A Origem da Energia - O Reino de Alucard escrita por OrigamiBR


Capítulo 9
Entrada insólita


Notas iniciais do capítulo

E o último capítulo escrito até agora. Ele, infelizmente, não teve a mesma qualidade dos anteriores, mas era necessário. Afinal, o povo vai invadir! E precisa desse de transição pra poder começar a aloprar nos seguintes (o que eu estava esperando MUITO!). Enfim, leiam e comentem!



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As planícies capinadas pareciam um indicativo que a floresta estava no fim e que haviam chegado aos domínios de Alucard. Árvores baixas de troncos grossos e folhas largas muito verdes estavam à uns 400 metros de distância. A cerca de 2 quilômetros delas se viam as silhuetas escuras de duas torres de observação do castelo. Atrás de uma das árvores próximas, Claire os indicou onde a especialista e o acólito estavam. Ambos pareciam cansados, respirando fundo e com a Energia bem menor que o normal.

– O que aconteceu com vocês? – perguntou Claire. – Não pareciam que tinham gasto Energia alguma.

– P-pois é... – respondeu Kenneth, entre arquejos – Um grupo de patrulha quase dispara o alarme.

– Tivemos que tomar medidas drásticas – disse Jane, e se via um pouco de sangue na empunhadura de sua adaga.

– Acabei gastando muita Energia para evitar que eles avisassem.

– Como está a situação? – disse Vergil, observando os arredores.

– São quatro patrulhas, uma para cada face do castelo. Bem, agora são três – deu uma risada sem graça – As torres de observação não têm soldados, o que nos deve dar uma vantagem.

– Vamos esperar até que vocês estejam recuperados – disse Cole.

– N-não dá tempo. – disse Jane – Se ficarmos aqui muito mais, vão nos descobrir. Precisamos entrar.

– Mas não acha que é mais seguro voltar? – indagou Claire.

– Não mais. Aquele furacão gigante dava para ser visto de todas as imediações, e eu sei que foi Cole.

O mago deu de ombros, sem esconder o sorriso.

– Meu oponente era forte...

– Esquece isso, Cole – replicou Suzan – Precisamos de um plano.

– Eu tenho um – disse Claire, mas não parecia certa do que iria falar. Estava muito hesitante, coisa que não era dela – Mas vai ser perigoso.

– Ter um plano é melhor que não ter nenhum. Manda. – confirmou Vergil, parecendo saber do que se tratava.

Claire ajoelhou e esticou a mão. Uma maquete fantasmagórica pairava sobre a palma. Mostrava cada detalhe de onde estavam, como se estivessem olhando tudo de cima das nuvens. Conseguiam ver a patrulha se movendo pelos pontos cardeais do castelo, além deles mesmos bem longe das duplas de guardas. Mas não era perfeita: as pessoas, as árvores e a grama pareciam estar cobertas com uma membrana, como se tivesse colocado um grande lençol sobre a área.

– A entrada do castelo fica aqui – apontou para uma pequena saliência num dos lados. O castelo estava na diagonal deles. – Como temos dois impossibilitados de lutar, precisamos de um para ficar com eles. Isso nos reduz a força de ataque para três pessoas. Desses três, precisamos de um que consiga andar sorrateiro para poder abrir o castelo, enquanto os outros dois cuidam da patrulha frontal.

– Temos eu, Cole, Claire e Suzan – disse Vergil – Quem vai ficar com Jane e Kenneth?

– Eu fico. – disse Cole – Vou levá-los assim que tiver o sinal de Claire.

– Certo. Quem vai abrir o portão?

Claire e Suzan se entreolharam e depois o fitaram.

– Já entendi. – respondeu, carrancudo – Claire, você dá o sinal quando os atrair. Eu vou tentar avisar quando abrir o portão. Prontos?

Todos confirmaram com as cabeças. Cole ficou a postos enquanto os três andavam para o castelo. À medida que se aproximavam, Vergil se separou, esperando a confirmação. Se escondeu deitando no mato e mantendo sua presença de Energia o mínimo possível, respirando levemente e se mexendo o mínimo possível.

