Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 119
Capítulo 119:




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— Vocês são dois idiotas, idiotas. - Antônio olhava para o casal um ao lado do outro com repugnância, ira, tomado por um ódio que nesse momento já o consumia.

— E você se acha muito esperto, não é Antônio. -  Ben rebateu meio irado, já não aguentava mais os joguinhos sempre regados por total maldade de Antônio.

— Cala a boca, cala a tua boca, que eu não falei com você. - Antônio se dirigiu ao meio-irmão enfurecido.

— Ben, por favor, não piora tudo. - Anita não sabia mais o que devia fazer, apenas fechou os olhos lacrimejados por segundos, suplicando que de alguma forma tudo tivesse o fim breve.

— Deixa ela ir embora, teu problema sempre foi comigo, não com ela. - impôs Ben a um Antônio que não parecia importar-se.

— Você acha mesmo que tudo vai terminar numa ótima pra você e pra ela, que finalmente vocês irão viverem felizes. - Antônio gritou enraivado pela hipótese que se desenhava em sua mente. - E sem mim, não é isso que os dois pensam. - acusou ele. - Só que vocês não vão, você não vai Ben, sabe qual teu problema, de ser otário como você é... - ele respondeu rindo com cinismo. -  Já pensou que ela está aqui porque quer, ela não te pertence, e se depender de mim, também nunca vai. - ele disse, como total ameaça.

— Chega Antônio, eu dispenso teu papinho cínico, eu ja sei de tudo, eu sempre soube, você tá chantageado ela, você obrigou a Anita a terminar comigo, e baseado em que, na tuas loucuras no fato de que você é um cretino, você acha mesmo que isso vai dar certo Antônio. - Ben cansou de bancar o sensato. - Eu sempre soube, ou você achou mesmo que da noite para o dia, eu iria acreditar que ela deixou de me amar. - disse ele impacientemente.

— Então você me traiu. - ele alegou ensandecido querendo se aproximar da menina, mais impedido por Ben

— Acorda Antônio, eu nunca fui nada tua. - Anita contraria, mesmo amedrontada.

— Não, você é que tá mentindo, você. - Antônio insinuou em um tom obsessivo. - Você, e porque, por causa dele, pra se fazer de santa pra ele. - ele afirmou os fitando com descontrole.

— O que você tá falando não faz o menor sentido Antônio. - Anita dizia entre lágrimas que ela já nem sabia se eram movidas por medo ou raiva.

— Faz sim. - Antônio insistiu em seu plano equivocado.

— Eu nunca quis nada com você,  quando você chegou aqui eu já namorava o Ben, você entendeu tudo errado, interpreto tudo a teu jeito nessa tua mente doentia, e não parou, não cansou, até ter a oportunidade de filmar aquele maldito vídeo, e acabar comigo não é. - Anita lamentou ter seu destino cruzando com o de Antônio.

— Pois eu devia de ter feito pior, você merecia, e merecia muito mais por me trocado por esse desgraçado, e  por ter dormido com ele, e agora por me trair. -Antônio agia com descontrole e até surpreso por o que ouvia, não dimensionava que Anita teria coragem.

— Deixa ela em paz. - Ben afirma se pondo na frente dela.

— Quem você pensa que é pra me dar ordens. - Antônio perguntou furioso por Ben não se render, e ainda agir com orgulho apesar de estar ameaçado.

— Ben chega, para com isso, ele não tá brincando. - Anita quis argumentar aos prantos.

— Você devia ouvir ela. - Antônio respondeu parecendo ironizar. - Engraçado que, pensar em acabar com os dois, me deixa dividido, porque eu ainda não sei com qual eu acabo primeiro, essa proteção toda de um com o outro, não decidi quem eu quero ver sofrer mais. - Antônio murmurava com doentia.

— E você pretende o que, me fala. - Ben não conseguiu dar ouvidos aos apelos de Anita, só conseguindo sentir raiva, uma raiva que lhe consumia. - Você não passa de um covarde, é isso que você é Antônio. - acusou o rapaz empurrando o garoto enraivado.

— Ben! - Anita só teve o gesto de gritar em desespero. - Parem com isso os dois,  deus. – ela quis argumentar, mas foi ignorada por ambos, que já ensaiavam uma briga sem fim.

— Pelo amor de deus. - a garota suspirou resignada ainda mais apavorada, ao tentar forçar a maçaneta da porta de saída do local e perceber que ela ainda estava trancada, e que os dois não pareciam dispostos a lhe ouvir.

— Você é um fracassado feito o Hernandez. - esbravejou Antônio, cambaleando para afastar- se de Ben.

— O Hernandez só cometeu um erro na vida dele, e foi justamente ter tido pena de você. - Ben falou enraivado pelas ofensas do rapaz ao padrasto. - Pena de alguém que não merece, porque esse cara que você chama de pai, só está te usando, e você ainda se acha tão esperto. - ele disse o confrontando.

— Você tá mentindo, mentindo. - Antônio rebateu tomado por raiva acertando um murro em direção ao meio-irmão.

