Love Palace escrita por Johnlock Shipper


Capítulo 1
Café da manhã




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Despertei sem saber onde estava e sentindo um peso sobre meu corpo. Ao abrir os olhos descobri-me deitado no sofá com ninguém menos que Sherlock deitado sobre mim. A cabeça dele estava apoiada em meu peito, um braço esticado ao lado de meu corpo e o outro caído fora do sofá. Ele ainda dormia profundamente, o que era estranho, pois Sherlock raramente dormia. Mais estranho ainda era toda essa situação. Como acabamos os dois dormindo no nosso sofá dessa maneira? Não conseguia me lembrar.

A luz da manhã que entrava pela janela incomodava meus olhos e minha cabeça parecia prestes a explodir. Queria levantar para tomar um bom banho e um analgésico, mas esperei, tentando me lembrar. Forcei minha memória a procura do que tinha acontecido na noite passada, mas nada vinha e minha cabeça reclamava do esforço feito. Fechei os olhos, inspirei profundamente e senti o perfume de Sherlock. Como era bom! Este pensamento clareou minha mente e consegui pensar com um pouco mais de coerência. Sherlock estava deitado sobre mim, no nosso sofá, dormindo e eu não conseguia me lembrar de nada. Só havia uma explicação plausível: ontem à noite estávamos bêbados.

O que aconteceu? Por mais que me esforçasse não conseguia me lembrar. Sherlock não bebia com frequência, mas já passamos algumas noites bebendo, só que nunca acordamos juntos no sofá. Desta vez tinha sido diferente, eu tinha certeza disso. Não que estivesse muito preocupado com o que tinha acontecido. Só não gostava de não me lembrar. Acordar junto com Sherlock sobre mim daquele jeito dava grandes ideias a minha imaginação sobre o que tinha acontecido.

Eu não era gay como a maioria das pessoas pensava e não estava em um relacionamento romântico com Sherlock. E eu fazia questão de lembrá-las disso. Mas me interesso por homens da mesma forma que me interesso por mulheres. Apesar de fazer muitos anos que não me envolvia com outro homem, era impossível não me sentir atraído por alguém como Sherlock: alto, esguio, com sua forma magnífica e incrivelmente sexy de se locomover. Aqueles cabelos castanhos, cujo cheiro eu podia sentir agora, com certeza incrivelmente macios ao toque. E os olhos, ah, os olhos! Quantas vezes me perdi naquela imensidão verde... Enfim, isso era tudo que me permitia sentir. Eu conhecia Sherlock bem o suficiente para saber (e ele já havia deixado claro) que nenhuma investida minha seria bem-vinda.

Sou militar, sei controlar meus sentimentos e me comportar, então essa atração não me atrapalhava em minha convivência com Sherlock. Mas acordando dessa maneira agora me fez esquecer as palavras de Sherlock e me lembrar do quanto eu amava esse homem. Com o passar dos meses depois que nos conhecemos meus sentimentos por ele foram além da atração física, mas nunca tive a coragem ou motivo para expressá-los, sempre os guardei para mim mesmo. Agora que o tinha assim tão perto de mim todo esse sentimento atingiu-me em cheio e me peguei imaginando, desejando que Sherlock correspondesse meus sentimentos.

Eu não sabia o que realmente havia acontecido na noite passada, mas se minha imaginação estiver pelo menos um pouco certa não foi lá uma noite muito inocente. Nada é inocente quando alguém acorda desse jeito junto com outra pessoa depois de uma noite de bebedeira. Bom, Sherlock se lembraria, com certeza. Eu só precisava esperar que ele acordasse e iluminasse minha memória. Quem sabe, por algum milagre o detetive tivesse traído seu tão amado esposo que era o trabalho...

Queria esperar pacientemente que ele despertasse, mas seu peso em cima de mim estava começando a incomodar. Empurrei-o da forma mais gentil possível.

– Sherlock? Acorda!

– O que? Aaaai! John?

Ele abriu os olhos e me encarou com uma expressão confusa. Arregalou os olhos e se levantou com dificuldade. Sentou-se no sofá ao meu lado esfregando o rosto com as mãos.

– Que horas são? – perguntou olhando para mim.

– Ah. – estiquei-me para alcançar o celular em cima da mesa de centro – São quase sete horas.

– Sete horas? Como pude dormir por tanto tempo? – recostou-se encostando a cabeça na parede e fechou os olhos, ficando em silêncio. Pude perceber que ele também estava com dor de cabeça e sua camisa estava toda amarrotada e com os dois primeiro botões abertos...

– Sherlock? – chamei.

– Sim, John.

– Ah... o que aconteceu noite passada? Eu não consigo me lembrar de absolutamente nada.

– Obviamente nós bebemos demais, John. Duas garrafas de vinho vazias no chão, a dor de cabeça, eu dormindo. Está claro para mim.

– Sim, esta parte eu também deduzi, seu idiota. Mas por que acordamos assim, ah... juntos no sofá? Eu sei que bebemos, o que não sei é o que aconteceu enquanto estávamos bêbados. Você se importa de clarear minha memória?

Ele estava demorando a responder. Será que dormira novamente? Aproximei-me dele e sussurrei no seu ouvido:

– Sherl...

