A Solidão dos Números Primos escrita por Ster


Capítulo 1
Me queira também.


Notas iniciais do capítulo

***Aos leitores de About Sirius Black, o tempo todo vocês vão notar semelhanças em alguma parte do texto com algo da fanfic, não precisa me lembrar disso porque eu sei, essas partes eram um rascunho que eu modifiquei para poder postar, lembra que eu ficava me lamentando porque tive que cortar uma monte de partes da fanfic? Aqui estão elas.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471574/chapter/1

Eu conheço você

Às vezes, após sair de uma longa e exaustiva aula de Astronomia, tudo que Marlene queria era pular da Torre.

Ele sempre saltava da Torre.

Ela acredita em Deus.

Ele acredita em seu pênis.

Ela gosta de flores.

Ele bebe demais.

Ela beijou aos quinze.

Ele transou aos quinze.

Ela gostava de escrever.

Ele gostava de jogar Quadribol.

Ela serviu sete detenções em sete anos.

Ele serviu setenta em sete anos.

Ela era Marlene.

Ele era Sirius.

E os dois não tinham nada em comum.

Tudo começou especificamente no segundo mês de aula de 1971. Ninguém se conhecia, mas havia um grupo de quatro alunos que eram tão unidos que podiam dizer que nasceram juntos. Alguns os idolatrava, outros odiava. Eram bagunceiros, gostavam de ver a desgraça alheia e nunca calavam a boca nas aulas o que deixava os outros frustrados quando recebiam notas máximas nas provas. E foi nesse mês que James Potter ateou fogo na capa de Marlene McKinnon, mas na verdade ele queria atear na de Lílian Evans.

Ninguém sabia porque, mas ele adorava atormentar a garota.

Mas ninguém contava que Marlene McKinnon só tinha a face angelical. Ela tirou a capa gentilmente e lançou um feitiço tão forte em James Potter, que ele foi parar do outro lado do corredor. Ela foi aplaudida de pé, e um sorriso zombeteiro nasceu no canto de sua boca até ela também ser atingida por um feitiço lançado diretamente da varinha de Sirius Black.

– Ninguém mexe com meus amigos, feiosa. – péssimo começo, para ser sincera. Os dois se encontraram outras vezes pelos corredores, novos feitiços foram lançados, novas palavras foram trocadas e eles se odiavam cada vez mais. Mas vamos pular essa fase, pois os dois se encontram de verdade no segundo ano.

Eu sei que você é sozinho.

O repúdio se desfez no ar quando a Professora McGonagall forçou Sirius a ficar perto de Marlene.

A garota havia contraído Varíola de Dragão nas férias, e não havia cura para aquela doença. A parte direita de seu rosto foi consumida pela doença, deixando pele morta e escamosa, semelhante a de um dragão. Ninguém queria ser amigo de Marlene McKinnon, muito menos Sirius Black. E ele foi forte, não encostava nela, apesar de ser forçado a se sentar com ela nas classes. Tinha medo de ficar feio igual a ela, cruzes! Mal trocavam duas palavras, ele rezava para o fim do período, para se livrar dela o mais rápido possível e se juntar a seus amigos.

– Qual é a marca? – ela segurava com força a máscara contra o lado assustador de seu rosto, poupando a sociedade de enfartar cada vez que olhá-la. Sirius reprimiu uma cara de nojo e tentou ser o mais seco possível, para que ela parasse de falar com ele.

– Guzzi. – retrucou de má vontade.

– Não existe só uma Guzzi no mundo. – rebateu ela. Não pense que Marlene McKinnon amava Sirius Black, aaaaah, longe disso! Ela o detestava tanto quanto ele a odiava. Ser obrigada a conviver com um babaca não é o melhor presente do mundo.

– Guzzi California 1400 – Por que essa garota estúpida está perguntando isso? Ela nem deve saber o que é uma moto!

– A ovelha negra da família California. – Sirius quase caiu da cadeira. – Meio feinha. Se você fosse esperto, babaria por uma Harley Davidson 1200. Oooooh, essa sim é maravilhosa. Você quer uma? É coisa de trouxas.

– Eu... Eu quero sim! – Sirius ergueu o queixo, fazendo Marlene girar os olhos. – E não me interessa se é coisa de trouxas.

– Você só tem essa revista velha de motos? – debochou a McKinnon.

– Você tem noção do quão é difícil conseguir uma revista trouxa?

– Yeah, se você é retardado. – riu ela. Sirius desviou o olhar, sentindo suas bochechas queimarem. O tempo passou. Nada mudou. A não ser o bullying com Marlene Dragonina, apelido carinhosamente sentenciado por James Potter. Seus amigos a encorajaram a tirar a máscara. Sirius acha que Marlene não é tão ruim assim. Ela acha o mesmo sobre ele.

Ela apegou-se a ele como com a mesma facilidade que nos apegamos a coisas que nos fazem mal.

Mas ela se acha feia, é triste e sozinha.

