Levantei correndo de onde eu estava, e fui até a porta. Assim que cheguei lá, olhei para minhas roupas, e vi que ainda estava de vestido e blusão. Corri para meu malão, porque eu ainda não tinha organizado nada. Todos os anos, Audrey insistia que eu devia usar algo especial no meu aniversário. Eu não tinha ideia do que poderia ser especial. Como não tínhamos aulas hoje, poderíamos usar o que quiséssemos.
Peguei uma camiseta qualquer, e uma calça de moletom. Audrey viu a roupa e arfou, mas antes que ela pudesse arrancar a roupa de mim a força, eu voltei a correr para as escadas.
Desci-as correndo, e tropecei no último degrau. Não caí porque Gina segurou meu braço antes que eu despencasse para uma séria contusão.
Para minha surpresa o Salão estava completa e lindamente... Vazio. Nem uma única alma viva estava lá. Olhei para Gina, respirando desreguladamente.
–Que horas são, mesmo? - perguntei, jogando meus cabelos bagunçados pra trás.
–Ah... Audrey? - perguntou, virando-se para a mesma que já havia chegado.
–Umas nove e meia. - ela respondeu, olhando em volta no Salão.
–Tá. Tá, tá bom. Isso é normal, as pessoas dormem até tarde nos dias que não tem aula. - eu falei, indo me sentar em um dos sofás - Não é como se eu devesse pirar. - eu disse, rindo. Mas a verdade é que eu estava pirando.
Gostava de passar o dia do meu aniversário sempre do mesmo jeito que passei nos últimos 7 anos: Com Audrey, Hermione, Gina, Harry e Rony. Esse ano, talvez, com Dylan também. Mas, principalmente, com meus amigos. Achei estranho não ver eles ali, mas tentei afastar esse pensamento.
Me virei para minhas amigas, que me olhavam felizes. Audrey foi a primeira a se sentar do meu lado.
–Então... Dezoito anos... Como se sente? - ela perguntou, passando um dos braços por cima de meus ombros, e afagando um deles com a mão livre. Olhei pra ela com falsa emoção.
–Eu me sinto... - dei uma pausa dramática, e olhei nos seus olhos - Com dezoito anos. - eu disse, jogando meus cabelos pra trás e secando uma lágrima inexistente. Audrey riu alto, me soltando. Acompanhei ela, e logo nós quatro estávamos rindo loucamente.
Tá, a piada não foi tão engraçada, só estávamos... Felizes. Ainda rindo abracei Audrey, e Hermione sentou no meu colo. Gina sentou no de Audrey e ficamos daquele jeito por uns bons dois minutos. Rindo como se fôssemos loucas, nos abraçando como se fôssemos lésbicas. Estávamos sendo... Nós mesmas.
Era incrível. Incrível como eu só conseguia rir feito uma hiena com Audrey, compartilhar meus medos com Hermione e dar e receber conselhos com Gina. Nós quatro éramos irmãs. Irmãs que nem a guerra foi capaz de separar. Ouvi passos na escada do dormitório feminino e nos separamos, tentando respirar e secando as lágrimas do riso. Era a menina-sem-nome, que nos mandou parar de gritar ontem a noite.
Ela nos olhou, e sorriu pra mim.
–Hey, feliz aniversário, Carrie! - ela me disse, e saiu pelo quadro. Era sempre assim, eu recebia "Oi, Carrie!", "Como vai, Carrie?" e "Bom dia, Carrie!" de pessoas completamente estranhas. Isso era legal, mas me deixava mais paranóica do que eu já era. Ás vezes me dava a louca, e eu queria mesmo era soltar um "POR QUE ESTÁ ME DANDO OI, EU NÃO TE CONHEÇO!", "VOU COM AS PERNAS!" ou "BOM DIA PRA QUEM, SEU ESTRANHO?!". Mas eu não era tão retardada a esse ponto. Eu acho.
Olhei para as meninas, e percebi que as pessoas começariam a descer as escadas. Chequei meus bolsos. Varinha: Ok. Celular: Ok. Fones de ouvido (nunca se sabe quando uma coisa vai ficar chata demais): Ok. Estava tudo ok.
–O que vamos fazer hoje? - perguntou Audrey. Eu sei bem o que ela queria fazer. Ela queria dar uma festa. Mas nem se as galinhas criassem dentes, porcos voassem e vacas tossissem eu daria uma festa de aniversário. Odeio, odeio, e desprezo.
