A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 33
Capítulo 33 - Crystal Gottarge


Notas iniciais do capítulo

Agora um pov da Crystal! E claro, junto das notas, não contestem, o que vale é na arena. Quem vocês querem pro próximo pov? Comente, recomendem e favoritem! Boa leitura. :)



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Finalmente abro os olhos. Minha cabeça lateja, como se alguém estivesse pregando na minha têmpora. Estranhamente me encontro no mesmo quarto que dormi estas últimas noites, é o terceiro andar do hotel.

Olhei para a janela, e não há o esbelto pôr do sol que confecciona a frívola e artificial Capital. Debaixo de uma coberta feito de ceda, percebo que estou apenas com as roupas de baixo. Seja lá o que aconteceu nessas últimas horas, tenho sorte de estar viva e prestigiar as ruas da cidade, que neste momento se encontram vazias, ansiosos pelas notas, que serão transmitidas logo, logo.

As notas! Será que Fan, Beetee e Clevence sabem o que aconteceu comigo? É claro que sim, afinal, um par de pacificadores me trouxeram aqui, o que se espera é que tenham contado a eles.

Sinto um leve desconforto no meu corpo, no momento que recordo do que aconteceu na avaliação. Os risos, meu ataque selvagem contra o pacificador que fazia seu turno. Estava tão raivosa naquele momento que agi irracionalmente. Começo a chorar, pensando na hipótese de que tirei a nota mais baixa dentre os vinte e quatro! E isso só pode significar uma coisa: as chances de voltar para casa decaem para quase zero, ninguém vai querer me patrocinar.

Alguém bate na porta. Quero mandar ir embora, mas institivamente convido a pessoa a entrar. Prevenida, puxei o cobertor até o queixo. Minhas expectativas se vão, quando uma garota loira, a do jantar, a Avox entra no quarto e me vê neste estado. Ela arregala seus olhos azuis perolados e ensaia uma saída. Não permito e grito com ela, e não há objeções.

Então começo a contar o que aconteceu no ginásio. E ela ouve como uma melhor amiga, ou uma mãe ouviria, presumo. Obviamente tem de ser assim, ela é uma Avox, sua língua foi dilacerada como punição.

– O que está acontecendo comigo? O que eles fizeram? - pergunto, com a sensação de desolamento.

A Avox une a palma das mãos, com os dedos estirados e apoia-os contra sua bochecha rosada e fecha os olhos. Solto um risinho, mas cesso com a ideia de que ela jamais falará outra vez. Depois ela utiliza seu dedo indicador e o espeta lentamente em seu antebraço. Fui sedada, morfina, como pensei.

– Eles vão me punir? Me matar? - continuo questionando. Ela balança a cabeça em negação. Executar um tributo antes de entrar na arena é impensável. - O que será que eles podem fazer comigo?

Como resposta, ela bate dois dedos nos lábios e coloca-os no meu peito. É, talvez eu vire uma Avox, como ela. É relativamente impossível, mas não descarto a possibilidade. Seguro sua mão, e uma lágrima lubrifica seus olhos. Há quanto tempo será que ela não recebe qualquer tipo de afeto? Ser tratada como empregada todos os anos pelos tributos, servindo a Capital, sem poder contestar.

Fan bate na minha porta, pedindo para que eu vá jantar e decido que talvez seja melhor eu ir. A Avox ajuda a me vestir e a lavar meu rosto. Por fim, prefiro deixar os cabelos soltos. Se eles não souberem o que aconteceu na avaliação, não poderei esconder para sempre.

Todos estão a minha espera à mesa. Os placares serão apresentados hoje, daqui a pouco e não queria a presença dos estilistas. O fato de estar estragando o sucesso que tivemos na abertura é cruel demais.

A conversa é encerrada quando eu me junto a eles. Clevence permanece quieto desde antes, e isso me desperta a curiosidade de saber o que ele apresentou. Apenas quando o prato principal está sendo servido, Beetee arrisca algumas palavras:

– Então, o que deu em vocês?

Ninguém fala nada, apenas remexo a comida com o garfo, deprimida.

– Hein? - aperta ele.

– Eu não sei... eles começaram a rir de mim... e... - começo.

– É injusto. - Pondera Clevence. - Tudo isso é injusto.

Beetee ajeita seus óculos, empurrando-os da ponta do nariz, como quem esteja pensando. Então ele abre um sorriso.

– Muito engraçado - diz Fan com seu sotaque - caso vocês não saibam, estão se prejudicando e a sua equipe!

– Mas isso não muda o fato de que os Jogos sejam injustos - prossegue nosso mentor. - Os Jogos podem ser desfeitos também - ele sorri maliciosamente.

Não entendi o que ele quis dizer, e nem irei entender tão cedo. Voltamos a refeição, esquecendo por momentos dos placares, porque logo após o jantar vamos para a sala assistir.

Caesar Flickerman aparece com seu cabelo cor-de -limão. Primeiro a foto dos tributos e em seguida começa a piscar uma nota sobre o seu rosto. Minhas unhas já estão menores que precisam para a entrevista. E então começa.

– Como de costume, começamos pelo Distrito Um. Viktor, com uma nota dez!

É normal carreiristas tirarem notas entre 8 e 11, já que eles têm um treinamento "ilícito" antes da colheita.

– Ainda do Distrito Um, Charlotte, também com nota dez!

– Do Distrito Dois, Isaac, com nota nove!

– Também do Distrito Dois, Chloe, com nota... onze!

Isso é algo surpreendente, porém não inédito. Agora é nossa vez, e aguardo um dois ou três, mas para nossa surpresa e de toda Panem, somos o primeiro par de tributos do 3 a tirar doze.

Doze!

Mal tenho tempo para sair da perplexidade, e minha equipe me dá tapinhas nas costas. Seguro a mão de Clevence, enquanto continuo com os olhos na tela.

– Do Distrito Quatro, Beete, com nota nove! E também do Quatro, Brianah, com nota oito!

– Do Distrito Cinco, Phillipe com nota oito! Lara, com nota onze!

Parpo para debater as notas altas e esqueço-me do garoto do 6. Volto a atenção para a menina.

– Kiara, com nota... oito!

– Distrito Sete... Jonathan, com nota nove! Flury com nota sete.

– Distrito Oito, Kelúx, com nota seis... Skylar, com nota oito.

– Distrito Nove... Ariane, com nota sete!

– Distrito Dez... Hazel - Caesar ri. - Com nota... três!

– Distrito Onze, Lanckster, com nota oito! Mirtily... com nota seis!

– E por último e não menos importante...

Rio, pensando que agora é o 12.

– Dimitrius, com nota... onze! Leven, com nota nove... Bem, estes são os placares dos tributos deste ano, nos vemos mais tarde!

A imagem escurece, e agora estou no êxtase total, podendo comemorar de verdade a maior nota desta edição. Mas há um problema: com tantas notas altas, será difícil mandar dádivas somente para nós.

E o que mais me intriga: como nós e outros tributos tiramos notas tão altas? Fui rebelde, se não estivéssemos nos Jogos, morreria por qualquer ato. E o que Clevence fez? Uma ideia predomina minha mente.

Tudo pode ter sido um plano da Capital.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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