Sirius sorria, mas ela estava sempre preocupada demais se alguém estava rindo dela. Havia alguma coisa no modo como mantinha a cabeça baixa que lhe dava vontade de aproximar-se, de levantar-lhe o queixo e dizer olhe para mim, estou aqui.

E de aniversário, ela lhe deu uma miniatura de Guzzi California 1400.

Eu acho que você precisa de alguém para querer você.

Talvez eu acredite… Nessa coisa de destino. Por que não acreditar? Sério... Quem não quer mais romances em suas vidas? Talvez só dependa de nós fazer acontecer. Apareceremos e sermos o destino do outro. Pelo menos, desse jeito, você terá certeza… Se foram feitos um para o outro… ou não.

No caso de Marlene e Sirius, a resposta é SIM!

Mas o destino grita NÃO!

Porém, se você amar alguém, diga. Mesmo que esteja com medo de não ser a coisa certa, mesmo que esteja com medo de que isso vá causar problemas, mesmo que esteja com medo de que isso vá arruinar sua vida, diga. Diga em voz alta. E você segue daí. Marlene tinha isso em sua mente enquanto planejava sua festa a fantasia. Quando Sirius chegasse, ela diria a ele que o ama, diria que queria ficar com ele para todo sempre, que pudessem ter filhos e tudo que casais convencionais fazem.

Eu amo você, Sirius. Eu sempre amei. Eu amo tudo em você. Até as coisas que eu não gosto, eu amo. E eu quero você comigo. Eu amo você e eu acho... Que você me ama também. Você ama?

– Boa noite... – Krystal McKinnon não dispensava homens bonitos, e Sirius Black não é simplesmente bonito. Ele tem um rosto perversamente malicioso, o que atrai a sua atenção quase que imediatamente, mesmo contra a vontade. – ... Sarah Jane Smith?

– Sim! – gargalhou ela. Marlene detestava a prima e seu riso escandaloso e irritante. Mas Sirius parecia hipnotizado pelo rosto angelical e os seios enormes. O que Marlene tinha na cabeça quando pensou que Sirius olharia para ela só porque está fantasia de Jeanne a Gênia? Sirius gosta de garotas bonitas, não de garotas com varíola de dragão que são altas demais.

Ele ama você, Marlene.

Mas é covarde demais para dizer.

Medroso... Como Sirius é medroso. Maldita seja seu complexo de abandono. Marlene sabia que viver em uma família como de Sirius não era nada fácil, e por mais que parecesse que ele estava transbordando de felicidade por ter fugido de sua louca família, ela sabia muito bem que ele sofria todas as noites.

Pobre Sirius.

Bem, eu quero você.

– Não, Sirius! Você não se importa com ninguém!

– O quê?

– Você me deixou sozinha, Sirius Black! SOZINHA! Sua namorada, durante um ano, ficou sem falar comigo durante um maldito ano!

– Você disse que não queria me ver! Quer saber, vai se foder. – Sirius empurrou Marlene para fora de seu caminho, sentindo seu coração palpitar assustadoramente e sua respiração ofegar, cogitou a ideia de estar enfartando quando Marlene gritou.

– Isso, fuja! Fuja como sempre faz! – e ele virou-se para ela tão bruscamente que ela assustou-se, dando alguns passos para trás.

– EU BEM QUE GOSTARIA! Mas eu não posso, caralho, quer saber por que? Porque você está aqui! – Sirius bateu freneticamente em sua cabeça e depois no peito. – E aqui! E parte de mim daria qualquer coisa para... Para que você simplesmente sumisse! Desaparecesse! Mas é uma parte tão pequena, Marlene... O resto de mim aceita isso, esse sentimento do inferno que explode e toma conta de mim, me faz desejar que fosse por qualquer outra mulher, qualquer outra pessoa, porque nunca, eu nunca senti isso em toda a minha vida! Quer saber meu problema? VOCÊ É MEU PROBLEMA! VOCÊ É O QUE ESTÁ ERRADO COMIGO!

– Então diga!

– O que...

– Três palavras, nove letras. Diga e eu sou sua. – O quê? Ele olhou-a, indeciso. Teria ela escutado tudo o que ele disse? Provavelmente não, ou talvez eu não soube se expressar direito, pois ela desviou o olhar. – Ótimo.

– Maldita McKinnon...

– Eu já fiz minha escolha, Sirius.

– Não acredito que vai se casar com um cara que você não ama depois de tudo que eu disse...

– Eu amo Cadaroc!

– NÃO, SUA IDIOTA! VOCÊ AMA A MIM, MARLENE! PORQUE VOCÊ É MINHA, SOMOS MARLENE E SIRIUS! – ela enxugou as lágrimas e caminhou até a porta, a abrindo.

– Sirius, você é o amor da minha vida. Não vê? Não entende? Eu não posso deixar você, mas você está constantemente me deixando. Não a todo mundo, não a seus amigos, apenas a mim. Você só foge de mim. Então eu te peço, se não consegue ver um futuro onde eu estou inclusa nele... Termine com isso agora, Sirius. Porque eu não consigo suportar, é demais pra mim.¹

– Eu... Ok... Espere... Não... Digo...

