Por Anita:

Eu entrei no táxi e percorri o caminho todo até o hospital me sentindo paralisada, eu não esperava enfrentar uma situação dessas tão cedo, não passava pela minha cabeça cogitar que isso poderia acontecer. Eu tinha todas as diferenças do mundo com meu pai nunca concordei com as coisas que ele fazia e dizia a minha mãe, sempre procurei ajuda-la a resolver todas essas questões, o meu namoro com Ben fizeram nossos desentendimentos aumentaram em uma escala considerável, depois de toda a história do vídeo então as coisas desandaram de uma vez, logo em seguida meu foi preso devido aos negócios exclusos que mantinha e por um momento eu cogitei sim achar que o Hernandez era o errado da história, mas como em tudo que se passou comigo nesses meses de desespero por causa dessa confusão toda que tomou conta da minha vida, eu tive que admitir que o errado era meu pai e o pior ele parecia não se importar e nem se sentir incomodado nem um pouco com isso.

Depois de tudo o que vivi deixar passar despercebido, as coisas erradas que estavam a minha volta, era complicado, eu não conseguia mais lidar e encarar tantas situações tortas com ares de injustiça com a mesma calma de antes, talvez ter sido tão julgada e apontada me fez perceber o quão equivocada eu estava em deixar passar despercebido os erros dos outros principalmente aqueles que envolviam a minha própria vida também.

A forma como o meu pai lidava com os problemas dele principalmente quando eles diziam respeito ao Ronaldo e a minha mãe, que parecia não se importar a ponto de dar um basta em tudo, me irritava ele sempre julgou o Ronaldo muito mal, sendo que agora ele estava provando que não tinha a mínima moral pra fazer isso. A descoberta do meu namoro com o Ben piorou as coisas a ira do meu pai em relação muitas coisas, passou a ser implacável quando diziam respeito a mim, mas definitivamente depois do que eu passei não estou a fim de suportar o julgamento dele ainda mais equivocadamente o que acabou desencadeando uma discussão tremenda quando ele descobriu que eu e o Ben reatamos depois de tudo. A discussão essa, que eu fui movida por um impulso de seriedade e acabei despejando assuntos de anos em cima dele, fatos reais e verdadeiros, mas nem mesmo assim eu não deixo de me sentir um pouco responsável por esse acidente.

Eu queria pensar que não fora nada grave mais as figuras tensas e preocupadas da minha mãe e do Ronaldo me diziam ao contrário, o Ben tentava me passar ao contrário, mas os olhares perturbados que ele me lançava me faziam perceber que algo muito ruim estava acontecendo, o que fazia o chão sobre os meus pés ficar bambo.

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Quando eu entrei pela porta que dava para a sala de espera avistei a Bernadete sentada com a tensão transparecendo em seu rosto, de em pé estava o Abelardo completamente apavorado sem saber direito o que fazer.

– Anita. – Bernadete falou apenas me dando um abraço tentando aliviar a sua angustia.

– Oi como o ele esta. – Eu perguntei temendo a resposta.

– Os médicos ainda não disseram nada. – Ela falou me encarando com os olhos vermelhos por baixo das lágrimas.

– Mais vai demorar muito pra falarem alguma coisa. – Eu ainda ouvi a Sofia perguntar.

– Eles disseram que a gente vai ter que esperar um pouco. – O Abelardo respondeu se aproximando.

– O jeito é a gente sentar e esperar gente. – A Bernadete sugeriu.

– Esperar, a pior coisa a fazer numa situação dessas. – Eu disse a ela vendo o Ben se aproximar.

– Em alguma coisa a gente concorda né Anita. – A Sofia me retrocou, ela estava disposta a colocar o acidente do papai na minha conta, como se eu já não estivesse me sentindo mal o suficiente.

– Essas coisas demoram mesmo, vamos torcer pra acabar tudo bem. – O Ronaldo falou.

– Vai acabar tudo bem. – A minha mãe falou abraçando a Sofia.

– Você tá bem. – O Ben me perguntou me fitando, parado a minha frente.