–Eu tive uma ideia ontem. - disse Hermione - Sabe, bem simples. Do jeitinho que você gosta. - ela disse, pegando no meu queixo e balançando minha cabeça. Hermione era a mais fofa de nós. Eu amava isso nela. Eu me sentia protegida perto dela, como se ela fosse minha irmã mais velha, apesar de eu ser mais velha que ela.
–O que você planejou? - perguntou Gina.
–Pegamos o máximo de cobertores que conseguirmos, colocamos roupas confortáveis, e vamos para perto do lago. - ela disse, dando de ombros. Brilhante.
–Perfeito. Eu amei. - eu disse, e olhei para Gina e Audrey - É isso. É isso que eu quero no meu aniversário! Nós quatro, mais Rony e Harry, no lago. Jogando conversa a fora, e talvez comendo um bolo! Por favor! - eu disse, como se pedisse para minha mãe pra ir andar de bicicleta com meus amigos.
–Tá bom, vai. - disse Gina, desistindo, e vi Audrey soltar todo o ar pela boca.
–Só uma festinha, bem, bem, bem pequenininha na Sala Precisa? - disse Audrey, agarrando um de meus braços e fazendo um sinal de "Pequeno" com os dedos.
–O quão pequena? - eu disse, estreitando os olhos.
–Você faz a lista! - ela disse, me soltando e eu vi esperança brilhar em seus olhos. Tá, qual é. Se eu escolhesse os participantes, talvez não fosse tão ruim.
–Ok. - eu disse, revirando os olhos e Audrey se virou para Gina com as mãos espalmadas, e Gina bateu com as suas nas dela.
–Vamos pegar os cobertores. - Hermione pediu, e subimos as escadas. No caminho mandei uma mensagem para Harry:
"HEY! É MEU ANIVERSÁRIO, SEUS INÚTEIS! Peguem o máximo de cobertores possível, e ponham uma roupa confortável. Quero você e o ruivo no Salão Comunal daqui a trinta minutos. Não se atrase, ou você não será mais o "Garoto Que Sobreviveu"! -Carrie"
Entramos no quarto, e Gina e eu apostamos uma corrida até o banheiro. A desgraçada chegou antes de mim, e eu ouvi sua risada enquanto ela batia com a porta na minha cara. Audrey riu, e foi pegar suas roupas.
Eu, Hermione e Gina tomamos banho e nos trocamos em silêncio. Nisso foram uns dez, talvez quinze minutos. É, éramos rápidas.
No momento que Hermione encheu meus braços de cobertores, meu celular apitou. Devolvi tudo pra ela, que bufou e rolou os olhos. Desbloqueei o celular e li a mensagem de Harry:
"Ah! Nossa queridíssima aniversariante! Por que cobertores? O que faremos hoje? Me explique isso no Salão Comunal. Nos vemos em quinze minutos. -Harry"
Não deu tempo nem de eu pegar novamente os cobertores e chegou mais uma.
"Feliz aniversário, sua feia! Te amo -Rony (P.S: Desculpe por ter dado o presente junto de Harry... Continuo te amando!)"
"Não tem problema, ruivo. Também te amo! -Carrie". Respondi.
Peguei os cobertores de uma impaciente Hermione, com medo de que, se eu demorasse mais cinco segundos, ela me fizesse engoli-los.
Descemos as escadas, sem ver nada na frente por causa dos cobertores. Mais uma vez, eu tropecei no último degrau, mas dessa vez não foi Gina que me amparou. Alguém na minha frente segurou meus cotovelos.
–Wow! Cuidado, Carrie! Vai acabar quebrando o nariz por aí! - disse Dylan, rindo na minha frente. Eu ri em resposta, e fui para o sofá - Tudo bem, Hermione? - ele perguntou, ironicamente, e me lembrei que ela interrompera nosso momento de madrugada.
–Tudo... Tudo ótimo. - ela respondeu, fingindo não ter visto o sarcasmo. Larguei todos os cobertores no sofá, e antes que eu pudesse me virar, vi que alguma coisa colidiu contra mim. Alguém. Harry me abraçava como se nunca mais fosse me ver.
–FELIZ ANIVERSÁRIO! - ele gritou em meus ouvidos.
–EU TE ODEIO! - gritei em resposta, querendo o deixar tão surdo quando ele havia me deixado. Ele riu e me soltou. Rony veio até mim, e me abraçou mais civilizadamente.
