Semana Cultural do Santuário escrita por Chiisana Hana


Capítulo 5
Capítulo V




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SEMANA CULTURAL DO SANTUÁRIO

Chiisana Hana

CAPÍTULO V – ÚLTIMA NOITE

A Semana Cultural prosseguiu com as apresentações diárias, seguidas pelo teatro. Na segunda-feira, Aldebaran conquistou a simpatia do público fazendo seu show de embaixadinhas com a camisa da Seleção Brasileira de Futebol.

Na terça, Dohko e Shiryu fizeram sucesso com o show de tambores chineses, mais pelo fato de estarem sem camisa e exibindo suas tatuagens do que pelo talento musical em si.

Entretanto, foi o show da quarta-feira que deixou a plateia sem fôlego. June apresentou um número espetacular de habilidade com o chicote, tendo Shun como assistente, e usando uma justíssima calça de couro cor-de-rosa, e um top decotado. Ao final, a entusiasmada plateia já chamava a amazona de “Indiana June”.

No dia seguinte, Shun subiu novamente ao palco para declamar poesias. Para azar dele, o efeito da apresentação de June foi tão grande que o pessoal achou sua apresentação entediante.

Na sexta-feira foi a vez de Afrodite apresentar-se com sua flauta, instrumento que ninguém sabia que ele tocava. O cavaleiro fez uma apresentação muito bonita e competente, além de ter encantado as pessoas com uma intrigante chuva de pétalas de rosas.

No sábado, Mu não fez feio e levou ao palco seu show de ilusionismo. A participação de Kiki garantiu boas risadas do público, especialmente quando o garoto desaparecia ‘misteriosamente’ e reaparecia flutuando atrás do mestre enquanto fazia “chifrinhos” com os dedos.

No domingo, após o discurso de encerramento feito por Saori, Seiya encerrou as apresentações individuais com seu concerto de violão e voz. Uma voz desafinada e fora do tom, mas que ainda assim emocionou quando cantou “Imagine”, levando alguns espectadores às lágrimas.

– Eu quero dedicar essa música final à pessoa que é minha razão de viver – ele disse, antes de começar a tocar a última música, “Endless Love”. – Àquela a quem amo mais que qualquer coisa nesse mundo e nos outros.

As pessoas de Rodório e das vilas vizinhas desejavam saber quem era a moça a quem ele devotava tanto amor. O pessoal do Santuário, entretanto, sabia muito bem de quem se tratava e, na primeira fila, Saori foi às lágrimas.

Enquanto isso, na coxia, Dohko desejava sorte aos pupilos que apresentariam “Lisístrata” pela última vez. A peça era um sucesso e arrancava risadas descontroladas da plateia, e o Mestre esperava que a última apresentação fosse tão boa quanto as outras.

Quando a cortina se abriu e Aiolia entrou no palco, usando sua túnica curta de Lisístrata, o pessoal já começou a rir, e quando ele apertou os ‘seios’ de Lampito/Shiryu, a plateia estava completamente rendida.

A cena entre a família formada por Shaka, Saga e Aldebaran também arrancou boas risadas da plateia. Mas foi a cena entre o Embaixador de Esparta, representado por Afrodite, e o Ministro de Atenas, papel de Marin, que levou a plateia ao delírio.

Afrodite entrava em cena com um claro volume sob a túnica.

– “Sou embaixador, meu caro” ele começou. Estou chegando de Esparta para tratar de paz.

– “Mas você vem tratar de paz com essa lança apontada para nós?” disse Marin, no papel do Ministro.

– “Isto não é lança...”

– “Então por que sua roupa está repuxada na frente a certa altura? Será um tumor que cresceu durante a viagem?”

Esse homem está maluco!” – um envergonhado Embaixador exclamou para a plateia.

Então, o Ministro/Marin aproximou-se e, com a Afrodite de costas para os espectadores, levantou a túnica.

Não é tumor, não! Não adianta disfarçar!”

O público praticamente rolava de rir nas arquibancadas.

– “Veja também!” – dizia Marin. – “Já percebi tudo! Pode dizer a verdade. Como vão as coisas lá em Esparta?”

– “Esparta inteira está parada. Nossos aliados também. Precisamos urgentemente de nossas mulheres.”

– “Qual é causa dessa... doença? Algum castigo divino?”

– “Não. Foi Lampito quem começou. Depois todas as mulheres, como se fossem uma só, aderiram a essa greve de sexo.”

– “E como vocês estão passando?”

– “Mal. Andamos até meio caídos para frente, pois não aguentamos o peso da... lança. E as mulheres não se comovem: só acabarão a greve quando for votada a paz em toda a Grécia.”

A encenação prosseguiu com a plateia explodindo de risos a intervalos regulares. Na cena final, Lisístrata voltou ao palco, chamando a Conciliação, representada por June, usando uma túnica muito ajustada e quase transparente, que deixava entrever o belo contorno de seu corpo. O Ministro e o Embaixador voltaram à cena para o ato final, acompanhados de um velho cidadão.

– “Já estou convencido só de “ver” os “argumentos” dela!” disse Camus no papel do velho, esforçando-se para cumprir o que dizia no roteiro e dirigir a June um olhar de tarado.

– “Vocês, espartanos” Aiolia prosseguiu , “têm sido muito injustos com os atenienses. Parecem até esquecidos de que são todos gregos e muitas vezes foram ajudados e até salvos por eles.”

– “Isso mesmo, Lisístrata” disse Marin no papel do MinistroEles são de morte. Vivem atacando nosso litoral.”

– “Se eu pudesse, atacava agora mesmo as costas dela! Que beleza de “litoral”!...” disse o Embaixador Afrodite, fitando a Conciliação.

– “E vocês, atenienses, não se julguem melhores que os espartanos” Aiolia/Lisístrata prosseguiu. Se vocês pensassem um pouco perceberiam que eles fizeram mais bem do que mal a vocês até hoje!”

– “Nunca vi uma mulher pegar as coisas tão bem!” disse o Embaixador, ainda sobre a Conciliação.

– “E eu nunca vi uma coisa assim!” – completou o Ministro.

– “Por que, então, vocês guerreiam?”indagou Lisístrata. “Por que vocês não acabam com essas divergências e se reconciliam de uma vez por todas? Vamos! Qual é a dificuldade?”

O Embaixador deu a resposta:

– “Se soubéssemos que a Conciliação era assim já estaríamos nos braços dela há muito tempo!”

E o Ministro completou:

– “Nós também queremos a Conciliação! Primeiro nós!”

Com o poder persuasivo da Conciliação, os homens aceitaram selar a paz. Então, as mulheres voltaram ao palco e confraternizaram com eles.

Para terminar, o Ministro/Marin gritou:

– “Espartanos, agarrem suas mulheres! Atenienses, segurem as suas! Isso! Os maridos perto das mulheres, as mulheres grudadas nos maridos. Depois de festejar esse fim feliz com danças em honra dos deuses, tratemos de evitar no futuro os mesmos erros que nos deixaram por tanto tempo sem... PAZ!”

E a cortina fechou-se com a plateia aplaudindo de pé, alguns segurando as barrigas, já doloridas de tanto rir, outros tentando esconder as calças molhadas.

Continua...


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