De perto, o castelo não parecia um tradicional europeu. Talvez o clima quente e úmido tenha tido sua influência para a arquitetura, que usava pedras claras rajadas de vermelho, coesas com um cimento preto e colocado às pressas. Era antigo, mas não haviam partes quebradas ou sinais de guerra. Possuía cinco torres: uma em cada vértice do imenso retângulo com uma central mais alta. O lutador se inquietou quando ouviu Claire falar em sua mente:

– Vá!

Tinha que ser rápido, mas não podia chamar atenção. Praguejou por não procurar uma rota de entrada nesse tempo. Reuniu Energia com as mãos, e então a expandiu num leve campo eletromagnético a seu redor, procurando formas de vida e equipamentos nestas. Agradecido pelo campo não mostrar nada, ele andou sorrateiramente pelo lado do castelo. Olhou para cima e, aumentando a reação nos pés através do estrondo do trovão, saltou até atingir o topo do muro à 20 metros, cerca de 7 andares de um prédio. Olhou para os lados e abaixo: sem nenhum movimento. Desceu furtivamente a escada próximo a uma das torres quando parou subitamente ao avistar dois sentinelas que passaram despercebidos por sua busca. Estavam andando para o local próximo de onde tinha saltado. Seu pensamento foi à mil quando eles ficavam cada vez mais perto. Só tinha uma chance, e teria que acertar:

Fulgetra Stupefatio Duo...

Dois relâmpagos brancos partiram de seus dedos e cortaram o ar sem fazer barulho algum. Um dos sentinelas caiu, mas o outro desviou a rota com um escudo de Energia, percebendo o clarão. Sem perder tempo, Vergil correu e aplicou um chute lateral.

Eletricidade chiou quando uma braçadeira de couro absorveu o impacto. Seu inimigo socou em sua direção, mas sendo mais rápido, interceptou o ataque, desferindo uma cotovelada em resposta. Ele recuou com o impacto, sacando uma espada de lâmina longa reta e ponta curva, com apenas um gume. Na outra mão, estava uma esfera de Energia marrom que pulsava. Dando um sorriso nervoso, Vergil assumiu postura de luta e sacou o bastão das costas ao mesmo tempo em que aplicava uma finta com uma rasteira, golpeando com força na mão livre dele. Seu inimigo era habilidoso com a cimitarra, defletindo o ataque enquanto que a esfera vinha em sua direção como contra-ataque.

O impacto o arremessou para bem atrás da passarela da parede. Levantou-se com um salto, cortou o ar com o bastão assim que pousou, enviando uma lâmina de raios através da ponta e batendo com estrépito.

Fulgetra Ensis!

O guarda olhou surpreso, e pôs a cimitarra para bloquear. Sons de metal em pedra relataram que ele ainda estava sendo arrastado, até que a lâmina parou subitamente. Ele estava fumegando e respirando fundo. O terror estava gravado em seus olhos, e ele correu desesperado até a torre. O menino não podia deixar, mas vê-lo com essa cara o fez hesitar em eliminá-lo. Disparou em sua direção e atirou o bastão como se estivesse caçando de azagaia. A arma derrubou o homem com facilidade. Estatelado, estremeceu quando Vergil chegou perto dele e o tocou nas costas.

Fulgetra Stupefatio...

Um choque percorreu seu corpo e ele ficou imóvel no chão, exceto pela respiração lenta. Respirou fundo e pegou sua arma, torcendo para que seu confronto não tivesse chamado atenção. Caminhou até a catraca de madeira e soltou a trava, formando poeira de ferro no ar ao que a corrente estalava e era solta com violência. Vendo que o barulho do alçapão iria alertar o resto do castelo, juntou eletricidade nas mãos e forçou a absorver a Energia segurando a corrente. Faíscas voaram e metal líquido caía lentamente enquanto a velocidade diminuía. Um pequeno baque foi ouvido, mas por sorte, não ecoou para além de onde estava. Respirando fundo e com o suor pingando do esforço, viu os rostos de seus amigos surgirem do horizonte.

– Claire, está aberto! – disse mentalmente. Ela não respondeu. Os rostos que pensou ter visto foram uma ilusão provocada pelo calor que emanava no final da colina. Propôs a se levantar ao se lembrar de que as duas tinha ido distrair os guardas.

