Acordo assustada e totalmente desorientada, olho pela sala vazia sem entender o porquê de estar ali. Então eu me lembro. Casa. Rato. Ashley. Escuridão. Tento me levantar, mas percebo que estou sentada em uma cadeira, e meus pulsos e tornozelos estão amarrados. Olho em volta a procura de uma saída, mas não vejo nada, apenas uma porta a minha frente, que está fechada.

Tento me soltar mais algumas vezes, totalmente em vão. Não tenho a mínima ideia de onde estou, e por que, mas isso está me aterrorizando. Quando já estou pensando que vou ficar aqui até morrer, ouço o barulho da porta se abrindo e ninguém menos que Ashley entra, fechando a porta logo em seguida.

– Ashley? Por que estou aqui? Me solta, por favor! – imploro olhando para ela.

– Estamos em Woodbury. – fala ela sorrindo, como se fosse a melhor coisa do mundo.

– Woodbury?! O que você está esperando? Desamarre essa porcaria! – exclamo desesperada mexendo os pulsos para dar ênfase no que acabei de falar.

– Por que eu faria isso? Eu que te trouxe aqui. – diz ela rindo. Encaro-a com olhos arregalados.

– Por que está fazendo isso? O Governador te ameaçou? Podemos te ajudar! – pergunto ainda encarando ela.

– Você não entendeu Katherine? Eu mudei, eu não sou sua amiga, ou a namorada de Piter. Eu sou Ashley Down Blake, o Governador é meu tio, e eu estou do lado dele. Eu vou ajuda-lo a se vingar e tomar aquela prisão.

Com isso ela faz com que eu me cale. Sobrinha do Governador, agora tudo faz sentido. Ela e Adam não me encontraram por acaso. Eles só estavam lá para se infiltrar, e depois atacar.

– Foi você que libertou os zumbis não foi? Você matou o Adam! Ele era seu amigo! Eu sou sua amiga! – Grito exaltada para ela.

– Ah, ele estava atrapalhando meus planos. Era pra você ter morrido com ele, mas como aquele incompetente sequer fez o trabalho, agora sobrou pra mim. – diz ela com desgosto, pegando sua adaga da cintura.

– Ashley! Por favor! Você prometeu que seriamos amigas para sempre! – nesse momento lagrimas já escapam dos meus olhos. Lagrimas de decepção. Vejo hesitação passar por seu olhar, mas logo é substituída pela frieza de sempre.

– Qual é, eu não quero sua amizade idiota. Agora eu tenho coisas mais importantes para fazer, como atacar a prisão. E seu namoradinho irá morrer, realmente uma pena, ele é tão lindo. –Sorri irônica, pressionando a adaga contra minha bochecha, sinto o liquido quente escorrer em direção ao meu pescoço. Ouço uma voz masculina chama-a lá fora. – Bem que eu queria dar um fim em você, mas o dever me chama. Adeus Katherine.

Então ela sai da sala, com o guarda fechando logo em seguida. Fico encarando a porta pensando em tudo que ela acabou de dizer. Uma raiva assassina substitui minhas lagrimas, eu não sinto mais a dor em minha bochecha. Filha da puta! Até parece que eu vou a deixar atacar a prisão, e ainda chamar meu namorado de lindo. Com certeza ela irá pagar, nem que seja a ultima coisa que eu faça antes de morrer.

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Não sei por quanto tempo fiquei encarando a porta a minha frente, só sei que está um silencio absoluto lá fora, acho que eles já foram para a prisão matar as pessoas que eu amo. Mas nem todo o tempo ficou nesse silêncio, mais cedo ouvi vozes, passos, gemidos e um até um grito. Naquele momento eu tentei me soltar com maior feracidade, mas só serviu para me machucar mais, então desisti.

Passa alguns minutos em total silêncio, até que ouço leves passos, que não ouviria se não estivesse totalmente concentrada. Ouço o barulho de uma chave destrancando, e vejo a maçaneta sendo girada. Meu coração está quase saindo pela boca agora. Não é Ashley, muito menos o Governador, mas me surpreende mais ainda.

– Will? – minha voz sai horrível, devido às horas sem usa-la, e dói mexer o maxilar, graças à adaga de Ashley.

– Sim. Precisamos sair daqui o mais rápido possível. – diz pegando uma faca e começando a cortar as cordas que me prendem na cadeira. Meus pulsos sangrentos agradecem, mesmo estando ardendo igual ao fogo do inferno.

– Como me achou? – pergunto me levantando vacilante, estou parecendo uma velha.

– Eu vi quando Ashley e uns homens colocar você em um carro. – informa olhando para fora do corredor.

– E por que demorou tanto para me ajudar seu filho da mãe? – pergunto incrédula.

– Cale a boca, não é hora pra isso. – ordena ele impaciente, acho que alguém está de mal humor. Encaro-o com olhos semicerrados, mas resolvo obedecê-lo.

Ele me joga um calibre 38, pegando outra arma que não sei o nome para ele. Tenho vontade de perguntar na onde ele conseguiu essas armas, mas deixo para outro momento. Seguimos atentos a qualquer movimento pelo corredor escuro, provavelmente já está de noite.

Ouço passos logo a nossa frente, parecem ser umas cinco pessoas. Seguro com mais força a arma e minha mão, pronta para atirar, mas quando os autores dos passos surgem no corredor, percebo que não será preciso.

– Katherine? – pergunta Daryl surpreso. Ao seu lado está Mich e logo surge Rick e um grande homem negro junto com duas mulheres.

– Oh! Graças a Deus! – exclamo rindo de felicidade, indo abraçar Daryl, mesmo aparentemente ele não gostando de mim. Ele me acolhe em seus braços desjeitosamente. Abraço Rick também, e até mesmo Mich, que surpreendentemente me abraça de volta também. Como é bom saber que eles estão vivos.

– Carl está vivo? – pergunto o que estava me matando todo esse tempo.

– Sim. – responde Rick sorrindo.

Andamos pelos corredores atrás de Andrea, que aparentemente está presa aqui. E essas suspeitas são confirmadas quando chegamos ao fim de um corredor, onde há uma porta e sangue saindo por baixo dela. Rick e Daryl trocam olhares, então arrombam a porta, entrando logo em seguida. Com Tyreese, Sasha e Karen – que descobri sendo o nome dos outros três que encontraram - atrás.

A sala aparentemente é igual a que eu estava, só que com sangue em muitos lugares. Vejo uma mulher encostada na parede, e a reconheço como sendo Andrea. Ela está totalmente machucada, e parece estar realmente mal, Michonne corre para abraça-la, com outros ao seu redor. Varro a sala novamente com o olhar, e vejo um corpo morto no chão, que não reconheço. Vejo outro mais ao longe, e quando foco nele meus joelhos fraquejam.

Porque eu conheço aquele casaco, e conheço mais ainda o dono dele: Piter.