–O que vamos fazer hoje, baixinha? - Harry perguntou, apoiando seu braço em minha cabeça. Eu era bem baixa, baixa até demais para meus antigos dezessete anos e novos dezoito. O estranho é que eu gostava disso. Por um lado. Eu gostava de ser mais baixa que os homens, mas não era tão confortável assim com mulheres.
–Nós vamos para o lago. - eu disse, tirando violentamente seu braço da minha cabeça. Entre eu e Harry era assim. Nós não dizíamos que nos amávamos, e só nos abraçávamos em situações como essa. Mas sabíamos que isso não passava de uma brincadeira, e que éramos irmãos.
A palavra "Irmãos" despertou uma luz na minha cabeça. Meus amigos trouxas. Arfei, e Rony me olhou preocupado.
–Tudo bem, Carrie? - ele perguntou.
–Tudo, eu só... Só preciso fazer uma ligação. Um minuto. - eu disse, pegando meu celular no bolso da minha calça de moletom. Coloquei na barra "Procurar" a letra "L". Luke Kelli! Isso! Liguei pra ele.
–Alô, Luke falando.– ele atendeu, e eu ouvi barulho de tiros no fundo. Videogame.
–Preste atenção em mim agora, sr. Kelli. - eu pedi, e ele arfou.
–CARRIE! RAPAZES, É A CARRIE!– ouvi ele gritar, e muitas vozes falarem coisas no fundo. - SOLTEM! SOLTEM O CELULAR, EU VOU FALAR COM ELA!– ouvi Luke gritar, e me senti extremamente amada. Ouvi barulho de correria, e depois uma porta, e alguns socos - Oi, pode falar, srta. Bronte.– ele disse, com a respiração errada.
–O que acabou de acontecer? - eu perguntei rindo.
–Aqueles idiotas querendo um minuto com você.– ele disse - Mas e aí. Como vai a minha aniversariante?– ele perguntou. Ele sempre me chamou de "Minha isso", "Minha aquilo" e eu amava.
–Vou bem. Vou ótima! - eu respondi, alegre - Olha, só liguei pra agradecer o presente. Vou ouvir o CD o tempo todo!
–De nada. Ok, vou dar uns minutos para Zac, ele parece o mais desesperado pela sua atenção. Espere.– ele pediu - ZACHARY! ZACHARY SOYEZ!– ele gritou.
–Carrie! Carrie, oi!– eu ouvi a voz do meu amigo soar animada do outro lado da linha.
–Oi, cachorrinho! - eu disse, fazendo aquela voz que a gente faz quando fala com um filhote - Como você tá, meu amor?
–Tô bem, Carrie! Feliz aniversário, anjo!– ele desejou, e ouvi um barulho estranho, e percebi que o celular havia sido tirado de suas mãos.
–CARRIE BRONTE! FELIZ ANIVERSÁRIO!– Joe gritou, e depois a ligação caiu. Eu ri baixo, e voltei para Hogwarts.
–Pronto, vamos para o lago agora. - eu disse sorrindo, e me agarrando aos cobertores.
Fomos caminhando alegremente e em silêncio até o lago. As pessoas estavam nos mandando olhares estranhos, como se fôssemos... Como se fôssemos um bando de adolescentes andando por aí com uns trinta cobertores nas mãos e pijamas. Não éramos isso. Não estávamos de pijamas. Eu pelo menos não.
Chegamos no lago, e espalhamos dois dos maiores cobertores no chão. Estava extremamente frio lá, mas eu não me importava, logo estaria quentinha. Quando começamos a separar os cobertores virou uma bagunça. Desistimos de organizar, então cada um tinha um pedaço de um cobertor diferente para se tapar. Eu fiquei bem confortável. Ficamos em silêncio por alguns minutos, encarando o lago e o Sol da manhã que ele refletia.
Olhei para meus amigos. Gina estava deitada no colo de Harry, que fazia um cafuné na sua cabeça. Eles provavelmente iriam deixar para conversar depois.
Hermione e Rony - que não oficializaram o namoro, mas era bem óbvio - estavam sentados um do lado do outro, Hermione com a cabeça apoiada no ombro de Rony, e ele com o queixo na cabeça de Hermione, fitava o nada.
Audrey estava tapada até o pescoço, esparramada no meio dos cobertores, olhando para o céu.
Eu estava sentada com as costas apoiadas no tronco de uma árvore que tinha ali, e estava tapada só do quadril pra baixo, já que estava com o meu blusão novo, e ele era bem quente.
Audrey percebeu que eu a encarava e olhou pra mim.