O campo era uma ruína da batalha que acabara de ocorrer. Poucos trechos ainda possuíam grama, com os restantes repletos de vários tufos queimados, fora alguns outros com labaredas de cores vivas e fustigantes, mas sem fumaça. Árvores era tocos negros e sem folhas e o chão estava todo cortado, rachado e perfurado, tudo isso num raio de 100 metros. Por pouco não alertando as outras patrulhas, Claire e Suzan estavam sentadas descansando, sujas de areia e suor e a respiração ofegante. Dois corpos caídos no chão inchavam e secavam sutilmente. Um deles era um homem com camisa e calça camuflados, uma adaga de soco perto de sua mão direita e um pequeno escudo de ferro no braço esquerdo. O outro era de uma mulher, vestida de uma túnica cor de areia agora rasgada.

– Pelo jeito conseguiram – comentou Vergil, enquanto iam para a entrada do castelo.

– Achei que fosse ser fácil – disse Suzan, girando o ombro – Mas eles tinham experiência contra Sensitivos.

– Se não fosse nossa Energia, o resultado não seria agradável – disse Claire.

– Então foi por causa disso que vocês não responderam – depois de uma pausa, Vergil continuou – Era só ter pedido minha ajuda...

– Não ia dar, mas... Obrigada – agradeceu a espadachim.

Ele confirmou com a cabeça e ficou atento ao caminho, desbravando o terreno central do castelo: o chão era em pedra irregular escura. Algumas poucas escadas de madeira povoavam as paredes, com outras na mesma pedra branco-avermelhada, levando ao interior da muralha. De dentro, o chão do pátio central era muito mais desgastado do que o normal. Várias estantes de armas estavam dispostas irregularmente pelo espaço, que incluíam lanças, maças, arcos e adagas. De perto, a torre central era muito mais elevada, e Vergil tinha certeza que não conseguiria saltar até lá. Possuía janelas estreitas perto do cume, mas nenhuma entrada do pátio. A entrada principal, logo ao lado direto da torre, era de madeira reforçada com tiras de aço dobradas e rebites do tamanho de um olho. Um grande “D” estava gravado a fogo, delineado com tinta vermelha.

– Será que não tem nenhuma entrada lateral? – indagou inquieto.

– Vamos ter que pedir para Jane encontrar – disse Claire – Eu não funciono muito bem em cantos fechados.

– Ok. Já avisou que eles podem vir?

– Já chamei.

– Ótimo. Vamos esperar e ver se nenhum sentinela vai aparecer.

Alguns minutos depois o mago, o clérigo e a especialista chegaram sorrateiramente. Com cuidado, atravessaram parte do pátio enquanto a guerreira e Jane iam sondando.

– Sabem o que é mais estranho? – disse Cole.

– O que? – perguntou Kenneth.

– Durante todo esse tempo não ter aparecido nenhum guarda. Ou se esqueceram como é nossa sorte?

– É verdade – confirmou Suzan.

– O mais estranho é que o local mais seguro para irmos é pela porta da frente. – disse Claire.

– Hã? – exclamou Vergil – Como é possível?!

– Vi que tem duas passagens que dão direto nos calabouços – disse Jane.

– Quando vi a quantidade de pessoas... – disse Claire, estremecendo – Considerei a porta da frente, e vi que não tinha ninguém.

– Você considerou que eles podem ter prisioneiros? – reclamou Cole.

– Claro que sim, tapado. E muitos deles são Sensitivos.

– Então está decidido! – confirmou Suzan, liderando o grupo – Pela frente!

A porta estava destrancada, mas era bastante pesada. Apenas Suzan conseguiu abrir, e sozinha. O salão principal parecia ainda maior que o pátio: o chão era de porcelanato branco muito polido, refletindo suas imagens como um espelho. As paredes eram do mesmo bloco amarelo que se via nas vilas e cidades, porém muito mais bem escolhidos e cuidados. Quase não tinham fissuras, e sua ligação era uma fina linha, quase imperceptível. Móveis entalhados de madeira escura ladeavam as laterais do aposento quadrado. Pinturas de moldura dourada mostravam pessoas que pertenciam à família, apesar de um ter chamado a atenção: um homem pálido, de rosto anguloso, olhos amarelos e cabelo preto longo e liso estava de pé ao lado de uma mulher bem mais baixa que ele, com cabelos e olhos brancos, mas de aparência bem jovem. Ambos usavam roupas europeias de nobres do século XIX, e entre eles estava um menino de cabelos brancos, pele branca e expressão neutra. Seus olhos azuis penetravam o olhar de quem o encarasse, e logo abaixo, na legenda lia-se “Família Dorman – 1ª geração”.

