Por Carol

** trin, trin trin **

Quem será, uma hora dessas.

─ Alô? ─ atendi com uma voz sonolenta

─ ACOOOOOOORDA BISKAT. Hoje está fazendo um lindo dia para a gente caminhar na praia. Que tal? ─ sugeriu Anna

─ Porra, ainda nem acordei direito e tu já me convida pra caminhar? Calma aí, onde você tá?

─ Tô em casa ainda, acordei com o sol na cara e pensei “bom, já que eu não caminho faz um tempinho, que tal convidar minha amiga pra caminhar comigo?”. Aí, estou te implorando, vamos?

─ Tais muito alegrinha hein, danada. O que foi que rolou ontem hein? Me conta direito. ─ disse a ela. Eu já estava em pé, com o telefone na orelha e na frente do espelho checando meu cabelo.

─ AHHHH, foi lindo. Nos beijamos, mas acho melhor contar detalhes quando estivermos frente a frente HAHAHAH. AHHH quero saber do Théo também. ─ ela de repente abaixou o tom de voz, essa garota é idiota. ─ Ele tá pelado na sua cama?

─ HAHAHAHAHAHA, Anna. Me respeite caramba, não sou nenhuma pervertida. Vou tomar banho e vou aí para a gente sair juntas.

─ Okay, tô esperando já. Não vai vim? TÁ DEMORANDO JÁ.

─ Calma, tchau.

Desliguei o telefone e fui tomar banho. Cacei uma roupa boa pra ir caminhar. Puxa, há quanto tempo eu ando sedentária!

Me arrumei (1), peguei uma garrafa com chá gelado e as chaves do carro. Parei por um momento dentro daquela casa enorme, senti saudade de meu pai e de minha mãe. Enxuguei as lágrimas que escorriam em meu rosto e saí porta a fora. Chegando na casa da Anna, me deparo com ela totalmente diferente de um “look para caminhar na praia” (2).

─ Mas que roupa é essa Anna? Vais caminhar na PRAIA ou vai para um show de punk rock com o namoradinho ODIOR MORTE PARA TODOS 666?

─ O que? Cê acha que eu vou mesmo caminhar?

─ Vai vestir outra roupa sua sedentária!

─ Tá, já volto.

Quando ela voltou, mais uma desgraça... (3)

─ PORRA ANNA, NÃO ACREDITO QUE NÃO TENS UM SHORT DE ACADEMIA. Entra no carro, vou te emprestar uma roupa. Eu hein!

Fomos para a minha casa enquanto cantávamos enlouquecidamente Wannabe relembrando a nossa infância. Éramos muito boas em fazer dublagem para postar no youtube, não é em vão que o ditado “meu passado me condena” venha fazer parte de nossas vidas HAHAHA

Chegamos e ela estava vidrada no celular, dei um tapa na nuca dela

─ EI RAPARIGA, acorda. Desce!

─ Calma, deixa eu responder o Beto rapidinho.

─Calma o caralho, desce desse carro ou eu te enfio esse celular no...

─ Tá, tá bom. ─ ela não deixou que eu terminasse a frase e foi logo descendo. Depois quando estávamos na porta, ela ficava dando sorrisinhos bobos. Já sabia o que era isso.

─ EEEEEI, quero saber. Como foi com o Beto ontem hein safada?

─ AAAAAH, FOI LINDO, ELE BEIJA BEM, É TÃO FOFO, GENTE QUE PEGADA, EU AMO ELE. ─ disse ela com o rosto ruborizado e um olhar sonhador.

─ Nossa, disse que ama. O negocio foi bom hein rapariga.

─ AAh, ─ ela olha pra mim com uma cara de safada ─ e você com aquele boy magia? E que boy magia hein!? Deixou ele totalmente “molhadinho” HAHAH - sorri me lembrando da noite passada.

Contei tudo a Anna que só sabia dar pulinhos e gritos agudos.

─ Mas, sei lá amiga, tô com duvida sobre se eu realmente deveria ter ficado com ele. Eu terminei ainda pouco com aquele filho da puta que um dia chamei de namorado.