–Que foi? Se apaixonou? - ela perguntou, e piscou pra mim. Inibi a vontade de rir.
–Oh se. Demais! - eu disse, e passei a língua pelo meu lábio superior. Harry, Rony, Hermione e Gina riam, enquanto eu e Audrey ficávamos seduzindo uma a outra.
Depois do nada começamos uma conversa. Ficamos ali até mais ou menos meio dia, daí a fome começou a atacar. Me atacou primeiro, é claro.
Com um feitiço, fizemos nossos cobertores ficarem invisíveis, e continuarem quentinhos apesar de não estarmos ali. Fomos até o Salão Principal.
No caminho, Rony soltou a mão de Hermione e veio até o meu lado.
–Sabe... Eu sei que todos os anos somos só nós seis comemorando o seu aniversário, mas se quiser chamar o Dylan pra ficar lá também...
–HERMIONE GRANGER, QUEM TE DEU O DIREITO...? - nem precisei terminar meu discurso, e ela já entendeu.
–DESCULPE, MAS NÃO FOI NADA DE MAIS! - ela gritou em defesa.
–O que não foi nada de mais? - perguntou Harry, com o braço nos ombros de Gina, e ela segurava sua mão.
–Ah, a Carrie ontem, meia noite e ela aos beijos com Dylan O'Brien. - ela respondeu, rindo.
–GINA! - eu berrei, e ela riu mais ainda - Não sei se vou chamá-lo, Ron... - eu comecei, baixando meu tom de voz para que só ele ouvisse - Quero que ele vá, mas eu queria manter a tradição de "só nós seis".
–Bom, como disse Hermione: "Eu gosto dele. Nós gostamos dele. Sabemos que ele não vai te machucar". - ele citou, e depois abraçou a minha cabeça, bagunçando meus cabelos. Ri para ele, e ele voltou para o lado de Hermione.
Fomos até o Salão Principal conversando sobre qualquer coisa, e comemos em silêncio como sempre. Procurei Dylan na mesa da Grifinória. Ele estava com uns amigos. Me permiti olhar para ele por uns segundos, aproveitando o fato de ele estar extremamente distraído.
Ele estava com um blusão preto, que tinha um desenho que eu não decifrei na frente. O cabelo dele, arrepiado perfeitamente para cima, como sempre. Não, ele não tinha aqueles "cabelos desarrumados mas sexy". Eu sabia que ele arrumava os cabelos todos os dias, mas quem se importa? Seus olhos castanhos, sempre com um brilho divertido, que me faziam lembrar vagamente dos de Sirius Black. Sua boca, perfeitamente desenhada, que se abria levemente quando ele prestava atenção em alguma coisa. As pintinhas fofas que marcavam todo seu rosto. Pintas, não sardas. Pintinhas muito fofas. Tudo nele era perfeito. Desviei o olhar, quando percebi que sua cabeça ia virar na minha direção. Rezei para que ele estivesse olhando pra mim por não ter nada melhor para fazer, não porque ele percebera que eu o estava encarando. Perdi meu olhar na mesa da Sonserina, tentando parecer distraída.
Encontrei Draco Malfoy lá. E Blás ao seu lado. Naquele momento, me lembrei que Blás e eu éramos amigos. Por que eu não recebi um "Feliz aniversário" da parte dele então? Me senti magoada. Ele não me deu oi, não mandou uma mensagem, não me desejou feliz aniversário, nem nada. Baixei o olhar novamente para minha comida, e me senti completamente sem apetite, o que era muito raro.
Quando empurrei o prato para frente, num gesto de "Acabei", meus amigos arfaram. Olhei pra eles com uma cara de "Sério mesmo?".
–O. Que. Está. Acontecendo? - perguntou Audrey, pausadamente. Harry esticou o braço por cima da mesa, para tocar minha testa.
–Você está doente? - ele perguntou, com falsa preocupação. Dei um tapa na sua mão, e ele voltou a se sentar direito.
–Tenho que falar com uma pessoa. - eu avisei, e encarei Blás até ele perceber isso. Pois é, era minha tática para chamar atenção de alguém. Demorou, mas ele viu. Apontei para a porta do Salão, e ele me olhou culpado - Encontro vocês no lago. - eu disse, e saí da mesa.
Cheguei lá fora, e vi Blás na porta cinco segundos depois.
–QUE MERDA ACONTECEU COM VOCÊ?! EXIJO EXPLICAÇÕES, AGORA, MOÇO! - eu mandei, e ele olhou para seus pés.
–Bem... - ele começou.