Logo ao lado um quadro um pouco menor mostrava um homem alto e pálido. Seria igual ao primeiro, mas o cabelo branco e o olhar azul incisivo postava que era o filho. A seu lado, estava uma mulher morena e também alta, com um bebê no colo e outra criança próxima a sua saia longa e branca com bordados em crochê. A criança era loira e tinha olhos de cor arroxeada, observando com curiosidade. Já o bebê tinha o cabelo de uma peculiar cor ruiva, quase laranja.

– Esse é Alucard? – questionou Suzan – Parece tão inocente...

– Mas veja o olhar: ele não mudou muito desde criança – disse Cole – É quase como o de Claire quando se concentra.

– Ei! – disse Claire, aborrecida.

– Enfim, vocês conseguiram descansar? – perguntou Vergil.

– Deu para recuperar quase tudo – disse Kenneth. Jane confirmou com a cabeça.

– Bom. Vamos precisar de todo mundo no máximo. Não teremos tempo para descansar. – virou-se e olhou para as saídas – Temos muitas, mas qual é a que está o ancião?

– Eu não tenho ideia – disse Jane.

– Também não – disse Claire, olhando para de onde vieram.

– Hm... Se vocês não sabem, temos que arriscar. – comentou Kenneth, pensativo – Onde vocês acham que Alucard manteria o ancião?

– Talvez bem próximo de mim, já que teria que extrair informações e Energia. – disse Vergil.

– Você consegue ser bem mal, hein? – observou Cole.

– Ah, cala a boca...

– Então, considerando como o castelo foi feito... – disse Suzan. – Diria que ele está na torre mais alta.

– Entendo... Faz sentido para usar qualquer coisa de Percepção. – respondeu Vergil, se virando para ela, a excitação clara na voz.

– E também evitaria surpresa quanto a invasores! – disse Suzan, quase gritando de empolgação.

– Err... Pessoal? Menos... – comentou Jane, perturbada.

– D-Desculpem! – disseram os dois.

– Vamos avançar – disse Kenneth, tomando a liderança. Aproximaram-se da escadaria dupla, olhando para o batente no andar acima. A grande porta à direita estava entreaberta, mas não havia movimento algum. A porta à esquerda se mantinha fechada e sem Energia. Quando puseram o pé no primeiro degrau da escada, um solavanco fez com que se sobressaltarem. Uma porta falsa abriu-se logo abaixo do batente, revelando uma grande estátua. Seu corpo era feito de uma rocha esverdeada bem polida e um pouco transparente. Era entalhado como um soldado da guarda, com capacete, armadura e espada na cintura. E então deu um passo. O barulho ecoou por todo o salão, faíscas brotando do contato com o porcelanato. Num instante, os garotos viram a criatura dando um segundo passo. No seguinte, viram Kenneth atravessando metade do salão voando e batendo com força numa das pilastras.

– Arg! – resmungou o acólito.

– O-o que? – disse a espadachim.

– Q-que louco... – sussurrou a guerreira.

– F-Foi mais rápido que eu... – começou o lutador.

– K-K-Kenneth... – disse, quase sem voz, a especialista.

– Isso não é engraçado... – comentou Cole, apreensivo. Uma gota de suor escorreu por seu rosto.

A criatura virou o que seria o rosto em direção a ele. O mago recuou um passo, a varinha escorregando na mão. Um flash revelou um corte altamente pressurizado que Cole segurava com uma barreira de ar giratório à sua frente. Ao mesmo tempo, o lutador mantinha com dificuldade o golem numa posição parada, atacando e desviando de golpes insanamente rápidos. Algumas vezes, eles sumiam da visão para depois reaparecer alguns centímetros longe. As ondas de choque do ataque rebatiam no salão, rachando a pintura das paredes e riscando violentamente o piso, até que Vergil gritou um palavrão e foi arremessado até quase passar para o pátio externo.