– Não precisa dizer nada, eu já sei a resposta. – Marlene até sorriu, mas era um sorriso quebrado, totalmente forçado e trêmulo.

– Lene... – O tempo pareceu parar quando Marlene demorou a responde-lo, mas ela parecia ter guardado aquilo tanto tempo que nem tinha coragem de recitar.

– Você não é de ninguém. – disse ela simplesmente. – Você nunca foi e nunca vai conseguir ser, Sirius. Eu quero que você seja meu e você não pode fazer isso. Agora, por favor, vai embora.

No auge de 1981, eles já tinham passado por muita coisa. Entre voltas e brigas catastróficas, Marlene e Sirius não conseguiam aceitar que não podiam ficar juntos. Tentavam em vão, mas já estava determinado. Ele pegou sua jaqueta e caminhou lentamente até a porta de Marlene, e ela a fechou, mas antes disse, ele colocou o pé e a abriu.

– Marlene... Eu acho... Eu acho que amo você. – por um momento, seus olhos brilharam. Mas então ficaram opacos novamente enquanto ela sorria.

– É uma frase muito longa. – e a porta se fechou. Ele respirou fundo e engoliu o nó em sua garganta, forçando a si mesmo a não chorar. Poderia talvez ser igual aos filmes, onde o casal principal brigava e quando a porta se fechava com força, ela se abria em seguida.

Mas as coisas não funcionavam daquele jeito com Marlene e Sirius.

Ele desceu as escada do prédio as pressas, prestes a explodir. Uma bomba, Sirius estava constantemente prestes a explodir.

Flagra: Sirius Black tem destruído o que ninguém sabia que ele tinha.

Um coração.

Então seja corajoso.

BREATHE ME - SIA

– Vem pra um casamento comigo.

– O seu?

– Não. Se fosse, você saberia, seria a noiva. – Porque ela e Sirius estavam unidos por um fio elástico e invisível, encoberto por um monte de coisas sem importância, um fio que podia existir apenas em pessoas como eles: duas pessoas que reconheceram a própria solidão, um no outro. Marlene era a garotinha feia e excluída da escola. E era tão transtornada por isso que simplesmente não conseguia levar brincadeiras como brincadeiras. Alguém estava sempre zombando dela, tinha certeza. Por toda uma vida, teve seu rosto e corpo marcado por a pior das doenças, e não era poupada por isso. Adolescentes são maldosos com coisas diferentes.

Com Marlene não era diferente.

Ela se odiava.

Ele amava sua família.

Sentia-se exausto em ter que escolher, ter que lutar por uma causa perdida. Errado. Sempre errado. Sirius, o erro de todos nós. Daria tudo para poder encaixar-se, para poder ser normal. Porque não há nada pior do que a gaiola do diferente, do especial que sobe ao seu redor e te prende como ar. E não há como escapar. Ele os amava. Mas não podia dizer isso, não teve a chance de dizer isso. Queria gritar “não me abandonem, por favor!”, mas tudo que saia era “eu odeio todos vocês!”.

Ele rejeitava o mundo.

Ela era rejeitada pelo mundo.

Eles nunca tinham percebido que suas vidas, tão ligadas, poderiam se separar com tanta rapidez. Se eles soubesse, talvez tivessem as segurado com mais força. Mas a verdade... A verdade é que uma maré fortíssima puxou Sirius para um lado... E Marlene para outro. Se eles tivessem entendido isso na época, eles não deixariam essas ondas invisíveis separá-los.

Porque a solidão era grande... Entre um número primo e outro... Não há um número par.

Há solidão.

Me queira também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹ Na fanfic, quem cita essa frase da Marlene é a Emmeline, alguém notou? Huehuehueh Kibes everywhere.

Eu ia fazer uma one engraçadinha pra esse casal e tal, aí saiu isso e eu fiquei assustada kkkkkkk Eu tentei mudar, mas eu já estava no meio do caminho mesmo. E vcs tão ligada que BlacKinnon pra mim sempre vai ser assim.

Minha Marlene perfeita é Freya Mavor.
E agora, meu Sirius perfeito é Tyler Blackburn porque SIM, EU PEGUEI AQUELA DOENÇA LÁ CHAMADA PRETTY LITTLE LIARS! Estou em fase de tratamento, mas está muito difícil e o médico ja avisou que o tumor é m>A
Espero que vocês tenham chorado porque essa é a intenção, porque quando eu reli até fiquei emocionadinha! Entra pro meu haul de fanfics que eu caprichei junto com Don't Disappoint, Walburga e That's Marlene McKinnon E SE VOCÊ NUNCA LEU, ESTÁ LÁ NO MEU PERFIL, VAI LÁ, MEU BEM!

E pra quem gosta mesmo do meu BlacKinnon, vai lembrar que Breathe Me é música disponível quando o Sirius entra na sala comunal de mãos dadas com a Marlene Dragonina.

Comentem, dessa vez eu respondo, juro.

Até. ♥