–Já sei do lance com a Gina, mas por que você não falou comigo hoje? - ele me olhou, primeiro aliviado, depois confuso. Merda. Ele havia esquecido meu aniversário.
–Hoje...? AH, HOJE É SEU ANIVERSÁRIO! - ele gritou, e abriu os braços pra mim.
–Sai fora, Zabini. - eu disse, entediada, e recusei o abraço. Fui direto para fora do castelo.
Cheguei no lago, e desfiz o feitiço. Voltei ao meu posto na árvore, e esperei meus amigos.
–Olha, Bronte. - ouvi a voz enjoada da Fuinha atrás de mim.
–Não enche, Malfoy. - eu pedi, e me aconcheguei mais aos cobertores.
–Nossa, irritadinha! - ele reclamou, e se sentou no chão ao meu lado. Malfoy. Sentou. Chão. Meu lado. Que mundo é esse?
–O que tá fazendo? - perguntei rapidamente.
–Sentando, oras! - ele respondeu, e limpou as mãos nas calças.
–Vaza, fuinha. - eu mandei, e me virei entediada para o lago.
–Tenho que falar com você e com a Jones, onde ela está? - ele perguntou, ignorando minha ordem.
–Olha, eu falo com você depois, falou? Agora, tchau! - eu disse, e o empurrei pelo ombro. Ele fez uma careta pra mim, e levantou.
Logo meus amigos chegaram e voltamos a falar besteiras. Se passaram horas, até que Hermione dormiu.
–Vou levá-la até o dormitório. - Rony avisou, olhando para ela.
–Vou com você, meninos não podem entrar no dormitório feminino. - Gina disse, e se levantou com Rony, que já tinha Hermione nos braços.
–Ah, então eu vou junto! - Harry disse, e eu percebi isso como "Nós conversaremos agora, Gina". E eles saíram, sorrindo para mim e para Audrey.
–Somos só nós agora, loira! - eu disse, e olhei pra ela. Ela me olhou com a boca torta - Ah, fala sério! Você é minha melhor amiga! - eu reclamei.
–Calma, paranóica! Qual é, Carrie! Já escureceu, e a gente nem jantou ainda! - ela reclamou, se sentando do meu lado.
–Não quero comer. - eu disse, olhando pidona para ela. Não acontecia muito, mas ás vezes, raramente, eu não sentia fome. Mas era bem de vez em quando.
–Eu quero! - ela disse - Olha, são seis horas. Você quer ficar aqui? - ela perguntou, e eu assenti - Ótimo, vou chamar sua companhia e volto aqui ás oito horas para falarmos da sua festinha. - ela disse, enfiando a mão no bolso da minha calça, e puxando meu celular.
Ela escreveu por uns segundos, e encarou o celular. Ouvi o bipe de uma mensagem chegando e ela sorriu satisfeita. Oh shit. O que ela tramava?
–Sua companhia já chega! - ela avisou, se levantou e saiu correndo para o castelo.
Peguei meu celular e fui nas mensagem, mas a vadia se deu o trabalho de excluir qualquer coisa que ela tenha feito ali. Bufei e continuei ali sozinha por uns minutos.
–Oi. - alguém sussurrou no meu ouvido, e eu pulei pra fora das cobertas, gritando. Mas era só Dylan. E ele ria. Idiota.
–QUASE ME MATOU, SEU VIADO! - eu gritei, com a mão no meu peito.
–Ah, viado eu não sou! - ele se defendeu, e continuou rindo. Eu fiquei emburrada - Ah, qual é! Vem. Vem cá. Para de beicinho. - ele pediu, e pegou minha mão, me puxando para ele. Eu arranquei minha mão das dele. Eu odeio que me assustem.
–Eu não to de beicinho. - eu não tava de beicinho.
–Você tá sim. Bem... Aqui - ele disse, e bateu com o indicador no meu lábio inferior, que estava um pouco levantado mesmo. Que droga.
–Ah, sai! Sai! Sai pra lá, Dylan! - eu resmunguei, indo pra longe dele - Audrey te chamou aqui?
–Chamou. Falou que você tava sozinha. - ele respondeu, já um pouco mais sério - Vem aqui, Carrie, qual é. - ele pediu, e abriu os braços. Rolei os olhos e fui para seu abraço.
Mas ele não me abraçou, não. Ele tinha planos mais maléficos.
O viado me beijou. De novo.

LEIAM AS NOTAS FINAIS | LEIAM AS NOTAS FINAIS