Disturbia escrita por Flávia Rolim, Ana


Capítulo 1
I - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde gente!
Já tem um tempo que estou com essa fic na cabeça e só agora criei coragem para escrevê-la. Eu espero que vocês gostem da minha Sarah e do relacionamento dela com os rapazes. Enfim, vamos ao que interessa, não é?

Obs: No capítulo de hoje, mostrarei uma parte do presente, mas a maioria da história se passa no passado. O programado é que no fim da fanfic, retornemos ao ponto onde paramos.

Divirtam-se!!!



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Dias Atuais:

O céu clareou mais cedo do que o costume. Era o primeiro dia do verão e por isso aquele fenômeno ocorrera. No jardim do sanatório, ainda não havia nenhum paciente, somente alguns funcionários que começavam a sua rotina. Um zelador apanhava pedaços de papeis, gizes de cera e brinquedos, deixados no dia anterior. Uma enfermeira secava as cadeiras e as mesas, por causa da chuva forte que caiu durante a noite, e dois enfermeiros passaram carregado bandejas, de frutas e de pão, para o café da manhã.

Os primeiros pacientes começaram a chegar meia hora depois e logo se acomodaram por ali. Eram homens e mulheres com idades variadas, entre dezoito e oitenta e cinco anos.

Aos poucos, todos iam começando a sua rotina. Fosse ela sentar em uma cadeira e começar a desenhar, ou ficar dando voltas nas propriedades. Falar sozinho também fazia parte da lista, para alguns dos que estavam ali, mas em meio a todos esses pacientes, apenas uma permaneceu no seu quarto.

– Sarah. - chamou a diretora do lugar. Ela estava na porta do quarto da jovem e a observava seriamente. A mulher loira, de estatura alta e de pele clara, observava o jardim pela janela. - Não acha que já está na hora de você ir lá fora um pouco? Já tem quase uma semana que você chegou e ainda não deixou esse quarto. Não quer ir brincar lá fora? - A mulher não se mexeu e nem respondeu. A diretora entrou e a tocou, o que a assustou. - Sou eu, Nicole.

– Nicole? - perguntou e a mulher assentiu. A diretora não gostava de ir até aquela paciente, porque seu coração doía demais. Era uma mulher tão linda, tão jovem e, no entanto, sofria de uma doença tão triste: demência aguda e esquizofrenia. Mal sabia ela que aquela já foi uma mulher perfeita, mas não sabia que havia sido por amor que ela ficou daquela forma.

– Eu tive outra lembrança. - falou ela e sorriu.

– Outra lembrança? - perguntou a diretora.

– É, só que nessa tinha dois rapazes. - Continuou a falar e a mulher que a colocou sentada na cama. Todos adoravam quando ela tinha as tais lembranças, porque desembestava a falar e a contar como foi. Talvez, na concepção dos funcionários, ela ficasse mais parecida com a mulher que havia sido no início. - Nós caçávamos juntos.

– Caçavam o que? Veados ou coelhos?

– Fantasmas. - Ela olhou para a mulher. - Vampiros, lobisomens, ghouls, bruxas, demônios e anjos.

– Nossa! Isso deve ter sido intenso. - falou a diretora.

– Foi. - concluiu e se concentrou no nada, outra vez.

– Sarah. - chamou Nicole e a loira assustou-se. - Me fala sobre os rapazes?

– Quem?

– Os rapazes da sua lembrança.

– Ah! Tinham dois. - ela sorriu. - Talvez você fosse gostar mais do moreno, o Sam. Era super inteligente e me fazia ficar bem. - Ela parou novamente, como se tivesse se perdido em pensamentos.

– Se tinha um moreno, tinha um loiro também. Não tinha?

– Tinha. O nome dele era Dean. - respondeu e então ficou nervosa. Suas mãos começaram a tremer e a sua respiração ficou ofegante. - Não, não, não... - Ela levantou-se da cama e começou a destruir as coisas ao seu redor.

