Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 122
Capítulo 122:


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem pela demora, não estava com tempo para escrever, mas finalmente atualizei... Muito obrigada a todos!!



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Às vezes passamos toda vida pensando em como será o nosso futuro, imaginamos sempre algo brilhante, feliz, repleto de encantos, pensamos em como seremos pessoas maravilhosas e implacáveis, seremos amados e não odiados, nunca pensamos nas pedras ao longo da caminhada, quando caímos à primeira vez pensamos que não é possível se levantar jamais, sentimos que cair uma vez mais, nos deixará sem forças alguma para seguir mais uma vez em frente.

A  grande verdade, a maior de todas talvez, seja que coisas boas ou ruins fazem parte do caminho que devemos traçar um pouco a cada dia que passa,  pensar em coisas boas nos dá força, imaginar um futuro triste nos derruba, criamos carapaças, aprendemos a nos defender da forma que dá, da forma que achamos que devemos, nos protegemos do mundo por medo de um sofrimento,  dos julgamentos, das decepções, das tristezas que doem fundo em nossos corações, por não acharmos que sejamos apenas dignos da pena de outro alguém, mas esse sofrimento vem de algum jeito, se evitamos um, uma tristeza maior pode nos arrasar como uma onda revolta no mar em um dia de tempestade, viver muitas vezes é caminhar tendo como chão aos nossos pés um imenso abismo, que nem sempre sabemos onde irá nos levar. O bom da vida talvez seja exatamente isso, o incerto, o inesperado que nos faz sorrir, as inseguranças que de algum jeito nos levam a nos tornar mais fortes, mais capazes, sofrer não é simplesmente ser fraco, mas um sinal de que precisamos ser mais fortes, que precisamos aprender com os erros dos outros e com os nossos, que temos que nos arrepender, ouvir as criticas, pra quem sabe se a oportunidade perdida apareça novamente para fazermos diferentes, pra que dessa vez passamos ser capazes de vencer, nenhuma lágrima é em vão, ela tem um propósito, ela pode também nos trazer uma dadiva, um aprendizado, um sinal de fortalecimento, de que vencemos de alguma maneira, de que derrotamos nossos dragões, que se fazem em medos e angústias que atacam nossa alma, de que somos capazes de enfrentar sim, e que ninguém tem o direito de nos nominar como fracos, ninguém está aqui para julgar, cada um sabe quanto pesa as pedras que está em nossa jornada e  da daquelas  que carregamos com nós, numa tentativa de um dia aliviar nossa alma jogando este peso para fora de nossas vidas, vencendo  um dia, não importa quando tempo dure, nada é eterno, nem a felicidade, nem mesmo aquilo que nos faz mal. A saudade, a sensação de dever comprido, de que valeu a pena, isso sim fica, a confiança em nós mesmo talvez seja o maior tempero da vida,  juntamente com o amor, por mais que nem sempre todos nos amem com a mesma intensidade.

E Anita precisava confiar, precisava crer que nada foi em vão, que ela não estava ali só para enfrentar seus sofrimentos e todos seus medos para nada, ela tinha que confiar para ter coragem para enfrentar principalmente o que ainda estava por vir, a confiança em sua felicidade não podia lhe abandonar, não naquele momento, ela precisava de otimismo e força para continuar enfrentando, por mais que a luz da garota estivesse brevemente apagada depois de tudo...

— Olha eu não posso deixar você ficar mais que quinze minutos, são ordens do doutor, e ele deve ter te falado que se quer ela vai acordar, talvez amanhã. – a enfermeira dizia categoricamente a Ben, parada com ele a porta do quarto onde Anita se recuperava.

— Tudo bem, eu me contento de ver ela, por um minuto que seja, mesmo que ela não fale comigo. – Ben concordou, talvez no fundo realmente quisesse muito mais, sendo totalmente guiado pela ansiedade de ver a garota recuperada novamente, mais simplesmente a certeza de que ela estava bem, realmente já aplacava um pouco sua angustia.

— Bom eu vou indo, preciso ver outro paciente, pode entrar, venho te chamar quando der o horário. – a mulher alta, de cabelos pretos envoltos em um coque, assentiu com um sorriso cordial saindo logo em seguida em um caminhar paciente. Ben  ainda respirou profundo, tentando aplacar seus sentimentos, que a essa altura estava a mil por hora dentro de si, depois do dia exaustivo e cheio de preocupações que viveu, o rapaz parecia querer convencer  a si mesmo de que tudo havia se resolvido, e tudo em breve estaria bem. Ele se viu perdido em suas afirmações, quando finalmente entrou pela porta do quarto onde a menina estava, apenas parando pasmo a olhando ainda de onde havia dado o primeiro passo para dentro do ambiente, por um segundo só soube agradecer por nada mais grave ter acontecido com ela, a olhando dormir tão calma, teve a certeza de que não suportaria, caso contrário Anita levaria consigo uma parte dele, a parte que era essencial para sua vida, a mais importante, a alma de Ben morreria, se escureceria junto com ela, a amava demais, para ver a vida lhe tirar aquele amor, de um jeito tão brutal.

