Audiolivro - Capítulo 4

IV

Nico

Não era de se admirar que o treinador não desse conta de tudo, principalmente quando se tratava de um ataque de centauros selvagens partidários de Gaia. Aquela noite foi realmente tranquila, depois de Reyna dar uma de pretora dando ordens, ela se acomodou perto da fogueira e dormiu, Nico estava aborrecido com ela, a olhou dormindo por um momento até balançar a cabeça tentando dispersar as ideias.

Deitou-se abaixo da estátua de frente para Reyna, ficou encarando ela por um tempo, até perceber quando ela havia dormido, seu rosto se suavizou, seu cabelo estava preso em uma trança frouxa com algumas mexas caindo em seu rosto, Nico sentiu uma vontade de ir até ela e tirar as mexas da frente de seus olhos, mas não o fez, ainda não intendia porque ela queria tanto protege-lo, mas duvidou que fosse por que gostasse dele.

Nico fechou os olhos, estava mais cansado do que queria admitir, duas viagens nas sombras em tão pouco tempo e com tanta gente para levar o consumira e aquela pequena demonstração de heroísmo não ajudara muito.

Dormiu profundamente esperando não ter nenhum sonho, mas não foi o que aconteceu, Nico sonhou com o Cupido, o deus do amor, que Nico tanto detestava, ele estava a sua frente com aquele sorriso repulsivo e com o arco nas mãos, mas não carregara com uma flecha, Nico percebeu que era por que ele já o havia acertando em seu braço, a flecha o atingira e desaparecera sem deixar marcas.

“Vou te dar uma segunda chance para o amor Sr. di Angelo, não a desperdice.”

E piscando para Nico ele alçou voou e desapareceu, Nico ainda gritou:

“O que você quer dizer com isso?!”

“Nico!!”

Ouviu o seu nome, mas não sabia da onde vinha, só sabia que gostava da voz que o pronunciava.

“Nico! Acorde! Estamos sendo atacados!”

Nico acordou com Reyna o sacudindo pelos ombros, ela o sacudiu tão forte que ele ficou desorientado.

“O que está acontecendo?”

“Estamos sendo atacados por centauros, levante-se e coloque as amarras.”

Nico se levantou e viu um bando de mais de seis centauros afugentando a Sra. O’Leary, ela tentava morde-los e até acertava alguns com sua cauda, o treinador Hedge estava montado em um centauro e batia violentamente na cabeça do coitado com seu bastão, Nico quase sentiu pena dele.

Os dois estavam distraindo os centauros para eles, Nico fez como Reyna mandou e amarrou-se a estátua, gritando para o treinador.

“Treinador, pule nas costas da Sra. O’Leary e vá com ela, Reyna...”
O centauro que estava com o treinador o arremessou pela praia e ele caiu a uns 20 metros de distancia, o centauro foi em direção à Reyna que muito habilmente se defendeu do seu golpe rolando no chão.

Enquanto isso a Sra. O’Leary deu um golpe forte nos outros e foi atrásdo treinador, Nico estava preso sem poder fazer nada, só pode gritar para Reyna.

“Reyna, corra venha logo.”

Reyna se levantou e o centauro foi pra cima dela de novo, ela chutou um pedaço de madeira da fogueira que atingiu os olhos dele, e começou a correr em direção a Nico que estava com a mão esticada o máximo que conseguia, os outros centauros já estavam recuperados da queda, Nico não viu a Sra. O’Leary em lugar nenhum, então deduziu que ela já havia ido com o treinador.

Nico olhou além de Reyna que corria em sua direção e percebeu o porquê dos centauros desistirem de persegui-los, eles estavam com arcos prontos para acertá-los, um deles mirou em Reyna que estava a alguns passos, ele atirou e a flecha vinha rápido, quando Reyna tocou os dedos de Nico sem muita firmeza ele fez as sombras os envolverem.

Tentou desesperadamente agarrar os dedos de Reyna, mas Nico não conseguiu e em algum momento ele a perdeu nas sombras, sua mão escorregou e ele a havia perdido.

Ficou parado por um momento na escuridão tentando sentir sua presença, mas não conseguia com aquela maldita estátua atrapalhando, resolveu sair das sombras, quando a luz do amanhecer o envolveu novamente Nico nem olhou onde estava, tirou as amarras da estátua, estava desesperado e perdendo as forças, tinha de achar Reyna, não poderia perde-la, não poderia deixa-la na escuridão e com esses pensamentos voltou para as sombras.