A praça central do distrito ia enchendo conforme os jovens iam chegando com seus pais. Sander caminha ao lado de Annye que estava de mãos dadas com Timootty. "esses dois ainda vão terminar juntos. Ainda terão histórias para contar". Pensou Sander olhando para os dedos entrelaçados dos amigos. "Mas a minha talvez termine hoje".

Annye era uma garota bonita, com cabelos castanhos que desciam como cataratas por seus ombros. Meio baixinha, deve ter mais ou menos um metro e sessenta, o que faz Timotty parecer uma grande muralha ao seu lado com todos os seus vinte e cinco centímetros de vantagem sobre o tamanho da garota.

Timotty crescera com Sander e quando se trata de aparência, poderiam ser até irmãos. Apesar de Timotty ser ligeiramente mais alto que ele. Os olhos de Timmoty são de um castanho escuro, diferente do brilho dourado que emanavam dos olhos de Sander.

O caminho era tortuoso demais. Não fisicamente, mas psicologicamente. Centenas de jovens caminhando em direção a ruína iminente. E durante esta caminhada, pensamentos sombrios ocupam suas mentes.

Entro na fila para fazer minha "inscrição". Uma pacificadora pega minha mão e sinto um choque no dedo seguido de uma sensação morna. Aquilo me despertou. Continuei caminhando até achar meu devido lugar entre os outros da mesma idade. De onde me posiciono, consigo ver Alexandra.

Apesar de ser a filha do prefeito seu nome está lá cinco vezes e Sander não pode deixar de notar o seu nervosismo. Ela olha para todos os lados como se estivesse perdida e sem rumo. Roía as unhas e saltava suspiros trêmulos. Sua atenção é arrancada da garota quando Timotty puxa seu braço.

– Boa sorte, cara. - Ele diz com penas nos olhos.

– Pra você também, irmão. - Retribuiu apertando a mão dele. Por um instante Sander se questiona se Samantha contara para ele sobre sua conversa hoje pela manhã. Mas o pensamento o abandona quando ele solta a mão de Timotty e percebe que o corte no dedo ainda sangrava e ele manchara a mão do amigo.

– Parece que selamos algum tipo de pacto. - Diz Timotty com a sobrancelha franzida olhando para o sangue de Sander.

Sander olha para as próprias mãos onde o sangue do amigo se mistura com o seu. Aquilo o fez sentir melhor, soube que poderia ter confiado mais em Timotty durante todos estes anos. Mas agora era tarde demais.

O pai de Samantha entra no grande palco instalado em frente ao edifício da justiça e se senta em uma das cadeiras. Logo entra Cintya, uma dos outros dois vencedores dos Jogos ainda vivos no nosso distrito. Sander não gostava nada daquela mulher, e se precisasse realmente de um mentor, desejou que não fosse ela. Mas aparentemente, os outros vencedores se negaram a participar do evento naquele ano.

A atenção de todos se vira para a mulher com as extravagantes roupas da capital que cruza o palco até o microfone.

– Sejam bem vindos a trigésima quarta edição dos Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre ao seu favor!

Cristina Bauregard soava simpática, porém o sotaque da capital é de fazer rir. A mulher está dizendo mais alguma coisas, mas até mesmo o chão de paralelepípedos parece ser mais interessante. Apenas ficar o olhando parece o melhor a fazer até que um estrondo o tira Sander do transe que estava. Olhou para o telão na lateral do palco ande estão novamente lhes mostrando o mesmo filme de todos os anos sobre os dias escuros e como são estupidamente pequenos em relação à Capital.

A respiração de Sander está acelerada e seu coração já não bate mas sim sapateia. Estufa o peito ao ver a mulher cruzar o palco em direção ao globo de vidro com os nomes femininos.Ela enfia a mão pálida e ossuda na bola e retira um papel. Sander apertou tanto os punhos que sentiu o corte no dedo sangrando novamente. E tudo o que ele pensava era: "Por favor Héstia, esteja errada". A mulher desenrola o pequeno pedaço de papel e lê em voz alta.

– Alexandra Dhremer.

Vejo o prefeito se levantar da cadeira com os olhos arregalados. Fecho meus olhos com força para conter as lágrimas. Não foi apenas um sonho de sua irmã. E logo ele também seria chamado. Escutou um tremendo alvoroço no palco mas não abriu os olhos. Talvez o prefeito tenha tido um ataque ou algo do tipo.

Sander escuta, ainda de olhos fechados, os passos da mulher se dirigindo para a outra esfera de vidro com os nomes masculinos.

– Nosso tributo masculino é...

Ele tapa as orelhas com as mãos Antes no nome ser pronunciado. Talvez assim a situação mude. Mas quando volta a abrir olhos, vê Alexandra já no palco e centenas de rostos virados para ele.

– Venha querido! - Diz Cristina fazendo um gesto.

Olhou para os lados esperando alguém se mexer. Mas não podia mais se enganar. Sabia que aquela mulher estava o chamando.

Sander dá uma última olhada para os amigos. Timotty tenta desesperadamente consolar uma Annye aos prantos. Enquanto do outro lado da multidão, Samantha encontra-se com as mãos contra os lábios a olhando incrédula. Ele dá uma última olhada para a mão com o sangue de Timotty e com passos pequenos, ele se dirige para o palco.