“O sol nascendo, os pássaros cantando, o vento frio mexendo as folhas das árvores. Nunca tive uma manhã tão agradável. Acho que isso é um bom sinal, espero que as coisas sejam boas no colégio. Primeiro dia de aula tem que ser perfeito, então passar uma boa primeira impressão será meu principal objetivo. Não vejo a hora de fazer novos amigos.”

Rey já estava arrumada para sair de casa. Ela se olhou no espelho do quarto para ver se o uniforme lhe caíra bem. Ela usava uma camisa de botão preta com um símbolo de uma espada azul no peito. Ela estava bem justa já que a garota tinha um busto avantajado. Embaixo usava uma saia azul quadriculada, mas não pôs as meias até os joelhos como era de costume. Já estava parecendo demais com uma garotinha. Ela a dobrou até altura de seu tênis e não colocou nenhum dos complementos do uniforme. Pegou a escova e começou a difícil tarefa e deixar o cabelo arrumado. Seu cabelo era de um preto bem escuro que lhe dava um ar misterioso já que seus olhos pequenos e castanhos quase sumiam em sua franja desfiada. Sua pele era morena e tinha um belo sorriso que deixava qualquer um encantado.

– Yes! Essa escova é muito boa – disse olhando para o resultado. Seu cabelo estava perfeito. Ela passou o gloss na boca e deu um giro rápido. Ela já estava pronta. Então ela pegou sua mochila que apenas tinha um caderno e uma caneta e desceu – Bom dia tia!

– Nossa está animada hein! – disse com um sorriso, ela colocou o suco de maracujá da jarra no copo – Você vai gostar da escola. Os alunos dizem que é a melhor da região.

– Espero que sim – disse sentando na cadeira, o sorriso da tia fazia seu coração acelerar. Suas refeições com seus pais não tinham conversa nem animo. Ela deu um gole com vontade no suco – Que delicia! Nunca tomei nada assim!

– Aposto que você deixa de tomar refrigerante para tomar um desses não é? – perguntou Shee com uma piscada e a língua pra fora – É suco de maracujá direto da fruta. É gostoso e saudável.

– Obrigado pelo café maravilhoso tia. Onde está o lanche para o intervalo? – perguntou Rey saindo da mesa.

– Está em cima da geladeira, mas porque não come um pão? Você só tomou o suco.

– Eu costumava tomar apenas uma xícara de café de manhã, então estou acostumada – disse Rey abrindo o pacote. Tinha um saco de biscoito e umas fatias de pão.

– Você vai ter que comprar a bebida na escola. Eu só costumo beber água e leite – Shee se aproximou da garota e se que pudesse reagir, enfiou uma banana na boca da garota – Pelo menos come uma fruta. Por isso está magra desse jeito.

– Olha quem fala não é tia? – disse Rey mastigando o que foi posto na sua boca – Mas como você está pedindo, vou comer essa banana e esta maçã.

– Obrigada. Boa sorte na escola – disse Shee dando um beijo no rosto da sobrinha, ela riu e saiu a residência.

Ela não conhecia a cidade, mas a escola não era tão longe que ela não pudesse achar. Segundo sua tia, era só ir reto até passar cinco quarteirões e virar a direita que veria o colégio antes da praça. Rey estava se segurando para não sair saltitando pela rua. Carregando sua mochila preta com umas caveirinhas em toda sua extensão. Ela não se lembrava de quando foi pra escola a pé pela última vez. Mesmo não acostumada, sentia que poderia ir todo dia para a escola daquele mesmo jeito. O vento fresco batendo no seu cabelo, a temperatura agradável e as árvores esperando as flores se abrirem. Ela parou em frente ao mercado e olhou para os dois lados antes de atravessar a rua. Ela se deparou com um primeiro parque. Ele não era muito grande, mas reunia uma grande quantidade de adolescentes no local, grande parte vestindo preto ou com o uniforme de escola. Não podia ser diferente, era única pista de skate da cidade, então reunia muita gente.

– Depois vou dar uma passada aqui. Sempre quis andar de skate.

– Jill? – Um garoto se aproximou correndo. Rey se assustou por um momento e parou. Ele era branco e vestia o mesmo uniforme de sua escola. Seu cabelo era castanho escuro se aproximando do preto, curto e liso. Ele tinha características femininas na face e no olhar – Não é possível que seja você.

– Do que está falando não me chamo Jill – Rey ficou envergonhada, ela já estava sendo confundida com outra pessoa. Ela levantou os braços para manter o garoto afastado, ela então tocou em seu peito sentindo um volume no local.

– Você é rápida hein. Assim você me conquista.

– Você é uma garota? Porque anda com um uniforme masculino?

– Isso não é da sai conta. Se você não é a Jill, qual é o seu nome? – perguntou a garota de braços cruzados.

– Eu me chamo Rey, prazer – Ela estendeu a mão para um aperto de mão. Ela foi surpreendida quando a garota bateu no local.

– Se você não é a Jill, você não me interessa. Vai embora – a garota se virou de costas e se afastou deixando a Rey sem graça. Como ela é capaz de tratar um desconhecido dessa forma? Rey respirou fundo e continuou sua caminhada até a escola tentando esquecer o que acabara de acontecer.

