Memórias escrita por natthy


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo 2.

Edward

Todos sabiam que Carlisle era um ótimo médico. Ninguém nunca descordou, ou sequer duvidou disso. Era sempre ele quem cuidava dos pacientes mais debilitados, sem se importar se isso estaria ocupando todo o tempo de suas férias, que por direito, deveria ser tirada em completo descanso.

É como se ele fosse abençoado...” uma senhora disse uma vez, maravilhada. Carlisle nunca deixou nenhum de seus pacientes morrerem, a não ser que o caso fosse realmente muito grave e não houvesse mesmo uma solução.

Bom, mas independente de sua fama maravilhosa – que por sinal, é bastante merecida – Carlisle demonstrou ser também um ótimo ser humano, acima de tudo.

De uma forma meio estranha, em nossa curta conversa, ele conseguiu mudar meu ponto de vista sobre muitas coisas.

Nunca me achei egoísta – ao contrário, sempre pensei mil vezes no bem de Alice, antes de meu próprio. Mas, hoje, vi que isso não é o bastante.

Por que pensar apenas em mim e minha irmã, quando eu posso fazer o bem a muitas outras pessoas? De que me adianta ser um médico maravilhoso, se não tenho ao menos compaixão por meus pacientes?

“Ed...?” Alice balbuciou baixinho.

“Shh. Eu estou aqui, lindinha. Volte a dormir”, pedi sussurrando. Desliguei a televisão e a tirei do sofá, pegando-a no colo, enquanto a leva adormecida para cama.

Após deitá-la na cama, tirei meus sapatos aos chutes e me acomodei ao seu lado.

Desde muito pequena que Alice dormia comigo; ela sempre vinha parar na minha cama, até mesmo quando nossos pais ainda estavam vivos.

No meio da noite, ela sempre acordava chorando, por causa de pesadelos, imagino. E como o meu quarto era o mais próximo do seu, ela sempre acabava engatinhando até o meu quarto, ao invés no de nossos pais - como qualquer outra criança faria.

Depois da morte deles, ela acordava quase toda noite gritando; os pesadelos começavam a ficar cada vez pior – ela já conseguia explicá-los –, e eu odiava vê-la chorando.

Nossa relação é como a de um pai e sua filha, apesar de eu não conhecer esse amor e muito menos me lembrar de recebê-lo.

Só a responsabilidade e tudo mais, que tenho em relação à Alice, já devem valer por tudo isso; além de nosso amor, é claro.

Eu sinto que ela é como o meu porto-seguro. Se não fosse por ela, eu realmente não faço idéia do que seria de mim.

E tenho certeza que isso é recíproco.

Bom, mas se não fosse por nossa vizinha, que assumiu perante o juiz toda a responsabilidade por mim e Alice, quando eu ainda era menor de idade, eu não sei como estaríamos hoje em dia.

Apesar de ser mais como fachada, e a responsabilidade ser exclusivamente minha, Dona Yolanda ajudou. E muito.

Sem falar nos brinquedos que ela sempre comprava, trazendo um sorriso lindo ao rosto de Alice.

Se não fosse por ela, eu não faço a menor idéia de como estaríamos. Odeio imaginar Alice separada de mim, em um orfanato qualquer.

Afastando os maus pensamentos, afundei a cabeça no travesseiro, deixando uma única lágrima silenciosa escapar de meus olhos, enquanto as lembranças invadiam minha mente. Tudo era tão mais fácil quando eles ainda eram vivos...

-x-

Beep. Beep. Beep.

Desliguei o despertador, respirei fundo e me levantei da cama. Não consegui dormir direito a noite inteira, pensando no que viria pela frente.

Hoje não seria um dia fácil. Nada fácil, na verdade.

Carlisle contaria à menina hoje, que eu irei substituí-lo. E se eles forem assim tão próximos como Carlisle descrevera, a perda não será nada agradável, se é que posso dizer assim.

Não que alguém esteja morrendo ou algo do tipo. Afinal, Carlisle poderá visitá-la sempre que quiser. Ou que for possível... Mas, bem, de qualquer maneira, ele ainda sim a verá! Bom, mas não adianta. Não será fácil afastá-la de uma pessoa especial, a quem ela está acostumada a passar todos os dias.

Suspirando pesadamente pelo dia cansativo que já sabia que teria, arrumei-me mecanicamente, tomei café rápido e acordei Alice, para deixá-la na casa da vizinha.

Assim que cheguei ao hospital, dei de cara logo com Carlisle. Foi uma das primeiras pessoas que vi. Foi só então que percebi que minhas mãos estavam tremendo. Por algum motivo, algo me dizia que esse primeiro encontro com Bella Swan não seria bom.

“Então... Está pronto?”

“Claro, vamos.” Sorri, tentando não falar demais, para que as palavras não se tornassem falsas.

Ao chegarmos no quarto, Bella nos recebeu com um sorriso radiante. Bem, no início, ao menos. Seu sorriso se deu primeiramente ao encontro com Carlisle, mas assim que seus olhos – que eram lindos, por sinal – encontraram os meus, seu rosto se abaixou imediatamente, com um leve rubor.

