A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 34
Capítulo 34 - Hazel Trigwell


Notas iniciais do capítulo

POV da Hazel, seguido das entrevistas! Nem posso acreditar, o próximo capítulo já é a arena. Uma dica: ela fracassou nos Jogos, segundo Katniss, mas tentarei fazer um sucesso.
E aí, por falar na arena, mandem quatro tributos que vocês acham que deve morrer na cornucópia por MENSAGEM PRIVADA. Mandem assim: #1 - nome dos tributos. Ah, e antes que esqueça, este capítulo é dedicado para a Yaah Di Angelo, que recomendou a fic! Obrigado, Yaah! Continuem comentando, favoritando e recomendando.



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Abro os olhos, sem ter ideia de que horas são. Hoje não tenho preocupação, a noite ocorrerá as entrevistas. Desesperados em busca de patrocinadores, fazendo de tudo para chamar a atenção.

Não terei nenhum atrativo, a não ser minha inocência. Tirei a nota mais baixa dentre os vinte e quatro, e não estou abatida. Esta nota não significa nada. É claro, que acidentalmente formei uma tática, descobrindo uma fonte de patrocínio: a dó.

É, isso já funcionou e geralmente funciona com jovens de doze anos, parecidos com a menina que me voluntariei, ou com Marcus. Ambos são fracos, e talvez eu seja uma fraca, mas não cairei tão cedo. Não posso.

Se eu conseguir dádivas, sei como sobreviver com elas. Sem falar que conforme o tempo passa, o que vale uma farta refeição no início, equivale a biscoitos no final. Mas o que estou dizendo? Não voltarei pra casa... mas eu gostaria.

Afundei o rosto no travesseiro, tentando ignorar meus pensamentos. Alguém bate na porta, e eu quase solto um "cai fora", mas sou obrigada a engasgar e permitir a entrada. Olivius entra, gingando até minha cama e dizendo com seu sotaque:

– Hazel, querida, levante-se! Tome o banho, demore o quanto quiser, apenas esteja pronta para o tempinho que teremos...!

Ah, não!, penso. A última coisa no mundo que eu quero é passar horas com Olivius e depois com Jameson. Nada contra eles, mas a vontade que tenho é de dormir e não aprender a falar sibilando e sorrir o tempo todo. E Olivius... bem, ele ganhou os Jogos se escondendo. Ele não é a pessoa mais inteligente, até eu sou mais do que ele.

– Claro... - respondi e voltei a afundar o rosto no estofo do travesseiro.

Passam-se quinze ou mais minutos para eu ter um pouco de vontade de me levantar. Essa preguiça foi adquirida aqui na Capital. No Distrito 10 eu costumo acordar cedo para trabalhar com as carnes ou buscar condimentos. Acho justo o que estou fazendo, afinal, amanhã de manhã estarei me preparando para meu abate.

Deito na banheira, ainda sonolenta. Jatos quentes e relaxantes acertam meu corpo. Bolhas são formadas abaixo de mim, fazendo que esteja no ápice da tranquilidade. Fico tanto tempo na banheira que me obrigam a sair.

Puxei um conjunto de vestes amarelas e fui tomar o café. Apenas me servi com suco de frutas e um pedaço de bolo. Estou mais do que satisfeita. Sinceramente, a ideia de que amanhã estarei na arena é avassaladora e constante. Apenas quando Olivius me puxa de volta a meu quarto, volto a si.

– Então, querida - ele começa - vamos mostrar toda sua vaidade.

Logo sou obrigada a andar em saltos enormes, aprender a falar, sorrir, contar piadas e expressões usadas na Capital. Se estivesse com boa vontade para isso, poderia ser uma cidadã daqui. Mas isso é tão repugnante que começo a rir.

– O público te ama, entende? - diz Olivius. - Eles acham que você é uma garotinha frágil, que quer voltar para casa, só está aqui porque salvou outra garotinha... enfim, é o que você é?

