Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 8
Ozeras


Notas iniciais do capítulo

Oi geeente
Primeiro queria agradecer a Amanda Belikov por recomendar a fic!! Mandsss, eu ameeei, muito obrigada por continuar me aguentando nessa fic também hahaha Esse capítulo é todinho seu =)
Boa leitura a todas ...



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Capítulo 8 - Ozeras

Eu me mantive o mais longe possível do Tiro Certeiro nos próximos dois dias de viagem, eu tentei na verdade, ele insistia em conversar comigo sobre coisas banais. Mas em compensação eu me aproximei muito dos demais homens. Agora que eu era mulher todos puxavam assunto e faziam de tudo para me enturmar no grupo. Quando algum deles vinha com xavecos baratos eu tratava de cortar, isso foi bom porque logo eles perceberam que dali eles não conseguiriam nada, e a amizade nos aproximou ainda mais.

Eu continuei viajando com Sr. Nagy na carroça, ele tinha se tornado todo protetor comigo, como um pai. Na outra noite quando eu tinha salgado o guisado ele assumiu toda a culpa, dizendo que era melhor manter o pensamento de que eu como mulher sabia cozinhar. O único me não acreditou foi Tiro Certeiro que ergueu uma sobrancelha divertida na minha direção.

E também o único que ainda me paquerava constantemente era Adrian, mas depois eu percebi que esse era seu jeito natural de ser em torno de uma mulher, então eu gostava de provoca-lo e entrar nas suas brincadeiras.

Seis dias depois de termos saído de El Passo estávamos chegando a Guadalupe. A cidade ficava em uma planície de terra vermelha, muito semelhante a El Passo se não fosse pelo tamanho. Guadalupe era uma das maiores cidades da região, e a que possuía o maior número de viajantes. Ali era um antigo ponto de encontro de cowboys e comerciantes.

Eu e o Sr. Nagy íamos na carroça e ele guiava a guiava por pesadas cordas.

– Seus braços devem doer de segurar essas pesadas cordas o dia todo. – eu observei. Sr. Nagy nunca parecia cansado ou reclamava. Mas um homem da sua idade deveria estar sentindo os efeitos da longa viagem.

– Estou acostumado menina Rose e é mais fácil do que parece. – eu não estava tão convencida. – Você quer tentar?

Eu concordei e ele me passou as cordas. Eram pesadas, mas quase não havia trabalho para ser feito, os bois que conduziam a carroça pareciam saber o caminho que deviam tomar.

– Porque você usa bois ao invés de cavalos?

– Eles são mais baratos que cavalos e mais resistentes também. Mas os bois não são meus, são do Kaluanã. Ele conhece muita gente por aí.

– Ah! O cowboy arrogante. – Sr. Nagy riu. Eu estava até gostando de controlar as rédeas e quando ele pediu de volta eu neguei. Seria bom dar um descanso para os braços dele.

– Todo cowboy tem certa quantidade de arrogância. Kaluanã não é diferente. Mas ele é um bom homem, honesto e muito honrado. Bem diferente da maioria se for para comparar. – eu percebi que eu estava no tópico Tiro Certeiro novamente, mas a minha curiosidade era grande e eu não perguntaria diretamente para ele.

– Eu não acho que ele seja tão honrado assim.

– Ele só passou por muita coisa, mas acredite, ele não é como você julga. – ele me deu um olhar penetrante, como um pai que repreende uma filha por mau comportamento.

– Ele só deveria ter um pouco mais de respeito pelas mulheres. – resmunguei.

– Sim, com isso eu posso concordar. – Sr. Nagy tinha mostrado grande respeito pelas mulheres, e até certo ponto eu poderia dizer admiração.

Tiro Certeiro deveria ser assim. E quando eu me lembrava do que ele tinha me dito sobre vítimas noites atrás eu ficava espumando de raiva. Na ocasião eu me lembro de jogar a batata que estava na minha mão no seu peito, claro, eu sabia que não faria efeito nenhum, mas só de acertar algo nele diminuía minha raiva.

Agora eu tinha certeza do porque as mulheres eram atraídas por ele, além da sua beleza que eu não podia negar em sã consciência, era a arrogância e seu jeito desafiador que o tornavam ainda mais atraente. Eu não queria aceitar, mas passava boa parte do dia pensando nele e nos mistérios que ele escondia. E quando ele se virava para trás no seu cavalo e me dava um sorriso branco completo eu sentia meu coração acelerar. Eu nunca ia admitir que eu estava me tornando mais uma de suas vítimas, jamais. Afinal, só mais alguns dias e eu encontraria Billy Black e voltaria para El Passo, longe do cowboy sem nome. Mas até lá eu tinha que resistir a esses pensamentos com força.