Não tive tempo nem de terminar de pronunciar seu nome. Ele levantou-se em um salto com os olhos arregalados olhando para mim.

– Não me lembro de nada, John. Desculpe. Eu preciso pensar.

E assim saiu da sala e foi em direção a seu quarto. Isso era muito estranho. Sherlock sempre se lembrava. Mesmo de eventos acontecidos enquanto estava bêbado. Mas havia exceção para tudo, certo? Resolvi deixar para lá.

Levantei-me e subi para meu quarto. Tomei um analgésico e entrei no banheiro para tomar um banho. Ao tirar minha camisa percebi uma marca no meu pescoço. Uma marca roxa. Ai Jesus Cristo! O que aconteceu? Não pode ser! Não pode ser o que estou pensando! Ah, bem que poderia, hein...! O que é isso, John! Cale a boca! Mesmo que Sherlock tenha feito isso, o que é óbvio já que eu não tinha nada em meu pescoço ontem, ele não se lembra e nem você. Então não faz diferença, você pode continuar como se nada tivesse acontecido.

Mas foi impossível. Ao entrar no banho fiquei imaginando Sherlock me beijando, sua boca se movendo contra a minha e depois descendo para o meu pescoço... Ai, o que estava fazendo? Não podia ficar pensando nisso. Finalizei meu banho rapidamente e bloqueei essas imagens de minha mente. Saí do banheiro e me troquei. Era sábado e eu não faria nada o dia todo, então coloquei pijamas para ficar mais à vontade.

Desci para preparar um chá e algo para comer e enquanto descia as escadas senti um cheiro maravilhoso vindo da cozinha. O que a Sra. Hudson fazia aqui em cima? Quando ela resolvia nos servir alguma coisa ela já trazia tudo pronto, não preparava nada na nossa cozinha. Nossa, as coisas estavam mesmo fora do normal hoje. E eu ainda não tinha visto nada.

Quando cheguei à cozinha encontrei Sherlock no fogão vestindo seu pijama e seu robe vermelho com uma frigideira fritando bacon, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O que seria se não se tratasse de Sherlock.

– John! Que bom que já desceu. Com fome? Preparei seu chá, sem açúcar, é claro. Beba enquanto ainda está quente. – ele deixou a frigideira e me ofereceu uma caneca.

O que diabos estava acontecendo aqui? Sherlock Holmes estava preparando uma refeição? Meu Deus, a bebida deve ter acabado com boa parte dos neurônios dele. Acho que parecia perplexo demais porque Sherlock teve que me chamar mais uma vez.

– John? Está tudo bem? – ele perguntou.

– Sim, claro. Tudo bem. Porque você está preparando o café da manhã? Não, espera aí. Como você sabe cozinhar alguma coisa?

– Ora, John! Cozinhar não é uma habilidade completamente inútil, então sim, eu sei cozinhar. E muito bem. Prove, veja como estou certo. – ele acenou para a mesa.

Só então reparei na mesa. Ele havia preparado também ovos e torradas. A mesa estava impecavelmente arrumada para duas pessoas. Sentei-me, ainda um pouco desconfiado. Sherlock terminou com o bacon.

– Bacon? – ele perguntou oferecendo a panela para mim.

– Ah... Sim, por favor. – ele colocou a carne em meu prato e depois no seu. Sentou-se e começou a comer.

Baixei meu olhar para o prato e me concentrei em comer (e, nossa, estava tudo uma delícia!) e não em por que Sherlock decidiu cozinhar. Mas meus pensamentos vagaram e voltei a pensar na noite passada. Bom, na falta de memória sobre a noite passada. Ia perguntar a Sherlock novamente se ele se lembrava de alguma coisa, mas quando ergui meu olhar o peguei encarando meu pescoço com uma expressão surpresa que rapidamente mudou para uma de... Triunfo? Meu Deus! Esqueci-me completamente da marca roxa em meu pescoço! Voltei a olhar para o prato, envergonhado. Ai, Cristo, o que eu falaria se Sherlock perguntasse? Bom, como ele não se lembrava eu poderia mentir, dizer que essa marca é de um outro dia. Há! Como se ele não conseguisse perceber por quanto tempo ela estava ali. Com certeza ele saberia dizer que ela apareceu há menos de doze horas. Fiquei esperando que ele dissesse alguma coisa, mas não disse nada. Que alívio! Assim era melhor. Ninguém se lembra de nada, então está tudo bem, certo? Não precisamos falar sobre isso.

Terminamos de comer em silêncio. Sherlock levantou-se e perguntou:

– Você fica com a louça, John?

– Claro. Pode deixar que eu limpo tudo. E obrigado pelo café. Você realmente cozinha muito bem, estava tudo delicioso. – disse.

– Eu lhe disse que cozinhava bem. E essa foi só uma pequena demonstração do que sei fazer, John. – Sherlock sorriu, deu uma piscadela e saiu da cozinha.


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Notas finais do capítulo

E então, pessoal, gostaram? Espero que sim! (:

Esta é a maior fic que escrevo e por isso decidi dividir em vários capítulos.

Ainda não sei quando vou postar o próximo, mas fiquem ligados e acompanhem a história, se tiverem gostado.

Ah, e reviews são sempre muito bem-vindas. ;)

Abraços!