– O público não me ama e ninguém me quer como aliada, ou me patrocinar - digo, forçando meus olhos a lubrificarem.

E isso foi um bom motivo para ela me dispensar mais cedo. Marcus está inexpressivo, e apenas rio para ele. Espero que entenda como algo amigável, porque quero mostrar, na verdade que ele vai sofrer nas mãos de Olivius.

Jameson troca com o representante, e ficamos treinando o que falar por horas e horas até que chegamos no auge.

– Perfeito - ele diz - quero que diga isto e irá chover patrocinadores em você.

E agora sou entregue a minha equipe de preparação. Meu cabelo cor de palha está transformado. Eles ajeitam perfeitamente, embora deixa-os soltos. Minhas sardas não são muito cobertas e estou coberta de maquiagem. Isso dura um bom tempo até eu perceber que as entrevistas já começaram.

A garota do 1 entra em seu vestido adornado de pedras preciosas. Um vestido curto a deixa sexy, e o seu penteado e maquiagem melhoram sua imagem.

– Então, Charlotte, além de habilidosa é linda, não? - pergunta Caesar, passando os olhos pelo vestido da garota.

– Oh, Caesar - ela finge corar - os Jogos não são uma competição de beleza, mas se tiver uma oportunidade, quero mostrar.

Nada diferente do seu companheiro do 1. Belo em um terno branco, com camisa azul, calça e sapatos combinando.

– Viktor! Quanta ousadia a sua... é tão habilidoso e forte... será que você leva essa?

– Claro que tentarei, Caesar. E se meus esforços não forem suficientes, eu darei além de mim - ele diz. Todos aplaudem e Caesar praticamente reverencia ele.

Logo, entra a menina do 2. Vestido branco com detalhes vermelhos. Seu jeito sensual, assassino e simpático.

– Chloe, Chloe... minha querida. Você não foi bem, você foi um patamar superior a isso! Você tirou um ONZE! Como se sente em relação a isso?

– Desde o início eu sabia que eles iam amar minha apresentação - ela olha para cima, onde os Idealizadores estavam - não é?

– Claro que sim! - eles respondem em coro.

Mais aplausos seguem e a garota parece ter mais modos do que eu pensei que podia aprender. Entra então, o menino.

– Isaac, Isaac, filho de um vitorioso! Me diga, qual foi a emoção de ir tão bem na avaliação e... cá entre nós, têm pessoas orgulhosas lá no Distrito Dois, não? - a plateia vibra.

– Orgulhosos? Ainda não é nada. - Ele vira para a câmera. Seu olhar é sanguinário e bom - Quando eu vencer os Jogos Vorazes, vocês saberão o que é orgulho, honra. - Sinto que ele tem muitos patrocinadores, e seu ego impressiona. Preciso matá-lo.

Entra o Distrito 3.

O garoto procede a entrevista. Num terno cinza, gravata azul. Está esbelto, e frágil. O seu jeito é diferente, mais uma ameaça.

– Clevence, você tirou um doze nas avaliações! Acha que tem chances?

– Caesar, eu não queria estar aqui, para ser sincero. Tenho vontade de voltar pra casa, tenho sonhos a prosseguir...

– Sonhos?

– É, quero ser escritor...

– Ah, você poderia recitar uma... - o gongo soa - Oh! - Caesar puxa um coro - o nosso tempo acabou, mas toda sorte do mundo para você.

De alguma maneira eles tiraram 12. Todos, até minha equipe, param para observá-los. Primeiro a menina. E ela arrasa. Um vestido branco, que parece cinza, sem alça. Maquiagem bem elaborada, salto preto e dourado, menor do que os de Olivius. Ela não sorri.

– Crystal, como se sente em tirar uma nota doze?

– O que eu sinto de verdade? Bem... é raiva. Isso tudo é injusto, e eu preciso voltar pra casa, custe o que custar. Mesmo que eu tenha de tomar atitudes displicentes para ganhar, farei. Porque eu já estou toda ferrada!