A mulher, vendo a atitude de Sarah, correu para trás dela e a imobilizou. Colocou as suas mãos para trás e a prendeu, impedindo que ela se machucasse.

– Se acalme e me diga o que houve?

– Ele não podia ter feito aquilo comigo. - respondeu e parou de se debater. As suas pernas ficaram fracas e ela escorregou até o chão.

– O que ele fez com você? - A diretora a largou e sentou-se em sua frente, também no chão. Ela queria entender o que estava acontecendo ali, porque aquela mulher ficou daquele jeito. A paciente respirou fundo e se perdeu outra vez. - O que ele fez? - falou Nicole mais autoritária.

– Ele me amou. - respondeu chorosa. - Eu não podia ser tocada por um homem.

– Não podia ser tocada?

– Não daquele jeito. - encarou a diretora. - Eu tinha que permanecer pura.

– Pura, tipo, virgem?

– Virgem. - repetiu. - Era essa a condição. A profecia era clara.

– Que profecia? - perguntou Nicole.

– Eu não sei. - ela começou a chorar. - Meu pai era o único que sabia dela e apenas me avisou que eu não podia dormir com um homem.

– E você dormiu com esse tal de Dean. - Sarah nada disse, apenas assentiu com a cabeça, enquanto ainda chorava. A diretora se levantou do chão e seguiu em direção a porta, começando a gargalhar. - Eu não acredito que perdi meu tempo, com você. - aproximou-se novamente da loira e lhe deu uma tapa no rosto. Seus olhos se tornaram negros imediatamente. - A grande aposta de todos os tempos, Sarah Miller, se resumiu a isso. Parabéns Dean, você destruiu a melhor arma já criada. - falou para si mesma. A jovem permanecia no chão, quando percebeu o que aquela mulher era.

– Você é um demônio.

– Bingo. - gritou ela.

– Quanto tempo você está nela?

– Tem apenas alguns minutos, mas estou adorando ficar aqui. - Se aproximou novamente.

– Eu ordeno que você saia.

– Ordena? - ela gargalhou outra vez e se aproximou ainda mais, como se fosse beijá-la. - Com que autoridade? Você não tem mais poder algum.

– Ela pode não ter mais os seus poderes, mas eu juro por Deus que se não se afastar dela, eu mato você. - falou Dean da porta, apontando a colt para o demônio.

– Dean Winchester, o destruidor. - falou a mulher. - É bom te ver de novo, amorzinho.

– Ifrit. - falou entre os dentes. Conhecia bem a demônio, da época que esteve no inferno.

– Caramba, eu pensei que você não lembraria de mim, lindinho. Estou emocionada.

– Como posso te esquecer? Te devo umas seções de tortura.

– Ainda sou eternamente grata ao Alastair, por ter me deixado um final de semana com você, no inferno.

– Infelizmente, não posso dizer o mesmo. - falou o loiro e encarou a mulher. Percebeu Sarah ao fundo sentada no chão, abraçada as pernas e com a cabeça entre os joelhos. - O que você fez com ela?

– Eu fiz? - perguntou a mulher, visivelmente ofendida. - Amorzinho, quem fez isso foi você. A partir do momento em que você não conseguiu deixar o seu brinquedinho dentro das calças.

– Sua desgraçada. - Dean levou o dedo até o gatilho, mas quando ia atirar, a fumaça preta deixou o corpo da diretora que caiu desmaiada no chão. Dean correu até a jovem, que ainda permanecia sentada, na mesma posição. - Ei, você está bem? - perguntou, mas a garota permanecia aérea. - Sarah! - gritou e finalmente focou-se nele. Ergueu a mão até o seu rosto e o acariciou devagar.

– Dean? - perguntou ainda tocando o loiro. - Você é real?

– Sou. - respondeu ele e segurou a mão da mulher. - Eu sou real. - os olhos verdes ainda ficaram, por um tempo, analisando o homem até que a feição da mulher mudou. Pareceu que se assustou com alguma coisa.

