Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 94
Capítulo 94:


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo...



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Anita procurava direcionar sua mente em apanhar um como com água na cozinha, mas cada vez mais ela pressentia que estava difícil, focar sua atenção em outra coisa que não fosse a decepção, incerteza e mágoa que ela viu refletida nos olhos de Ben. Ela sentia a necessidade de procurar o garoto, desfazer toda aquela loucura, dizer que ele estava certo, que ela o amava e que tudo aquilo não passava de uma tremenda mentira descabida, inventada numa hora em que todos os argumentos do mundo não seriam suficientes para justificar o fato dela estar o afastando de sua vida. A garota se viu partilhando raiva de si mesma, raiva de Antônio, raiva por suas próprias fraquezas, pelo medo e o receio em saber que Antônio podia ser capaz de qualquer coisa, se ninguém encontrasse uma forma de para-lo, o mais rápido possível. As palavras ditas e trocadas com Ben, eram como estrelas cadentes em sua mente reluziam e caiam, numa intensidade fora de controle, ela se viu partilhando de um sentimento como se ela fosse a pior pessoa do mundo por estar fazendo aquilo com a pessoa que ela julgava mais se importar na vida.

– Anita, Anita, filha. – Vera chegou à cozinha e desandou a gritar a garota que parecia estar em um transe e completamente longe do mundo real, enchendo um copo com água gelada da geladeira que já estava transbordando e Anita perecia não se dar conta.

– O que, mãe. – Respondeu ela confusa. – Ai meu deus. – Se espantou a garota quando percebeu o porquê da voz agitada da mãe a gritando, a água do copo trasbordava e já se espalhava pela mesa.

– Filha meu anjo. – Sorriu Vera desconcertada, diante do jeito nervoso de Anita que era perceptível. – O que foi, aconteceu algo. – Questionou ela.

– Não imagina. – Anita virou para a pia como forma de evitar que ela percebesse algo, prendendo sua atenção em procurar um pano para secar a água de cima da mesa.

– Mesmo Anita. – Cobrou Vera mais uma vez ao desconfiar.

– Mesmo mãe, eu só estou com um pouco de dor de cabeça, juro. – Anita não quis preocupa-la.

– É deve estar puxado mesmo, esse finzinho de ano letivo, ainda mais com vestibular né. – Vera não insistiu com ela.

– É, é isso mãe. – Anita sorriu para disfarçar, omitindo que nem o colégio ela havia frequentado naquele dia.

– Então vai descansar, eu enxugo isso aí. – Sugeriu Vera.

– Tá bom então, eu vou fazer isso. – Anita achou melhor mesmo voltar ao quarto e se jogar na cama, que parecia que era a melhor companhia naquele momento.

– Filha, eu sei que outro dia, eu fui rude com você por aquela história de você me esconder que foi passar a noite com o Ben, mas eu queria que você soubesse que eu quero muito te ver feliz, eu só não quero mais que você me esconda as coisas, mais que seja honesta comigo. – Vera aproveitou para desabafar.

– Já esta zerado, não é mãe, vamos esquecer, eu também errei, eu seu disso. – Compreendeu Anita. – Eu só acho que você também tinha que dizer isso a Sofia, não isso exatamente, mas conversar com ela sobre essa história da explosão no casamento, ela tá triste com o gelo que você esta dando nela. – Aconselhou Anita, dando um beijo na mãe e subindo as escadas em seguida, deixando Vera pensativa devido às palavras ditas por ela.

Anita pensava numa forma de entender o que Antônio tramava, mas não chegava jamais em algo que fosse no mínimo considerável. Até que ela tomou a decisão de procurar o garoto e confrontá-lo, ela não suportava mais aquela guerra fria que havia começado a travar com ele.

– Eu vim te perguntar qual é a tua Antônio, você já detonou meu namoro, o que mais você quer de mim. – Anita entrou esbravejando na casa de Maura sem nem pensar nas consequências.

– Hei que isso, tá achando que é quem, pra entrar aqui falando assim. – Antônio soltou o caderno e lápis, que ele segurava, sentado a uma poltrona na sala da casa de Maura.