Uhh, ela faz meu tipo. Poderíamos fazer uma aliança, mas não sei se daria certo. Fogo com fogo só gera um incêndio, e eu estou desempenhando uma menina fraca.

O clima alivia com a entrada da garota do 4. Num vestido longo e justo até sua cintura. Lembra sereias, se não fosse pela saia.

– Brianah, mas que bela é! O que achou da Capital?

– A Capital é um dos lugares mais lindos em que eu já estive, quero dizer, se comparado com as praias, é o lugar mais lindo! Amo a Capital! Os Jogos foram a melhor oportunidade que tive. - E a multidão cai em seus pés.

O garoto do 4 aparece em um terno azul. Sua camisa está aberta, com colares a mostra. A plateia delira com o físico esbelto do garoto. Mas deveriam se enojar com suas cicatrizes. Só de vê-las, sinto os pelos de minha nuca erguerem.

– Então, Beete, tem um nome de vencedor, e o que acha dos Jogos?

– Sim, tenho o nome de um vencedor, e nomes podem se repetir na história dos Jogos - ele sorri.

Continuo arrepiada até a entrada da garota ruiva do 5. Ela está belíssima em seu vestido rosa, bem delicada. Salto prata. Outra que tirou 12.

– E mais um tributo que tirou doze aqui... que orgulho! E para você, como se sente?

– Me sinto lisonjeada em tirar nota alta. Sei que notas só valem quando não são baixas e tive esse privilégio. - Diz ela, simpática.

Entra seu companheiro. O cara das armadilhas. No seu terno azul, vacilante e desleixado, pronto para "armar mais um truque".

– Phillipe, meu jovem. Você é um rapaz tão sadio, habilidoso e... mestre das armadilhas? Me conte mais.

– Não sou um mestre, se estão me tratando assim, creio que levo vantagem neste quesito. - Ele sorri. Todos aplaudem sua determinação e sinceridade.

Entra a garota do 6. Uma simples e bela garota, mas num vestido... diferente. Parte do seu seio está coberto por uma seda cor de sua pele, e o vestido transversal preto dá a impressão que esteja com parte a mostra. Mas sua ousadia agita o público.

– Então, Kiara, temos que agradecer a você por nossos trens? - ele solta uma risada junto de todos na plateia.

– É claro, Caesar, podemos dar uma volta depois dos Jogos, não? - Confiança. Assim posso caracterizá-la.

Finalmente terminam de me ajeitar, e me deixam seminua. Fiquei deslumbrando o trabalho por tanto tempo que perco a entrevista do garoto do 6. Mas não importa. Já, já é minha vez.

A garota do 7 entrou em seu vestido cor de madeira. Não parece tão destemida quanto os outros, e isso me favorece.

– Flury, amei seu nome!

– Obrigada.

– Então, ansiosa para os Jogos?

– Não estou pronta para matar ninguém, Caesar, mas se isso me faz voltar para casa e rever minha filha...

– Ah, sua filha? Mande um abraço.

– Celly... eu te amo. Nos vemos depois... - Isso comove a todos. Caesar puxa um lenço e seca suas lágrimas. Grande estratégia, Flury...

O seu companheiro entra num terno marrom, mais forte. Simpático, ele começa a contar piadas, que me fazem rir, admito. Ele é bom nisso, mas não consegue matar ninguém assim.

Entra o Distrito 8, a menina num top curto amarelo dourado que mostra uma pequena parte de sua barriga e uma saia longa também dourada e volumosa cheia de babados e com pequena pedrinhas de diamante que brilham quando encontram a luz. Está usando luvas de dedo amarelo pastel, seu cabelo está solto formando belos cachos e com uma fina tiara prata. Sua maquiagem é clara destacando apenas os olhos com brilho.

– Skylar, que deslumbrante... o que está achando da Capital?

– É legal, as coisas são diferentes... como as ameixas.

– Realmente, nossas ameixas são uma delícia - ele coloca a mão na barriga e todos riem.

