Memórias - Interativa escrita por Cassiela Collins


Capítulo 18
Confissão de Mitchel


Notas iniciais do capítulo

Mitchel, Jay, Leo, Jake e Chris são de minha autoria, pois até agora só recebi dois meninos pelas fichas XD
Se alguém ainda pretende mandar fichas, sejam breves, pois a fic acabará em breve.
Eu realmente quero saber o que vocês acham, se faço um fic independente de RPG ou uma que 'ligará' essa fic, Memórias, à de RPG, como uma história contínua. Por favor, digam sua opinião!



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Não, não, não!

Sinto quando um maravilhoso sonho começa a escapar da minha cabeça. O que sonhei? Já nem sei mais; só sei que foi incrível.

Pouca coisa consegue me deixar mais revoltada do que esquecer um sonho – esquecer um bom sonho, talvez, mas muito pouca coisa além disso, e certamente nada de que eu possa me lembrar nesse momento.

Se não estou confusa pelo fato de ter acabado de acordar – às vezes, quando acordo, nem sei que dia é; houve um dia em que me levantei às 5h10, coloquei o uniforme e descobri que era sábado – estamos aqui há 5 dias.

Quando à minha mão, aconteceu algo muito estranho...

Apesar de meus amigos garantirem que não há nada ali, eu consigo sentir o corte. Está se curando depressa – muito mais do que o normal – e, para falar a verdade, eu também não consigo vê-lo, mas, a julgar pelo que sinto, poderia jurar que está ali.

Ainda não perdemos ninguém nos Jogos, mas estou ficando aflita. Dez pessoas já foram, e não deve demorar muito para que chegue a nossa vez.

Continuo me voluntariando para quase todos os Jogos.

Hoje, Jogaremos arco-e-flecha. Pratiquei um pouco com meus dons e na mesa de treinamento, mas principalmente com meus dons, pois lá eu posso querer ser um arqueiro experiente, e só preciso me acostumar com os movimentos para imitá-los na vida real.

Me sinto mal – sinto como se estivesse trapaceando. Roubando dos outros a chance de vencer. Juro para mim mesma que essa foi a primeira e a última vez que o fiz.

Em uma hora, estou pronta na sala do inicial, esperando para entrar na – agora familiar – Arena. Estou usando a variação do meu uniforme com alça e calça curta como short.

Tania e eu estamos ficando cada vez mais próximas desde a sua confissão. Ela me cumprimenta faltando alguns minutos para eu Jogar e hesita em sair da sala.

A essa altura, já conheço todos os Safira como a palma da minha mão – ou até melhor; não presto muita atenção em minhas mãos.

Tania, Nanda, Sam, Mitchel, Kally e Jake eu já conhecia bem. Mas, além deles, há Leo, Chris e Jay.

Leo é o clássico ruivo sardento. É divertido e descontraído, de pele clara, cabelos curtos e lisos laranja-vivos e cor-de-fogo, olhos negros e sardas cobrindo seu rosto das ‘maçãs’ ao nariz.

Chris tem cabelos negros e olhos azuis-vivos, de um belo tom ciano, que fariam qualquer patricinha da minha escola se derreter. Se, por alguma felicidade, nós dois saíssemos daqui vivos, eu o apresentaria para elas como meu namorado – conhecendo-o como eu o conheço, imagino que esse é bem o tipo de brincadeira que ele gostaria de participar.

Jay é asiático. Achei seu nome peculiar, mas ele também é, de forma que ambos combinam perfeitamente. É um dos mais fortes de nós - é grande e seus músculos, embora não de modo exagerado, são bem visíveis e lhe caem bem. Mas também é o mais quieto: ouvi-lo dizer uma só palavra que seja é uma raridade, embora, quando fale, fale aquelas frases sábias que nos fazem refletir imediatamente se o jeito dele não é o melhor, ou sobre o sentido da vida, ou o que quer que seja.

Me preparo para entrar na Arena, pensando em meus colegas, quando ouço alguém entrar na sala.

Me viro para ver quem é, e vejo Mitchel.

– Hey, Mitch – cumprimento – Veio me parabenizar pela minha primeira Prova solitária? – Brinco. Essa é a primeira Prova desde o começo dos Jogos que não é em dupla.

Ele caminha devagar até mim e quase tropeça nos próprios pés.