— Eu não to, e você sabe disso. - Ben afirmou revirando com a mesma ira.

**************

— Ben, Ben, chega disso, para com essa briga. - Anita pediu suplicante, aproveitando a trégua na troca de socos e ofensas dos dois, tremula e sem rumo à menina parecia não saber como retomar as rédeas de sua vida, e passar novamente a controlar suas ações, Anita tinha ainda mais plena certeza disso quando era visivelmente ignorada pelos dois garotos, quando implorava quase em sussurros que os dois parassem com tal discussão, ela só queria poder viver novamente  sem ter que sentir medo, pressionada, forçada por alguém, a não  fazer aquilo que seu coração ordenava, ela só queria um fim para aquilo... - Chega, eu só quero ir embora daqui, só isso. - ela disse trêmula puxando o garoto com toda força que teve para perto de si.

— E você acha que vai conseguir, a gente morre aqui, mais eu não vou deixar você ir embora com ele. - alega ele em tom de ameaça.

— Eu te odeio, deixa o Ben fora disso. - Anita se amedrontou com a forma que Antônio os encarava, e todo seu medo parecia virar descontrole e pura incerteza.

— Antônio. - Palhares forçou a porta notando os ruídos estrondosos que vinham do local. - Mais o que, que circo é esse. - o homem quis saber.

— Nada não pai. - Antônio afirmou querendo recompor-se da briga desenfreada com o irmão.

— Eu sabia que você iria colocar tudo em risco, e porque por conta de uma vadiasinha, que nem te quer. - Palhares viu-se revoltado.

— Não se mete nisso. - ordenou Antônio.

— Pois eu... - o homem falava arbitrário.

— Aqui, achei bisbilhotando lá fora. -  disse o vulto misterioso que entrava pela porta já interrompendo Palhares.

— Serguei. - Anita ficou surpresa e intrigada.

— Foi mal, mais quando você saiu daquele jeito eu sabia que tinha algo errado. - o ruivo olhou arisco para Ben, confessando que havia o vigiado de perto até entender o que estava acontecendo.

— Mais um metido a herói. - dissimula Antônio.

— Aí o palhaço, cala tua boca, porque eu já to cheio do que você tá fazendo com a Anita. - Serguei não ligou nem um pouco para sua segurança, e olhou enraivado para Antônio.

— Serguei vai embora daqui. - Anita o implorou quando o viu aproximar-se dela e de Ben.

— Ninguém vai sair daqui. - Palhares garantiu parando em frente à porta. - Enquanto a gente não resolver essa situação. - falou ele, lançando um olhar de ameaça a todos.

— A gente segue como antes, você apanhou o dinheiro não, então. - interrompeu Antônio taxativo.

— E como, você não pensa, se você leva essa menina junto, vamos ter que dar um jeito nos dois aqui mesmo, pra eles não nos atrapalharem indo atrás dela. - Palhares agiu irritado diante de todas as sandices de Antônio.

— Você não vai tirar ela daqui, ou pra isso você vai ter que ouvir teu pai Antônio. - declarou Ben, segurando firme a mão de Anita, que de tão gélida parecia nem se mover, ou capturar a reação de Ben.

— E você acha que eu hesitaria. - Antônio provoca sorrindo cinicamente. - Seria um enorme prazer. - riu audacioso.

— Eu já chamei a polícia. - disparou Serguei movido pelo momento tenso, que visivelmente estava instalado no local.

— Eu não acredito nisso. - Palhares disse em tom de indignação. - Você é um burro Antônio, simples assim. - afirma ele ironicamente.

— A culpa é dele, ele sempre atrapalhou minha vida, sempre quis tudo que eu tinha. - Antônio agiu com descontrole, olhando para o casal com ira.

— Você é culpado, só você, por simplesmente nunca ter sido agradecido por nada do que você tinha Antônio, não pensa que eu vou me sentir responsável por nada que aconteça a você, você vai colher aquilo que você plantou, o resultado da tua loucura, do teu ódio do mundo, da tua inveja das outras pessoas, da tua falta de agradecimento por aquilo que a vida te deu, então não põe a culpa das tuas atitudes macabras  na minha conta. - Ben rebateu estressado com os devaneios do garoto.

— Calma aí, calma aí. - Palhares ainda defendeu Antônio do confronto com Ben, contendo o rapaz.

— Cara como eu disse, já tá todo mundo atrás de vocês. - Serguei confirmou altivamente, guiado por um misto de coragem e medo de como tudo terminaria.

— Hei você fica na tua também. - o comparsa de Palhares ordenou vigiando Serguei de perto.

— Você vai vir comigo de qualquer jeito. - Antônio garantiu puxando Anita fortemente pelo braço.

— Solta ela. -  Ben ordenou atordoado sendo impedido por Palhares de aproximar-se dos dois.