– A garota que você esta destruindo a vida, seu infeliz, aquela que você jogou na lama, quando jogou aquele maldito vídeo na internet. – Anita proferiu em total raiva dele.

– Duas coisas, primeira você se jogou nela sozinha quando resolveu ter uma noite romântica com aquele desgraçado do Ben. – Antônio se irritou com ela, a encarando com um olhar psicótico. – Segunda quem cobra algo aqui, sou eu, ou já esqueceu do que eu sou capaz. – Antônio levantou em um rompante a encarando sério.

– Você é um nojo, um machista, preconceituoso, intragável, cretino, um verme, que nunca soube tratar uma garota com respeito, aponto dela querer ficar do teu lado e fica de inveja na felicidade dos outros. – Anita não conteve seu ódio e achincalhou Antônio, que ficou ainda mais furioso.

– Eu. –Antônio riu dissimulado. – Inveja de você e do otário do Ben, que ridículo. – Debochou.

– E porque me afastar dele. – Cobrou ela. – Porque no fundo você sabe que é ele, que eu amo. – Acusou Anita.

– E eu já disse que você vai se arrepender muito disso. – Antônio se exaltou a segurando com força pelo braço.

– Me larga. – Anita se debateu. – Eu odeio você, eu nunca vou ter nada com você, desiste. – Garantiu ela, enojada com a insistência dele em atrapalhar sua vida.

– E você ainda não aprendeu, que não é bom negócio me desafiar. – Antônio a ameaçou, enfurecido com toda audácia dela.

– Filho, o que tá havendo Antônio. – O misterioso Palhares entrou pela porta os interrompendo.

– Nada pai, eu só estava conversando com a Anita. – Ele fingiu que estava tudo bem, esboçando um sorriso cínico.

– Você marcou comigo, ou já esqueceu. – Questionou ele.

– Não jamais, faz assim vai indo lá pro bosque, que já te encontro. – Antônio instruiu.

– Está certo, mas não demore. – Disse o homem se retirando.

– E você pra finalizar, continua mantendo o Ben longe, que está ótimo, logo logo você vai saber o resto. – Antônio afirmou a Anita, que se viu em estado de pânico.

– Se você acha que eu vou te acatar sempre, tá muito enganado. – Esbravejou Anita indignada com o cinismo dele.

– Pode ser, mais agora vai embora, que eu tenho mais o que fazer. – Antônio respondeu fingindo indiferença à resposta dela. Anita acabou indo embora ao não ter mais estômago para encarar o garoto, tamanha era sua raiva.

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Ben se preparava para ir ao trabalho, parecendo desatento em realizar qualquer tarefa, em sua cabeça só um nome prevalecia a todo instante, o de Anita e a conversa estranha que os dois haviam tido pela manhã.

– Oi Ben, tudo na paz. – Omar entrou animado pela porta.

– Sim, acho que sim. – Falou Ben, não muito convencido da resposta. – Você vai aonde. – Perguntou o garoto, ao ver o companheiro de quarto, arrumando roupas em mochila.

– Vou fazer uma viagem sim, mas é coisa rápida, amanhã volto, vou visitar uma tia que teve que fazer uma cirurgia mais nada grave. – Explicou ele.

– Ah bom, melhoras pra tua tia então. – Disse Ben. – Trabalho me chama, até mais. – Se despediu ele.

– Tchau Ben. – Respondeu Omar.

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Anita pensava na discussão com Antônio e cada vez mais tinha certeza que o bosque poderia ser parte da chave para os mistérios do garoto, só podia ser lá que ele se mancomunava com a figura estranha de Palhares, o garoto era esperto e sabia que poucas pessoas tinham conhecimento daquela mata, era também uma minoria de pessoas que eram adeptas da natureza e do ambiente isolado do Grajaú que o lugar recordava.