─ VOCÊ TÁ LOUCA? Amiga, não custa se aventurar um pouquinho, você anda muito para baixo e parece que o Théo te fez muito bem hein. ─ disse ela olhando nos meus olhos e depois me imitando. Eu ri.

─ Ahhh, sabe de uma coisa? Não quero mais ir caminhar, bora pro shopping? Eu chamo as meninas enquanto tu se arruma ─ sugeri.

─ Lalalalalala depois a sedentária sou eu lalalala.

Dei um tapão nela

─ HAHAHAH, vai logo rapariga. Veste qualquer coisa aí ô Sra. Não sei escolher uma roupa boa para caminhar. ─ ela riu, mas não tirava o rosto do celular.

Ela não respondia

─ Anna, se não vai trocar de roupa?

Ela não respondia

─ ANNA, CARALHO!

─ Ainw, não grita, to indo, to indo.

Ela subiu e como ela tem algumas roupas aqui em casa, foi se arrumar

─ Você já chamou as meninas? (4) ─ Anna me perguntou.

─ Desculpa, eu tô tão atrapalhada que esqueci. Você chama para mim enquanto vou me arrumar?

─ Tudo bem!!

Tomei meu banho e me arrumei (5)

─ Tá gostosa viu, vou já chamar o Théo.

─ Cala a boca idiota, bora!

Peguei a chave do carro e fomos para o shopping.

Chegando lá, encontramos a Lissa (6) sentada com cara de tacho e a Lena (7) falando alegremente no telefone, mas assim que percebeu que chegamos, desligou rapidamente.

─ O que vocês querem fazer? ─ perguntou Anna

─ Quero comer! ─ eu disse

─ Sei lá, bora no cinema. ─ disse Lissa

─ Vou a qualquer lugar com vocês. Até no inferno! ─ por fim, Lena.

─ Opa, partiu visitar Hades. ─ saí correndo e vi que me olhavam incrédulas tipo “essa garota não bate bem as bolas”.

Passamos a tarde toda comendo, fazendo compras, esperando a Melissa decidir o que comprar, assistimos filmes e por fim, voltamos e fomos tomar alguma coisa.

─ E aí? Como foi a noite de vocês? A minha foi maravilhosa com o meu amorzinho francês ─ disse Lissa piscando freneticamente.

Dei uma risada abafada

─ Você sempre fala isso “foi maravilhosa/maravilhoso com fulano de tal” ─ eu disse

─ Ah, cala boca. Chata.

Todas riram

─ E você Anna, rolou chupada ontem? Hahahahah ─ perguntou Lena

Anna riu e contou tudo, todas ficaram falando “awwwn” “nooooossa” “esse sabe!” “pedacinho de mau caminho”

─ E você com o meu irmão hein? Ele tava muito gato, aliás, teve pra quem puxar HAHAHAH. ─ disse Lena.

Contei tudo, mas tirando alguns detalhes e elas ficaram bem piores que quando a Anna contou sobre ela e o Beto.

─ AI EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FICOU COM O THÉO, VOU SER MADRINHAAAA ─ Helena quem disse.

─ Conta mais! - Lissa logo atras dela

─ Bom, aí eu não posso mais. Desculpe-me meninas! ─ fiz uma cara de cachorro que caiu do Baú de mudanças.

─ E agora se ta com duvida?- Lissa me perguntou com uma cara de revoltada ─ Olha aqui, se eu desse sorte para um boy desse, eu já tinha feito isso e muito mais, as duvidas é que se fodam - eu achei graça.

─ Cara, tu é puta não conta. ─ Anna comentou e as duas começaram a discutir .

─ Calem a boca, porra. Aqui é um lugar publico. Ninguém é obrigado a escutar as duas galinhas brigando por milho. MERESSO!!

─ E se a gente viajasse ? ─ eu comentei fazendo toda a atenção virar pra mim, eu me senti ruborizada e aterrorizada por isso.

─ Serio isso? ─ perguntou Anna

─ Na verdade, eu não sabia nem o que tinha na cabeça para falar, mas eu pensei bem e uma viajem não faria mal. Serio, topam?

Elas fizeram que sim com a cabeça.

─ Vou falar pro Beto e... ─ disse Anna, mas eu a interrompi.

