William Kenwitch

— Sério, você está MUITO ridícula.

Little Rainbow/cachinhos coloridos/selvagem estava muito estranha. Não tinha um minuto que eu a via que eu não sentia vontade de rir. Não sei o que pensei direito ao querer fazê-la usar aquele vestido. Talvez ver como ela ficava sendo muito feminina, ou até mesmo vê-la ficando envergonhada com tanto brilho.

Isso não importava, afinal ninguém perceberia que era ela com essa fantasia de Batman.

— Pelo menos eu estou vestida de algo. Você só está com um traje vitoriano.

— Mas você tem que admitir que eu fico muito charmoso de traje vitoriano.

O resto do caminho foi silencioso, enquanto ouvíamos as músicas do Ipod do Ed no rádio do Tristan.

Era uma música bem legal, reconheci que era do Slipknot, mas como não sou muito fã, não lembrava o nome. Chegamos à festa um pouco depois de ter começado.

A música estava muito alta, pessoas dançando e bebendo por todo o lado. Entramos e fomos para o bar. Eu e Ed pedimos Vodka, Tristan pediu um suco (já que estava dirigindo) e Little Rainbow para não deixá-lo só, pegou uma Coca-Cola.

Hora de atormentar a cachinhos coloridos.

— O que foi? Medo de ficar bêbada — perguntei virando o copinho cheio de Vodka.

Ela me olhou feio. Bem, parecia me olhar feio, afinal não dava pra perceber direito com uma máscara do Batman cobrindo quase todo seu rosto.

— Não, Sir Batatinhas, eu simplesmente não quero ficar bebendo todas enquanto Tristan não pode, e também porque não estou a fim de beber.

Ela virou-se, falou algo para Ed e foi embora. Bem, se ia ser assim, eu também iria sair.

Uns dez passos que me afastei deles, já comecei a receber olhares de jovens donzelas me encarando. Óbvio.

Umas duas me deram seus telefones e foi aí que eu vi uma garota. Garota o caramba, uma mulher linda bem na minha frente, me olhando sem piscar.

Sorri sedutoramente e dei uma piscadela. A garota saiu de seu transe e se aproximou. Começamos a dançar juntos (link da música nas notas finais), e ficamos a maior parte do tempos colados um no outro.

Muitas meninas olhavam furiosas para ela. Afinal, ela me tinha como companhia e era muito gata. Ela tinha uma pele bronzeada, olhos castanho-claros e um cabelo loiro, longo e liso. Um corpo muito definido e era de estatura média, mas pelo salto que usava ficava quase da minha altura.

Usava uma fantasia de marinheira. Um tanto quanto curta.

Ela definitivamente era o oposto da Little Rainbow. Pera, por que eu estou me lembrando dela? Falando na criatura...

Ela havia sumido. Era bem difícil sumir com aquela fantasia. Depois de trocar telefones com a marinheira que se chamava Kelly, fui procurar a Miss Encrenca.

Olhei por todos os lugares, Tristan estava dançando com uma menina vestida de mulher maravilha e quando me virei para procurar Ed, eu o vi conversando com uma garota vestida de Pocahontas.

Quando avistei uns sofás para eu descansar depois de passar por muitas pessoas, eu vi um Batman de vestido rosa conversando com um cara vestido de... Lutador? É, acho que era tipo aqueles soldados romanos, deve ser isso.

Eles estavam conversando e rindo como se eles se conhecessem faz muito tempo. Aquilo me deixou bravo. Comigo ela agia como um animal e com ele, ela agia toda fofa?! Ah, essa eu quero ver.

Me aproximei com um sorriso inocente.

— Finalmente te achei selvagem — dei um sorriso cheio de malícia — onde estava todo esse tempo? Agarrada a algum bombeiro?

Ela me fuzilou com seu olhar.

— Na verdade não, eu fiquei conversando com o...

O garoto se levantou e estendeu sua mão.

— Thomas, Thomas Cornwall. Mas pode me chamar de Tom.

Everlyn deu um sorriso.

— Legal cachinhos coloridos, agora nós precisamos ir, Ed está passando mal e eu já estou cansado de tantos olhares femininos sobre mim.

— Cachinhos coloridos? — Thomas-o-idiota-romano riu — seus cachos são coloridos?

NÃO GÊNIO, SÃO BRANCOS COMO O ALASCA.

Everlyn começou a falar sobre as cores de suas mechas californianas. Depois eles se despediram e fomos embora.

Para minha sorte, Ed estava mesmo mal. Ele havia misturado uma quantidade imensa de bebidas.

Quando chegamos, Little Rainbow tirou a maquiagem dos meninos e foi se deitar. Eu tirei minha fantasia e fiquei lendo o novo mangá do “Fairy Tail” até sentir sono e ir me deitar.

