Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 103
Capítulo 103:


Notas iniciais do capítulo

ótima leitura!!



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– Já vai, meu deus que pressa. – gritou Ben vindo do banheiro após tomar banho, caminhando apressado para abrir a porta, no momento em que escutou batidas impacientes.

– Anita. – o garoto não pode deixar de surpreender-se quando viu a imagem da menina.

– Oi. – disse ela em um tom falho, no momento em que seus olhos foram de encontro à figura do garoto. – Eu sei que você, deixou claro que não queria me ver a não ser que eu estivesse disposta a contar a verdade sobre tudo que tá acontecendo, mas, mas eu... – disse ela mal conseguindo respirar de tanto nervoso. – Ben eu não aguento mais, eu só queria sumir, sumir, sumir pra sempre, eu acho que eu nunca me senti tão sozinha, tão ignorada como eu venho me sentindo nesses últimos dias, é um medo, uma tristeza, uma raiva que... – Eu não sei mais o que fazer, não sei Ben, eu sinto que eu preciso fazer alguma coisa, mais eu não consigo, eu não encontro forças, eu não sei de onde tirar animo que seja suficiente pra nada, eu só me vejo as escuras, sem uma luz, sem um caminho que... – Não me manda embora, por favor, só deus sabe o quanto eu relutei em vir aqui te falar isso. – a garota suplicou, se jogando nos braços dele em busca de um abraço onde ela buscava conforto.

– Eu não vou te mandar embora, não vou, mais agora se acalma, por favor, porque desse jeito eu também não consigo te ajudar. – argumentou Ben calmamente, atônito em comtemplar o nervosismo e descontrole de Anita que era visível.

– As coisas pararam de fazer sentido, nunca pensei que um dia eu fosse dizer isso, mas nem quando aquele maldito vídeo caiu internet, eu me senti tão mal, porque no fundo eu não sabia, eu não tinha ideia da pessoa monstruosa que estava por trás daquela atitude, do mostro que é o Antônio. – desabafou ela, dominada por uma mistura de agonia e tensão por tudo que enfrentava. – Não me odeia, não me odeia pelo que eu to fazendo, se você fizer isso eu não vou aguentar mais isso. – falou Anita admitindo em meio a um impulso que temia o desprezo de Ben.

– Oh Ben uh... – Omar vinha chamando pelo garoto quando deu cara com a cena inusitada diante da porta que estava aberta. – Desculpa gente, não quero atrapalhar. – alegou ele fitando os dois abraçados, mas não entendendo muita o que se passava, já que o próprio Ben havia confidenciado que não namorava mais Anita.

– Omar será que você pode dar vinte minutos pra gente, só o tempo deu conversar com ela. – pediu Ben transparecendo tranquilidade por mais que o susto em ver Anita em total estado de descontrole se fizesse presente.

– Claro, eu vou dar um pulo lá no Zico pra assistir o jogo, fiquem a vontade. – falou ele retirando-se devagar.

– Ben eu, o Omar não pode falar pro Ronaldo que eu estou aqui, se alguém desconfiar de alguma coisa eu... – a garota proferiu com exaustão e lágrimas nos olhos quando parecia se recordar de onde estava.

– Calma, fica calma só isso. – pediu Ben. – Ele não vai falar nada, se tem uma coisa que eu tenho plena certeza, é que jamais o Omar iria se meter na vida de alguém. – garantiu ele, procurando acamá-la e confiando cegamente no colega de quarto.

– Tá tudo uma confusão Ben. – confessou ela, com lágrimas que ela não conseguia conter.

– Hei, não fica assim. – murmurou o garoto com zelo, apenas a trazendo para perto de si e lhe envolvendo em um forte abraço novamente. – Você tá tremendo, o que foi que aconteceu? – questionou ele ao constatar. - Me fala, com calma, por favor, você tá muita nervosa, não vai te fazer bem isso. – esclareceu Ben diante de uma Anita confusa e parecendo não muita certa de suas ações.