─ Se acalma cachorra, falta a gente ver para onde vamos, o que vamos usar, que moeda ou dinheiro, as passagens, ver o passaporte, ver... ─ eu estava falando, mas a Lena interrompeu.

─ Tá tá tá, já sabemos Carol, já levamos esse sermão quando fomos para Miami. Relaxa Carol. Bora lá para casa gente, chama o Beto, Anna.

Fomos para a casa da Lena e não vi o carro de Théo na garagem...

Nem percebi que todas já tinham saído do carro e só eu estava lá dentro pensando em qualquer coisa, até que..

─ ÊEE caralho, sai daí cabeçuda. ─ era Anna

Saí, entrei na casa de Lena e me joguei no sofá

─ QUERO COMEEEEER! ─ eu gritei

─ Porra, não sei como você consegue comer tanto e não engordar. Continua com essa cintura fina, barriga reta e quadril largo, meu Deussss!! ─ disse Lena ─ Vai na cozinha, vai.

─ Opppaa! ─ corri até a cozinha e assaltei algumas coisas da geladeira ─ Anna, você já chamou o Beto?

─ Já, o meu am... Ele já tá chegando.

─ Hmmmm safada, já quer!

─ HAHAHAHA, vai comer, vai.

Voltei para a sala com uma tigela de pipoca misturada com jujuba grudada a mim

─ Que tal a gente assistir um filme antes do Beto chegar? Essa porra ta demorando pra égua. ─ disse Lissa

Concordamos e assistimos “Labirinto a magia do tempo” e não deixei elas comerem nada até que a porta se abre e todas viramos brutalmente para ver quem era.

─ Maninha, você não me disse que traria visitas. ─ sim, era ele. Théo (8), o Sr. Ignorante. Ele estava lindo como sempre, meu Deus, que homem. Ele me olhou por um instante e sorriu, meu coração logo disparou e como eu já tinha me dito 83974397473 vezes... Se controla Carol!!

─ HÁ HÁ HÁ, e desde quando te devo satisfações? Moro sozinha há 2 anos aqui. Você chegou um dia desses e já quer mandar? Me poupe, Theodore! ─ disse Lena irritada.

─ Ui, tá brabinha é? ─ ele abriu as palmas da mãos e balançou.

─ HAHAHAHA idiota.

─ Vou até a cozinha deixar essas coisas. ─ eu disse

Nem logo terminei de falar e Beto chega

─ Oi pessoal, desculpa o atraso, meu pai e eu tínhamos saído. Coisa de homem. E aí? Sentiram minha falta? ─ perguntou ele.

─ Só a Anna! ─ eu gritei da cozinha e comecei a rir.

─ CALA A BOCA CAROL.

─ Ui, ela tá nervosinha

─ SHIII

Eu estava lavando louça e cantando Iris enquanto o pessoal não parava de fazer barulho, estava tão envolvida que quando ouvi:

─ Você está linda... e canta muito bem.

Soltei um grito e derrubei uma tigela no chão fazendo-a quebrar

─ O QUE FOI ISSO CAROL? ─ Lena gritou da sala

─ NADA, RELAXA. ─ gritei olhando para Théo que estava rindo

─ Você está louco garoto? Quer me matar? Eu hein.

─ HAHAHAH, tinha que ver a sua cara. Linda de qualquer jeito.

─ Olha, cala a boca que eu não tô pra papo. Você me assustou, idiota.

─ Baixou a santa ignorância, eu mereço!! ─ disse ele com as mãos no rosto e depois olhando para o teto.

─ Você é mal, já pensou se eu morresse? Sei lá, jogasse a tigela para cima e caísse na minha cabeça? Meu Jared Leto que me defenda.

─ HAHAHAHAH, você é muito exagerada. Vem aqui, desculpa. ─ ele me abraçou, olhou nos meus olhos ─ Desculpa, tá bom? ─ eu balancei a cabeça em concordância e ele me beijou na testa e me abraçou de novo. Estávamos em sintonia certa, minha cabeça ficava bem em cima do seu peito esquerdo, dava para eu senti seu coração pulsar.