“Olá! Como vai minha paciente preferida?” Carlisle cumprimentou sorrindo, sentando-se delicadamente na ponta de sua cama. Eu preferi continuar de pé ao lado da porta. Ela não precisava ficar desconfortável com minha presença. Seu dia já seria ruim o bastante.

“Estou ótima!” Ela vibrou. E com seu sorriso reaparecendo, eu não pude deixar de reparar que seus olhos brilharam, tornando-os ainda mais bonitos. “Acredita que o doutor Marcos disse que em menos de um mês eu já terei alta?”

“Mas eu te falei isso ontem!” Carlisle murmurou, fingindo estar magoado “Não acredita mais em mim, é?”

“Ah, você sabe que não é isso! É só que... sei lá... você poderia ter dito apenas para me deixar melhor, como da outra vez.” Ela sorriu, como quem se desculpa.

Carlisle deixou passar essa “É ótimo que você tenha alta. Já sabe o que fará com seus dias fora da cadeia?”

Ela sorriu. “Não, ainda não. Estava pensando em conhecer a praia...” seus olhos se iluminaram mais uma vez “Bom, não que eu nunca tenha ido, afinal, eu costumava ir muito com meu irmão à La Push. O que eu quero, é ir a uma praia de verdade, sabe? Com sol e tudo!” Ela riu “E não adianta fazer essa cara, isso é mesmo uma prisão; eu não posso fazer nada!”

“Será ótimo. Emmett ficará muito feliz!”

“É, eu sei. Ele adora brincar na areia.” Ela sorriu, lembrando de alguma coisa.

Carlisle, aproveitando sua distração, trocou um rápido olhar comigo. Um pedido claro para que eu me aproximasse.

Mesmo sem saber muito bem o que fazer, eu o obedeci.

É agora!

“Bel, esse é Edward Cullen. Já ouviu falar, não?”

“Sim, já.” Ela corou novamente, sem me olhar nos olhos. Ela é tão tímida! Não pude deixar de sorrir com isso.

“Então...” Carlisle disse, estendendo um pouco a palavra, evidentemente, sem saber bem como começar. “Bel, lembra que eu lhe disse que o doutor Júlio não estava gostando muito de nossa amizade?”

Ela afirmou com a cabeça.

“Não é que ele não goste...” Carlisle se corrigiu “Ele apenas não entende. E, de qualquer maneira, ele tem de preservar as regras do hospital, ou então, isso aqui ficaria uma bagunça!” Ele começou, explicando tanto, e com tanto medo de suas próprias palavras, que parecia estar lidando com uma criança pequena. “Bom, resumindo bastante... Bella, pelo amor de deus, – por tudo o que há de mais sagrado! – não fique chateada, ou você fará mal a si mesma. É só que-”

Enquanto ela o ouvia, seus olhos pararam em meu rosto, e o seu começou a ser tomado por uma expressão de desespero. Carlisle não precisou terminar sua frase para que ela entendesse onde ele estava querendo chegar.

“Não me abandone, Carlisle!” Implorou, interrompendo-o. Ela chorava, aos prantos. Era realmente de partir o coração. Nunca imaginei que uma relação entre um médico e sua paciente pudesse chegar a esse ponto.

Por algum motivo, eu estava odiando vê-la naquele estado. Ela era tão pequena, tão quebradiça, tão vulnerável...

Eu não sabia o que fazer.

Carlisle, mesmo demonstrando ser forte, - através de suas palavras encorajadoras, de que tudo daria certo e que não seria tão ruim assim - eu podia ver sua dor tão claramente, que podia quase senti-la.

E Bella, bem... não havia palavras para descrevê-la. Carlisle era, claramente, tudo – ou uma boa parte disso – em sua vida. Ela o amava. Não tinha como negar.

E eu, automaticamente, desejei que alguém – além de Alice – me amasse a metade de quanto ela o ama. E eu nunca, jamais, desapontaria essa pessoa.

Mesmo que ela me amasse como Bella ama Carlisle. Um amor de filha.

-x-

Depois que Carlisle saiu do quarto, Bella desabou – ainda mais.

Por um momento, fui tomado por uma incrível sensação de querer abraçá-la. Como se tentar reconfortá-la verbalmente não fosse o suficiente. Nunca senti essa sensação por nenhum outro paciente, e isso estava me assustando.

Era como ver Alice chorando na minha frente. Eu não conseguia agüentar. Era mais forte do que eu. Não podia vê-la sofrendo.

Vai ver, essa menina é mesmo muito especial, e por algum motivo, todos ao redor dela, sempre acabam se apegando inexplicavelmente.

“Me desculpe por tudo isso” Bella murmurou baixinho, parando aos poucos de soluçar. Ela passou as costas da mãos bochecha, para secar as lágrimas. Parecia mais estar falando consigo mesma do que comigo.

“Não tem problema” sorri, a encorajando. “Posso não ser como Carlisle... Mas sempre que quiser conversar, estarei aqui.”


Atualização bem rápida dessa vez, hã? Aproveitei que vou entrar só no segundo tempo de aula amanhã para poder ficar acordada até um pouco mais tarde e dar uma passadinha aqui na internet.

Por favor, se ler, comente!

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