– Eu não queria te preocupar, eu nunca pensei que eu teria que passar por algo assim de novo, mais eu não devia ter vindo aqui encher tua cabeça com mais problemas. - confidenciou ela se preocupando com o nervosismo que via nos olhos de Ben, devido ao estado que ela se encontrava. – Acho que é melhor eu ir embora, eu já... – disse a menina aflita ao levantar da cama do garoto onde ela estava sentada. – Eu já... – Compliquei demais tua vida, foi eu que decidi seguir com essa história dessa forma, não tenho direito agora de te exigir alguma coisa. – expressou ela, com a bolça em mãos, correndo até a porta.

– Não, não, não para. – pediu Ben, terminando de vestir uma camisa rapidamente. - E depois você vai onde nesse estado, Anita não precisa ser um gênio pra perceber que você não tá nada bem. – contrariou ele nervoso, caminhando até ela e abortando os planos da garota ao segurá-la pelo braço.

– Eu não vou morrer por isso, a morte ao mesmo tempo que é simples, também é complicada de acontecer, relaxa. – alegou Anita de forma irônica, procurando recobrar o controle de suas ações.

– Mata a alma Anita, a tristeza destrói a alma, o que às vezes pode ser muito pior do que ir parar numa realidade, que ser humano nenhum voltou pra contar como é. – Ben disse de um jeito insistente para evitar que ela se fosse, ela apenas o encarou como se as forças para explicar algo fossem poucas, o que não a fazia ter fala o suficiente para se expressar. – E mesmo que você me contrarie, os problemas do Antônio, são mais meus do que teus, afinal não foi você que conviveu com ele uma vida praticamente. – afirmou Ben taxativo.

– Você não tem culpa nenhuma. – proferiu Anita em uma voz falha e sufocada pelo mal estar que se fazia presente nela através de uma angustia sem tamanho.

– Talvez não mesmo, ou pior ainda a minha culpa provenha exatamente do sentimento mais forte e verdadeiro que eu dediquei a alguém, de todo meu amor por você. – ele respondeu sorrindo de leve, afastando carinhosamente uma mecha do cabelo dela que se encontrava em seu rosto. – Já que ele insiste em te perseguir provavelmente por minha causa. – acrescentou Ben, enquanto a garota lhe fitava com o olhar vago.

– Quem vai entender de fato o que move o Antônio... – ela pronunciou com uma ponta de rancor, estava cansada de Antônio, sua paciência estava despedaçada por ter que aturar os devaneios e insanidades do garoto, não havia só um único segundo que a mente de Anita, não pedisse a solução para tudo aquilo e que a levasse para um lugar bem longe de Antônio.

– Senta aqui, eu vou pegar uma água pra você. – Ben praticamente a obrigou a sentar-se no lugar anterior, ao mesmo tempo que ela parecia não arrumar mais motivações para contrariá-lo, apenas observando o caminhar de Ben se afastando.

– Fala Anita o que tá acontecendo, o que o Antônio te fez, por favor, me fala. – perguntou o garoto com toda calma que encontrou.

– O Antônio sabe muito bem torturar alguém sem se quer chegar perto, só que eu não suporto mais olhar pra cara desse garoto, eu nunca pensei que eu fosse ter tanta raiva de alguém, que eu fosse conviver com alguém tão cruel. – desabafou Anita com olhos marejados e completamente entristecida, tomando um pouco da água do copo que ele havia colocado em sua mão.

– Ai Anita, não fica assim vai, se acalma. – implorou ele, sentando ao lado dela. - Fica calma. – praticamente suplicou ele, estendo o braço em volta dela e a trazendo para escorar a cabeça em seu ombro.

– Eu não sei o que fazer Ben. – admitiu Anita, completamente perdida em seus medos e devaneios.

– Eu também não, mais eu vou descobrir, te prometo. – afirmou ele, temendo o que o futuro os reservava. – Mais você não veio aqui pra me dizer só isso, por mais que isso tudo esteja se tornando pesado demais pra você. – cobrou Ben numa tentativa de fazer Anita confessar o que faltava.

– O Antônio ele tá fazendo alguma coisa... – Alguma coisa muito errada, e o Palhares deve estar ajudando ele. – revelou Anita confusamente.

– Porque você tá afirmando isso. – indagou Ben com susto.