No dia seguinte, eu teria um encontro com uma marinheira chamada Kelly.

Everlyn Clockwork

Acordei às onze horas. Sem dor de cabeça já que não bebi, só com um pouco de dor na perna direita de tanto ficar de pé ontem (eu só me sentei nos sofás com Tom depois de ficar um bom tempo em pé conversando, afinal as pessoas se sentiam na vontade de falar comigo com a minha fantasia, e o que é mais estranho é que eu deixei e estava feliz de falar com elas. A maioria das pessoas dessa faculdade é legal. Só a maioria. Tem a outra parte).

Quando me levantei, Tristan já estava de pé fazendo o café-da-manhã (ovos mexidos com pão, suco de pêssego e café). Will e Ed ainda estavam dormindo.

— Bom dia, Tristan — disse bocejando.

—Hey, Ever.

Começamos a conversar sobre a festa de ontem. Ele estava muito animado de ter conhecido uma garota legal com quem dançou, e falou que estavam trocando mensagens, provavelmente iria sair com ela.

— Antes disso traga ela aqui em casa, pra ver se eu aprovo ou não.

Tristan revirou os olhos e começou um discurso típico de adolescente que eu não precisava gostar dela.

Mas é claro que eu precisava.

Falei sobre Tom, e que queria trazer ele em casa porque ele adorava jogar videogame, falar sobre basquete (o Ed era apaixonado desde pequeno), gostava de ver filmes sobre apocalipses e fazia pintura a dedo (então poderia falar sobre arte comigo e com Tristan, mesmo que eu não desenhasse, eu gostava de saber a História da Arte).

Continuamos conversando sobre essa nova amiga dele, Margareth, e sobre Tom quando Ed entrou na cozinha. Ele estava parecendo um zumbi. Eu segurei o riso.

— Ninguém mandou você beber tanto — murmurei, mas ele ouviu.

Me dirigiu um olhar de “morra, por favor” e continuou caminhando até o prato de comidas.

— Will deve ter bebido muito para estar dormindo tanto — Ed falou.

— Na verdade não — Tristan disse — ele tinha um encontro.

O pé-rapado tinha um encontro?? Nossa senhora, o que essas garotas viam nele?

Talvez a sua inteligência, seu charme, sua beleza, e sua bela forma de andar, gênio.

Cérebro, cale a boca.

Decidi tomar um ar, e caminhar por um parque que estava perto de lá. Estava morno então eu só usava uma camisa se manga curta do Jack Skellington branca e preta e um shorts preto, e calcei uma sapatilha...Preta também, com um lacinho pequeno de pano na frente.

Quando eu decidi me sentar no banco e ligar meu celular (onde eu costumava ouvir música), eu o vi. Que droga, esse diabo me persegue.

Will com uma vadia num encontro.

Por que era uma vadia? Simples: ela usava um shorts que quase mostrava suas nádegas, uma blusa com um decote grande e uma sandália de salto fino.

Nossa Will, eu esperava mais de você.

Mas o problema não era esse, o problema era que se ele me visse, acharia que eu o estava perseguindo. E isso era ruim.

Muito ruim.

Decidi me esconder atrás duma árvore, até ele sair com a Srta. Pouca Roupa.

Foi aí que uma fruta da árvore (não garota, da parede) caiu em cima de mim, me assustando, me fazendo tropeçar e cair lindamente.

Beleza, gênio, o que mais você sabe fazer?

É claro que Will e a pouca-roupa ouviram. Ele veio em minha direção com uma expressão cheia de malícia e divertimento. Pouco tempo depois ele estava dispensando a pouca-roupa para me levar para o hospital.

Sim, eu tinha torcido meu tornozelo.

— O que você estava fazendo, Little Rainbow? — ele me perguntou com um sorriso torto.

— Eu estava seduzindo essa árvore, mas parece que ela não gostou.

Ele me carregou como uma princesa para casa, para pegarmos os meninos e o carro para irmos para o hospital.

— Pensei que você era melhor que isso, Clockwork, espionando as pessoas em seus encontros... — ele disse contendo o riso.

— Eu estava caminhando por acaso no parque quando eu vi você com aquela garota. E... Eu também pensei que você era melhor que isso, Sir, e olha que era difícil hein.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— O que quer dizer com isso, Little Rainbow?

— Eu pensei que você era do tipo “galinha” mas que pelo menos não se rebaixava a isso. O que aconteceu? Tava desesperado?

— Não, Little Rainbow, eu simplesmente saí com ela porque ela era gata. Foi uma atração física. Nada sentimental, e ela sabe disso.

— Hm, eu não ligo. Isso não tem nada a ver com a minha pessoa.

E descansei minha cabeça em seu peito, ignorando o fato de que eu me sentia protegida em seus braços e que isso me fez corar levemente.