– É eu estou na medida do possível. – Eu não queria dizer a ele, que estava me sentindo fraca a ponto de desmaiar ali mesmo, já tinha gente preocupada de mais naquela sala.

– Vamos sentar um pouco vai é melhor. – Ele disse me puxando pelo braço até o sofá do outro lado que estava vazio.

Passaram-se quase 2 horas que pareciam mais um dia inteiro e nenhum médico ainda tinha aparecido, aquela espera toda estava acabando comigo, eu me levantei e caminhei até a janela.

– Ben tira a Anita daqui eu estou achando ela nervosa de mais. – O Ronaldo falou esperando que eu não ouvisse.

– Eu já tentei né, você acha que ela me escuta. – O Ben cochichou de volta.

– Eu não aguento mais isso. – A Sofia disse apavorada.

– Sofia fica calma o jeito é a gente esperar. – Eu ainda tentei passar tranquilidade a ela.

– Claro não é Anita, pra você tanto faz mesmo. – Ela respondeu.

Eu que olhava o anoitecer da janela me virei para ela não acreditando no que eu estava ouvindo, tudo bem que ninguém ali estava calma e imune a toda aquela situação, mas pelo menos ela poderia ficar calada ao invés de me julgar naquele momento.

– Ah você vai insistir em achar que eu desejei isso aqui não é. – Eu respondi a ela me virando.

– Porque falei alguma mentira. – Sofia afirmou.

– Você não pode tá bem da cabeça mesmo, pra dizer que queria que meu próprio pai fosse parar aqui. – Eu falei a ela, vendo tudo rodar a minha frente.

– Que saber você não é a sensata que fala o que pensa então, eu é que não vou ficar calada tá bom, você e esse ai são culpados por isso tudo. – Ela falou apontando o dedo em direção ao Ben que estava sentando.

– Eu olha só, eu não vou te responder por que você está nervosa. – Ele afirmou.

– Claro que são sim, você que colocou o meu pai na cadeia. – Ela afirmou novamente.

– Sofia acidentes na vida das pessoas acontecem, e tem mais você não ajudou o Ben em tudo isso ou não era de coração era com interesse mesmo. – Eu afirmei a ela.

– Pois é Anita eu não sei onde eu estava com a cabeça, quando eu trai o meu pai pra ajudar o teu namoradinho. – Sofia me respondeu com desdém.

– Ai Sofia me deixa em paz. – Eu disse me escorando na parede.

– Anita, para as duas com isso. – Minha mãe afirmou vendo o meu estado.

– Anita o que foi? – Ben saltou do sofá vindo em minha direção.

– Nada só estou com um pouco de dor de cabeça só isso. – Eu respondi.

– Vamos lá pra fora vai, tá muito abafado aqui. – Ele me sugeriu.

– Tá. – Eu concordei levando a minha mão para me apoiar no braço dele.

– Será que a Sofia tem razão Ben. – Eu disse me sentando em um banco do outro lado da rua.

– Ah não, a Sofia tá nervosa falando qualquer besteira e você vai ligar. – Ele me respondeu sentando- se ao meu lado.

– Sei lá, vai ver todo desastre tem um culpado ou pelo menos alguém que a gente pode culpar, e nesse caso sou eu. – Eu afirmei zonza.

– Não, nada disso às vezes as coisas simplesmente acontecem. – Ben me disse tentando ser otimista.

– É talvez. – Eu falei me escorando no ombro dele.

– Ei seja lá o que for vir pela frente, você vai ter que enfrentar. – Ele disse me olhando querendo que eu fosse otimista também.

– Prefiro não pensar coisa ruim, mas ao mesmo tempo eu tenho medo de não pensar e acontecer. – Eu confessei.

– Eu sei que é difícil, mas tenta manter a calma. – Ben me pediu.

– É muito, quase que impossível príncipe, eu to apavorada pronto falei. – Eu afirmei.

– Tudo vai se resolver. – Ele me respondeu de volta me abraçando.