Audiolivro - Capítulo 16

XVI

Nico

O acampamento finalmente tinha se acalmado, Nico via as patrulhas rondarem pelo perímetro, enquanto acompanhava o treinador que os guiava a frente. Hedge estava feliz demais para perceber o clima estranho entre Nico e Reyna.

Os dois andavam atrás do treinador em silêncio absoluto, Reyna estava séria novamente depois do abraço em trio e agora Nico estava perdido em seus próprios devaneios. Eles seguiam em direção à praia, quando chegaram lá, Nico teve uma boa visão das rachaduras, o que era estranho é que a rachadura cortava a água, numa meia lua, no estreito de Long Island, mas parecia que a barreira não deixara a água escoar e secar o estreito, pois Nico notou que a praia em si estava intacta.

Eles caminharam beirando as árvores até chegarem ao que pareceu uma pequena cabana feita de folhas e flores.

“Bem, aqui estamos.”

Hedge parou e levantou a cortina de relva que tinha na frente da porta para Nico e Reyna passarem, Nico estava na frente, mas deu passagem para Reyna ir primeiro. Assim que entraram no lugar, viram o quanto era aconchegante, como um lar deveria ser.

Numa pequena cama estava sentada uma mulher que parecia ser feita de matéria gasosa como uma nuvem, ela era muito bonita, suas roupas flutuavam ao seu redor, ela parecia estar radiante. Olhou com olhos grandes para Nico e Reyna.

“Meu amor, gostaria de lhe apresentar os semideuses Nico e Reyna. Nico e Reyna, está é minha esposa Mellie”

Reyna fez uma pequena reverencia.

“É um prazer conhece-la. Meus parabéns pelo bebê.”

Nico ficou meio desconfortável quando a bela ninfa o olhou animada.

“Oi. Parabéns.”

“É um prazer conhece-los também.”

Assim que Mellie os cumprimentou, o treinador Hedge foi até ela e lhe deu um beijo, Nico e Reyna ficaram tensos sem saber para onde olhar, olharam para tudo, menos para o casal apaixonado e um ao outro. Hedge se afastou e sentou na cama, indicou para Reyna e Nico sentarem num banquinho feito de galhos, era para duas pessoas, mas era muito pequeno, os dois ficaram muito próximos um do outro, o ombro de Reyna escostado no de Nico que estava tendo calafrios.

“Ok, garotos, agora é a hora de nomear o pequeno.”

Ao lado da cama, tinha um pequeno cesto, o treinador foi até ele e tirou um emaranhado de tecidos, Nico, viu o rosto do bebê dormindo quando o treinador o descobriu. Parecia exatamente com um bebê humano, mas era bem miúdo, com cabelos cor de madeira, pele bronzeada e bochechas rosadas e devia ter a parte inferior de um bode, era um bebê muito bonito e fofo, pensou Nico, que não conseguia imaginar que um dia o treinador fora assim.

Se aproximando de Reyna, o treinador Hedge ofereceu o bebê para ela segurar.

“Segure-o Reyna. Tome cuidado, por favor.”

Reyna ficou tensa, pegou o bebê como se ele fosse uma bomba atômica, pronta para explodir no mínimo movimento. Nico olhou para Reyna enquanto ela aninhava o pequeno bebê no seu braço esquerdo, deixando o direito livre para acariciar suas bochechas. Logo a tensão passou e Nico viu o rosto de Reyna se iluminar enquanto ela acariciava as bochechas do bebê.

Mellie se aproximou flutuando e sussurrou tão baixinho perto da cabeça do bebê que Nico quase não ouviu.

“Eu te nomeio, Anemone, que significa vento forte, como eu e seu pai.”

Assim que ela disse essas palavras o bebê acordou e se remexeu sorrindo no colo de Reyna, ele segurava feliz a mão dela com sua pequena mãozinha direita, Nico não resistiu e começou a brincar com o bebê também, segurando sua mão esquerda, de repente o bebê apertou forte suas mãos e não soltou, ele olhou pensativo para Nico e Reyna, depois começou a dar gargalhadas.

Colocando as mãozinhas no rosto, o bebê começou a esfregar os olhos, mas com as duas mãos? Nico estranhou, pois ainda sentia segurar algo em sua mão, olhou para baixo e percebeu que sua mão estava entrelaçada com a de Reyna, que também acabara de notar isto, como isso aconteceu? Nico não entendeu.

Os dois se olharam e soltaram suas mãos, Hedge e Mellie também se olharam.

“Oh, querida, já está tarde, ele deve dormir, venha me ajudar a coloca-lo no berço.”

Mellie puxou Reyna gentilmente, Hedge cruzou os braços na frente de Nico.

“O que foi? Fiz algo de errado?”

Nico perguntou.

“Não, ainda. Veja di Angelo, algo mudou em você, não sinto mais aquele cheiro de morte.”

Nico ficou espantado com a declaração.

“O que quer dizer?”

“Quer dizer que algo realmente bom aconteceu com você garoto.

Meu conselho. Não a deixe escapar.”

Hedge piscou para Nico, que ficou sério de repente.

“Acho que o senhor se enganou.”

“Uh, eu posso até estar enganado, mas um bebê sátiro nunca erra e este meu garoto, tem certeza sobre vocês dois, ele uniu suas mãos não foi? E vocês nem notaram.”

Hedge sorriu dando batidinhas no ombro de Nico, que nem de perto se animou com o que ouviu, ele olhou desolado a frente e viu Reyna ainda embalando o pequeno Anemone, que agora estava dormindo, ela estava com uma expressão tranquila e feliz. Aquela visão provocou algo em Nico que ele não sabia dizer o que, devia ter feito alguma careta, pois o treinador continuou.

“Não se preocupe, vocês tem tempo, no final tudo dará certo, você vai ver.”

Não era essa a sensação que Nico tinha em seu estomago, mas sim totalmente o oposto.

Eles não teriam tempo.

Não daria nada certo.