão rápido antes.

– Aquilo ali é bacon com ovos? – O adolescente disse, sem desviar seus olhos do que era pra ser seu café da manhã.

Sentiu uma vontade irracional de dar uma risada incrédula porque claro que aquilo era um prato de bacon com ovos, o que mais podia ser? A vontade passou tão repentinamente quanto surgiu.

O adolescente parou de olhar para o seu café da manhã e o encarou com uma expressão de piedade.

– Eu não como nada desde o almoço de ontem. – O jovem disse. Não conseguiu entender porque diabos ele havia começado a falar de sua vida, Yamato definitivamente não havia perguntado. – E eu acabei de me mudar, então a minha geladeira está vazia. Poderia dar um pouco de comida para o seu novo vizinho? Por favor? Eu prometo que pago o concerto de sua janela.

Yamato sentiu um tique nervoso em um de seus olhos. Eram seis da manhã, fazia semanas (ou seriam meses?) desde a última vez que tivera uma boa noite de sono. E então, repentinamente, uma pessoa estranha invade seu apartamento pela janela de sua cozinha e começa a pedir sua comida.

Era uma situação totalmente surreal.

Parte de Yamato queria sentir raiva. Queria reclamar e perguntar quem diabos aquele adolescente pensava que era para entrar no apartamento dos outros sem mais nem menos pela porcaria da janela ao invés de usar a porta como uma pessoa normal. Queria discutir que era obrigação do adolescente pagar pelo estrago que ele havia feito e ele não tinha direito nenhum de demandar sua comida.

Então, ele olhou o jeito piedoso que o adolescente ainda estava lhe encarando e sua raiva foi embora. Soltou um longo suspiro e esfregou uma das mãos em seu rosto, tentando colocar seus pensamentos em ordem. Notou sua camisa suja de café e concluiu sem muito interesse de que teria que trocar de roupa.

O jovem ainda estava lhe encarando e em um futuro não muito distante, Yamato culparia seu cansaço e momentânea falta de sanidade pelas palavras que saíram de sua boca.

– ... Vá em frente.

O estranho piscou, sua boca se abrindo em um pequeno ‘o’. Yamato percebeu que era primeira que havia falado alguma coisa desde que... Bom, desde que o desconhecido havia invadido seu apartamento.

– Eu vou trocar de roupa. Você pode comer minha comida enquanto eu me troco. Depois que terminar de comer, espero que volte para sua própria casa e pague o concerto da minha janela o mais rápido possível.

O adolescente piscou mais uma vez, e uma série de expressões passaram por seu rosto. Conseguiu identificar algumas. Surpresa, confusão, felicidade e... Não tinha muita certeza de qual fora a última.

O estranho se levantou e evitou os cacos de vidro com facilidade, chegou perto de si e pegou em uma de suas mãos em um movimento inesperado, fazendo com que Yamato reflexivamente batesse nas mãos que haviam lhe tocado. O estranho não pareceu incomodado com a hostilidade de suas ações.

– Oh, obrigado, muito obrigado mesmo. Você é uma ótima pessoa! Eu estava achando que meu estômago iria se rebelar e começar a me digerir por dentro se eu não colocasse nenhuma comida dentro dele logo. Não se preocupe com a janela, eu vou chamar o pessoal do reparo assim que eu chegar em casa!

Depois disso, a atenção do adolescente deixou Yamato e se focou completamente no prato de bacon com ovos descansando na mesa da cozinha. Pegou os talheres que já estavam do lado do prato e começou a comer como se nunca tivesse visto comida antes.

Yamato não sabia se estava fascinado ou enojado com a cena. Ele também não tinha muita certeza se o adolescente estava se quer mastigando antes de engolir. No fim, ele decidiu que era melhor não saber.

Encarou a mão que o estranho havia tocado por alguns instantes e balançou a cabeça soltando um suspiro. Ele não tinha tempo pra isso, tinha se arrumar e se preparar para a escola. Com 17 anos, ele estava cursando seu último ano e após isso, herdaria a companhia de seus pais. Yamato ignorou a sensação desconfortável que surgiu em seu estômago após o pensamento.

