Sander's Game Jogos Vorazes escrita por AnonymousWhriter


Capítulo 1
Sander




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471471/chapter/1

Sander não estava a fim de trabalhar.

Na tarde ensolarada suas costas nuas ardiam perante o sol. A sensação do suor escorrendo eriçava os pelos de sua nuca. Em suas mãos, calos e bolhas se formavam pelo roçar do áspero cabo do machado de lenhador que era obrigado a levar para todos os lados. Não tinha muita noção do tempo, mas sabia que já estava ali cortando e empilhando a umas oito e tantas horas.

Sander nunca se importou com o trabalho duro, pois seu distrito era focalizado em extração de madeira e como fazia parte da baixa sociedade, era obrigado a se acostumar com o suor, os calos e as bolhas nas mão desde pequeno. Mas naquele dia contava as lentas e torturantes horas para voltar ao lar. Podia trabalhar o dobro de horas se dependesse de sua capacidade física, mas não hoje. Não naquele dia obscuro onde qualquer jovem entre doze e dezoito anos temiam pelas suas vidas. Sim! Véspera de colheita. E apenas pensar nisso fazia Sander estremecer por inteiro. Sabia que ninguém ali se importava com os sentimentos dele em conflito naquele exato momento. Mas o desejo de estar com a sua família foi tão grande que parou o machado em pleno ar pensando em sair correndo. Parte dele queria isso, e muito. Porém conhecia as consequências futuras.

Seus pensamentos foram varridos rapidamente quando notou uma piedosa alma escorada em seu machado fitando-o com grandes e profundos olhos verdes.

– Tudo bem Clegane. Pode ir. Damos conta aqui. Apesar de não parecer, todos aqui entendem o que sente.

– Seus nomes não estão lá. - Sander soou mais desagradável do que gostaria. O homem franziu as sobrancelhas e disse:

– Mas já esteve.

Não conseguiu dizer mais nada. Apenas lançou um olhar agradecido para o homem que certamente notara seu nervosismo, e com um gesto saiu caminhando em passos largos apoiando o cabo do machado sobre o ombro.

De longe voltou o olhar para a parte onde a floresta estava desmatada, reduzida a pequenos tocos e serragem pelo chão sujo de lama e com amargura pensou no fato de que metade daquela destruição ele que provocara. Mas era obrigado a fazer isto, então tecnicamente falando não contava como uma má ação. Pelo menos é o que ele falava para se auto confortar.

Caminhou até a floresta "semi-desmatada" se tornar um borrão sobre o por do sol. Chegando a velha estrada de pedra que o guiava até em casa, Sander nunca se sentira tão vivo. A única coisa que pensava, era passar as últimas horas antes da colheita com sua família afastando a ideia de que aqueles podem ser seus últimos momentos juntos.

A velha casa dos Clegane ficava nos limites do distrito. Onde geralmente as populações de baixa estatura econômica se aglomeravam para garantir seu pedaço de terra.

Subiu pela varanda com o nostálgico som de madeira raspando em madeira que conhecia desde pequeno. Empurrou a porta e pode enxergar as costas da mãe que estava debruçada na pia sobre talheres, pratos e copos sujos. No pequeno sofá diante da televisão antiga, seu pai o fitou quando a porta bateu na parede. Aquilo sempre acontecia, mas todos já estavam acostumado. Soava como um alarme para certas ocasiões.

– Já disse que você me faz lembrar de mim mesmo?- Perguntou o pai com o mesmo olhar orgulhoso sempre que encontrava os olhos do filho.

Já. Milhares de vezes pai. - Respondeu com um sorriso.

Georgio Clegane era um homem duro por natureza. Com ombros largos e cabelos negros que caiam sobre os olhos dourados e o rosto coberto por cicatrizes que surgiram durante o tempo de trabalho. Isso mesmo, era. A dois anos impediu que dois homens se matassem em uma briga de machados. Bom, e o preço foram suas pernas. Enquanto Georgio tentava acalmar um dos homens, o outro o atacou pelas costas, acertando o machado na base de sua coluna. Sander realmente pensou que iria perder o pai, mas aquele homem era realmente difícil de matar.