A moça dormia a parecer um anjo, nenhuma expressão de todo aquele horror estava presente em seu rosto, seu rosto era leve, suave, tão tranquilo, que realmente dava para crer que tudo havia sido um completo engano, um longo e doloroso pesadelo, mas que agora finalmente podia estar acabado, Anita estava tão linda e tão calma, que Ben permitiu-se sorrir levemente por um segundo, o garoto já nem conseguia lembrar de qual foi a última vez que teve vontade de tal gesto, de quando seu coração sorria, não era apenas uma expressão forçada, ele também estava em paz. Podia passar o resto de sua vida ali, mais entristeceu-se ao entender de que brevemente alguém o chamaria de volta a sua realidade, que ainda não era tão cheia de paz, para ser completo precisava ver Anita bem longe daquele quarto de hospital, e ele faria qualquer coisa para esse dia chegar, prometeu ele a si mesmo tocando levemente a mão dela que se quer demostrou qualquer reação, no fundo Ben queria era mesmo controlar sua vontade de tentar acorda-la e de olhar em seus olhos, de a ver dizer que realmente estava tudo bem, ele ainda precisa daquilo para abrandar de vez seu coração, que parecia totalmente cansado pela surra que havia tomado devido a todo medo que sentiu.

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Enquanto o rapaz sonhava com o momento que a veria falando com ele, a encarando com aquele sorriso nos olhos, que Ben só via no rosto da menina, Anita se quer conseguia ter um conhecimento exato de sua realidade, a moça se encontrava em um sono tão profundo, que sentia uma paz que a deixava longe do mundo, longe de toda tensão que havia vivido, era um lugar que a fazia ficar tão em paz, uma imensidão sem fim, havia ali um silêncio tão grande, o céu puramente azul em contraste com o florido do campo a fazia quase flutuar em uma alegria sem fim, enquanto percorria o lugar num correr rápido, ela sentia-se tão leve a ponto de não querer nunca mais sair dali, estava tão feliz, que a garota jamais pensaria que sua felicidade seria maior, e poderia sim ser maior, a face de Anita se fez em sorrisos largos e iluminados, quando em meio a correr para o nada, ele sente alguém lhe puxar com certa força, a moça para a olhar para trás até assustada, mas a reação que cabe em seu rosto, é apenas a alegria que estava presente em sua alma, ao ver que Ben estava atrás de si, e a alegria um do outro se refletia em seus olhos, ambos tinham o sorriso no olhar.

— Eu falei que iria estar aqui, te esperando não disse. – Ben proferiu alegremente enquanto os dois se olhavam encantados.

— Eu sempre soube. – a menina respondeu sorrindo entusiasmada, e recebendo um beijo apaixonado em seguida, o beijo que os prendia em um lugar maravilhoso e para sempre.

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Ben ainda continuava apenas olhando Anita, sabia que por já estar perdido em pensamentos e em velar o sono tranquilo da amada, em breve alguém lhe chamaria para ir embora, por mais que não quisesse, por ele nunca mais saia de seu lado, mas infelizmente seu pedido e seu tempo havia se esgotado, o rapaz teve a certeza disto quando viu a mesma enfermeira que o acompanhou voltando ao quarto logo depois de bater na porta.

— Você tem que ir. – ela disse tentando comunicar tal fato com uma expressão simpática.

— Já vou. – Ben afirmou se erguendo da cadeira ao lado da cama de Anita, a encarando de relance um tanto decepcionado.

— Ok, cinco minutos. – a morena ainda lhe concedeu saindo novamente a fechar a porta.

E Ben só soube olhar para Anita com um olhar de despedidas que também continha frustração, já se preparando para ter que esperar para vê-la, enquanto ajeitava uma mecha  de seu cabelo devagar.

— Eu volto, prometo. – pronunciou ele baixinho,  acariciando sutilmente seu rosto e a sorrir, e olhando rápido para a porta apenas se vendo sem vontade de ir embora quando voltou a fitar o rosto da garota, e como último gesto de se despedir, atrevendo-se a deixar um beijo delicado e saudoso em seus lábios.

O sonho profundo e calmo de Anita, parecia estar cada vez ficar mais distante dela, e ela finalmente se dava conta de sua realidade, por mais  confusa que estivesse.

— Ben? – Anita murmurou fracamente, quando despertou sentindo-se sôfrega, e viu Ben lhe olhando confuso parecendo estar assustado.

Continua...


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