– Anita foi você que pediu pra mamãe. – Sofia entrou quarto adentro, com um sorriso esbanjando felicidade, ela desconfiava da intervenção da irmã na conversa que Vera a procurou para ter, mas mesmo assim sentiu-se aliviada pelo voto de confiança nela, depositado pela mãe. Em muitos momentos a patricinha se viu compartilhando de um sentimento de arrependimento, pelo ato impensado para acabar com o casamento de Vera com o padrasto, que consequentemente gerou um desastre ainda maior, quando Sidney teve a esperteza de estourar o cano errado. – Anita! – Acorda, para de dormir aí. – A loira ruborizou a fala diante da desatenção da garota.

– Sofia você não te nada pra fazer não, do que ficar enchendo minha paciência. – Ela irritou-se com tanta insistência de Sofia.

– Me desculpa, mais você é que tá com cara de maluca aí. – Sofia afirmou suspirando. – E pensando em que. – Indagou a garota, pressentindo que havia algo de errado com Anita.

– Em nada. – Desconversou Anita. – Eu vou sair tá. – Comunicou ela, correndo até uma das gavetas do guarda- roupa, pegando uma muda de roupa e as pondo dentro da bolsa, rapidamente.

– E pra onde. – Sofia interceptou Anita a segurando com firmeza pelo braço.

– Você quer parar de se meter na minha vida. – Disse ela estressada com a intervenção da loirinha.

– Anita você não me engana, pode enganar minha mãe a até o Ben. – Afirmou séria. – Mais eu sei que você tá indo atrás do Antônio, pelo jeito vai se meter numa roubada que eu to sentindo. – Sofia falou com a voz exaltada.

– E você não tem nada a ver com isso. – Rebateu Anita descontente.

– Tenho sim, você é minha irmã. – Alegou Sofia impaciente.

– Bom, se eu sumisse do mapa, você iria pela primeira vez na vida experimentar a sensação de ser filha única da mamãe, olha que legal. – Dissimulou Anita, como forma de afastar-se da perseguição da garota.

– Para de falar bobagem. – A loira irritou-se. – E me diz logo aonde você vai. – Questionou ela irredutível.

– Tá bom Sofia, eu vou atrás do Antônio sim, mais você não vai fazer nada pra impedir, eu tenho que entender o que tá acontecendo na mente daquele louco, é não é ficando parada aqui que eu vou resolver essa situação. – Confidenciou Anita a verdade.

– Você não tem noção do perigo que é isso Anita. – Cobrou a mais nova.

– Claro que eu tenho, mas também não dá pra ficar aqui sem fazer nada. – Admitiu ela. – Eu vou só no bosque, quero saber o que ele tanto faz por lá, faz assim eu vou dizer pra mamãe que eu vou pra Julia, quando eu estiver indo pra Ju, te mando uma mensagem avisando que esta tudo certo, tá bom. – Sugeriu Anita, se recusando a desistir de seus planos.

– Ai Anita. – A patricinha relutou em concordar.

– Sofia eu vou de qualquer jeito, eu não tenho outra escolha a não ser ter alguma prova que seja o suficiente pro Antônio voltar pra aquela instituição, ou eu vou me afundar cada vez mais nisso tudo. – Contrapôs Anita.

– Tá bom vai, mais me avisa, por favor. – Pediu quase implorando Sofia.

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– Ben você tem certeza disso que você está me falando, não porque tá surreal. – Sidney desconfiava das confidencias do amigo.

– Pior que tenho, tudo que eu te contei foi exatamente o que a Anita me disse. – Confirmou Ben em plena frustração com o ocorrido e as atitudes de Anita.

– Não, não, é confuso demais. – Afirmou ele. – Você já tentou falar com ela de novo, ligar, não sei. – Questionou Sidney.

– Claro que sim, mais a Anita não me atende, já perdi a conta de quantas vezes tentei falar com ela hoje. – Respondeu o garoto angustiado com o silêncio que unia os dois naquele momento.

– Ai cara que loucura. – Falou Sidney boquiaberto. – Mais dá um tempo pra ela então, quem sabe amanhã vocês não conversam com mais calma. – Opinou ele, arrumando uma forma de ajudar a amigo.

– É de repente você esta certo. – Disse Ben, entregando o copo com água que Sidney havia lhe pedido.