Após caminhar alguns metros, encontrou as paredes da enorme escola. Alguns alunos já estavam entrando conversando sobre coisas aleatórias. Ela sabia que não seria difícil fazer amigos, mas tudo complica quando se é novata numa escola no terceiro bimestre. Ela começou a tremer e sentir frio nas suas pernas descobertas. Quando faltavam poucos passos para entrar nos domínios da escola, um homem mais velho a parou.

– Rey Leon? – perguntou com um sorriso no rosto, parecia ser jovem, mas já tinha alguns fios grisalhos no seu cabelo negro. Tinha o corpo atlético e era bem alto, mais que o normal – Bom dia e bem vindo à nossa escola. Eu me chamo James Burton, sou o diretor dessa escola e vim recebê-la.

– Obrigada. Estou muito ansiosa para começar a estudar nesse colégio – disse Rey tirando um pouco da franja que caiu sobre seus olhos.

– Você se parece muito com… Ah! Esquece, vamos entrar? Quero te mostrar toda a escola antes dos professores entrarem nas salas.

– Sim. Vamos!

Aquele foi o diretor mais simpático que Rey já conhecera, ele mostrou cada lugar da escola com paciência e um sorriso simpático. Ele era bastante informal o que melhorava o contato. Rey conseguiu gravar cada canto da escola, ela sempre fora muito boa com essas coisas e por isso o passeio pelos três andares do local foi rápido.

– Acho que não preciso te levar para a quadra, consegue achar sua sala sozinha? – perguntou colocando a mão no bolso.

– Sim senhor. Graças a esse “tour” eu já conheço a escola inteira.

– Isso é ótimo, pegue isso – James entregou um papel para a garota – Aqui estão seus horários com as matérias e os nomes dos professores. Ai também está contido o número da sua sala.

– Obrigada senhor e desculpe o incomodo.

– O único incomodo aqui é você me chamando de senhor. Pode me chamar de James.

– Ok. Agora vou para a sala. Quero ver se faço amizades antes de começar a aula.

– É assim que se faz – disse o diretor dando um tapinha em seu ombro – Sem timidez. Pode ir.

Rey nunca teve dificuldades para falar com os outros, principalmente desconhecidos. Por isso ela conhecia muita gente em sua antiga cidade. Não seria diferente na escola. Ela respirou fundo e entrou na sua classe. Algumas pessoas olharam para a garota, uns nem deram importância. Poucos perceberam que ela era novata, até que o segundo encontro aconteceu no dia. Um aluno levantou de sua carteira e correu até a garota lhe dando um abraço apertado. Ele estava tremendo, Rey não sabia o que era melhor a se fazer naquele momento.

– Jill – Ela novamente se surpreendeu ao ser chamada por aquele nome pela segunda vez – Como você voltou?

– É um fantasma? – perguntou a garota num canto da sala.

– Vocês são muito idiotas! Him larga a novata! Ela não é a Jill piranha – um dos alunos gritou do fundo da sala antes de colocar o capuz novamente na cabeça e deitar nos braços.

– Desculpe por isso – disse o garoto vermelho pelo erro que acabara de cometer – Realmente não foi minha intensão te agarra assim. Me desculpa.

– Calma, não foi nada demais. Eu só me assustei – disse Rey sem graça com acontecimento.

– Desculpa novamente – ele fez uma cara mais séria. Ele era um pouco diferente do normal, era moreno e dono de lindos olhos castanhos. Eles eram cobertos por uma pequena camada negra que ele passava sempre que lembrava. Sua boca mexia suavemente e seu cabelo castanho bem penteado dava uma bela aparência.

– Se você continuar tão perto, ela vai pensar que você é um tarado Him – a garota novamente falou no fundo. Ela era a garota mais linda que Rey vira no colégio. Ela tinha um belo sorriso com e seus lábios estavam cobertos por um batom vermelho. Seus olhos eram castanhos claros como seu longo cabelo. Ela usava um cordão com um coelho no pescoço e seu uniforme estava impecavelmente perfeito.

– Himchan dramático com sempre – disse a garota que Rey encontrara mais cedo na pista de skate. Ela acabara de entrar na sala – Seja macho como eu.

– Kate menos, por favor! Não vamos brigar agora que as férias acabaram! – disse a garota do fundo com uma expressão preocupada no rosto.

– Azura, não preciso que me defendam – disse Himchan sentando em seu lugar, Kate esbarrou em Rey de proposito e caminhou até o fundo da sala onde o garoto de capuz cochilava.

– Ben! Você gosta de me provocar não é? Sai do meu lugar! – gritou Kate fazendo o garoto levantar a cabeça lentamente.

– Como se eu ligasse para você – sai daqui e me deixa em paz.

– Sai agora! – Kate puxou o garoto pelo casaco e o jogou no chão com uma facilidade. Himchan ia se levantar quando fora impedido.

– Fica no seu lugar Him, não preciso da sua ajuda – Bem então se levantou do chão e sentou-se em outro lugar.

– É dela que falavam? – outra garota surgiu, ela olhava Rey de cima a baixo atenciosamente – Ela nem é tão parecia com a Jill, você são um bando de cegos.

– Morre Claire, ninguém te perguntou – disse Ben de sua cadeira.

“Meu primeiro dia de aula não foi nada agradável, todos por algum motivo me confundem com essa tal de Jill e talvez pelo mesmo motivo se odeiam profundamente.”