– Fica longe de mim. - gritou e empurrou Dean. Levantou-se e saiu correndo do quarto. Passou pelo corredor e só parou quando dois enfermeiros a segurou com força e aplicaram nela um sedativo forte. Dean se abaixou ao seu lado e a colocou nos braços. - Me solta, por favor... Por favor. - as vistas começaram a embaçar e a garota perdeu os sentidos, antes de dormir nos braços do caçador.

...~...

Dez Anos Antes:

A viagem, de retorno para casa, pareceu infinita para Sarah. O dinheiro que lhe restara deu apenas para comprar passagens de ônibus, então, a viagem foi a mais longa e a mais cansativa de todas. Foram as vinte horas mais monótonas de toda a vida da garota.

O ônibus da empresa American Freedom Coach Lines parou na estação rodoviária da cidade de Bangor, no estado americano de Maine, exatamente às sete horas da noite. Buscou as suas malas e seguiu despreocupada para o desembarque, até que foi agarrada pelo seu irmão, três anos mais velho, Ted.

Ele era o típico cara que encantava por onde passava. Os cabelos não eram loiros claros, como os da irmã, eram mais escuros. Um pouco grandes e desleixados. Os olhos eram de um azul tão intenso, que parecia que o próprio céu habitava naquele olhar. Não era muito forte, do tipo extremamente musculoso, mas tinha o seu corpo dividido da forma perfeita. Na boca vermelha e pequena, habitava um sorriso sincero e que demonstrava tanta saudade, que o coração parecia que iria sair pela boca a qualquer momento.

– Minha pequena. - falou e segurou o seu rosto entre as mãos. - Nunca mais, em sua vida, invente de deixar essa família. Entendeu?

– Também senti a sua falta. - respondeu a menina e abraçou novamente o irmão. Desde criança, ele a protegia, no colégio ou em qualquer lugar que fosse. Ele sempre estava lá para ela.

Quando Sarah foi morar na Virginia, com a tia, Ted foi o primeiro a ser contra a ida da irmã para longe, mas acabou abrindo mão quando ela fez a típica cara de filhote de cachorro.

– Como foi a viagem? - perguntou pegando a mochila das mãos da irmã e colocando-a nas costas.

– Chata, entediante, enfadonha, maçante e todos os sinônimos que você conseguir lembrar. No nosso idioma e em todos os outros. - respondeu passando a mão pela cintura do irmão e seguindo-o para fora do lugar, em direção ao Chevrolet Omega 1998 que estava estacionado.

– Você vai dizer que eu estou ficando louco, mas eu senti falta desse seu mal humor.

– Não seja por isso, eu também senti falta da sua implicância. - Sorriu. Ted abriu o porta-malas do carro e colocou a mochila e a mala.

– Mamãe fez um jantar especial para você.

– Que saudades eu estava da comida da mamãe.

– É só não sair mais de casa.

– Não pretendo mais sair. - respondeu dando um soco fraco no braço do irmão. - Agora, leve-me para casa.

– Só para lembrar: Não sou o seu chofer e você continua sendo chata.

– E você continua sendo um cretino. - ela sorriu. - mas eu amo você assim mesmo.

...~...

Já se passava da meia noite e toda a família Miller estava dormindo. Sarah adorou ver que suas coisas permaneciam no mesmo lugar onde ela as havia deixado. Coisas como ursos, mural de fotografia e livros.

Parecia que tinha ficado apenas um final de semana longe e não os três últimos meses, onde esteve em fisioterapia.

A jovem dormia tranquilamente em sua cama, quando teve aquele pesadelo outra vez.

Sonhou que havia sido acordada, durante a noite, ao ouvir um barulho forte vindo do andar de baixo. O barulho parecia que era de janelas sendo estouradas e de portas sendo postas abaixo.

