A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 16
Capítulo 16 - Distrito Onze - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Sem mais delongas, o último tributo - lembrando que ainda tem muito mais a revelar. Comentem quem vocês querem POV. Mas o próximo capítulo que escreverei não será com tributo, então, vocês têm tempo!



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Lanckster Castelar

Hoje não é o melhor dia para eles irem para a escola. Eles dividem a mesma cama. O medo atormentando os seus pesadelos. Isso acontece comigo toda noite.

Hoje eu não trabalho, e mais cedo ganhei uma cesta com morangos. Deixei para meus pais, que tiveram um café-da-manhã um pouco mais digno. Não sou o chefe da família, mas trabalho na averiguação dos frutos em apodrecimento.

O Distrito 11 está quieto hoje, todos unidos. É dia da colheita, duas famílias estarão de persianas abaixadas, amargando as próximas semanas. Que não seja a minha. E se for, voltarei.

Foster discute comigo a injustiça dos Jogos, eu não consigo ouvir o mesmo discurso todos os anos, mas ele tem razão.

– Se eu for selecionado, irei fazer com que eles tenham de me matar. - Ele diz.

Eu daria minha vida por ele, e acho que faria o mesmo por mim. Acho que ele as vezes extrapola nas tolices, como pensar em ser selecionado. Meu nome está lá vinte vezes, e tenho dezesseis anos. Tudo para alimentar as bocas lá em casa.

Em casa, meus irmãos assistem a entrevista de Sêneca Crane. Eu os ignoro por completo e vou me lavar. Lavo os cabelos negros. Minha pele também é negra, assim como a dos meus pais. Sofremos muito com a insolação.

Vesti a camisa branca e calça marrom. Desci as escadas, com o estômago tecnicamente cheio de frutinhas que comi perto do pomar com Foster. Vamos nos ver daqui a pouco, como combinado.

Susane e Jeremias também estão bem ajeitados. Me aproximo deles.

– Como vão vocês? - pergunto.

– Sem sorte - responde o garoto. - Meu nome está lá treze vezes.

– O meu sete - diz Susane.

– Vocês não vão ser escolhidos, fiquem tranquilos - digo.

– Exatamente, meninos, ouçam seu irmão - diz meu pai.

– Preciso sair, vou mais cedo.

– Faltam meia hora ainda...

– Preciso ver Foster.

Meu pai faz uma careta mas não discute. Saio de casa e nos encontramos perto da praça.

– E aí, Foster, pronto? - indago ao vê-lo.

– Pronto para festejar hoje a noite - ele diz.

– Realmente, se você for eu viro voluntário.

– Pare de ser burro, tem irmãos, eu só tenho meus pais. Se eu for escolhido, não se voluntarie...

– ... a mesma coisa pra você.

– Certo, então tá prometido - então apertamos as mãos e seguimos para a praça, onde fazemos a inscrição. Temos a mesma idade, 16, e ficamos juntos dos demais meninos do Distrito.

A praça foi se enchendo, até enxergar meus irmãos de longe. Chaff, o mentor aparece, seguido de Rain, a representante e o prefeito do Distrito 11.

– Bem-vindos, jovens, depois deste vídeo teremos a escolha de nossos tributos!

O filme começa, traição, glória, poder, riqueza. É isso que a Capital vê e presencia. Nós damos duro para conquistar os frutos nos pomares, sob o sol escaldante, revirando para nos alimentar.

– Agora vamos escolher a jovem que irá representar o Distrito Onze! - ela cruza o palco, enfia a mão na bola de vidro com o nome das meninas e puxa um. Abaixo a cabeça e torço para não ser Susane.

Mas minhas preces não são atendidas. Isso é um azar tremendo. O ar demora a vir a meus pulmões. Mas ouço uma voz ao longe.

– Eu sou voluntária!

Uma garota baixa, de cabelos negros e bagunçados se aproxima de Rain destemida.

– Qual seu nome, querida? - pergunta a representante.

– Mirtily Herondale. - Ela responde.

Reconheço-a da coleta de soja, mas nunca conversei com ela. Mirtily salvou minha irmã.

– Agora o tributo masculino! - e novamente vai até uma bola e puxa um nome após alguns instantes. O silêncio é extremo e poderia ouvir um alfinete cair no chão. - Foster Blingins!

Oh não, penso. Ele não. Tantas pessoas e justamente ela. Do meu lado, ele estremeceu e eu senti seu corpo tremer. Ele começou a andar, mas aí eu tomei uma atitude perigosa e arriscada. Coloquei minha mão no seu peito, impedindo ele de andar. Sibilei um "perdão" e segui até o corredor, com olhares perplexos me seguindo.

– Eu... eu... sou... voluntário! - disse, com dificuldades.

– Oh, céus! Que espírito de bravura nos Jogos! Dois voluntários no Distrito Onze para essa edição. Esta edição promete por este Distrito! - brada Rain, feliz.

Aqui tributo cheira a cadáver. E já é de se esperar isso. Agora voluntários são extintos. Bem, creio que dois jovens daqui não têm poder de nada.

O prefeito lista os nomes dos tributos que já venceram, um deles e Chaff, que ainda está vivo e Seeder. Logo após ele lê o Tratado de Traição, e isso só me faz recordar que o sistema é muito injusto.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!