Escutei um “AAAAWWWNNN” vindo da porta da cozinha e vi 4 cabeças nos olhando e sorrindo. EU MERESSO SENHOR, EU MERESSO!

─ Ô seus filhos da puta, saiam daqui pô

─ Égua da insensível, meu Deus. ─ disse Anna ─ Bora gente!

Todos voltaram para sala em meio xingamentos e brigas.

─ Você é demais e fria. É por isso que gosto de você. ─ ele disse passando a mão meu rosto.

─ Só isso que você gosta. Ahhh, num gostei não. Deixa eu voltar lavar a minha louça que ... ─ ele não deixou eu terminar direito. Me pressionou levemente sobre o mármore e me beijou delicadamente. Nesse momento, era só eu e ele, uma única sintonia, um único corpo. Até que...

─ UHUUUU, ELE PEGOU ELA DE JEITO. ─ gritou Anna

─ ESSE SABE!! ─ gritou Beto

─ UHUUUU, LINDOS, CASEMMM ─ gritou Lena

─ Vão transar, vão. ─ e o comentário desnecessário de Lissa.

Eu larguei seu beijo e comecei a gargalhar enquanto ele olhava para trás sorrindo e depois ele me olhou e me abraçou. Sussurrei:

─ Vamos para a sala? Tenho uma boa proposta para todos.

─ Tudo bem, se envolver nós dois, ótimo! ─ ele sorriu “safadamente”

Dei um soco em seu braço

─ Idiota.

Chegamos lá e eu gritei

─ CHEGUEI SEUS CARALHOS, bando de inconvenientes, prostitutos.

Beto me imitou beijando o Théo ridiculamente e todos riram

─ Beto, vai se foder. Primo babaca!

─ Sim, porque me chamaram aqui? ─ disse ele rindo

─ Bom ─ sentei em uma poltrona de frente para todos ─ eu já tinha conversado com as meninas e tipo, eu tava pensando, que tal nós todos fossemos viajar, igual como fomos para Miami?

─ AHHHH, mas não vai beber e se perder de novo que nós não vamos mais te procurar. ─ disse Lissa.

─ Claro que não, que tal gente, vocês concordam?

Todos concordaram

─ Bom, então vamos ter até ─ peguei meu celular ─ depois de amanhã para decidir 5 lugares para nós viajarmos.

─ Tudo bem, agora, eu acho que vou para casa. Não tô bem. ─ informei.

─ Quem manda comer pra caralho, agora tá com caganeira. ─ disse Anna e todos riram

─ Porra Anna, tu não deixa passar uma. Tchau pra vocês.

─ Eu posso te levar. ─ Théo disse

─ Não Sr. Ignorante, obrigada, eu vim de carro e...

─ Você deixa guardado aqui, você não está bem. ─ olhei pro rosto dele, preocupado, ALEM DE LINDO É UM ÓTIMO ATOR, meu Zeus. Depois olhei pro rosto de safadas e maliciosas das meninas e vi que Anna sussurrou “vai gostosa”.

─ Tudo bem, eu aceito.

Todos bateram palmas

─ OBRIGADA MEUS FÃS, AMO VOCÊS. ─ falei mandando beijos e fazendo “paz e amor”.

Ele me levou até em casa, conversamos bastante e me senti tonta demais. Chegando lá..

─ Obrigada por você ser tão gentil comigo, não sabia que atrás de um ser grosseiro, havia esse cavalheirismo todo. ─ eu disse e ele se aproximou para um abraço, ele estava muito cheiroso, aquele cheiro agradável e penetrante.

─ Eu só sou assim com quem eu gosto de verdade, eu gosto de você. ─ ele me abraçou e passou a mão sobre minha nuca ainda abraçados.

─ Você é tão maravilhoso. ─ sorri e ele me deu um selinho. ─ Vou beber um copo d’agua.

─ Tudo bem, vou com você.

Fomos a cozinha e ele se sentou em um banquinho e ficou me olhando

─ Seu jeito de andar é tão sexy, meu Deus. ─ ele disse

Eu apenas sorri e o beijei no rosto. Ao voltar para sala e me senti tonta, com a vista escura. Só ouvi Theo gritar meu nome e apaguei.