Um pouco depois eu avistei uma cidade a distancia.

– Bem vinda a Guadalupe querida. – eu sorri para meu acompanhante.

Eu esperei na carroça com Sr. Nagy enquanto Tiro Certeiro contava os bois com um rico fazendeiro dali. Quando tudo foi acertado ele disse que passaríamos os dias na casa dos Ozera, que era onde os pais do Christian moravam.

Assim como em El Passo, conforme passávamos nas ruas várias pessoas saiam para assistir aos cowboys, e claro, a maioria eram moças jovens com sorrisos empolgados. O barulho de cachorros latindo, crianças correndo e o comércio no seu auge era como uma caixa de abelhas zunindo. Eu também percebi que por estarmos próximos a fronteira com o México, a maioria dos moradores ali tinham feições hispânicas.

Depois de passarmos pelo mercado movimentado chegamos ao nosso destino. A casa ficava em uma extremidade da cidade. Era uma grande propriedade com estábulo e um pomar de frutas.

Tiro Certeiro me deu a mão quando eu fui descer da alta carroça, mas eu desci por conta própria lhe lançando um olhar de “eu posso fazer isso sozinha”. Os homens já estavam tirando as celas dos cavalos e pegando seus poucos pertences.

– Moira e Lucas são os pais do Christian, eles sempre nos recebem muito bem. Mas eu acho que eles não vão ficar feliz com Kaluanã trazendo uma mulher. – Sr. Nagy disse atrás de mim.

– Eu vou pedir para que Moira prepare um banho e quarto apropriado para você. – Tiro Certeiro disse. Nas suas costas havia um saco de couro onde deveriam ter roupas e coisas pessoais.

– Eu realmente daria tudo para ter um banho agora. – eu gemi. Eu me sentia suja e grudenta.

Seguimos juntos até a entrada da casa. Uma menina brincava na entrada, na sua mão havia uma boneca de pano. Quando ela nos percebeu ali sua cabecinha disparou para cima, em seguida seus olhos azuis se arregalaram e ela pulou no colo do Christian.

– Mamãe! Christian e Enoma estão aqui. – Tiro Certeiro também tinha aberto um sorriso e pegou a menina no colo.

Na porta uma mulher alta apareceu. Ela era realmente muito bonita para a sua idade, com seus olhos azuis iguais ao do filho e cabelos negros presos em uma trança. Ela usava um vestido de algodão e por cima um avental sujo de molho vermelho.

– Meninos. – ela agitava os braços. – Vamos entrem, estou preparando um lanche.

Ela sumiu dentro da casa enquanto entrávamos. Tiro Certeiro conversava com a garotinha enquanto Sr. Nagy, Mason e Adrian faziam o possível para me fazer se sentir a vontade ali dentro.

Logo Moira voltou com uma enorme bandeja cheia de comida e atrás dela havia uma moça, muito parecida com ela. Ela trazia uma jarra com refresco e copos. Eu também percebi que ela lançava olhares de paquera para Tiro Certeiro.

– Venham! Comam meus queridos. – não foi preciso um segundo incentivo, os homens atacaram os alimentos.

Sr. Nagy me trouxe uma torrada e um copo do refresco com um sorriso gentil. Moira e a moça estavam conversando com Christian e Tiro Certeiro, já a pequena menina estava puxando assunto animadamente com os cowboys.

Quando a jovem olhou na minha direção, ela arregalou os olhos e disse algo para Moira, que imediatamente se virou para me olhar, então novamente para Tiro Certeiro.

– Quem é ela? – ela quis saber em voz alta. E não parecia muito contente.

Tiro Certeiro disse algo que eu não podia ouvir, e depois eu percebi que eles estavam falando outra língua e pareciam estar discutindo. Sr. Nagy gentilmente esfregou meus ombros.

– Não se preocupe, Moira pode ser um pouco difícil, mas ela é muito gentil. – eu acenei não muito certa sobre isso.

– Lugar para dormir é que não vai faltar. – Adrian piscou ao meu lado. Eu apenas revirei os olhos.

Quando a discussão acabou, Moira se aproximou de mim.

– Você é a filha do senhor Mazur então? – eu acenei.

– Pode me chamar de Rose. – tentei ser gentil, afinal ela estava nos hospedando na sua casa.

– O que você quer aqui senhorita Mazur? – Tiro Certeiro a repreendeu pelo tom áspero.

– Aqui nada, eu estou indo para Santa Helena. Tiro Certeiro só me deu uma carona, se for incômodo eu posso encontrar outro lugar para...