Em seu pesadelo, levantou-se e seguiu cautelosamente até o inicio da escada e então viu aquelas quatro pessoas vasculhando a casa. Os seus pais acordaram com o barulho e seguiram para ver o que aconteceu. Acabaram sendo mortos por aquelas coisas. Nunca havia visto pessoas com olhos inteiramente negros antes daquele dia. Portanto, não sabia que se tratava de demônios.

Acordou assustada daquele pesadelo e respirou fundo, tentando afastar aquelas visões terríveis. Alguns minutos depois, deitou-se outra vez na tentativa de dormir, mas se assustou quando ouviu o mesmo barulho que ouvira em seu sonho. Não acreditou que poderiam ser premonições do que estava por vir, por isso, resolveu deixar o quarto. No caminho, encontrou com o seu pai, que a colocou no canto da parede e a encarou.

– Sarah, eu preciso que você me prometa algo. - falou ele e a jovem o observava atônita. - Prometa que você permanecerá pura, até o final de sua vida. Que não vai se deitar com homem algum e que não vai se permitir ser tocada?

– Porque isso papai? Porque o senhor sempre fala isso?

– Porque você é parte de um plano grande e para que ele aconteça você precisa estar pura. Manter os seus poderes puros.

– Poderes? Eu não tenho poderes.

– Eles irão se manifestar no momento em que você completar seus quinze anos, ou seja, hoje.

– Pai, o que o senhor está falando?

– Apenas prometa.

– Eu prometo. - respondeu.

– Ótimo, agora eu quero que você faça o seguinte: Siga até o meu quarto e desça por aquele fundo falso que temos. Saia na garagem, pegue o carro e saia daqui. Você entendeu?

– Entendi. - O homem abraçou a filha e depois beijou em sua testa. - Eu te amo, querida. Tenho muito orgulho de ter você como filha.

Ele a largou e seguiu para o andar de baixo, mas ao chegar, foi emboscado e teve seu pescoço quebrado. Assim como a sua mãe.

Seu irmão desceu para socorrer os pais, mas acabou sendo arremessado contra uma parede e caiu no chão desmaiado.

Assustou-se com aquela situação e não teve reação alguma, até que um daqueles homens a encarou. Um sorriso maligno se formou naquela boca e ele chamou a atenção dos outros três homens. Nesse momento, subiu as escadas correndo e se trancou em seu quarto. Esqueceu que deveria correr para o quarto de seus pais. Os homens começaram a forçar a porta, dando chutes e se jogando contra ela. Eles queriam aquela jovem a qualquer custo.

A menina, não sabendo como, arrastou a cômoda pesada para frente da porta e se afastou, encostando-se na parede que estava do outro lado do quarto. Os homens ainda continuaram batendo, até que pararam de repente. Sarah começou a respirar fundo, tentando se acalmar e colocar a cabeça no lugar. Sua família precisava dela e se sentia na obrigação de ajudar.

Afastou-se da parede e seguiu até o telefone, discou o numero 911 e aguardou.

– Departamento de policia de Bangor. Em que posso lhe ajudar?

– Alguém invadiu a minha casa. - falou chorando. - Atacaram meus pais e meu irmão. Acho que eles estão...

– Com quem eu estou falando? - interrompeu a telefonista.

– Eu me chamo Sarah Elizabeth Miller. - respirou fundo e soluçou alto. - Por favor, mandem alguém.

– Okay, eu vou precisar de seu endereço, senhorita Miller. - falou a telefonista, mas a garota não conseguiu responder porque a porta se abriu. Parecia que aquela cômoda não pesasse mais do que uma pena.

– Oh meu Deus. - falou e os homens sorriram. Entraram os quatro, ao mesmo tempo, no quarto e o que parecia ser o mais velho aproximou-se ainda mais. A menina imprenssou-se contra uma parede.

– Deus não tem nada a ver com isso.


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Notas finais do capítulo

É isso!!
Gostou, deixa um comentário para a gente saber... okay??
Não mordemos... só se você pedir.. ;)

Beijinhos das Deangirls

Flávia Rolim e Karol.