Ele já estava acostumado a ignorar sensações e pensamentos inúteis, afinal.

XxXxXxX

Hibiki, Kuze Hibiki. Esse era o nome do adolescente que havia invadido seu apartamento e roubado seu café da manhã. Yamato tinha que certeza de que mesmo se alguém tentasse, não conseguiriam ter feito uma pior primeira impressão que o jovem. Sentiu uma leve sensação de nostalgia passar por si e franziu seu cenho. Tinha absoluta certeza de que nunca havia ouvido o nome Kuze Hibiki antes, então provavelmente estava imaginando coisas.

Encarou o pedaço de papel repousando na mesa da cozinha que continha uma breve mensagem escrita com uma caligrafia ligeiramente bagunçada:

Ahh, muito obrigado mesmo pela comida!

Aha, me desculpe, eu acho que acabei roubando seu café da manhã... Erm, sobre a janela, não se preocupe! Eu definitivamente vou arrumar um jeito de concertar ela assim que voltar pro meu apartamento.

Hm, acho que também vou ter que te compensar pelo café da manhã, afinal justo é justo.

Oh, e desculpe por estar sendo intrometido, mas é difícil não notar que suas olheiras tem olheiras, então eu recomendo leite morno antes de dormir, isso sempre me ajudou.

Ah, e mudando um pouco de assunto, meu nome é Hibiki! Kuze Hibiki. Prefiro que me chame de Hibiki, Kuze me faz lembrar do meu pai.

Ainda não sei seu nome, então vou te chamar de Branquinho até descobrir, ok? Blah, eu sei que seu cabelo tecnicamente é prateado, mas ‘Branquinho’ soa melhor que ‘Prateadinho’, heh.

Ta-ta~!

Yamato... Realmente não sabia o que fazer. A única coisa que passou pela sua cabeça era que se Kuze o chamasse de ‘Branquinho’ ele provavelmente teria que ser restringido antes que agredisse o outro.

Encarou o parágrafo sobre suas olheiras por alguns instantes, não tendo muita certeza sobre o que sentir. No fim, simplesmente balançou a cabeça e deixou o bilhete na mesa de sua cozinha, se continuasse perdendo tempo desse jeito acabaria chegando atrasado.

Quando finalmente chegou à escola, se perguntou brevemente porque não havia simplesmente amassado a nota e a jogado no lixo, mas no fim decidiu que não era importante.

Kuze iria pagar pelos reparos de sua janela e eles provavelmente nunca mais se falariam de novo, fim da história.

XxXxXxX

No dia seguinte, exatamente às seis da manhã, Yamato abriu a porta de seu apartamento e se encontrou com Kuze segurando uma bandeja de pudim e um sorriso travesso no rosto.

– Branquinho! Eu já falei com a equipe de reparos e eles avisaram que vão dar uma passada aqui mais tarde. Para desculpar os danos que eu causei ontem eu passei a noite toda fazendo pudim. Não sou um bom vizinho?

Yamato não sabia como uma pessoa podia deixa-lo sem palavras tantas vezes em menos de 48 horas, mas aparentemente, essa era a especialidade de Kuze Hibiki.

O céu era azul, ele seria o herdeiro da companhia Hotsuin e Kuze Hibiki tinha a estranha habilidade de deixá-lo sem palavras. Esses, aparentemente, eram os fatos da vida de Yamato.

Provavelmente deveria se sentir mais irritado com a situação.

Mesmo assim, teve que restringir o tique nervoso e a vontade de agredir seu novo vizinho quando ouviu o apelido horrendo que o outro havia inventado. Tinha que ser de propósito. Era impossível uma pessoa inventar um apelido tão repugnante quanto aquele por acidente. E jeito que Kuze estava sorrindo como o gato de Alice no país das maravilhas não estava ajudando.

XxXxXxX


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Notas finais do capítulo

Welp, essa fic não vai ser muito longa, no máximo uns 5~6 capítulos, ou menos.... Não faço a menor ideia se adiciono slash ou deixo só amizade mesmo... Meh, vou continuar escrevendo e ver o que acontece.Para os leitores de minha outra fic, não se preocupem que eu estou trabalhando no capítulo, só esta difícil dele sair, rs.



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