Flamma Ictus! – a lâmina da espada de Suzan ficou flamejante, porém estranhamente redonda. O cabo ficou enorme e quadrado. Toda a arma tinha virado um martelo em chamas, que ela girou junto com o corpo e soltou em direção ao inimigo, que no momento estava ocupado tentando acertar nas defesas de previsão de Claire. Infelizmente, não surtiu efeito algum, tocando inofensivamente seu tronco de pedra verde. Ela ficou perplexa, e só conseguiu reagir ao ver a guerreira sendo arrastada pela força de um golpe. Puxou o arco e concentrou Energia nele, esperando uma brecha para acertar uma flecha explosiva.

– Droga! Será que nada consegue parar essa coisa?! – reclamou Cole.

A especialista tinha sumido de vista. Claire continuava bloqueando os ataques, mas não estava sendo mais arrastada. Até que um braço surgiu por trás do golem e o atingiu no pescoço com um golpe de adaga. Ele se debateu um pouco, mas não parecia ferido de forma alguma. Virou-se para Jane e desferiu um chute de costas, que ela conseguiu defletir. O impacto acertou Suzan em forma de uma rajada de ar, mas não a feriu. Vergil conseguiu se recompor e avançou mais uma vez contra o inimigo. Dessa vez, ele conseguiu pressioná-lo com golpes rápidos de bastão. Ele tentava bloquear e retaliar, mas agora o lutador estava mais rápido.

O clérigo conseguiu se levantar, vendo todo aquele tumulto provocado pela pedra animada. Caminhou mancando, mas a dor era tanta que teve que parar após dois passos. Colocou a mão no peito e sussurrou:

Sanctus Curatio...

Um fluxo de Energia emanou de sua palma, se irradiando por seu corpo e atingindo os pontos feridos. Imediatamente, as injúrias começaram a se fechar, a Energia transformando-se nas partes que faltavam, realinhando as partes deslocadas até que estivesse bem novamente. Não exatamente bem pela falta de Energia usada, mas com o corpo inteiro pelo menos. E se dirigiu para o combate.

Relâmpagos, flechas em chamas, cortes pressurizados e impactos telecinéticos voavam em todas as direções, destroçando pisos, destruindo degraus e perfurando paredes, todos dispersos pelo corpo do golem. A criatura era uma máquina de destruição, parecia preparada especificamente para enfrentar um grupo de adolescentes com poderes especiais e sem sofrer nada. Com um soco direto, o lutador foi lançado novamente. Porém, era isso que Jane esperava:

Glacies Eruptio!

Cristais de gelo em alta velocidade brotaram do chão onde a especialista atirou uma adaga, elevando-se até atingir a articulação do braço estendido, desacelerando o golem momentaneamente, para a segunda parte do plano.

Ventus Offensus! – numa pose de boxeador, o mago disparou um soco direto em direção à articulação do pé, tirando o chão do contato da criatura com uma bala de ar. Mas quando Claire chegou perto para desferir o golpe de misericórdia, o inimigo conseguiu dar uma cambalhota em pleno ar, se colocando de pé logo depois.

A manobra deixou os garotos boquiabertos, só liberando-os do transe quando uma espada massiva descendia para cortar a guerreira em dois. O golpe levantou muita poeira e detritos, mas ela estava salva: uma proteção luminosa bloqueou o ataque, rachando e desaparecendo logo em seguida. Claire levantou num passo acelerado e correu para longe. Ao que a criatura se moveu para perseguir, sua arma foi bloqueada por um bastão.

– Não esqueceu de mim, não foi? – disse Vergil em um sorriso, com sangue pela cabeça e braços, poeira por todo o corpo, mas tirando isso, parecia bem. Ele defletiu um golpe pesado, e continuou nisso, aplicando um contragolpe ocasional, mas mantinha simples. Cole atirava discos de ar giratório para distrair o golem, apesar de não fazer nada contra sua “pele”.

– Precisamos saber como pará-lo... O plano de Jane estava dando certo, mas essa velocidade é impossível! – reclamou Suzan, com os dedos sangrando de tanto segurar a flecha para atirar.

– E-eu... Descobri... – disse Claire – E obrigado Kenneth, aquilo me salvou.

