– Caramba o teu pai não perde a pose mesmo não, Anita. – Julia dizia a amiga sentando-se numa poltrona do lado da cama de Anita.

– Nem um pouco, ele não tem limites. – Anita respondeu enquanto mexia no guarda- roupa.

– Mais e o Ronaldo e a Vera falaram o que? – Julia questionou Anita.

– O Ronaldo bem que tentou defender o Ben né, mas minha mãe sempre naquela linha dela de tentar disfarçar a situação sabe, de dizer “não e bem por ai”. – Anita disse vindo até Julia, com umas blusas na mão.

– Nossa que situação complicada amiga eu no teu lugar não sei o que faria, acho que iria surtar. – Ela respondeu.

– É o que tá acontecendo comigo, eu não aguento mais Julia minha mãe e meu pai me tratam como se eu fosse à culpada de tudo, me julgam e me condenam sem a mínima cerimônia, enquanto a Sofia bem, não vou nem te dizer mais nada não é. – Anita falou sentando-se, largando as roupas em cima da cama.

– Parece que tudo que ela faz tem alguma justificativa viável. – Julia disse concordando com Anita.

– Exatamente, só que sei lá eu passei por muita coisa, poucas pessoas realmente se importaram comigo de verdade, até minha mãe me falava que eu não podia fica de desânimo que não ia adiantar, que onde eu estava com a cabeça pra errar tanto, fazer tantas coisas que não eram do meu comportamento. O que eles não entendiam é que não era só desânimo eu passei por uma fase que pra mim tanto fazia eu não via caminho nenhum sabe. – Anita se justificou.

– Normal né amiga, de uma hora pra outra tudo ruiu em volta de você. – Ela falou concordando com Anita.

– É eu passei longos meses, nem querendo sai dessa cama aqui Julia, bom tinha dias que eu não saía mesmo. – Ela falou respirando fundo e lembrando-se de algumas das partes de todo o seu sofrimento.

– Parece que quando a gente sofre muito com algo não passa nunca não é. – Julia afirmou.

– Você tá falando do teu pai, Julia me desculpa não foi minha intenção fazer você lembrar-se disso. – Anita falou vendo a tristeza no olhar da amiga.

– Imagina Anita, você não tem culpa de nada é que às vezes vem à lembrança de tudo sim, como você falou superar é muito difícil. – Julia argumentou.

– Olha só se você precisar de qualquer coisa pode pedir de verdade, eu sei que eu andei muito distante de você, do Serguei, até de mim mesma nesses últimos tempos, mas vocês ainda podem contar comigo. – Anita afirmou.

– Obrigada amiga. – Julia disse seguido de um abraço em Anita.

– Sabe quando a gente vive uma situação dessas que eu vive, que a gente se da por conta de quem realmente se importa com a gente de verdade pra valer sabe, talvez você, a Bernadete e o Serguei, foram os que mais tentaram me ajudar e foram os que conseguiram mesmo, eu devo muito a vocês. E o Ben também não é, até que ele me ajudou e muito mais até do que eu merecia, depois do que aprontei com ele apesar dele ter me aprontado poucas e boas também. – Anita falou gesticulando.

– Anita essa história do Ben você não supera mesmo né amiga. – Julia disse achando graça das últimas palavras de Anita.

– Ah superar, o fato deu ter um namorado “galinha”. – Anita disse achando graça de si mesma.

– Para vai, ele te ama. – Julia afirmou rindo.

– É me ama, mas mesmo assim passou o rodo no Grajaú inteiro, tá tudo bem que talvez, ele não tivesse nada bem depois de todas as patadas que eu dei nele, mas precisava Julia me diz. – Anita disse se atirando na cama.

– Como você mesmo já disse várias vezes vocês dois erraram e muito. – Julia argumentou.

– É verdade, eu só espero que ele tenha virado um “ex-galinha”, é só o que me falta agora ter que ficar espantando piranha de cima dele. – Anita bufou.

– Dá parte dele eu acho que não, mas pode acreditar que as meninas ainda vão continuar tentando. – Julia disse.

– Ah não, desse jeito todo mundo vai achar que eu to maluca não tenho paciência pra aturar isso não. – Anita falou irritada.

– Ai Anita deixa essa parte pra quando vier acontecer se é que vai acontecer, também não é. – Julia falou.

– É pode ser. – Anita concordou.

– Amiga tem um telefone tocando acho que é o teu. – Julia afirmou.

– É o meu mesmo, me alcança faz favor. – Anita pediu a ela.

– Toma. – Julia respondeu alcançando a telefone a Anita.