Sua mão o olhou com aqueles olhos verdes calorosos e cheios de carinho. Toda a tensão que Sander sentia pelo corpo parecia ter sumido. E do pequeno corredor à sua direita o chão rangeu com passou ágeis de sua irmã mais nova.

– Saaanderr! - Gritou Héstia correndo pelo corredor derrubando o que estivesse pela frente. Com um salto, se agarrou aos ombros do irmão com as pernas firmemente apoiadas em sua cintura. O impacto quase levou Sander ao chão.

– Estive fora por apenas algumas horas. Calma! - Ele disse carinhosamente tirando uma mecha de cabelos negros que caiam sobre os olhos verdes da irmãzinha. Olhos que puxara de sua mãe.

– Eu sei. - Disse ela. - Mas os sonhos voltaram!

Aquilo o fez se sentir tenso novamente. A irmã tinha um certo dom, pelo menos era o que a avó falava, para receber mensagens pelos sonhos. Ainda quando tinha três anos, Héstia apontou para um certo senhor na rua e balbuciou algo como " cuidado com as árvores ". Dito e feito. O homem foi esmagado por um tronco de quase uma tonelada. Depois daquilo, vários eventos começaram a fazer parte do cotidiano da família, mas não tinha como mudar. Héstia falava o que acontecia em seus sonhos e BUM! Simplesmente acontecia.

– A mulher colorida tirou você de uma bola de vidro! Não entendo, mas não gosto disto.

A mãe derrubou uma travessa de vidro e o pai o encarou com espanto. Sander se encantava com a inocência da irmã, mas aquelas palavras faziam todo o sentido para ele.

– Héstia! - Disse a mãe piscando para conter as lágrimas. - Pode ir brincar nos fundos. Mas sem invadir a casa da senhora O'Larry de novo.

– Eba! - A irmã se jogou no assoalho e correu para os fundos deixando Sander e os pais a sós.

– Mãe! Pode ter sido só um sonho. - Sua vós saiu trêmula mas se negava a chorar. Não na frente do pai. Mas até mesmo Georgio parecia estar lutando contra as lágrimas.

– Sabe que não, Sander. - Disse a mãe agora aos prantos. - Quantas vezes sua irmã errou?

Ela tinha razão. Nunca soube de um sonho em que não se tornaria realidade assim que Héstia os contava. A não ser quando a irmã sonhava com unicórnios e dragões. E mesmo assim, várias vezes estes sonhos com seres mitológicos tinham um segundo significado.

– Tá assustando o garoto, Marridgy. - O pai interveio. - Com toda certeza foi só um sonho, e mesmo que não fosse, confio neste garoto como nunca confiei em ninguém.

– Pare com isso! - A mãe agora berrava em lágrimas. - Não bote essas coisas na cabeça dele!

– Você é quem está enlouquecendo o garoto! - O pai berrou de volta.

– Vocês não estão ajudando. - Disse Sander tentando manter a calma.

– E se ele... e se ele morrer? - Marridgy soou mais fria do que nunca.

– Cale a boca!! - Berrou Georgio.

– Não Georgio você não entende! Nosso filho vai morrer se não fizermos alguma coisa!

Ela parou abruptamente ao notar a presença de Héstia em suas costas.

– Mãe? O que você disse? - A menina já estava com lágrimas nos olhos voltados para Sander.

Marridry correu e envolveu a filha nos braços. As duas agora aos prantos.

Sander nunca vira os pais daquela maneira. Se sentiu confuso, deixando aflorar um sentimento de raiva que nunca sentira antes. Ele passou pelo corredor encarando a mãe.

– Não podemos fazer nada. - Disse ele melancolicamente e saiu para o seu quarto.

Jogou o machado no canto mais próximo e então notou sua visão ficando turva. O ruído do sangue em seus ouvidos se transformaram no tinir de sinos gigantescos. Tentou se apoiar no pé da cama, infelizmente tarde de mais. Bateu com a cara do assoalho e então tudo escureceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom pessoal, essa só foi uma apresentação do que realmente será. Esperem muita ação, aventura e romance pela frente. Realmente espero que gostem da fic.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sander's Game Jogos Vorazes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.