– Porque eu ouvi, aquele dia na mata quando eu me perdi, eu estava escutando a conversa do Antônio com o pai na cabana, acho que ele me viu, por isso que eu corri e me perdi naquela escuridão. – confidenciou ela tenebrosa. – Lá na instituição o psicólogo me garantiu que o Antônio foi viajar pra fora do país com o pai, ele mentiu pra não ter que dar mais satisfações pra justiça Ben. – Anita só vislumbrou os olhares assustados e confusos de Ben a ela. – O Antônio, o Antônio ele... – Pelo que eu entendi ele pretende desaparecer do mapa, só que parece que ele está esperando alguma coisa, que eu não sei o que é, ele me mandou uma mensagem hoje mais cedo, ele quer que eu marque um jantar pra contar pra todo mundo que eu não estou mais com você. – a menina proferiu despejando seus anseios todos de uma vez só, suplicando a si mesma que ela não tivesse que ser cumplice de tal devaneio.

– Mais porque essa cerimônia toda, pra isso. – Ben se negou a imaginar com exatidão, o que passava por sua mente naquele momento.

– Porque ele quer que eu diga que eu terminei com você pra ficar com ele. – falou ela com lágrimas nos olhos.

– O que? – Eu vou matar aquele desgraçado, ele não pode te obrigar a fazer uma loucura dessas, ele só pode ter enlouquecido, eu vou falar com ele agora. – esbravejou Ben se erguendo exasperado.

– Desisti Ben, mesmo que você insista nisso, ele não tá na cidade, ele foi de novo fazer alguma coisa com o Palhares em algum lugar que eu não sei. – contrapôs Anita agradecendo por estar certa naquela suposição, ou caso contrário ela teria feito a pior besteira de sua vida.

– Ah, meu deus do céu, deus. – ele suspirou profundamente, apenas abraçando a garota que lhe fitava acuada. – Anita olha pra mim, me escuta, por favor. – disse Ben suplicante, segurando o rosto dela, no intuito de que ela o olhasse firmemente. – Você precisa colocar um basta nisso, quanto mais você ceder às loucuras do Antônio, pior vai ficar, ele cada vez mais vai ter certeza que te controla. – alegou Ben.

– E o que eu faço então, da pra confiar no Antônio, da pra blefar com esse garoto por acaso. – retrucou Anita exasperada, ela se sentia em uma encruzilhada, na qual já nem sabia decifrar qual caminho era mais medroso e cheio de decepções e perdas.

– Eu não sei, mais do jeito que tá não dá pra ficar. – Ben afirmou, tinha que ver uma saída, era angustiante demais achar que não, tanto que ele preferia não cogitar tal pensamento pessimista.

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– Oi. – Sidney abordou Sofia que chegava para entrar em casa.

– Sidney o que você faz aqui? – questionou Sofia sorrindo confusa.

– Ah estava te esperando. – o filho de Maura disse sorridente.

– Ok, mais eu não te disse que não tinha hora pra chegar hoje, fui ver os assuntos do Tapinha com a Flaviana lá na Barra. – a patricinha exclamou.

– Eu sei, mais eu preferi correr o risco de ficar aqui te esperando pra te dar isso. – alegou Sidney tirando de trás das costas um buquê de tulipas vermelhas que segurava.

– Ai Sidney, que lindas! – pronunciou a loira com um sorriso atônito.

– Gostou mesmo. – o garoto riu.

– Amei, e amei mais ainda que a ideia não foi regada com um buque de flores do campo, dessa vez você caprichou em Sidney. – Sofia disse brincalhona, segurando as flores em mãos.

– Eu sempre soube qual era tua flor preferida, mais você tem razão, eu não ligava muito pra essas frescuras, mas assim uma certa loira, me fez mudar um pouquinho de opinião. – justificou Sidney.

– Hum e aprendeu com classe. – a menina sorriu audaciosa. – Mais e aí, vamos entrar, afinal eu vou ter que te agradecer, ou você vai retomar a fazer bobagem não é Sidney. – ria ela o provocando.

– Ótimo mesmo, acho que eu estou precisando de um agradecimento. – disse ele com um sorriso bobo e encantado.