– De nada, mas nos diga como!

– Perceba que aquela coisa só ataca quem estiver perto – disse Claire, apontando para Vergil e Cole, que se mantinham próximos à escada. - Ele está lá para proteger a subida, além de não ser afetado por ataques de Energia.

– Mas ainda não nos disse como. – replicou Suzan.

– Vou chegar lá, apressada. A única coisa que a afeta é impacto. Veja como estão os braços dela, com Vergil bloqueando. – rachaduras povoavam a extensão dos punhos e do peitoral da criatura, e mais apareciam com cada contra-ataque do lutador, porém era bem pequenos e não estavam afetando em nada o avanço rápido do golem.

– Então está sugerindo que... – disse Jane, esperando a continuação.

– Sim: eu e Suzan pegamos as armas de Vergil e Kenneth para atacá-lo.

– Enquanto Vergil o distraí... Mas e eu e Cole? Com certeza eu não consigo acompanhar aquela velocidade.

– Você vai esperar o momento para repetir o plano, só que dessa vez Kenneth vai lhe ajudar.

– Com-- Ah... – disse Kenneth, entendo o que iria fazer. – Mas tem certeza que Vergil consegue segurar aquela coisa sem o bastão? Mesmo com ele, está tendo bastante dificuldade.

– É aí que entra Cole: o baixinho pode simplesmente envolver as extremidades do cabeludo com o ar pra protegê-lo.

– Ok, vou chamá-los. – disse Kenneth, e inflou os pulmões para gritar – VERGIL! COLE! RECUEM!!!

O mago olhou exasperado, mas ao ver o olhar firme de Kenneth, recuou assim que avisou ao lutador. Já este tentava, mas a criatura o estava bloqueando constantemente. Estava cansado demais para ativar o Primeiro Nível, mas não tinha escolha: o fluido vermelho emergiu do corpo, dobrando sua velocidade e força, possibilitando a retirada. Estranhamente, o golem não o seguiu, apenas ficando parado na escada, com a cabeça virada para eles. Vergil se ajoelhou, respirando fundo, o suor colando a roupa nas costas.

– É bom... Que tenha... Hah... Um motivo muito... Hih... Vocês entenderam... – e deitou no chão, o peito oscilando de altura constantemente, com os olhos fechados.

Após contarem o plano, ele conseguiu controlar a respiração, abrindo um sorriso.

Ventus Arma! – bradou Cole, apontando a varinha para as mãos dele. Uma corrente circular de brisas foi acelerando até virar um pequeno ciclone, que Vergil tinha certeza que podia destroçar um tronco de árvore anciã como uma motosserra faria. E avançou com tudo que podia, acreditando nos seus amigos.

O embate ficou equilibrado: o lutador conseguia disparar uma chuva de punhos e pés em poucos segundos, e com a proteção em suas extremidades, o impacto fazia a criatura estagnar por alguns momentos, o que facilitou suas esquivas (apesar de ainda estar com o Primeiro Nível ativo). Ao chegar na posição, Jane invocou a chuva de cristais de gelo novamente, só que dessa vez atingindo todo o lado direito. A hesitação da criatura foi maior, permitindo que Kenneth envolvesse um escudo em seu corpo, impossibilitando seu movimento, mesmo que temporário. Assim, com um ataque combinado, Suzan e Claire, armadas com o bastão e maça respectivamente, saltaram e atingiram o peitoral do golem, momentos depois do acólito ter desativado o escudo.

Poeira se elevou com a destruição do piso. A criatura era agora um amontoado de pedras fraturadas, com quase nenhuma pista do que era antes. A Energia ia sumindo aos poucos, apesar de se manter ainda nos fragmentos. Com a tensão finalmente passada, eles resolveram parar um pouco ali, para recuperar o fôlego e planejar o próximo passo.


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Notas finais do capítulo

A publicação história talvez fique mais lenta porque ainda estou no meio do capítulo 10, mas ela vai pegar fogo. Agora uma pergunta para vocês: preferem que eu faça um capítulo MUITO longo (coisa de 10 mil palavras ou mais) ou divida ele em dois? Tem bastante coisa por vir, e preferiria que não ficasse cansativo, por isso a pergunta. Comentem!



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