— Eu não vou Antônio, eu não vou, faz o que você quiser comigo, eu não vou me importar. - declarou Anita já nem sabendo o que lhe dominava, apenas sabia que nada era mais pior do que a hipótese de conviver com Antônio.

— Cala tua boca, porque você já me traiu demais, mais eu vou perdoar, porque a culpa é dele, é totalmente dele, do Ben. - Antônio insistiu, olhando de modo descontrolado para a garota.

— Eu te odeio Antônio, faz o que você quiser, mais é o Ben que eu amo, você não vai nunca mudar isso. - Anita contraria, já não suportando lidar com Antônio. - Eu tenho nojo de você, nojo, desprezo,  eu nunca vou querer nada com você, eu nunca vou se quer encostar em você. - disse a menina enojada, em meio a lágrimas que já era também de pura raiva por tudo que estava passando, já não dando importância para o desfecho de tudo, nem mesmo ter sua vida  em poder do garoto.

— Vamos dar o fora daqui, to ouvindo barulho de alguém vindo. - o capanga de Palhares alertou.

— Me solta Antônio. - Anita se debateu inutilmente.

— Vai ter volta Anita, isso não acaba aqui. - o garoto afirmou irado, guiado pelo ódio  transformado em força que as palavras da menina lhe trouxeram, empurrando  Anita contra a vidraça da janela, na parede que se dirigia a  pequena cozinha improvisada no local, os segundos que seguiram foi de total confusão, Palhares  e seu compatriota saíram sem nem olharem para trás, Antônio teve a certeza que ou fazia o mesmo ou nunca poderia se vingar de Anita e Ben, já que se ouvia de fato o barulho das viaturas policias já parados em frente a casa abandonada.

— Você tá bem. - Serguei assustou-se  quando viu a garota parecendo zonza.

— Não eu, ai Serguei. - Anita proferiu não compreendendo muito o que sentia, agonia sentida anteriormente parecia abrandar-se agora em seu coração, mas de algum modo tirava sua força física, como se o tempo acabasse de parar, ela apenas se via tonteada, enquanto o amigo lhe ajudava a levantar do chão que havia caído convalescendo a segundos atrás. - Cadê a Ben. - a garota se confundiu diante da sala tão vazia.

— Tentou ir atrás do Antônio, mais ele me disse pra ficar com você. - explica ele não entendendo o jeito pálido de Anita, se perguntando porque a menina  parecia desmemoriada e não ciente dos acontecimentos de instantes atrás.

— Não vi. - Anita não conseguiu lembrar de nada, estando desfocada do que se passava, não entendia, algo lhe fez sair de cena era assim que a menina via-se, abruptamente  confundida.  - Ai meu braço. - reclama ela ao não conseguir mexer o braço dormente e sentindo uma sensação de ardência lhe atormentando.

— Deu mal jeito.- o amigo quis saber preocupado.

— Acho que sim. - ela não negou.

— Anita, Anita. - Ben voltou gritando por ela. - Você tá bem. - ele indaga em extrema preocupação e olhares de pura aflição.

— To, to sim. - ela tentou insistir mesmo incerta, parecia que algo desconhecido queria lhe puxar ao chão, mesmo que Anita ignorasse, como se seu corpo ignorasse as ordens de continuar de pé, por mais que essas fossem as ordens de sua mente a ele.

— Cadê o Antônio. - Serguei disse ainda perturbado ao ver o inspetor entrar acompanhado de um colega.

— Fugiu, mais nós vamos acha-lo. - o policial garantiu em tom tranquilo. -  Depois vou querer falar com os três, eu já liguei pros pais de vocês, eles estão vindo. - ele disse com serenidade se afastando novamente.

— Anita você tá com a manga da blusa encharcada. - Serguei disse com olhar de susto, ao tentar ajudar a amiga com a dor no braço.

— Você bateu o braço no vidro. - Ben lembrou que havia quebrado o vidro quando em meio à briga com Antônio o empurrou contra o mesmo local.

— Não vi, foi tudo muito rápido, não senti, acho que eu tava nervosa, eu to nervosa... - diz ela confusa, que com o passar dos segundos, repensa que não seria nada leve, a julgar pela sua falta de ânimo.

— Tá ok, pergunta sem cabimento. - respondeu Ben não querendo aterroriza-la.

— Ben é sangue, na pior das hipóteses ela, ela... - Serguei falou assustado quando olhou para os dois, enquanto Ben tentava ajuda-la.

— Serguei. - Ben rebateu taxativo pedindo que ele não fizesse alarde.

— O que, eu cortei o braço, e isso é grave.  – a garota olhou de relance para o amigo estampando um sorriso amarelo no rosto. - É quer dizer, eu to meio zonza, mais... - Anita ainda quis contornar a situação, mais viu que o cabeleireiro estava correto, quando tocou o braço machucado e também notou que a manga de sua blusa preta estava bastante molhada, só que por sangue.

— Anita, não me assusta Anita. - Ben entrou em desespero sem conter quando viu a menina se apoiar em si, com cara de quem perdia por completo suas forças.

continua...

 

 


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