Audiolivro - Capítulo 25

XXV

Reyna

O real motivo de Reyna querer sobrevoar o acampamento, não era para ver os monstros os cercando, mas era para conseguir pensar livremente e relaxar. Reyna adorava voar, seus pensamentos ficavam mais claros nas alturas. Devia ser por isso que antes gostava tanto de Jason, pensou Reyna, ela o invejava, ele podia fazer o que ela mais amava. Voar.

Tinha estado triste desde que perdera seu pégaso, ele não era só um cavalo alado para Reyna, ela o amava. Mesmo assim, quando os gregos lhes ofereceram um pégaso, Reyna não pôde recusar, ela queria muito voar novamente, ter a sensação de leveza, de liberdade.

O estreito de Long Island era um ótimo lugar para um passeio, Reyna sentia o cheiro dos pinheiros e da água do mar. O vento vinha forte e tinha soltado o seu cabelo que estava voando em todas as direções.

De cima, as coisas pareciam mais fáceis, os problemas pareciam menores. O sol estava se pondo, devia ser umas 16:00. Reyna passou a primeira meia hora voando, pensando na guerra, suas estratégias, as armadilhas, tudo que era preciso fazer para sobreviverem, até Nico vier a sua mente, ele era um dos motivos de sua inquietação.

Respirando fundo, Reyna sabia que não poderia ficar lá pra sempre, tinha de voltar ao acampamento e com ele vinham os problemas, as ameaças de morte eminente e o desastre da vida amorosa de Reyna.

Dando meia volta com o pégaso, Reyna se aproximou do Acampamento, passou pela praia, pela cabana de Hedge que parecia abandonada, e quando chegava perto dos chalés, Reyna viu Nico sair andando do meio de um grupo de campistas, ele parecia irritado, pousando o pégaso perto daquele grupo, Reyna se aproximou e viu o que estava acontecendo.

Octavian estava no chão, sentado com a mão no rosto que sangrava muito, Dakota ria ao mesmo tempo que tentava levanta-lo, alguns dos outros não sabiam se riam ou se ajudavam, Reyna se aproximou.

“O que está acontecendo?

Octavian a olhou com raiva e se levantou.

“Isso é um absurdo! Ele tem de pagar pelo que fez!”

A frase saiu meio abafada devido ao fato de Octavian ainda estar com a mão no nariz para impedir o sangramento.

“Quem fez isso?”

“Hora, aquele maldito filho de Plutão!”

“Hades, tecnicamente.”

Dakota corrigiu Octavian, que o fuzilou com os olhos.

“Nico fez isso?”

Voltando sua atenção para Reyna, Octavian continuou.

“Já chama ele pelo nome? O que aconteceu com a nossa pretora! Oh deuses estamos perdidos!”

Octavian fez uma cena erguendo as mãos para o céu. Reyna notou um amontoado de enchimento no chão e a cabeça decepada de um urso de pelúcia, então Octavian realmente andava com ursinhos debaixo das roupas? Reyna esboçou um pequeno sorriso.

“Já chega, vá para a enfermaria, depois você terá o direito de acusar quem quiser. Dakota, garanta que ele chegará bem.”

“Sim, senhora. Aliás Nico estava te procurando.”

Reyna não esperou a segunda explosão de Octavian, saiu andando antes disso, queria falar com Nico e sabia onde ele estava. Passando pelos chalés, Reyna encontrou a porta que procurava e entrou.

Quando entrou no chalé de Hades e fechou a porta, Reyna encontrou um Nico sem camisa de costas para ela, deveria ter batido antes de entrar, pensou Reyna. Antes que pudesse se virar para ir embora, Nico virou-se e a encarou.

Ficou ali parado por um tempo antes de dizer algo a Reyna, até que se recuperou do susto e disse.

“Eu estava te procurando, preciso falar com você... sobre o meu plano do sono de morte.”

Reyna não sabia o porquê, mas queria que ele dissesse algo diferente, Reyna sabia bem o que era. Tentando ignorar o fato de Nico ainda estar sem camisa, pareceu que ele ainda não havia notado isso, Reyna tentou dizer tranquilamente.

“Oh, sim, o que... seria?”

Os olhos de Reyna abaixaram por um segundo para o peito nu de Nico, ele seguiu o olhar e pareceu se tocar de que estava sem camisa, Reyna percebeu que o estava analisando, nunca imaginara Nico sem camisa, mas não era uma visão ruim. Bem ele era muito magro, mas tinha os músculos definidos e um belo abdômen, Nico se virou em direção à cama e pegou outra camiseta preta.

“Desculpe, é que eu tinha sujado a outra.”

Reyna lembrou da cena que vira, será realmente que Nico batera em Octavian?

“Octavian. Ele disse que você bateu nele.”

Nico deu de ombros.

“Desculpe por isso, mas não me arrependo.”

“Espero mesmo que não, sabe quantos anos eu quero fazer isso?”

Nico sorriu.

“Imagino.”

Sentando em sua cama, Nico indicou para Reyna fazer o mesmo, ela sentou um pouco afastada dele.

“Então, depois do ultimo ataque que tivemos, eu percebi que os chalés não serão seguros, preciso de outro lugar para deixar o meu corpo.”

Reyna lembrou de quando Nico salvou aquele garoto, Nico havia desmaiado depois de fazer muito esforço. Reyna pensou em quanto ele poderia aguentar, Reyna não sabia nem o quanto ela poderia aguentar.

“Certo, temos de achar uma solução então. Precisamos pensar, restam quatro dias, o tempo está se esgotando.”
Com um suspiro Nico concluiu sem olhar para Reyna.

“Eu sei.”