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Já passavam das 10h:30min da noite e todos já dormiam no casarão, Sofia ainda estava de olho na tela do celular esperando a mensagem de Anita que nunca chegava, a garota se viu pressentindo que a irmã havia se metido em alguma situação de perigo e isso a estava deixando nervosa.

– Ai Anita sua idiota dá pra ligar que eu preciso dormir. – Dizia a loira verificando mais uma vez o telefone. – Ai, que eu não acredito nisso, meu deus. – Afirmou ela para si mesma se ajeitando na cama e constatando Giovana dormindo em um sono pesado, virada para a parede. - O que eu faço agora... – Se perguntou Sofia, levantando devagar e apanhando a muda de roupa que ela tinha deixado estendida na cadeira da mesa do computador para o dia seguinte. – Só tem um jeito. – Pensou ela.

– Ai Sofia não tá meio tarde pra você ligar pros outros não. – Sidney cobrou da loirinha após sair no portão e ver a figura dela parada perto ao muro de sua casa.

– Foi mal Sidney, mais eu já estava em desespero. – Afirmou a patricinha, irritada em ter que admitir que precisava da ajuda do menino.

– O que você quer afinal. – Perguntou ele sonolento.

– Eu preciso ir num lugar aí e tava com medo de ficar andando sozinha há essa hora. – Falou ela rapidamente. – Você pode ir comigo. – Indagou.

– Tá eu vou né, você já me acordou mesmo. – Sidney acabou aceitando ajuda-la.

– Tá então vamos logo, que é urgente. – Alegou ela o puxando pelo braço.

Ben viu insônia tomar conta de sua noite de sono, tanto que ele desistiu de revirar-se na cama e tentou estudar algumas questões do simulado que os professores haviam passado, mas também percebeu que sua concentração estava pouca, pra não dizer nenhuma.

– É aqui mesmo que você queria vir. – Sidney perguntou confuso para Sofia, quando eles pararão em frente a porta que dava entrada para o quartinho de Omar.

– É sim, agora você me espera aqui, por favor. – Pediu a loira tencionada.

– Mais o restaurante tá fechado, você aqui, a não ser que, você veio procurar o Ben, Sofia é isso. – Sidney ficou furioso com ela.

– Sim vim, qual o problema, eu tenho uma coisa séria pra dizer pro Ben. – Alegou Sofia não entendendo porque ele ficou tão exaltado.

– Você não muda nunca mesmo né garota, já soube que o Ben se desentendeu com a Anita e já veio se oferecer pra ele, como um pedaço de carne numa bandeja. – Retrucou ele enciumado.

– Sidney cala a boca, e não me ofende. – Sofia irritou-se com as especulações dele. – É sério eu preciso falar com ele, se eu tivesse vindo mesmo me oferecer pra ele, porque chamar você, o idiota. – Esbravejou a menina.

– Não sei, pra esfregar isso na minha cara, você gosta de fazer isso. – Afirmou ele, em parte compreendendo que os argumentos dela tinham certa validade.

– Ai como você se acha né. – Sofia sorriu sarcástica.

– E você não, olha só faz o seguinte pede pro Ben te acompanhar de volta, o idiota aqui cansou. – Disse ele se distanciando, irritado.

– Sidney, Sidney, volta aqui sua tosquice. – Gritou a loira exasperada. – Ai que ódio. – Resmungou Sofia se debatendo, quando percebeu que ele não iria lhe dar ouvidos.

– Sofia! – Ben abriu a porta após algumas batidas insistentes e quase não acreditou quando viu a menina parada.

– É eu, algo de mais nisso. – Falou a garota entrando apressada.

– O que você veio fazer aqui. – Ben não entendeu.

– Eu preciso te dizer uma coisa. – Afirmou ela. – E cala a boca e me escuta antes de dizer que eu vim dar em cima de você também. – Sofia ordenou, já estressada com as piadinhas de Sidney.

– Tá mais você veio falar do que então. – Questionou Ben. – Porque eu estou sonhando ou tendo um pesadelo, pra você estar realmente aqui, dizendo algo que me interesse. – Disse ele sinceramente.

– É sobre a Anita. – A loira foi direto ao assunto.


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Notas finais do capítulo

Até mais, um bom domingo a todos!!



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