Memórias - Interativa escrita por Cassiela Collins


Capítulo 26
A Voz de Alguém


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa se eu não descrevi o suficiente, mas é difícil descrever com clareza todos os detalhes XD



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Admito que, por mais ou menos 30 minutos eu fiquei completamente desligada, pois não me ocorreu nem por um momento olhar para fora do helicóptero.

Quando olho, quase caio para trás com o choque, e Noah segura meu ombro, surpreso.

A Terra está na mais completa destruição.

.

Tudo está destruído.

O chão é pura terra seca até onde meu olhar alcança. Não há árvores e nem sequer tocos em nenhum lugar. O céu é literalmente bege, como em uma foto sépia.

Eu já vi cenários assim antes. Já os vi em filmes de apocalipse, fim do mundo e vários ‘cine-catátrofes’. Mas agora, tudo está bem à minha frente. Essa é a realidade deles, aqui. Essa é uma possível visão da Terra em algum momento do futuro. Isso pode acontecer.

Meu coração começa a bater forte. Aquilo não pode estar acontecendo.

Meus pensamentos egoístas só conseguem pensar em como eu viverei aqui se não conseguir voltar para Ëa.

Meus pensamentos altruístas só conseguem pensar em como essa versão da Terra consegue existir assim, e em como Ëa pode vir a ficar do mesmo jeito.

.

Cerca de uma hora depois nós chegamos ao nosso destino.

É como uma enorme caixa retangular. De fora, é suja, de metal, mas sei que de dentro parece mais branca; aqui se parece muito com o exterior do lugar onde estávamos, para o qual ainda não tenho um nome.

Quando piso no chão, sinto arrepios. Ainda estou chocada com a situação dessa dimensão.

O interior do ‘grande retângulo’ é como um labirinto: há inúmeros corredores, e sei instintivamente que nunca saberei me guiar por eles. Cada corredor tem cerca de dois metros ou 3 metros de largura e mais ou menos 2,5 de altura, é do mesmo material que as paredes da Arena e mais cheio de curvas do que um caracol – embora as curvas nesses corredores tenham um ângulo fixo de 90 graus.

Vários corredores se cruzam em vários pontos, formando ‘X’s que me lembram encruzilhadas.

Depois de muito andar, finalmente chegamos à uma sala específica.

Há algumas camas, uma estante com vários livros diferentes – a maioria velha – e um móvel com três gavetas.

Dou um longo suspiro. Se não fosse o único jeito de não morrer ou matar nos Jogos, eu até pensaria que essa é a pior opção.

.

Essa noite foi a pior que tive desde que vim parar nessa dimensão – estou até cansada de pensar naqui como ‘essa dimensão’ ou ‘ esse lugar’, mas não faço a menor ideia de como chamar.

É mais ou menos meio-dia quando alguém aparece aqui.

Os Cinzas – como começo a chamá-los ao perceber que todos aqui usam uniformes cinzas – pedem para ‘entrevistar’-nos individualmente – como eles dizem.

Eles perguntam sobre os Jogos, sobre tudo o que aconteceu e coisas do gênero.

Então, quando acho que estamos acabando, eles me perguntam da minha cicatriz.

Digo para eles que não faço a menor ideia do que fizeram com a gente. Quando perguntam, digo que nada mudou e que nada de especial aconteceu comigo; eu certamente não confio neles para contar do meu Dom.

Depois de alguma insistência nessas perguntas, especificamente – o que me deixa com os dois pés atrás – eles me liberam.

Em pouco tempo, não posso mais deixar de comparar o meu ‘resgate’ com uma prisão.

.

No dia seguinte, na mesma hora do dia anterior, me chamam para uma nova ‘entrevista’.

Tudo acontece como no dia anterior, a não ser pela insistência ainda maior nas últimas perguntas.

Quando estou voltando para o meu ‘quarto’ – eu posso voltar sozinha, pois há apenas um corredor que vai do mesmo até a sala que acabei de deixar, e nenhum corredor se cruza com o que estou percorrendo em nenhum momento do trajeto – algo estranho acontece.

Ouço vários ‘cliques’ demorados, que soam como uma versão distorcida do alarme de um celular.

Inicialmente, acho que é coisa da minha cabeça, mas depois percebo que o som está vindo de algo na minha mão.

Há um aparelho semelhante a um relógio em meu pulso. Me lembro vagamente de vesti-lo há alguns dias, sem saber direito do que se tratava mas a conselho de Sarah, mas já havia me esquecido dele.

Clico na tela do aparelho, e ouço uma voz familiar.

.

– Isabel? Bel, está me ouvindo? – diz Sarah.

Por alguns momentos, não digo nada, mas então falo:

– Sarah?

Não foi algo muito inteligente ou elaborado, mas Sarah ao menos percebeu que eu estava ouvindo.

– Ah, graças a Deus, consegui falar com você! – ela diz, e a viz soa verdadeiramente aliviada. – Nós temos que tirar vocês daí, depressa!

– Como assim? O que está acontecendo? – pergunto.

– As pessoas que tiraram vocês daqui... eles não são quem dizem que são! – ela afirma. – Você e os seus amigos estão em perigo! Não consegui falar com eles, mas...

– Co-como assim, em perigo? – interrompo – O que está acontecendo?

Ouço Sarah respirar fundo do outro lado da linha.

– Escute, eles são nossos inimigos há décadas. Eles vão usar vocês para descobrir uma... informação nossa. Mas eles não vão conseguir, e vão tentar medidas extremas. Nós temos que tirar vocês daí, e logo.

– Mas como eu vou acreditar em você? – pergunto. – Não eram vocês que fizeram os Jogos onde pelo menos duas pessoas simplesmente desapareceriam a cada Rodada? Vocês tiraram nosso amigos!

Abaixo o volume da minha voz, com medo de que alguém me ouça. Sinto que estou sendo injusta com Sarah, e confio, de longe, mais nela do que nos Cinzas, mas essa pergunta me atormenta há semanas, e fico aliviada em finalmente poder dizê-la em voz alta.

– Bel, acredite neles. Sarah está dizendo a verdade.

Quase caio quando ouço uma segunda voz do outro lado da linha. Em vez disso, me choco contra as paredes do túnel, que me serve de apoio.

Minha respiração acelera incontrolavelmente, e meu coração está a ponto de saltar do meu peito.

– Mitchel? É você?


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