– É o Ben. – Anita disse rindo da coincidência.

– Tá vendo ele previu que você estava falando dele e mal ainda. – Julia brincou.

– Vai saber, ele disse que vai me buscar às 8 horas pra gente ir ao cinema. – Anita disse soltando o celular.

– Ah sim, bom eu tenho que ir daqui a pouco também. – Julia afirmou.

– Ah não, vamos com a gente. – Anita sugeriu.

– Não capaz eu é que não vou ficar empatando vocês já tem gente demais fazendo isso Anita. – Julia respondeu.

– Empatando Julia deixa de ser boba, ó a gente pode chamar o Serguei também que tal. – Ela tentou convence-la.

– Xiii Serguei disse que ia se matar estudando a matéria de física pra amanhã, aliás, eu também tenho que fazer isso. – Julia falou.

– Sabe que eu entendi direitinho, quase que um milagre né eu andava tão perdida nas matérias. – Anita afirmou.

– Claro você sempre foi muito melhor do que a gente em física, só estava com dificuldade porque não assistia às aulas. – Julia justificou.

– É ainda bem que agora eu estou conseguindo acompanhar. – Anita afirmou aliviada.

– Bom então bom cinema pra vocês dois, e olha vê se não vai fica arrumando motivo pra brigar com o Ben hem. – Julia falou encarando Anita.

– Ah eu , acho que eu tenho o dom de transformar os meus namorados em “galinhas” né porque o Martim também é outro. – Anita falou pensativa brincando com a situação.

– Anita deixa de ser doida. – Julia riu da amiga.

– Pode ser, a vida da voltas mesmo não é, passei longos meses depois que eu terminei com o Martin dizendo que eu jamais iria namorar um cara assim, só que né vamos combinar. – Anita brincou com situação.

– Ai só você mesmo viu. – Ela respondeu de volta.

– Rir da minha desgraça não é foi o que sobrou. – Ela afirmou se levantando.

– Bom eu vou nessa então. – Julia disse indo até a porta.

– Eu vou descer com você. – Anita falou.

– Tchau Anita até amanhã. – Julia disse se despedindo.

– Tchau, olha amanhã eu te explico a matéria de física se você quiser. – Anita afirmou.

– Tá tudo bem. – Ela falou concordando.

– Tchau Vera, tchau Cícera. – Julia ainda falou.

– Tchau. - As duas responderam da cozinha.

– Gente vocês querem uma ajuda. – Anita pediu indo até elas.

– Pega mais umas formas ali no armário pra mim então filha. – Vera respondeu.

– Tá bom. – Anita disse indo até o armário.

– Você vai sair mais tarde Anita. – Vera a questionou.

– É vou ao cinema com o Ben por que. – Ela respondeu intrigada largando as formas em cima da mesa.

– Por nada, depois eu e o Ronaldo queremos ter uma conversa com vocês dois. - Vera afirmou.

– Que conversa sobre o que. – Anita perguntou meio tensa com as palavras da mãe.

– Depois vocês vão saber. – Vera respondeu apenas.

– Olha só eu não fiz nada tá, pelo menos nas últimas 24 horas. – Anita falou com receio, não passava pela sua cabeça o que exatamente a mãe queria tanto falar com ela e Ben.

– Será mesmo. – Vera disse.

– Ah não mãe, não vai me dizer que é por causa da história do quarto mais cedo, por favor. – Anita falou revirando os olhos.

– Não, mas você me lembrou de que isso também precisa ser discutido. – Vera disse a filha.

– Afff, só vocês mesmo. – Ela afirmou se sentando.

– Desculpa me meter, mas que história que vocês tão falando. – Cícera indagou as duas.

– Nada de mais, é que na hora do almoço a gente estava lá em cima só isso. – Anita respondeu.

– Estavam aos beijos. – Vera soltou.

– Mãe. – Ela falou boquiaberta diante da afirmação de Vera.

– Disse alguma mentira por acaso. – Vera afirmou.

– Não é que, que eu. – Anita disse sem saber o que responder fazendo Cícera apenas esboçar um sorriso diante de tal situação.

– Nem você sabe o que responder e depois reclama não é Anita. – Vera completou.

– Ai deus! – Ela afirmou franzindo a testa. - Vêm cá vocês já tão terminando ai não é, eu vou tomar um banho e trocar de roupa. – Anita falou tentando sair da saia justa.

– Vai pode ir tá tranquilo aqui. – Vera respondeu achando graça da garota.

– To indo então. – Anita disse indo em direção as escadas.