– Você vai ficar aqui. – Tiro Certeiro me interrompeu. – Moira não vai se incomodar. – a mulher fez uma careta, mas em breve ela foi substituída por um sorrido, mas eu sabia que era forçado.

– É claro, eu não deixaria uma moça como você dormir em uma pousada qualquer. Sinta-se em casa querida. – Então ela virou as costas para servir mais comida.

Eu não queria ficar onde não era bem vinda.

– Eu estou indo para a cidade procurar uma hospedaria. – anunciei me dirigindo para a porta. Meus braços foram puxados de volta.

– Eu prometi a mim mesmo que manteria você segura. Você vai ficar aqui, apenas ignore a Moira. – Tiro Certeiro disse.

– Eu não sou bem vinda aqui. – disse entre dentes.

– Moira só não é muito aberta a conhecer novas pessoas. – ele disse. A moça que ajudou a servir apareceu novamente e Tiro Certeiro a chamou.

– Tasha! – com um sorriso simpático ela se aproximou nos oferecendo mais refresco. – Rose, está é Natasha, ela é a irmã mais velha do Christian.

– É um prazer conhece-la Rose, pode me chamar de Tasha. – Tasha parecia ser simpática ao menos.

– Igualmente. – sorri.

– Tasha, Rose não conhece a cidade e precisa comprar roupas novas. Você poderia leva-la? – Tiro Certeiro tinha razão, meu vestido estava tão sujo que eu poderia me camuflar na areia vermelha.

– Claro, vamos Rose. Vou leva-la na loja onde eu mesma compro os meus.

Tasha, como todos a chamavam, cumpriu com a sua promessa e me levou para comprar vestidos. Eu agradeci que eu tinha trazido dinheiro, porque assim quando Tiro Certeiro me ofereceu o seu eu pude recusar.

Depois de comprar um vestido, saias, camisas e uma calça eu decidi que era suficiente e que eu precisava mesmo era de um banho. Tasha me contava sobre a cidade e eu gostei dela e sua simpatia. Não era áspera como Moira, ela até tentou me enturmar quando um grupo de amigos dela nos encontrou no mercado.

Quando voltamos encontramos os homens no jardim. Tiro Certeiro tinha a menina, que eu descobri ser outra filha da Moira e se chamar Lucy, nos ombros. Ele corria com ela como se fosse um cavalo, enquanto a menina tinha a sua pistola nas mãos. Eu imaginei que ele tivesse a decência de descarrega-la primeiro.

– O que a mamãe diria se visse essa cena? – Tasha parecia divertida.

Com um sorriso Tiro Certeiro tomou a arma da menina e a guardou de volta na cintura.

– Você sabe que eu estou apenas lhe ensinando um dos meus truques Tasha. – eu não sei que tipos de lembranças àquelas palavras trouxeram para a morena abrir um sorriso antes de me puxar para dentro.

Eu tomei meu merecido banho. Meu cabelo cheirava a jasmim e caia solto e sedoso nas minhas costas.

Quando eu desci já estava escurecendo e a casa cheirava a tempero. Moira provavelmente estava cozinhando o jantar.

Eu também conheci Lucas, pai do Christian, ele era um banqueiro aqui em Guadalupe e ao contrario da sua esposa era muito simpático comigo. Nós até nos sentamos para falar sobre o meu pai, que segundo ele, era um velho conhecido seu.

Lá fora, na varando eu encontrei Tiro Certeiro conversando com Tasha. Assim que eu saí pela porta os dois me olharam.

Tasha parecia surpresa.

– Rose. Você é muito bonita. – eu deveria estar um desastre empoeirado antes.

– O que um pouco de sabão e água não fazem não é? – ela riu ainda me olhando de cima a baixo.

Tiro Certeiro ainda não tinha dito nada, na verdade, ele só olhava. Para mim. E pela primeira vez eu vi um olhar de preocupação atravessar o rosto da morena ao meu lado.

– Enoma? – ela tentou chamar sua atenção pelo nome que comumente o chamavam aqui.

– Sim, muito bonita. - Ele disse por fim.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Vocês acham que a Tasha é uma ameça? E o que dizer da Moira??
Eu queria explicar umas coisas. Tiro Certeiro é um homem fechado e esconde suas emoções através de piadas e uma atitude meio bad boy... e como vcs perceberam ele está amolecendo quando fica perto da Rose. Isso é importante vcs saberem. Mas o pq dele ser assim virá mais à frente pq vai ser algo importante =)
Vou postar post duplo por conta da recomendação *-* Acho que amanhã eu atualizo
Beijos e até o próximo =)



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