– Você está bem? – pergunto. Estou realmente preocupada com a saúde do meu melhor amigo.

Seu rosto parece uma brasa, quase tão vermelho quanto os cabelos de Leo.

– Bel – ele começa. Gesticulo com a cabeça, incentivando-o a continuar. – É que eu... é que...

– Sim? – não tenho intenção de parecer impaciente, e carrego a palavra com o máximo de doçura e gentileza que consigo reunir, mas eu já havia percebido que se não dissesse nada, Mitch ficaria empacado para sempre naquela frase. Porém, ele parece corar mais ao me ouvir.

– É que eu queria dizer... que... – ele fica quase cinco segundos sem falar nada, pronunciando continuamente o som final da palavra ‘que’, e então, termina rapidamente. – eu gosto de você.

A última frase é dita numa velocidade que minha irmã descreveria como ‘supersônica’, e demoro alguns segundos para entendê-la... e muitos para processar.

Não digo nada por vários segundos; nunca ninguém me dissera algo assim a não ser de provocação, e eu não sei como reagir. Se eu abrir a boca, provavelmente ficarei presa em um ‘Ahn?’ eterno.

Penso e escolho as palavras com cuidado.

– Mitchel, eu também gosto de você. Gosto de você como o meu melhor amigo. E como o irmão que nunca tive. Mas... eu não gosto de você assim.

Tento ser direta e sutil ao mesmo tempo – o que obviamente não dá certo; a direta e a sutileza são quase opostos.

Ele parece ter levado um tapa, e me sinto culpada, mas as chances de alguma coisa assim acontecer comigo sempre foram nulas e eu nunca me preparei para uma situação do tipo. Até que me saí bem, pega de surpresa e despreparada como fui, mas até que bem não era do que Mitchel precisava agora.

– Ahn... é... tá. – ele troca o peso de um pé para o outro e revira os cabelos, desconfortável. – Tá, tudo bem. Eu também gosto de você... tipo, como irmã. Você é legal, e tal...

Ele se vira e começa a se afastar em direção à saída. Faço o mesmo, mas em direção à Arena, mas no último instante me viro.

– Mitch! – chamo. – Você devia falar com a Tanni depois! Ela te admira muito – eu não digo exatamente que ela gosta dele – eu sei que estaria numa enrascada se ela descobrisse – mas deixo nas entrelinhas. Uso meu tom mais inocente, neutro, simpático e doce ao dizê-lo, como quando me faço de idiota quando tentam me pregar uma peça, para depois esfregar na cara deles que eu sabia. Às vezes, fingir inocência e neutralidade é o melhor caminho.

Vejo Mitchel corar ainda mais, mas ele parece aliviado, de alguma forma. Talvez ele tenha pensado que as coisas ficariam estranhas entre nós depois de sua... confissão. Os mocinhos das histórias costumam se preocupar com isso, e isso de fato acontece, na maioria das vezes, mas, caramba, eu o conheci quando fui sequestrada por pessoas de uma dimensão paralela para Jogar um jogo com ‘J’ maiúsculo – onde os perdedores nunca mais são vistos – contra outros jovens normais, de outros times, que são chamados de Casas e têm o nome de pedras preciosas; sem falar que acabei de descobrir que tenho um superpoder e posso ser o que eu quiser, como eu quiser, onde eu quiser e quando eu quiser, tudo graças à uma cirurgia na cabeça. Como qualquer coisa que rolasse entre nós poderia ser mais estranha do que isso?

De qualquer forma, estou me acostumando a lidar com situações fora do comum. Acho que consigo lidar com a declaração de amor do meu melhor amigo... muito embora eu nunca tenha tido um amigo de verdade antes, tenha causado repulsa na maioria dos meninos - e meninas - por 14 anos – nos outros 2 eu ainda vivia longe de outros da minha idade – e nunca, jamais, tivesse cogitado por um segundo sequer a possibilidade de receber uma declaração.

Ele sai da sala por um lado, eu saio pelo outro, e sinto um enorme peso tirado de cima dos nossos ombros.


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Notas finais do capítulo

Para quem quer saber porque o nome da fic, é porque o que Isabel faz, mais especificamente, é criar memórias. As memórias são tão reais que são a impressão de ela ter realmente vivido aquilo e as sensações que ficaram na mão de Isabel também são frutos do realismo, que a convenceu de que DEVIA haver um corte ali.