POV Taylor

"New York | 8 de setembro de 1994

Querido diário,

sou péssima em escrever diários, mas ganhei você, então agora serei obrigada a escrever, porque não quero deixar o diário mofar igual minha irmã Johanna fez, ela não gosta de coisas de menininhas, ela é mais moderna, apesar de não termos muita modernidade ainda. Hoje é meu aniversário de 15 anos, mamãe e papai fizeram questão de me dar uma festa incrível, e ela foi perfeita. Convidei quase toda a escola, porque eu era amiga de quase todos. Depois de a festa acabar, depois das 2:00 da manhã, fomos em uma lanchonete que ficava aberta 24 horas, alguns nem comeram, só foram para conversar, já que estavam cheios. Bom, acho que escrevi bastante por hoje, vou parar e amanhã continuo.

Beijos da Giovanna"

Bom, agora já sei algumas coisas da minha mãe, sei que ela era popular, coisa que eu não sou. Ela começou a escrever em seu diário quando tinha 15 anos, bom eu tenho 15, eu poderia começar a escrever um diário, mas acho que não ia ser legal..

Toucou o sino da terceira aula, mas eu não estava coma mínima vontade de ir para aula. Eu poderia continuar lendo o diário da minha mãe, mas decidi que vou ler cada pensamento que ela escreveu uma vez por dia. Bom, peguei meu livro (Nove noites e um sonho de Outono) que estava na minha bolsa e li até que o sino batesse. Demorou um pouquinho, mas bateu. Como eu não estava com fome não me movi e continuei a ler meu livro, quando sou surpreendida com Harry chegando por trás e sussurrando em meu ouvido “O livro está legal?”. Dei um pulo, o que fez com que ele começasse a rir da minha cara.

–Ei, não tem graça!

–Só pra você que não viu.

Depois conversamos de tudo um pouco, do livro que eu estava lendo, da festa de ontem, da surpresa e após eu mostrar o diário, ele parecia ter formulado uma série de perguntas em sua cabeça só sobre o diário e sobre meus pais. Ele não se lembrava de muitas coisas deles, pois vivia viajando para a tia dele, mas de vez em quando via meus pais, eu e meu irmão. Falar sobre eles com outra pessoa além das que converso é diferente. Harry parecia mais interessado e queria saber mais sobre o que meus pais faziam, o que eu fazia e até o que Troy fazia. Ele me contou que quando houve o acidente, ele e a família estavam na casa de sua tia. Aquela conversa estava me deprimindo um pouco, então pedi para mudar de assunto. Conversamos sobre a vida dele com a tia durante esse ano que ele passou fora. Não somos interrompidos uma única vez, quando toca o sino, tenho vontade de continuar conversando com ele, mas já faltei as três primeiras aulas. Ele vai para a aula de Português, enquanto eu vou para a de História. Até que as aulas passaram rápido. Porque quando o vejo o sino toca, indicando que a manhã está se encerrando e podemos voltar para casa. Eu e Troy voltamos com Harry e Samantha.

A mãe deles nos convidou para almoçar na casa deles, eu fiquei com vergonha de aceitar, mas não teria nada de mais. A comida estava deliciosa, depois que terminei Harry me chamou para irmos para a sala e enquanto isso Troy conversava com Samantha. Nos sentamos em um sofá de dois lugares, bem aconchegante, eu sentia saudades de ir na casa dos meus amigos conversar, ir jogar conversa fora ou coisa do tipo, mas sempre que eu estava livre, meus amigos estavam ocupados, o resultado era eu praticamente todos os dias em casa, a não ser uma vez ou outra que eu era convidada para uma festa ou coisa assim.

–Foi convidada para ir ao Dolphin Clube?

–Sim, e você?

–Também. Você vai?

–Não tô muito a fim de ir não.

–Ah Taylor, vamos, vai ser divertido!

–Não sei..

–Todo mundo vai estar lá.

–O que eu tenho a ver com isso?

–A Thaís, a Baby, a Ana, a Alicia e outras vão estar lá, vamos.

–Tá bom.

–Eba!

–Mas saiba que eu não vou por elas.

–Por quem você vai então?

–Por você.

–P-Por mim?

–Sim, acho que você se importa comigo, e gosto da ideia de você sempre feliz, de alguma maneira, parte da sua alegria passa pra mim.

Ele chega mais perto de mim e me abraça. Sussurra em meu ouvido "Eu sempre me importarei com você". E em seguida beija o canto da minha boca, e então eu o puxo num abraço novamente "Obrigada, não sabe como sou grata por você me animar a cada dia". E então eu o beijo. Eu sinto como se ele fosse muito importante para mim, uma peça que completa o quebra-cabeça da minha vida, cuja algumas peças foram perdidas com o tempo e impossíveis de serem refeitas ou substituídas, mas existem aquelas que podem disfarçar o desaparecimento das mais importantes, fazendo com que eu me sinta, pelo menos por um período curto de tempo, completa. Nos falta ar e nos separamos. Então ele liga a TV e começamos a assistir um filme qualquer, eu chego perto de Harry e coloco minha cabeça sobre seu ombro e ele passa eu braço ao redor de minha cintura e ficamos assim até chegar a hora de se arrumar para ir ao clube.