– Mais não vai se acostumando não, tá legal. – Sofia argumentou, fazendo-se de séria e só recebendo um beijo apaixonado e intenso do loirinho.

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– Foi você que falou pro Ronaldo que a gente tinha acabado? – Anita perguntava a Ben, mesmo sem saber ao certo porque, quebrando o longo silêncio que os dois travavam sentados um ao lado do outro.

– Por quê? – Não era pra falar, pensei que... – Você acharia melhor. – ele se moveu para encará-la, sorrindo como se quisesse a desafiar.

– Melhor, melhor o que, essa palavra parece tão distante de mim, que eu já nem sei. – rebateu ela com descrença. – Eu só, sei lá. – Anita balbuciou pensativa. – A ilusão deve ter sido a droga mais eficaz que o universo inventou, talvez fosse mesmo mais fácil não ter que bater de frente com uma verdade dessas, daquelas que anestesiam, angustiam. – a garota alegou sentida pela situação dos dois. – Pelo menos um de nós dois teve coragem de admitir que acabou, não é. – ela ficou a sorrir desconcertada.

– Acabou o que Anita? – devolveu Ben, a confrontando por tais palavras.

– Não sei, mais da pra pensar em futuro, onde a única coisa que se tem é o presente sendo assombrado, não sei se dá pra confiar em tanto milagre juntos, e olha que nós já fomos agraciados com alguns. – Anita disse temendo estar realmente concretizando o fim de sua história com Ben.

– Você nunca perde essa mania de sofrer por antecipação não, e por bobagem ainda por cima. – Ben quis repreendê-la numa voz serena.

– Não é bobagem. – garantiu Anita.

– É o que então? – perguntou Ben, a olhando nos olhos.

– Medo, medo de ter que passar o resto da vida remoendo amarguras, mesmo sem querer. – declarou ela com angustia.

– Parece que faz tanto tempo que essa loucura toda começou. – Ben expôs, não sabendo contabilizar as horas, dias e semanas, em uma dimensão de tempo que fosse exata, tamanha era a forma que sua cabeça parecia se perder entre as agonias que aquela situação lhe despertava.

– Eu acho que eu já nem sei mais, contar os dias parece contar um ano, sei lá. – Anita fechou os olhos entre uma lágrima, parecendo desejar um lugar onde aquela confusão não existisse. – Eu to me perdendo, eu sinto, perdendo minha essência, minha capacidade de acreditar no mundo, nas pessoas. – pesou ela aflita.

– Não fala isso vai. – Ben argumentou seguido de um forte abraço.

– Pior é sentir. – suspirou a garota, penalizada pela confissão.

– Você nunca vai deixar de ser quem você é, eu sei. – garantiu o rapaz, mexendo nos cabelos dela.

– Acho que é melhor eu ir embora, os vinte minutos que você pediu pro Omar, já foram há muito tempo. – lembrou ela com sorriso, numa tentativa de se afastar-se.

– Há essa altura o Omar já desistiu de voltar, e resolveu cair lá pelo Zico mesmo. – alegou Ben em meio a um sorriso travesso, começando a deixar beijos divagares pelo pescoço dela.

– Ben é... – ela esboçou um sorriso desconcertado, ao gesto de virar o rosto num objetivo de fugir do beijo que Ben destinava a depositar em seus lábios.

– Vai dizer que você não sente falta da gente. – o garoto cobrou, deixando um beijo demorado na bochecha dela. – Eu sinto até demais, uma saudade que chega a sufocar às vezes, do teu beijo, de ter ver sorrir, de te sentir do meu lado. – ele confidenciou.

– Sinto muita, claro que eu sinto. – ela não conseguiu ficar sem admitir. – Mais e amanhã a gente faz o que, você me cobra que eu tome uma atitude, ao caso contrário me manda embora, pra que mesmo que nós vamos alimentar isso, me diz pra sofrer ainda mais. –questionou Anita, fazendo Ben recuar por um instante. – E depois... – Anita o pressionou em busca de uma resposta, que ele parecia não querer falar.

– Xiiu, não fala isso. – pediu ele em um tom baixo, seguindo de um beijo carinhoso, que Anita não achou tempo para dizer não.


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Notas finais do capítulo

Até mais!



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