Perco final de sua entrevista e início do garoto, pois meu estilista cobre-me com um vestido cor de carne. Ele realça meus seios e eu pareço uma menina inocente de quatorze anos. É, esta é minha tática.

– Kelúx, Kelúx... você se vê como um favorito?

– Bem, não sou eu que tenho que ver esse tipo de coisa e sim os apostadores... - e todos riem. Percebo que está usando um terno de tecido preto e brilhante, seus cabelos foram penteados para ficar de forma rebelde e descontraída.

– Depois dessa aí, vamos descer... - fico apreensiva. A garota do 9 está sendo entrevistada. Introduzida num vestido preto e ousado, cheio de decotes, com intuito de atrair patrocinadores e a atenção da plateia, presumo.

– Oh, Caesar, o que você fez com seu cabelo? Parece que jogaram algum líquido radioativo do Distrito Cinco neles, mas adorei. - É impressionante sua ironia.

Antes mesmo de concluir a entrevista, sou puxada e, as pressas, sou posicionada aos outros tributos. Marcus está num terno vermelho da mesma tonalidade, e o garoto do 9 já foi até me chamarem.

Estou caminhando lentamente, mordendo as bochechas, cumprimentando Caesar e me sentando ao seu lado.

– Hazel, é realmente uma pena o que stá havendo com você nos Jogos... uma garota tão saudável... o que houve?

– Eu não queria estar aqui. Me forcei a vir aqui por causa daquela garotinha, se alguma vida vale mais, esta é a dela... - digo, fingindo um choro. Percebo a comoção de longe.

Minha entrevista é melancólica, apenas justificando porque estou tão mal e por último na disputa. Quando saio, tenho de ficar numa poltrona, no mesmo lugar por onde entrei, secando as lágrimas. Tomando calmantes, que me farão mal no fim das contas. Não é uma missão fácil, mas me esforço.

Entrou a Mirtily, do 11, que nem reparei na entrevista de Marcus.

– Mirtily, sabemos que você tem uma irmã lá no Distrito Onze, doente e esperando por você, mande um recado.

– Irmã... espere por mim, eu prometo que tentarei voltar, por você, Luck. - Mas ela não chora. É tão sólida quanto uma rocha.

Jameson se aproxima de mim. Tento forçar o choro novamente.

– Então, Hazel, já está melhor?

– S-sim...

– Não sei como, mas tem gente querendo patrocinar você... - ele diz e eu mantenho sem expressões.

– Ainda bem, mas acho que vou morrer antes de ganhar dádivas...

– Talvez... - e a chamada da garota do 12 me chama a atenção. Num vestido preto, muito belo, com decorativos esfumaçados.

– Leven, Leven... soube que você e Dimitrius tem uma boa relação, não? O que tem para falar disso, da abertura, da sua nota...

– Dimitrius e eu somos amigos... só que grandes amigos que foram unidos pelos Jogos. Fomos bem na abertura, e esperamos que um de nós voltemos...

– Espero que sim, seria ótimo.

Difícil, creio eu. Amigos nos Jogos Vorazes é inexistente, não passa de estratégia, eu acho.

Logo após a garota, Dimitrius, o garoto atarracado e relativamente belo entra. Num formidável terno com detalhes em laranja, ele é um cidadão fidedigno do Distrito 12.

– Dimitrius, meu caro, mas que surpresa... está seguindo os passos de seu mentor? - a câmera corta para o homem barrigudo, que é o mentor deles. Ele é um bêbado e nojento, por isso eles vaiam.

– Em termos de vencer, sim. - Eles riem.

E assim termina as entrevistas. Tanto faz, por mais que tenham sido simpáticos, bonitos, sexys ou melancólicos, está não é a verdadeira face dos tributos.

Amanhã estarão uns contra os outros, no início da carnificina.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem! Lembrando que esta é a visão da Hazel. E é amanhã, galera... ou sábado, hehe.



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