Memórias - Interativa escrita por Cassiela Collins


Capítulo 29
A Grande Fuga




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Meu corpo está balançando.

Ainda não estou totalmente acordada, e meus olhos demoram para abrir.

Pisco primeiro uma, e depois duas vezes, vagarosamente, quando algumas coisas começam a ,lentamente, fazer sentido em minha cabeça.

Primeiro; estou viva.

Segundo; alguém está me carregando.

Terceiro; nós estamos correndo.

Correndo! Nós estamos fugindo!

Por reflexo, me retraio.

Surpresas, as mãos que me seguravam me soltam.

Sem tempo de conseguir apoio com minhas mãos, cada centímetro da parte de baixo do meu corpo se choca com o chão frio, incluindo o lado direito do meu rosto.

– Ai – gemo, baixinho.

– Meu Deus, Bel! Você está bem? – Maya exclama, atrás de mim.

Noah se adianta e me ajuda a me levantar.

– Desculpe – ele diz, mas balanço a cabeça.

– Não, tudo bem. A culpa foi minha.

Kristen segura minha mão direita e Noah, a esquerda, enquanto tento me levantar. Primeiro fico bamba, e, quando me soltam, cambaleio um pouco, mas logo consigo recuperar o equilíbrio.

Ouvimos passos se aproximando às nossas costas.

– Corram!

.

Noah fica ao meu lado o tempo todo, se preparando para me segurar a qualquer momento.

Saly nos guia pelos túneis como se já o tivesse feito milhares de vezes.

Em algum momento, ela vira em uma encruzilhada, mas o resto de nós quase passa reto.

– Por aqui! – ela exclama.

Depois de algum tempo, me viro novamente para O’Connel.

– Como vocês me tiraram de lá? – pergunto.

– Os dons. Kristen conseguiu produzir um barulho ensurdecedor... que só os Cinzas ouviram, na verdade. Você devia ter visto, foi super dramático. De repente, ela irrompeu pela porta, com as mãos erguidas e a expressão destemida no rosto... cara, os Cinzas ficaram se contorcendo... bem que eles mereceram, para falar a verdade, depois do que quase fizeram com você...

Kristen cora discretamente com a descrição, mas se apressa a disfarçar. Eu primeiro empalideço com as assustadoras e recentes lembranças, mas então coro com a preocupação de Noah. Eu nunca sequer tivera amigos, quem dirá alguém que se importasse assim comigo...

– E as trancas? – pergunto, por fim.

– Saly...

– Eu consigo mover objetos – ela se apressa em dizer, ruborizando até o fundo da alma.

– Na verdade, é mais como se os objetos gostassem dela – o garoto esclarece. – Ela conversou com a porta por cerca de meio minuto, e, então, pediu a ela que se abrisse.

Saly corou mais.

Me lembro de um trecho de um dos gibis da Turma da Mônica Jovem; ‘Ela tem o dom da superfofura épica’. Dizia respeito à Magali, mas podia igualmente se referir à Saly.

– Esse é um dom incrível, Saly – comento, tentando reconfortá-la. – É como dar vida à objetos inanimados.

Ela olha para mim e sorri discretamente, corando, mas dessa vez apenas nas maçãs do rosto.

– É... vendo por esse ângulo...

Então, viramos em mais uma curva. Arquejamos quando a luz cegante alcança nossos olhos.

A luz!

.

Todos corremos até um helicóptero, a cerca de 30 metros da porta.

É apenas quando corro para fora que sinto vida em mim novamente. A velocidade... a adrenalina... o sangue correndo furiosamente em minhas veias, deixando minha pele levemente avermelhada... o vento brincando em meus curtos fios de cabelo...

É quando me exercito que me sinto bem, como se a vida se resumisse a isso.

Meus braços se movem rigidamente em movimentos coordenados ao lado de meu corpo, para me dar impulso. Estou quase imperceptivelmente inclinada para frente. Minha respiração começa a acelerar, juntamente com a própria velocidade. Meu coração também acelera, e sinto os batimentos ecoando em todo o meu corpo. Minha visão começa a balançar, às vezes aumentando ou diminuindo o que chamo casualmente de ‘’zoom de visão’, e mudando seu foco aleatoriamente.

Eu nunca me sentira tão bem antes.

.

Logo começo a ultrapassar meus amigos com facilidade, e me obrigo a diminuir minha velocidade.

Uma lembrança surge de repente em minha cabeça.

– O infiltrado – me viro para Maya. – Ele está vindo? Foi descoberto?

Ela confirma com a cabeça.

– Nos ajudou a sair da cela.

Paro de repente, e a Lei da Inércia faz com que eu quase caia para a frente, mas consigo me manter de pé.

Me concentro em todos os detalhes da mulher de avental que me dera o sedativo. De alguma forma, tenho certeza de que ela é a líder dos Cinzas.

E todo o cenário a minha volta muda.

.

Logo estou numa sala de quatro por quatro metros.

As paredes são de pedra envelhecida e musgo, e as tochas da parede mal conseguem iluminar o ambiente.

Um típico cenário ameaçador das minhas queridas histórias de RPG.

A mulher está à minha frente.

Primeiro ela olha em volta, disfarçando uma surpresa que ficara visível em seu rosto por cerca de alguns segundos – tempo suficiente para que eu a notasse.

– Você é a líder dos Cinzas? – imagino minha voz atingindo-a de todos os lados, ecoando na parede.

Ela acena com a cabeça, lenta e desafiadoramente.

Salto em sua direção e imagino uma adaga em minha mão.

Empurro-a contra a parede, pressionando meu braço contra seu pescoço.

Posiciono a adaga contra sua garganta apenas o suficiente para escorrer um fio de sangue.

– Não ouse tocar no Infiltrado ou em qualquer um de nós, ou vai se ver comigo – ameaço, por entre meus dentes cerrados, e rosno baixinho.

Eu aprendera com minhas gatas; rosnar e silvar. Sempre muito úteis em ameaças.

Dou-lhe algum tempo para ficar tensa e então o cenário a nossa volta torna a se dissolver.

.

Noah breca por um instante e permite que eu o alcance.

– O que você fez? – ele pergunta.

– Ganhei um pouco de tempo para nós – digo, e ele não faz mais perguntas.

Todos nós alcançamos o veículo e subimos à bordo.

Mal termino de subir, ouço a exclamação de Saly:

– Ele está chegando!

.

Olho para a saída do ‘labirinto’. Um jovem de vinte ou trinta e poucos anos, cabelos negros e olhos castanho-escuros está correndo, mas não há tempo para alívio; logo atrás dele, vejo a líder dos Cinzas.

.

Instintivamente, salto do veículo e disparo em direção aos dois.

A mulher tem uma arma em mãos. Por que não atirou nele? Não faço a menor ideia.

– Cuidado! Corra! – grito para o garoto, enquanto eu mesma corro em sua direção.

Então a mulher ergue a arma, e paro de correr.

O alvo não é o Infiltrado.

Sou eu.


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Notas finais do capítulo

GENTE, LEIAM, POR FAVOR!!!!
Eu acabei de começar uma nova FanFic. Seu nome é 'Marcados - Interativa' (acho que tenho alguma coisa com Ms). Dêem uma olhada e mandem suas fichas!!!
PS: Façam personagens cômicos, exagerados, ok?
Conto com vocês!



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